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Escassez de carne de porco na China pode ter potenciado a disseminação do coronavírus

  • Friday, 12 March 2021 11:53

A peste suína africana que levou ao abate de milhares de porcos na China, em 2018 e 2019, pode ter aberto portas à entrada do coronavírus SARS-CoV-2 na vida das pessoas, sugere um estudo em pré-publicação (que ainda não foi revisto por cientistas independentes) de uma equipa britânica e chinesa.

"As flutuações graves no mercado de carne suína antes de dezembro de 2019 podem ter aumentado a transmissão de patógenos zoonóticos [com origem nos animais], incluindo coronavírus relacionados com a síndrome respiratória aguda grave [SARS], de animais selvagens para humanos, de animais selvagens para o gado e de animais não-locais para animais locais”, escrevem os autores.

Quando a doença atinge os animais, a única solução é o abate. Considerando que a China é o maior produtor mundial de carne de porco e que esta é a principal fonte de carne da sua dieta, depois da crise de 2018, a população teve de procurar fontes alternativas, incluindo animais selvagens.

O contacto com os animais selvagens aumenta a probabilidade de os humanos serem infetados com novos vírus que podem, eventualmente, evoluir de forma a tornar-se transmissível entre humanos.

"O fornecimento de carne, cadeias de frio e redes de transporte de alta velocidade bem conectadas podem ter ajudado a manter a transmissão ao transportarem o SARS-CoV-2 até uma grande parte da população imunologicamente ingénua [que ainda não tinha tido contacto com o vírus]”, escrevem no artigo.

Para evitar que situações como a que vivemos atualmente voltem a acontecer, o ideal seria descobrir qual a origem do SARS-CoV-2, como evoluiu e como entrou em contacto com os humanos pela primeira vez. Esse era o objetivo da equipa da Organização Mundial de Saúde na China, mas até ao momento ainda não é possível ter certezas sobre a forma como o vírus chegou aos humanos.

Os investigadores receiam que a disseminação da peste suína africana no sudeste asiático pode ter as mesmas consequências no fornecimento de carne e abrir portas à disseminação de outros vírus comuns nos morcegos daquela região. “Estas condições possibilitam o aparecimento de umas nova pandemia de SARS-2.1 ou SARS-3.”

Fonte: Observador