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Investigação detecta carne de porco infectada no Reino Unido

  • Tuesday, 04 October 2016 15:36

Há carne de porco à venda em supermercados britânicos que está infectada com a bactéria MRSA CC398. A notícia é do Guardian, que menciona a possibilidade de o Reino Unido estar perante um novo escândalo alimentar, depois da fraude da carne de cavalo, detectada em 2013.

Segundo a investigação do jornal britânico, realizada com o Bureau of Investigative Journalism (BIJ), foram efectuados testes a 97 produtos feitos a partir de carne de porco produzida no Reino Unido e comprovou-se que três deles, vendidos nas principais cadeias de supermercados, estão infectados com esta bactéria super resistente a antibióticos. Os testes foram realizados por especialistas da Universidade de Cambridge.

O Guardian sublinha que a MRSA CC398 é uma bactéria potencialmente mortal, que pode ser resistente aos antibióticos mais fortes. Embora seja menos prejudicial para os humanos do que a bactéria MRSA, responsável por cerca de 300 mortes todos os anos na Inglaterra e País de Gales, pode ainda assim ser responsável por infecções persistentes e ser especialmente perigosa para pessoas com sistemas imunitários debilitados ou que já sejam portadoras de outras doenças.

A investigação permitiu ainda constatar que há um vazio legal na legislação aplicável às importações que deixa margem para que entrem no Reino Unido porcos vivos infectados com a variante CC398 da bactéria Staphylococcus aureus resistente à meticilina (MRSA). Estes animais podem ser provenientes de países como a Dinamarca, onde a bactéria já é considerada um problema de saúde pública e onde, no ano passado, pelo menos seis pessoas terão morrido em sequência da infecção, que pode verificar-se pelo consumo de carne ou pelo contacto com animais infectados.

Ainda que cozinhar bem a carne seja uma forma eficaz de eliminar a bactéria, há sempre risco de transmissão através de eventuais falhas de higiene. Por outro lado, os trabalhadores nas explorações de porcos também podem apanhar a doença e transmiti-la a outras pessoas.

Lembrando que neste momento não há qualquer plano de monitorização nas explorações britânicas, o Guardian sublinha que, sem um plano de acção bem definido, a transmissão da bactéria poderá seguir o padrão da Dinamarca, onde a MRSA CC398 se foi disseminando ao longo da última década e agora afecta dois terços das criações suínas. A bactéria é já considerada um caso sério de saúde pública, suspeitando-se que cerca de 12 mil dinamarqueses estejam infectados.

“Se não fizermos um esforço sério para controlar a infecção e tentar restringir o movimento dos animais infectados, ela vai espalhar-se”, disse ao Guardian Tim Lang, especialista de Política Alimentar na City University, em Londres. Os britânicos estão preocupados com o tráfego de pessoas, mas a União Europeia também tem grande tráfego de animais, lembrou o especialista. “Podemos conseguir carne barata, mas no futuro isso irá traduzir-se em maiores problemas de saúde pública”, adiantou.

Outro especialista, Erik Millstone, da Sussex University, salientou que o aparecimento de novas bactérias superresistentes aos antibióticos “é uma enorme ameaça à saúde humana”. O Governo até pode desvalorizar o risco, mas há grandes probabilidades de a MRSA CC398 vir a espalhar-se entre animais e pessoas, assegurou.

Fonte: Público

  • Last modified on Tuesday, 04 October 2016 15:40