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Resistência antimicrobiana e o tratamento de infeções alimentares

  • Wednesday, 04 March 2020 14:35

As infeções alimentares estão a tornar-se mais difíceis de tratar, de acordo com o relatório de resistência antimicrobiana emitido pela EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) e ECDC (Centro Europeu de Prevenção e Controlo das Doenças).

Existe um aumento contínuo da resistência de Salmonella e Campylobacter a ciprofloxacina, um dos antibióticos principais para o tratamento de infeções causadas pelas mesmas, afirma o ECDC e a EFSA.

Os dados provenientes de humanos, animais e alimentos mostram que uma grande proporção de Salmonella são multi-resistentes a um conjunto de antibióticos, o que significa que são resistentes a três ou mais agentes antimicrobianos. Em 2017 e 2018, dados sobre a resistência antimicrobiana das bactérias foram providenciados pelos 28 estados-membros e analizados pela EFSA e ECDC.

Dados relativos a Salmonella em humanos

A Salmonella spp. , de infetados humanos em 2018, apresentaram elevados níveis de resistência a ampicilina, sulfonamidas e tetraciclinas, particularmente em serovírus comuns em porcos. Foi observado o declínio na resistência à ampicilina e tetraciclinas na Salmonella Typhimurium, em diversos países de 2013 a 2018.

A resistência a gentamicina foi em geral baixa, exceto para Salmonella Kentucky que se verificou muito alta. Também os níveis de cloranfenicol foram baixos, mas moderados para Salmonella Typhimurium.

Em humanos, a resistência a ciprofloxacina é comum, particularmente para certos tipos de Salmonella, e a resistência a maiores concentrações aumentou em 2016. A ciprofloxacina é uma fluoroquinolona, uma classe de antimicrobianos categorizados como uso fundamental em humanos. Ambas as agências alertaram que a perda de eficácia deste agente teria um impacto significativo na saúde humana.

Para os antimicrobianos cefotaxima e ceftazidima, que representam a 3ª geração de cefalosporinas, os níveis de resistência foram baixos. A resistência combinada a ciprofloxacina e cefotaxima foi baixa em Salmonella spp. mas alta em Salmonella Infantis e Salmonella Kentucky.

Apenas sete e oito países testaram a resistência a antibióticos de última linha como azitromicina e tigeciclina, respetivamente, mas a resistência foi muito baixa. A resistência a colistina foi detetada em 7,8 por cento dos isolados onde a maioria era Salmonella Enteriditis ou Salmonella Dublin.

Casos esporádicos de humanos contaminados com Salmonella têm sido reportados como resistentes a carbapenemas, um antibiótico de última linha. Também a resistência a colistina não foi comum a Salmonella e E.coli.

Mike Catchpole, investigador-chefe no ECDC, expressa a sua preocupação com a resistência de bactérias a antibióticos como carbapenemas, na UE.

"A forma mais eficaz de prevenir a propagação de espécies resistentes a carbapenemas é a pesquisa continua e a resposta imediata a deteções positivas. ECDC em conjunto com os membros da UE e a EFSA, trabalham numa abordagem para promover a deteção prévia e monitorização, como esforço para combater as persistente ameaça de infeções zoonóticas resistentes a antibióticos.

Dados relativos a Campylobacter em humanos

Relativamente à Campylobacter, 16 de 19 países reportaram percentagens altas ou muito altas de resistência a ciprofloxacina. A proporção de isolados humanos de Campylobacter jejuni resistentes a eritromicina foi geralmente baixo, mas alto para Campylobacter coli.

Proporções altas e extremamente altas de resistência a tetraciclinas foram observadas em Campylobacter jejuni e Campylobacter coli. Baixas proporções de isolados eram resistentes a gentamicina e a amoxicilina- ácido clavulânico.

Foram testados em isolados a resistência a múltiplos antibióticos pertencentes a 4 classes diferentes (fluoroquinolonas, macrolídeos, tetraciclinas e aminoglicosídeos), que se revelou baixa para Campylobacter jejuni mas moderada em Campylobacter coli. O padrão mais comum foi a resistência a ciprofloxacina e tetraciclina.

A monitorização e os comunicados da resistência antimicrobiana (AMR) em 2017 e 2018 incluíram dados relativos a isolados de E.coli. Alguns países comunicaram, voluntariamente, dados sobre a ocorrência de Staphylococcus aureus resistentes a meticilinas em animais e alimentos.

Marta Hugas, investigadora-chefe na EFSA, afirma que a resistência antimicrobiana é uma ameaça global à saúde pública e animal. "As descobertas positivas em animais que originam alimentos, são encorajadoras porque são sinal de melhoria. No entanto, precisamos investigar melhor os motivos por detrás dessa alteração", afirmou Hugas.

Fonte: Food Safety News

  • Last modified on Thursday, 05 March 2020 14:55