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Frascos de especiarias são perigo ‘escondido’ na cozinha. Estudo revela grande risco de contaminação cruzada

  • Friday, 28 October 2022 09:36

A contaminação cruzada é cada vez menos frequento, mas continua a ser um dos principais perigos na preparação de alimentos. Para a evitar é sabido que não devemos usar os mesmos utensílios para cortar todos os alimentos, lavar carnes de aves ou usar a mesma superfície de corte para a carne e depois verduras – alguns dos erros mais comuns e verificados -, mas há outro perigo ‘escondido’ nas cozinhas: os frascos de especiarias, como revela um novo estudo.

A contaminação cruzada consiste no processo em que microrganismos de desenvolvem num local, sendo depois transportados para outro, onde continuam a contaminação e desenvolvimento. Ocorre frequentemente devido a limpeza incorreta de utensílios usados na preparação e confeção de comida ou falta de higiene das mãos de quem manipula os alimentos.

A nova investigação, publicada no Journal of Food Protection, do Departamento de Ciências Alimentares da Escola de Rutgers de Ciências Ambientais e Biológicas, em colaboração com investigadores da Universidade Estatal da Carolina do Norte, apurou que também os frascos de especiarias têm alto risco de serem vetores de contaminação cruzada, quando estamos a preparar alimentos. A investigação foi pedida pelo Serviço de Inspeção e Segurança Alimentar do Departamento de Agricultura dos EUA.

Donald Shaffer, que liderou o estudo, destaca que há superfícies óbvias e amplamente estudadas que produzem contaminação cruzada: tábuas de cortar, tampas dos caixotes do lixo, ou o puxador do frigorífico ou congelador. Agora, o cientista alerta que qualquer frasco de especiarias que se toque durante a preparação de carne crua também pode ser problemático, e pede a atenção e consciencialização dos consumidores.

Nos EUA, destacam os autores, doenças transmitidas por alimentos, como as causadas pelas bactérias Salmonela ou o Campylobacter, representam quase dois milhões de infeções por ano. Parte significativa dos casos tem origem em produtos alimentares regulados, como frango, peru, carne de vaca, porto ou carnes de caça. Os especialistas afirmam que uma cocção adequada dos alimentos, uma correta higienização das mãos e uma boa desinfeção de superfícies e utensílios de cozinha seria suficiente para evitar a contaminação cruzada.

Na observação feita, pediu-se a 371 pessoas que cozinhassem a mesma receita de hambúrguer de peru, em cozinhas diferentes, devendo preparar a carne, picá-la e temperá-la. Para simular os movimentos de uma bactéria em cada cozinha, a carne utilizada foi inoculada com um vírus bacteriófago, conhecido como ‘MS2’, que é um marcador seguro, já que infeta bactérias, mas é inofensivo para o ser humano. Os participantes não foram informados que os seus comportamentos de segurança alimentar seriam examinados.

Depois, foram recolhidas amostras de utensílios, áreas de limpeza e superfícies da cozinha, para detetar o marcador MS2. Vendo o comportamento dos participantes, os investigadores decidiram também recolher amostras de outras zonas, como recipientes de especiarias e torneiras do lava-loiça.

Os resultados revelaram que os objetos mais contaminados frequentemente eram os frascos de especiarias: quase metade (48%) das amostras recolhidas aqui tinham contaminação cruzada por MS2. As torneiras foram os objetos com menos taxa de contaminação.

Em estudos anteriores havia-se especulado esta possibilidade, mas, admitem os autores da nova investigação, estes estudos centravam-se sobretudo em tábuas de corte e utensílios de cozinha, sem se ter estudado devidamente outras superfícies, como as agora avaliadas.

Fonte: Multinews Sapo