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A maioria dos novos produtos falha: análise sensorial pode desafiar estas probabilidades

  • Tuesday, 19 March 2019 10:54

A maioria dos novos produtos alimentares ou bebidas falham no primeiro ano de lançamento. Para vencer estas probabilidades, perceber a neurociência do sabor pode ajudar.

De acordo com Clayton Christensen, professor na Harvard Business School, todos os anos mais de 30 mil novos produtos são lançados no mercado e 80% destes não tem sucesso. Aliás, a maior taxa de insucesso parece fixar-se nos produtos que se enquadram na categoria de mercearia (70-80%), de acordo com as investigações de Inez Blackburn da Universidade de Toronto.

As probabilidades parecem, de facto, estar contra o sucesso de novos produtos. O que estarão os inovadores alimentares a fazer errado? Na semana passada, numa conferência acerca dos horizontes dos sabores em Amesterdão, algumas limitações dos painéis sensoriais foram levantadas.

Em explicação deste fenómeno, a investigadora Pauline Foster refere "Há três coisas que sabemos sobre os painéis de teste. As pessoas nem sempre dizem a verdade, as pessoas não pensam o que sentem e as pessoas nem sempre fazem o que dizem".

Para que um novo produto ganhe aceitação no mercado, as várias respostas sensoriais que este provoca devem alinhar-se. A aceitação passa por uma resposta multisensorial e a congruência é chave neste processo.

A investigadora acrescenta "Sabemos que existe uma forte correlação entre o prazer e diferentes partes do cérebro. Quando a resposta multisensorial é congruente na sua estimulação de prazer, há um aumento da aceitação do produto".

A embalagem, por exemplo, pode ter um impato significativo na perceção de um produto. Bebidas em garrafas de plástico são frequentemente associadas a bebidas gasosas, mais efervescentes, enquanto que em garrafas de vidro, as bebidas são percecionadas como mais doces.

Foster acredita que os painéis tradicionais não conseguem prever todos os sinais necessários para a aceitação de um produto. Isto pode ser atribuído a decisões explícitas, isto é, racionais, mas sobretudo às implícitas, que derivam de respostas involuntárias, ou seja, emocionais.

Tendo em vista a diminuição do erro, um método mais eficaz de medição de respostas implícitas ao estimulo deve ser empregue. De acordo com o modelo sugerido pela investigadora, deve-se mostrar uma imagem ao sujeito em avaliação e pedir para que este a corresponda à marca X ou Y o mais rapidamente possível.

Na segunda ronda, o sujeito deverá ver uma palavra seguida de uma imagem e será aconselhado a ignorar a palavra, apenas respondendo à imagem. Se a palavra estiver associada à imagem, o tempo de resposta será significativamente mais rápido.

Ao medir o tempo de resposta entre a palavra e a amostra, é possível detetar reações implícitas, difíceis de fingir, o que resulta num nível mais alto de preditibilidade. Esta abordagem representa uma alternativa mais barata ao uso da tecnologia de ressonância magnética funcional.

Fonte: Food Navigator