A Organização das Nações Unidas (ONU) denunciou que uma em quatro pessoas no mundo continua sem acesso a água potável e que metade da população mundial não tem casas de banho com sistemas de saneamento adequados.
Esta situação à escala mundial é dada a conhecer num novo relatório, sobre o acesso à água potável, ao saneamento e a condições de higiene elaborado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
No documento, as duas agências do sistema da ONU alertam, e perante a lenta progressão atualmente verificada, para a impossibilidade de universalizar estes serviços e cuidados básicos em 2030, como está estabelecido nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, a conhecida Agenda 2030.
Já um terço da população mundial, na ordem das 2,3 mil milhões de pessoas, não tem acesso a instalações para efetuar a sua higiene básica e diária.
Isto significa que em 2020, ano marcado pela propagação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) à escala global e pela declaração de pandemia, três em cada 10 pessoas no mundo não tinham meios e recursos para fazer um dos principais gestos, segundo os especialistas, que ajuda a prevenir infeções pelo SARS-CoV-2: lavar as mãos com água e sabão.
“O investimento em água, saneamento e higiene deve tornar-se numa prioridade global se quisermos acabar com esta pandemia e construir sistemas de saúde mais fortes”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, na apresentação do relatório e citado pelas agências internacionais.
O acesso a estes serviços básicos está a progredir em todo o mundo, mas a um ritmo excessivamente lento, denuncia o documento assinado pela OMS e pela UNICEF, que anteveem que a percentagem de pessoas com estas carências irá diminuir apenas um ponto percentual por ano.
Se este ritmo lento continuar, em 2030, ano estabelecido pela ONU para medir a concretização dos objetivos de desenvolvimento, o mundo ainda terá 1,6 mil milhões de pessoas sem água potável, 1,9 mil milhões de pessoas sem instalações de higiene (uma em cada cinco de pessoas no mundo) e 2,8 mil milhões de pessoas (um terço da população mundial) sem serviços de saneamento básico.
Perante tais projeções, as duas agências da ONU fizeram um apelo para que seja acelerado o desenvolvimento destes serviços básicos em zonas geográficas fortemente carenciadas, passo esse que deve ser feito, segundo frisaram as organizações, num ritmo quatro vezes superior ao atual.
“Chegou o momento de acelerar drasticamente os nossos esforços para permitir que cada criança, cada família, possa satisfazer as suas necessidades mais básicas de saúde e de bem-estar, incluindo a sua proteção contra doenças infecciosas como a covid-19”, destacou, por sua vez, a diretora-executiva da UNICEF, Henrietta Fore.
O relatório indica que 80% das pessoas que não dispõem destes serviços básicos vivem em zonas rurais.
A África Subsaariana é a região no mundo que apresenta as maiores deficiências, uma vez que apenas 54% da respetiva população tem acesso a água potável, uma percentagem que cai para 25% em áreas que a ONU denomina como “contextos frágeis”, como é o caso de zonas marcadas por conflitos.
Fonte: Greensavers