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Depois de 14 anos de seca, o Chile acolhe as chuvas de inverno com um grande alívio. Mas diversos especialistas afirmam que a crise hídrica no país está longe de ser resolvido e que é essencial promover iniciativas que ajudem a mitigar os efeitos das alterações climáticas. A biotecnologia é apresentada como uma aliada para desenvolver culturas resistentes à seca e à salinidade, entre outros desafios climáticos.

Em 2020, um grupo de cientistas da Universidade do Chile iniciou um projeto chamado ‘PlantaComCiencia’, para encontrar soluções viáveis e eficazes para os efeitos das alterações climáticas através do desenvolvimento de variedades de tomate e kiwi resistentes a condições extremas.

Claudia Stange, investigadora do Centro de Biologia Molecular de Plantas da Faculdade de Ciências da Universidade do Chile e diretora do projeto, sublinha que “estas ferramentas biotecnológicas de edição de genes permitem-nos desenvolver novas variedades de plantas em metade do tempo, em comparação com as técnicas não biotecnológicas que são habitualmente utilizadas”. Com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia, e em harmonia com o Ministério da Agricultura chileno, a investigadora e a sua equipa esperam conseguir culturas que possam resistir às condições adversas das alterações climáticas, “beneficiando quer as grandes empresas, quer os pequenos produtores”.

O diretor executivo do ChileBio, Miguel Ángel Sánchez, destacou a importância de “reforçar as estratégias público-privadas que nos permitam melhorar a adaptação das plantas e das culturas aos efeitos das alterações climáticas. Temos de compreender que, mesmo com água, muitas das variedades de plantas que produzimos atualmente simplesmente não germinarão com o aumento previsto das temperaturas, da salinidade do solo, etc.”.

A primeira fase do projeto ‘PlantarComCiência’ terminou com êxito em agosto de 2023, depois de os cientistas envolvidos terem conseguido avanços importantes na investigação de genes específicos da variedade de tomate “Poncho Negro”, endémica do Vale de Lluta (região de Arica e Parinacota), bem como de uma variedade comercial de kiwi chamada “Hayward”.

“O trabalho com plantas é complexo e demorado, especialmente no caso do kiwi, que requer até seis meses após a transformação para que os primeiros rebentos apareçam. O tomate “poncho negro” também apresentou desafios, exigindo a normalização do processo de cultura e transformação in vitro”, explicou Claudia Stange.

Ao desativar genes específicos através da edição genética, a equipa de investigadores da Universidade do Chile pretende reforçar a resistência das plantas a condições adversas. “O nosso objetivo é combinar três características: a função, ou seja, que seja tolerante à salinidade ou à seca, que não seja transgénica e que o gene selecionado seja editado”, acrescentou Claudia Stange. Esta conquista permite o desenvolvimento de plantas editadas sem elementos transgénicos, abrindo assim a perspetiva de ter culturas chilenas mais resistentes às alterações climáticas.

No entanto, o caminho para a comercialização é longo. Embora as plantas tenham sido editadas com sucesso e obtidas em condições laboratoriais, é ainda necessário proceder à aclimatação e a ensaios de campo, o que se espera que aconteça nos próximos dois anos.  

Mais informações em ChileBio e MundoAgro.

Fonte: CiB - Centro de informação de Biotecnologia

A água, o recurso mais precioso e subvalorizado do mundo, está no centro de uma crise global crescente que ameaça a saúde humana e do planeta, alerta um novo relatório, publicado no Dia Mundial da Alimentação pela WWF.

O estudo High Cost of Cheap Water (O Alto Custo da Água Barata) fez a primeira estimativa do valor da água e revela uma dura realidade: o valor económico anual da água e dos ecossistemas de água doce está estimado em 58 biliões de dólares - o equivalente a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) global. Mas os ecossistemas mundiais de água doce estão numa espiral descendente, o que representa um risco cada vez maior para estes valores.

“A água é a base de toda a nossa existência enquanto espécie”, afirma Ângela Morgado, Diretora-executiva da ANP|WWF. “Este relatório vem mostrar como a água doce e os seus ecossistemas são imprescindíveis para a nossa economia, saúde e ambiente. Rios, lagos e zonas húmidas saudáveis são essenciais para assegurar a nossa alimentação e a nossa própria sobrevivência”.

Cada vez mais pessoas enfrentam a escassez de água e a insegurança alimentar, uma vez que os rios e os lagos estão a secar, a poluição está a aumentar e as fontes de alimentos, como a pesca de água doce, estão a diminuir. Por outro lado, a extração de quantidades insustentáveis de água e as alterações dos caudais dos rios, bem como os impactos das alterações climáticas colocam ainda mais em perigo os ecossistemas de água doce - dois terços dos maiores rios do mundo já não correm livremente, e as zonas húmidas continuam a perder-se três vezes mais depressa do que as florestas.

De acordo com Ângela Morgado, “É urgente inverter este ritmo desastroso de destruição e degradação e resolver rapidamente os problemas relacionados com a água. Também neste ponto, a Lei Europeia do Restauro da Natureza é necessária e pode ser um instrumento fundamental para enfrentar esta crise, reparando os ecossistemas de água doce vitais para a existência de água limpa e abundante para consumo, alimentação, indústria e biodiversidade".

Em setembro, várias ONGs europeias, entre as quais a WWF, alertaram para a necessidade de uma transformação estrutural da Política Agrícola Comum da UE para apoiar uma transição justa para a sustentabilidade. O documento 'A brighter future for EU food and farming' evidenciou os atuais desafios que o sistema alimentar da UE enfrenta, sendo a água que consumimos uma das peças fundamentais para a produção de alimentos. A transformação dos sistemas alimentares é essencial para salvaguardar a nossa capacidade de produzir alimentos a longo prazo, acabar com a fome, e enfrentar as múltiplas crises ambientais mundiais.

Fonte: iAlimentar

A pesca da sardinha vai ter novos limites a partir de hoje, em função do cumprimento das embarcações, tendo sido definido um máximo diário de 900 quilogramas (kg) de sardinha calibrada como T4, anunciou na semana passada a DGRM.

Em 28 de abril, um despacho da secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho, definiu as medidas de gestão da pesca da sardinha, ressalvando que a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM) pode alterar os limites diários das descargas em função das necessidades de gestão da pescaria e da evolução dos dados recolhidos.

Após a reunião da comissão de acompanhamento realizada na passada segunda-feira, a DGRM decidiu colocar novos máximos à descarga e venda da sardinha, sendo que nestes inclui-se um limite de “900 kg (40 cabazes) de sardinha calibrada como T4, independentemente da existência de outras classes de tamanho”.

Desde o passado dia 18 de setembro que o limite máximo diário de sardinha calibrada como T4 era de 765 quilogramas (kg) ou 34 cabazes.

Nos termos do despacho da DGRM, datado de quinta-feira, para as embarcações com comprimento de fora a fora inferior ou igual a nove metros, o limite passa agora a ser de 2.700 kg (120 cabazes), contra os anteriores 2.250 kg (100 cabazes).

Por sua vez, considerando as embarcações com comprimento superior a nove metros e inferior a 16 metros, o limite é aumentado para 4.725 kg (210 cabazes), acima dos 3.938 kg (175 cabazes) atualmente em vigor.

Já para as embarcações de cumprimento de fora a fora superior a 16 metros, a barreira foi agora fixada em 6.750 kg (300 cabazes), superando os atuais 5.652 kg (250 cabazes).

O despacho da DGRM produz efeitos a partir das 00:00 de segunda-feira.

A pesca da sardinha reabriu em 02 de maio.

Fonte: Executive Digest

Portugal esgotou a quota de captura de goraz, pelo que esta pesca fica proibida a partir desta sexta-feira, indicou a Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM).

“Considerando o atual nível de descargas efetuadas pela frota portuguesa de goraz (‘pagellus bagaraveo’) nas águas da União e águas internacionais da subzona nove [‘Atlantic Iberian Waters’], verifica-se que a quota de pesca atribuída a Portugal se encontra esgotada”, lê-se numa nota divulgada pela DGRM.

Assim, a partir das 00:00 desta sexta-feira, é interdita a pesca, manutenção a bordo, transbordo e descarga de capturas desta espécie nas zonas referidas.

Em 9 de junho passado, a DGRM tinha já avisado que Portugal tinha atingido 80% da quota de pesca de goraz, pelo que poderia vir a ser necessário proceder ao encerramento das capturas desta espécie.

A DGRM é um serviço central da administração direta do Estado, com autonomia administrativa, que tem por objetivo o desenvolvimento da segurança e serviços marítimos, a execução das políticas de pesca e a preservação dos recursos.

Fonte: Executive Digest

A Comissão Europeia aprovou hoje a inclusão dos vinhos portugueses «Terras de Cister» e «Terras do Dão» no registo das Indicações Geográficas Protegidas (IGP).

A indicação geográfica protegida «Terras de Cister» está ligada não só às características geográficas da região, mas também à instalação dos monges cistercienses na região no século XII. Os monges construíram mosteiros e igrejas e plantaram as primeiras vinhas na região que hoje se designa por «Terras de Cister». As castas contribuem igualmente para a especificidade dos produtos vínicos com direito a esta indicação geográfica em conjugação com outros fatores naturais e humanos. São vinhos frescos, em que as notas ácidas se encontram equilibradas com o álcool e a perceção doce. De aromas e estrutura delicados, caracterizam-se por uma elevada acidez natural, mineralidade e baixo teor alcoólico, evidenciando ainda uma boa expressão aromática das castas. Os vinhos brancos e rosados denotam frescura e acidez relevante e equilibrada. Os vinhos tintos são leves, suaves e com boa frescura.

indicação geográfica protegida «Terras do Dão» abrange o vinho e o vinho espumante. A proteção conferida pelas características orográficas é elemento caracterizador da área geográfica e influencia o clima. Este, por sua vez, tem implicação no desempenho vitícola e na maturação de uvas, com influência direta na qualidade dos vinhos. Esta influência revela-se muito na suavidade e expressão aromática dos vinhos. Os vinhos são aromáticos, minerais e frescos, com acidez equilibrada devido às condições de maturação das uvas: com verões quentes com grandes amplitudes térmicas diárias. Os verões quentes e soalheiros garantem a plena maturação das uvas. Por outro lado, as amplitudes térmicas diárias significativas traduzem-se num correto desenvolvimento dos açúcares, aliado a uma ótima manutenção do nível de acidez. As maturações, relativamente longas e suaves, permitem obter vinhos com boa expressividade dos aromas das castas que constituem o encepamento.

O título de Indicação Geográfica Protegida realça a relação entre a região geográfica delimitada e o nome do produto, que se junta à lista de mais de 200 produtos portugueses que a União Europeia protege como indicações geográficas (as Indicações Geográficas Protegidas – IGP e as Denominações de Origem Protegida – DOP).

A lista de todas as indicações geográficas protegidas está disponível na base de dados eAmbrosia.

Fonte: Comissão Europeia (Representação em Portugal)

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, na sequência de uma investigação, desencadeou através da Brigada de Fiscalização das Indústrias da Unidade Regional do Sul – Unidade Operacional de Évora, uma operação que resultou no desmantelamento de uma depuradora ilegal de moluscos bivalves vivos (MBV) e de um entreposto frigorifico não licenciado que servia de apoio ao circuito comercial, na região de Grândola.

Da operação resultou a detenção em flagrante delito do suspeito da prática do ilícito e instauração de um processo-crime, após perícia por Médico Veterinário Oficial, por comercialização de géneros alimentícios anormais avariados e de três processos contraordenacionais por géneros alimentícios com falta de requisitos, a colocação no mercado de moluscos bivalves vivos em violação das normas legais e por colocação no mercado de produtos de origem animal por estabelecimento não registado.

Da ação resultou ainda a suspensão total da atividade dos locais não licenciados/autorizados e a apreensão de 1,4 Ton de MBV e de pescado, com o valor estimado de 16.310,00 Euros. Dado o risco que acarreta para a saúde o consumo de MBV que se encontrem contaminados, a ASAE alerta os consumidores para o consumo exclusivo de MBV apenas provenientes de depuradoras licenciadas.

Fonte: ASAE

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), através da Unidade Regional do Sul – Unidade Operacional Lisboa Oeste, participou esta semana numa Operação de Fiscalização em conjunto com o Comando Territorial de Lisboa através do Destacamento Territorial de Mafra, a Unidade de Ação Fiscal da GNR, na Feira semanal da Malveira.
 
Desta Operação resultou a constituição de dois arguidos, por parte da GNR, pela suspeita da prática do crime de contrafação, tendo sido elaborados 22 autos de contraordenação por infração do Regime dos Bens em Circulação, com apreensão de mercadoria em infração no valor de 19.268,00 €uros.
 
A ASAE procedeu à fiscalização de 18 operadores económicos do setor alimentar (pescado fresco, hortofrutícolas e azeites), tendo resultado a instauração de 6 processos de contraordenação, por incumprimento das regras de controlo metrológico, designadamente aprovação de modelo de balança e verificação periódica, com apreensão de 8 instrumentos de pesagem (balanças) avaliadas em 1.840,00 Euros.
 
Foi ainda detetada a comercialização de pescado fresco com deficiente rotulagem, sem indicações relativas à denominação comercial da espécie, ao método de produção e à zona de captura, e a venda de produtos hortofrutícolas sem origem e categoria de qualidade.
 
Fonte: ASAE

Segundo Eric Lambin, membro do Grupo de Conselheiros Científicos Principais da Comissão Europeia, uma mudança nos regimes alimentares é fundamental para combater a obesidade e as alterações climáticas.

A saúde humana está indissociavelmente ligada à alimentação e ao ambiente. O mundo, incluindo a Europa, enfrenta situações de emergência nas três frentes.

O atual sistema alimentar prejudica a saúde das pessoas ao contribuir para a obesidade e destrói o ambiente ao provocar, entre outras, emissões de gases com efeito de estufa e perda de biodiversidade.

Tendo em conta os desafios e os riscos elevados, a revista Horizon planeia uma série de artigos em cinco partes, até ao final de 2023, sobre "alimentação sustentável". O objetivo é realçar as promessas de introduzir melhorias fundamentais neste domínio, nomeadamente com a ajuda da investigação e da inovação.

 O início da série de hoje prepara o terreno com uma entrevista com Eric Lambin, professor de geografia e ciências da sustentabilidade na Universidade Católica de Lovaina na Bélgica. Lambin é também membro do Grupo de Conselheiros Científicos Principais (GCSA) da Comissão Europeia, que produziu um parecer científico em junho de 2023, intitulado "Towards Sustainable Food Consumption" [Rumo a um consumo alimentar sustentável]. O parecer foi solicitado pela Comissária Europeia da Saúde e Segurança dos Alimentos, Stella Kyriakides.
 
Os artigos seguintes desta série centrar-se-ão nas mudanças alimentares, nos sistemas alimentares urbanos, no microbioma e no papel da legislação.
 

1. A alimentação, a saúde e a sustentabilidade estão ligadas há milhares de anos. Porque é que as pessoas atualmente devem prestar especial atenção a este domínio?

Atualmente, enfrentamos uma crise de saúde pública, com problemas generalizados de excesso de peso, obesidade e subnutrição, e uma crise ambiental global.

Atualmente, a pecuária é responsável por mais de 14 % das emissões de gases com efeito de estufa provadas pelos humanos, o que representa mais do que as emissões de todos os automóveis e camiões do mundo. A produção de carne, especialmente de carne de vaca, contribui diretamente para as alterações climáticas através das emissões de metano e indiretamente através da conversão de florestas tropicais para pastagens e produção de alimentos para animais. A conversão de florestas não só aumenta as emissões como também provoca a perda de biodiversidade. Imaginamos que a maior parte dos campos verdes por onde passamos são culturas para os humanos comerem, quando, na verdade, dois terços dos terrenos agrícolas do mundo são pastagens e 40% das terras de cultivo são para alimentação animal.

O nosso parecer científico apela a alterações em todo o sistema para corrigir esta situação.

2. O que significaria concretamente um sistema alimentar mais sustentável?

Para a maioria dos europeus, os regimes alimentares deveriam ser mais baseados em vegetais, uma vez que são frequentemente demasiado ricos em carne e produtos lácteos, que têm uma pegada ambiental muito mais elevada do que alimentos à base de vegetais.

Para mudar para um regime alimentar mais saudável e sustentável, recomenda-se o consumo de mais leguminosas, frutas, vegetais, frutos secos e sementes e menos carne, especialmente carne vermelha e transformada, menos alimentos ricos em gorduras saturadas, sal e açúcar, menos snacks com fracas qualidades nutricionais e menos alimentos ultraprocessados, bebidas açucaradas e bebidas alcoólicas.

3. Que papel pode a UE desempenhar para garantir que os alimentos são mais saudáveis e ecológicos?

O parecer científico recomenda que as medidas políticas destinadas a alterar o comportamento dos consumidores devem centrar-se em todo o "ambiente alimentar". Trata-se de qualquer local onde as pessoas obtêm, comem e discutem a sua alimentação.

Assim, as medidas políticas devem dirigir-se não só aos consumidores, mas também aos fornecedores, fabricantes, distribuidores e retalhistas de alimentos. As competências necessárias para acelerar a transição para regimes alimentares mais sustentáveis e saudáveis estão distribuídas a todos os níveis de governação, desde a UE aos Estados-Membros, regiões e municípios.

A UE pode fornecer orientações, ajustar os subsídios, desenvolver rótulos, expandir o seu regime atual de fixação de preços do carbono, entre outros, e encorajar os Estados-Membros a agirem ao seu nível.

4. O que recomenda o GCSA em termos de ação da UE neste domínio?

A UE deve adotar uma combinação de políticas complementares baseadas na fixação de preços, informações e regulamentação.

Os regimes alimentares saudáveis e sustentáveis devem ser a escolha mais fácil e mais económica. Os Estados-Membros da UE devem considerar novos incentivos, incluindo a redução do imposto sobre o valor acrescentado aplicável às frutas e aos vegetais, bem como os desincentivos como os impostos sobre a carne e o açúcar.

A prestação de informações fiáveis sobre os impactos ambientais e sanitários dos diferentes alimentos facilita a tomada de decisões saudáveis e sustentáveis por parte dos consumidores. Trata-se de questões como a literacia alimentar, as orientações dietéticas nacionais e a rotulagem na frente da embalagem.

As novas medidas políticas devem também tornar os regimes alimentares saudáveis e sustentáveis mais disponíveis e acessíveis. Significa, por exemplo, a colocação em destaque de produtos saudáveis nos estabelecimentos retalhistas.

5. Que papel desempenha o aconselhamento científico, incluindo o do GCSA, na elaboração de políticas?

O aconselhamento científico apoia a elaboração de políticas com base em dados concretos, através da análise de conclusões científicas sobre um determinado tema, com base em dados científicos de elevada qualidade.

Os conselheiros científicos são intermediários entre a ciência e a política. Devem demonstrar a sua fiabilidade, seguindo um processo transparente e imparcial de análise de provas. O GCSA trabalha em estreita colaboração com o consórcio Science Advice for Policy by European Academies, ou SAPEA. A SAPEA reúne grupos multidisciplinares dos melhores peritos europeus sobre os temas relativamente aos quais o Colégio de Comissários solicita aconselhamento.

Em questões como os sistemas alimentares, em que fortes interesses instalados exercem influência na elaboração de políticas, é essencial fornecer recomendações independentes e baseadas na ciência.

6. Como é que os consumidores podem contribuir para a mudança?

Os consumidores podem contribuir através de decisões de compra bem informadas e coerentes com os seus valores.

Mas os modelos de mudança comportamental reconhecem que a motivação por si só não é suficiente para modificar as dietas. Os consumidores também precisam de ter a capacidade e a oportunidade de adotar novos comportamentos.

Os comportamentos dos consumidores são influenciados tanto por fatores pessoais – como preferências de gosto, atitudes e conhecimentos – como por fatores externos, principalmente o preço, a informação e as normas sociais e culturais.

Todos os fatores devem ser tidos em conta. Daí a necessidade de uma série de medidas diversas que visem todo o ambiente alimentar e que se complementem entre si.

7. Qual deve ser o equilíbrio entre o comércio de géneros alimentícios internacional e local?

As provas mostram que os alimentos produzidos localmente nem sempre são mais sustentáveis do que os alimentos importados do estrangeiro. Por exemplo, alguns legumes cultivados na Europa em estufas podem utilizar mais energia do que os legumes cultivados em África.

No entanto, para promover o consumo sustentável, a UE poderia restringir as importações de produtos alimentares provenientes de locais onde a produção alimentar causa grandes danos ambientais, por exemplo, alimentos provenientes de ecossistemas ricos em biodiversidade e densos em carbono, culturas que exigem muita água produzidas em zonas com escassez de água e marisco proveniente de unidades populacionais geridas de forma insustentável.

Algumas destas restrições já estão abrangidas pela nova legislação da UE relativa a produtos não associados à desflorestação.

8. Como pode a UE ajudar a garantir que os pequenos agricultores sejam tratados de forma justa?

As explorações de pequena dimensão podem ter dificuldade em adaptar-se à nova regulamentação, uma vez que podem não ter capacidade para investir em novas práticas e sistemas de produção.

No entanto, desempenham um papel fundamental em algumas regiões europeias no fornecimento de alimentos, na manutenção de paisagens e na manutenção da atratividade social das zonas rurais.

Os pequenos agricultores nem sempre estão tão bem representados nos diálogos políticos entre as várias partes interessadas como os seus homólogos de maior dimensão. Por conseguinte, as novas medidas políticas devem prever os possíveis efeitos adversos nas explorações de pequena dimensão e ser monitorizadas e revistas periodicamente para garantir que não têm consequências indesejadas.

9. Quais são os principais desafios sociais e políticos à mudança?

Como em qualquer processo de transformação, há resistência por interesses instalados que beneficiam do status quo. É fundamental criar um ambiente que permita a todas as partes interessadas trabalhar em prol de uma alimentação saudável e sustentável.

Esta abordagem pode também ajudar a ultrapassar a oposição daqueles que lucram com o sistema atual, incluindo algumas grandes organizações do setor privado com vozes poderosas. Por exemplo, os representantes da indústria alimentar têm muitos mais recursos para defender a sua causa do que, por exemplo, as gerações futuras, criando assim um desequilíbrio no debate.

As organizações da sociedade civil desempenham um papel importante na representação daqueles que não têm voz.

10. Que papel desempenha o bem-estar dos animais em tudo isto?

O bem-estar dos animais é uma dimensão ética fundamental da sustentabilidade. É também central para uma perspetiva de "Uma só saúde" que integra a saúde das pessoas, dos animais e do ambiente.

As pessoas adotam regimes alimentares à base de plantas por motivos de saúde, ambientais e/ou de bem-estar animal. As três motivações são igualmente importantes e apontam na mesma direção: diminuir o consumo de produtos de origem animal e diminuir a criação intensiva de animais.

Isto cria uma oportunidade para as empresas que se concentram em produtos de qualidade e em normas elevadas de bem-estar animal. Por exemplo, um imposto sobre a carne enquadrado como uma "taxa de bem-estar animal" pode ser socialmente mais aceitável do que um imposto ambiental.

Fonte: Jornal de Notícias

A Comissão Europeia estabeleceu novos limites para a utilização de nitritos e nitratos como aditivos alimentares.

Os limites mais apertados visam proteger contra bactérias patogénicas como a Listeria, a Salmonella e o Clostridium botulinum, reduzindo simultaneamente a exposição a nitrosaminas, algumas das quais são cancerígenas.

Os limites foram aprovados pelos Estados-Membros da UE com base numa avaliação científica anterior efectuada pela Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA).

Os limites mais apertados têm em conta a diversidade de produtos e as suas condições de fabrico em toda a Europa. As empresas do sector alimentar dispõem agora de, pelo menos, dois anos para se adaptarem a estes limites.

As substâncias são utilizadas como aditivos alimentares devido às suas propriedades antimicrobianas, principalmente em charcutaria e carne processada, mas também em peixe e queijo. Funcionam como conservantes e são utilizadas para realçar a cor e prolongar o prazo de validade das carnes transformadas.

O nitrato encontra-se naturalmente nos vegetais, com as concentrações mais elevadas nos vegetais de folha, como os espinafres e a alface. Pode ainda entrar na cadeia alimentar como contaminante ambiental na água.

Medidas não chegam a ser uma proibição


Um estudo da Comissão Europeia de 2014 revelou que, com algumas excepções, a quantidade típica de nitritos adicionados a produtos de carne não esterilizados era inferior ao nível máximo estabelecido pela UE. Em 2016, outros trabalhos envolvendo a indústria e diferentes produtos de carne também concluíram que era possível reduzir os níveis máximos de nitritos.

Alguns grupos, como a Foodwatch France, apelaram à proibição da utilização de nitritos e nitratos adicionados aos alimentos. No início deste ano, foi também discutida uma proposta na Comissão do Ambiente, da Saúde Pública e da Segurança Alimentar (ENVI) do Parlamento Europeu.

A Comissária Stella Kyriakides, responsável pela Saúde e Segurança Alimentar, afirmou: "Ao estabelecer novos limites para os aditivos nitritos e nitratos nos alimentos, estamos a dar mais um passo nesta direção e a concretizar outra ação importante no âmbito do Plano Europeu de Luta contra o Cancro. Apelo agora à indústria alimentar para que aplique rapidamente estas regras baseadas na ciência e, sempre que possível, as reduza ainda mais para proteger a saúde dos cidadãos.

Aceder aqui ao regulamento que impõe estas novas regras.

Fonte: Food Safety News

 

 

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, na sequência de uma investigação no combate à fraude no setor do azeite, realizou, através da Unidade Operacional de Évora, na zona de Beja, uma ação inspetiva visando um operador económico na qual se detetou em flagrante delito, a comercialização de óleo alimentar como azeite virgem extra.

Da ação resultou a instauração de um processo-crime, por fraude sobre mercadorias com a apreensão de 415 litros de óleo alimentar, avaliado 1.450,00 Euros.

Encontrando-se a campanha ainda no início e os preços de mercado do azeite em valores elevados, a ASAE continuará a desenvolver investigações em todo o território nacional, no combate à falsificação e fraude do azeite virgem, salvaguardando assim, a genuinidade do produto e os direitos dos consumidores.

Fonte: ASAE