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Novo estudo conclui que exercício físico pode proteger o cérebro mesmo quando já há sinais de demência

  • Wednesday, 12 January 2022 11:24

Manter-se ativo aumenta os níveis de proteínas pré-sinápticas, conhecidas por fortalecer a comunicação entre células cerebrais – um fator-chave para evitar a progressão da demência – e apoiar no geral funções cerebrais saudáveis. De acordo com o estudo, que foi publicado na Alzheimer’s & Dementia: The Journal of the Alzheimer’s Association, estes efeitos são válidos mesmo para pessoas mais velhas cujos cérebros já começam a apresentar sinais iniciais de Alzheimer e outras doenças neurológicas.

Não é novidade que o exercício físico pode ser um poderoso aliado na manutenção de um cérebro saudável. Vários estudos anteriores revelaram que a prática de desporto pode ajudar na manutenção de uma função cognitiva saudável, e foi mesmo demonstrado o efeito benéfico da atividade física na cognição em ratos.

Mas a forma exata como o exercício pode interferir no sistema neurológico e prevenir o declínio cognitivo em seres humanos ainda é um pouco misteriosa. O estudo agora publicado focou-se no papel de um grupo de proteínas associadas às sinapses cerebrais. Estas são zonas ativas de contacto entre uma terminação nervosa e outros neurónios, células musculares ou células glandulares.

A principal autora do estudo, Kaitlin Casaletto, professora assistente de neurologia no Centro de Memória e Envelhecimento da Universidade da Califórnia em São Francisco, explica à CNN que estas junções são críticas para os processos de pensamento, memória e cognição que ocorrem nos nossos cérebros.

“Há muitas proteínas presentes na sinapse que ajudam a facilitar diferentes aspetos da comunicação célula a célula. Essas proteínas precisam de estar em equilíbrio umas com as outras para que a sinapse funcione de forma ótima”, esclarece.

No estudo, os cientistas tiveram a possibilidade de analisar, após a morte, os níveis destas proteínas em pessoas que tinham doado os seus cérebros à ciência como parte do Projecto Memória e Envelhecimento na Universidade Rush em Chicago. Também foram estudados os níveis de atividade física dos participantes – que em média tinham entre 70 e 80 anos de idade.

Os resultados mostraram que as pessoas que se exercitaram mais, em particular numa fase tardia da vida, tinham maiores níveis de proteínas protetoras. E os efeitos positivos podem mesmo ser sentidos por pessoas que já apresentam sinais iniciais, a nível cerebral, de doenças neurológicas.

“Quanto mais atividade física, maiores são os níveis de proteína sináptica no tecido cerebral. Isto sugere que cada movimento conta quando se trata da saúde do cérebro”, revela Casaletto.

Apesar de o estudo mostrar apenas uma associação entre a atividade física e a saúde cerebral, e não ser possível estabelecer necessariamente uma relação de causa e efeito, a equipa olha positivamente para os resultados do estudo: “Descrevemos, pela primeira vez em humanos, que o funcionamento sináptico pode ser um caminho através do qual a actividade física promove a saúde cerebral”, reforça Casaletto, acrescentando que descobertas como esta podem ser um sinal da “natureza dinâmica do cérebro em resposta às nossas atividades”, mesmo em relação a pessoas mais velhas.

Fonte: Visão