Uma equipa de cientistas da Universidade de Aveiro lançou hoje um apelo para que sejam encontradas alternativas ao uso de máscaras e luvas descartáveis, dado o aumento do lixo produzido.
“É urgente encontrar alternativas ao uso de máscaras e luvas descartáveis”, defendem cientistas da Universidade de Aveiro (UA) que nos últimos meses têm estudado o aumento de lixo e o recuo generalizado na gestão sustentável de resíduos de plástico.
Se numa primeira fase o confinamento trouxe ganhos para o meio ambiente, com a redução da poluição atmosférica, numa segunda fase a quantidade de plásticos não reutilizáveis, entre máscaras, luvas e outros materiais de proteção, que foi preciso passar a usar para prevenir o contágio pelo coronavírus, “aumentou exponencialmente à medida do aumento de casos”.
“O descarte correto das máscaras e luvas descartáveis foi negligenciado e estes resíduos passaram a ser encontrados nas ruas e passeios”, diz a investigadora Joana Prata.
Ana Luísa e Joana Prata, primeiras autoras desses estudos, estimaram, com base em estratégias de saúde pública, que a nível mundial são necessárias mensalmente 129 mil milhões de máscaras e 65 mil milhões de luvas.
Esses números, sublinham, não contabilizam as batas descartáveis e outros materiais de proteção, cuja “gestão desadequada tem como resultado uma contaminação ambiental generalizada”.
Para contornar o problema ambiental, os cientistas dizem que é urgente encontrar alternativas sustentáveis para as máscaras, luvas e plásticos de utilização única.
Defendem, desde já, que, “dentro do possível, esses materiais sejam reciclados depois da sua desinfeção ou quarentena, que se use preferencialmente máscaras feitas com materiais reutilizáveis e que se regresse ao caminho da economia circular que estava a ser traçado para os materiais plásticos antes de surgir a pandemia”.
Estas “são apenas algumas das principais recomendações avançadas pelas cientistas”.
A pandemia trouxe alterações na utilização do plástico, com aumento de consumo de plásticos em embalagens alimentares, como de ‘take-away’ (comida para fora) e no material de proteção pessoal.
Nos artigos científicos, realizados em parceria com a Universidade de Dalhousie (Canadá), o Instituto de Diagnóstico Ambiental e Estudos da Água (Espanha) e a Beijing Normal University (China), os cientistas recomendam que o uso dos plásticos “seja feito de uma forma ponderada e responsável” e que seja otimizada a produção, substituindo o descartável pelo reutilizável.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de um milhão de mortos e mais de 33,4 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 1.963 pessoas dos 74.717 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
Fonte: Greensavers