A 16 julho de 2022 entra em vigor o novo Regulamento Europeu de Fertilizantes que reconhece os bioestimulantes como uma nova categoria de fertilizantes.
O que são os bioestimulantes?
Segundo o novo Regulamento, «um bioestimulante para plantas é um produto fertilizante UE cuja função é estimular os processos de nutrição das plantas, independentemente do teor de nutrientes do produto, com o único objetivo de melhorar pelo menos uma das seguintes características das plantas ou da sua rizosfera: a) Eficiência na utilização dos nutrientes; b) Tolerância ao stress abiótico; c) Características de qualidade, ou d) Disponibilidade dos nutrientes no solo ou na rizosfera».
Os bioestimulantes sub-dividem-se em duas categorias:
- Bioestimulantes microbianos – consistindo num microrganismo ou num conjunto de microrganismos, por exemplo, azotobacter spp., fungos micorrízicos, rhizobium spp. e azospirillum spp.
- Bioestimulantes não microbianos – não contêm microrganismos na sua composição.
O que distingue os bioestimulantes dos fertilizantes convencionais e dos fitofármacos?
- Os bioestimulantes atuam através de mecanismos distintos dos fertilizantes convencionais, independentemente de conterem nutrientes na sua composição.
- Distinguem-se dos fitofármacos, na medida em que atuam somente sobre o vigor da planta, estimulando as suas defesas naturais, e não têm qualquer ação direta no controlo de pragas ou doenças.
Os bioestimulantes estimulam os processos naturais nas plantas, aumentando a absorção e a eficiência dos nutrientes, potenciando a qualidade das culturas e a sua tolerância ao stress abiótico (pragas, doenças, seca, etc), beneficiando a produtividade, vigor e sanidade das plantas.
Os bioestimulantes podem ajudar os agricultores a adaptar os seus sistemas agrícolas às alterações climáticas, ao mesmo tempo que aumentam a sustentabilidade da produção de alimentos, contribuindo para uma agricultura inteligente e resiliente do ponto de vista climático.
Como é que os bioestimulantes tornam a agricultura mais resiliente às alterações climáticas?
- Aumentam a eficiência do uso dos nutrientes pelas plantas – os bioestimulantes ajudam as plantas a aceder e a utilizar melhor os nutrientes existentes no solo; enriquecem o solo com microrganismos benéficos e estimulam o desenvolvimento do sistema radicular das plantas. Desta forma ajudam a reduzir a pegada climática dos fertilizantes, uma vez que a eficiência do uso dos nutrientes neles contidos é maior e o seu desperdício é menor, podendo ser reduzida a quantidade de fertilizantes químicos de síntese aplicada às culturas. Reduz-se, por exemplo, a volatilização de gases azotados que contribuem para o efeito de estufa.
- Melhoram a resiliência das culturas agrícolas a episódios climáticos extremos – os bioestimulantes ajudam os agricultores a adaptarem-se às alterações climáticas, tornando as culturas mais resistentes ao stress abiótico, nomeadamente, a episódios climáticos extremos, como inundações, secas e temperaturas extremas. Isto acontece porque alguns bioestimulantes aumentam o crescimento das plantas, melhorando o seu acesso à água, mesmo em condições de seca. As plantas adquirem maior tolerância às ondas de calor e retomam o crescimento normal mais rapidamente quando as temperaturas baixam. Ao estimular, indiretamente, os mecanismos de defesa natural das plantas, os bioestimulantes tornam as culturas menos suscetíveis aos ataques de pragas ou doenças.
- Melhoram a saúde do solo – ao contribuir para uma maior diversidade de microrganismos benéficos no solo, os bioestimulantes microbianos ajudam a melhorar a fertilidade, a saúde e a estrutura do solo, com reflexos positivos no crescimento das plantas e na sua resiliência ao clima. A saúde do solo é crucial para a produção alimentar sustentável e aumenta a capacidade dos solos agrícolas armazenarem carbono.
- Aumentam a eficiência dos recursos – muitos bioestimulantes são derivados de plantas, algas e subprodutos animais de várias cadeias de valor, contribuindo para melhorar a eficiência dos recursos numa lógica de economia circular.
Fonte: Revista Voz do Campo