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Espanha: 26 intoxicados por falso remédio "milagroso" à base de lixívia

  • Wednesday, 09 September 2020 09:37

Vendido na Internet há uma década, o MMS promete curar tudo, desde o cancro ao autismo, passando agora também pela Covid-19. Após 26 casos de intoxicação, autoridades de saúde espanholas lançam alerta.

O “remédio” não é novo, nem sequer o “milagre” que promete logo no nome — Miracle Mineral Solution, MMS —, mas a  Covid-19 está a dar novo fôlego às vendas online deste líquido cura-tudo, desde o cancro à sida, passando pelo autismo e pelas hepatites.

Só em Espanha, entre abril e junho, até agora os piores meses da pandemia, o Instituto Nacional de Toxicologia recebeu 26 pedidos de consulta por intoxicação graças ao consumo da substância, à base de clorito de sódio — em todo o ano anterior tinham sido oito.

O consumo do pseudo-medicamento terá aumentado de tal forma naquele país, diz o ABC, que o organismo esta segunda-feira emitiu mesmo um comunicado a alertar para a “toxicidade do produto, composto em 28% por clorito de sódio, nocivo para a saúde”.

O Miracle Mineral Solution, MMS, está à venda na Internet pelo menos desde 2010, e desde então têm sido sucessivos os alertas por parte das autoridades de saúde internacionais: “Os consumidores de MMS estão a beber lixívia”, voltou a avisar a americana Food and Drug Administration (FDA) em dezembro de 2019. “As instruções do produto dizem às pessoas para misturarem a solução de clorito de sódio com um ácido cítrico, tal como sumo de limão ou lima, ou outro ácido antes de o beberem. Em muitos casos, o clorito de sódio é vendido com um ‘ativador’ de ácido cítrico. Quando o ácido é adicionado, a mistura torna-se dióxido de cloro, um poderoso agente branqueador”, explica o organismo que regula comida, bebida e medicamentos naquele país.

“Beber qualquer um destes produtos de dióxido de cloro pode causar náuseas, vómitos, diarreia, e sintomas de desidratação grave. Alguns rótulos de produtos garantem que vómitos e a diarreia são comuns depois de ingerido o produto. Sustentam mesmo que tais reações são a prova de que o produto está a funcionar. Essa alegação é falsa”, acrescenta ainda o alerta, fazendo referência a pretensas bulas e sites de vendas, que apregoam o MMS como “a coisa mais pura de todas que pode vir a tomar”, capaz de “salvar a sua vida e a dos seus”.

Proibida numa série de países, como Canadá, Holanda, Nova Zelândia e Irlanda, a substância foi “descoberta” há mais de uma década por Jim Humble, ex-garimpeiro na América do Sul, ex-cientologista e ele próprio fundador de uma nova igreja, a Genesis II da Saúde e da Cura.

Em agosto deste ano, Mark Grenon, co-fundador e atual líder da Genesis II, foi detido, tal como os três filhos, acusado de fabricar, promover e vender um medicamento falso contra a Covid-19 e outras doenças. Segundo a acusação, interposta no estado da Florida, nos últimos meses terão vendido dezenas de milhares de garrafas de MMS. Segundo a BBC, terão chegado a faturar 120 mil dólares por mês (cerca de 102 mil euros) durante os meses da pandemia.

Fonte: Observador

  • Last modified on Wednesday, 09 September 2020 09:43