A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), realizou nas últimas semanas, uma operação de fiscalização, a nível nacional, direcionada a estabelecimentos de apoios de praia, com atividade de restauração e bebidas, de carácter fixo ou amovível, bem como vários tipos de estabelecimentos e/ou bancas de venda ambulante de géneros alimentícios instalados junto às praias costeiras ou interiores, com o objetivo de garantir o cumprimento das regras gerais e especificas de higiene e segurança alimentar bem como o cumprimento das regras relativas às práticas comerciais.
Como resultado destas ações, foram fiscalizados 160 operadores económicos, tendo sido instaurados 34 processos de contraordenação destacando-se como principais infrações a falta de mera comunicação prévia, a inexistência de processo ou processos baseados nos princípios do HACCP, a violação dos deveres gerais da entidade exploradora do estabelecimento de restauração e bebidas, a falta de livro de reclamações entre outras.
Foram ainda apreendidos cerca de 18 kg de molúsculos bivalves, no valor de 155,00€, e um instrumento de pesagem no valor de 250,00€.
Fonte: ASAE
Foi publicado o Decreto-Lei n.º 69/2023, de 21 de agosto de 2023, que determina as novas regras de controlo da qualidade da água para consumo humano.
Fazer um jantar delicioso e manter bons hábitos de higiene alimentar não é assim tão difícil. Sabe quais os cuidados a ter dentro da cozinha? A campanha #EUChooseSafeFood dá-lhe algumas dicas.
Para ter uma alimentação saudável não basta apenas estar atento à quantidade de vegetais que coloca no prato. Também é necessário saber tratar deles até à hora da refeição. E até os cuidados com a higiene pessoal se tornam mais essenciais, já que podem reduzir o risco de contaminação de alimentos, assim como promover a segurança alimentar. Foi também com este objetivo que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA), em parceria com a ASAE, desenvolveu a campanha #EUChooseSafeFood, que lhe dá algumas dicas úteis.
Separe alimentos crus de cozinhados
Costuma usar a mesma tábua de corte para todos os alimentos? Tem de deixar de o fazer. Os alimentos crus e prontos para consumo devem ser separados para que não sejam contaminados.
Armazenamento
Verifique os seus eletrodomésticos. O frigorífico deve manter uma temperatura abaixo de 4ºC e o congelador uma temperatura abaixo dos -18ºC.
Datas de validade
Não tenha preguiça. Se costuma fazer uma ronda à sua despensa uma vez por ano, o melhor é fazê-la mais vezes, já que as datas de validade devem ser verificadas regularmente. A dica é colocar os alimentos, cuja data de validade acaba mais cedo, à frente.
Cheire os alimentos antes de os consumir
Não deve consumir alimentos cuja data ultrapasse a que está indicada. Mas caso esteja dentro do prazo de validade, nunca é demais verificar o cheiro e o aspeto do alimento antes de consumir.
Cozinhe corretamente os alimentos
Como cozinhar os alimentos de forma correcta? Deixe-os cozinharem completamente. No caso das carnes, por exemplo, pode até mesmo utilizar um termómetro para verificar a temperatura interna.
Cuidado com as sobras
Antes de guardar as sobras no congelador certifique-se de que a comida arrefece durante duas horas no frigorífico. Qualquer alimento que tenha sido mantido à temperatura ambiente, por um período superior a duas horas, deverá ser descartado.
Atenção à água
Quer seja para beber, cozinhar ou lavar alimentos, a água deve ser potável e segura para uso. Em caso de dúvida deverá fervê-la antes de a consumir.
Fonte: Sábado
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), realizou nas últimas semanas, várias operações de fiscalização, a nível nacional, direcionadas aos Mercados Abastecedores, com vista a verificar o cumprimento das regras de higiene, segurança alimentar e de qualidade, bem como os requisitos específicos aplicáveis aos produtos hortofrutícolas e pescado.
A instalação dos mercados abastecedores está sujeita aos controlos aplicáveis aos estabelecimentos de comércio por grosso e armazéns de géneros alimentícios de origem animal que exijam condições de temperatura controlada, aos estabelecimentos de comércio, por grosso e a retalho, e armazéns de alimentos para animais e à exploração dos demais estabelecimentos de comércio e de armazéns de produtos alimentares.
No âmbito destas ações, foram fiscalizados 215 operadores económicos, tendo sido instaurados 16 processos de contraordenação, destacando-se como principais infrações a falta de controlo metrológico, a falta de indicações obrigatórias nos produtos hortícolas e fruta, designadamente no que se refere à sua variedade, origem e categoria, a falta de mera comunicação prévia, entre outras.
Foram ainda apreendidos 4 910,5Kg de produtos hortofrutícolas no valor total de 11 390,00€, e ainda 6 instrumentos de pesagem no valor total de 3 650€.
Fonte: ASAE
Consumo de broa de milho não é recomendado por DGS e ASAE em 11 localidades. Especialista indica o que terá originado o problema.
Os casos suspeitos começaram ainda em Julho e, após quase 200 casos de toxinfecção alimentar, o consumo de broa de milho passou a não desaconselhado em diversas localidades.
Nesta quinta-feira, a Direção-Geral da Saúde e a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica indicaram que é melhor não comer broa de milho nas localidades onde decorreram toxinfecção alimentar.
As 11 localidades são: Pombal, Ansião, Leiria, Marinha Grande, Pedrógão Grande, Ourém, Figueira da Foz, Condeixa-a-Nova, Coimbra, Ílhavo e Vagos.
A origem deste surto associado à broa de milho ainda não foi divulgada oficialmente. Está a decorrer uma investigação e esta recomendação é uma medida preventiva e transitória.
Mas Artur Alves, professor do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro, já apontou para a origem mais provável: micotoxinas.
“O surto estará relacionado com a produção de algum tipo de toxina por algum microorganismo, provavelmente um fungo”.
“Se pensarmos que a broa é cozinhada a altas temperaturas, não será um microorganismo em si que irá eventualmente causar algum tipo de problema. Por outro lado, as micotoxinas conseguem tolerar elevadas temperaturas e não são eliminadas”, descreveu o especialista no jornal Público.
Bolores podem ter contaminado o cereal, tendo assim originado as micotoxinas. Há fungos que contaminam facilmente cereais como o milho.
Os sintomas indicam o mesmo caminho: confusão mental e diminuição da força muscular serão causadas por toxinas de origem microbiológica, são sinais típicos de intoxicações causadas por micotoxinas.
Artur Alves avisa que as micotoxinas – ainda não especificadas – estão “muito provavelmente” na farinha da broa de milho: “Os fungos contaminam os cereais com alguma facilidade”.
Os sintomas de uma toxinfecção alimentar, como este caso, são muito parecidos com os sintomas de uma intoxicação alimentar.
Os sintomas são: cólicas abdominais, diarreia, febre, cefaleias, náuseas e vómitos, entre outros possíveis.
As pessoas afectadas devem começar a sentir sintomas logo meia hora depois de comer – num período que pode chegar às 2 horas depois da refeição.
Paulo Almeida, médico de medicina geral e familiar, avisou no jornal Correio da Manhã que as intoxicações alimentares são mais frequentes no Verão: “As condições de humidade e temperatura facilitam o rápido desenvolvimento de bactérias e a produção de toxinas nos alimentos contaminados”.
Para evitar uma intoxicação alimentar, fica o conselho básico: ter muito cuidado com os alimentos e evitar qualquer alimento que não seja seguro.
Quando uma pessoa já está afectada, normalmente não deve ficar muito preocupada, já que as consequências não são graves na maioria dos casos e os sintomas desaparecem sozinhos. Basta repouso digestivo.
Paulo Almeida recomenda beber muitos líquidos e bebidas desportivas, para evitar a desidratação.
O paracetamol, ou outro analgésico, pode ser preciso para controlar a diarreia (mas só deve ser tomado após indicação do médico).
Fonte: ZAP
As alterações climáticas deverão conduzir a um aumento das infecções de origem alimentar e representam um risco crescente para a saúde pública na Alemanha, segundo os cientistas.
Um de uma série de artigos, publicados no Journal of Health Monitoring do Instituto Robert Koch, centra-se na influência das alterações climáticas nas intoxicações de origem alimentar.
A revisão analisa os perigos para a saúde humana colocados por bactérias, parasitas e biotoxinas marinhas relevantes na Alemanha, incluindo Salmonella, Campylobacter e Vibrio, bem como os parasitas Cryptosporidium e Giardia.
As alterações climáticas podem resultar em temperaturas mais elevadas do ar e da água, no aumento da precipitação ou na escassez de água. Por exemplo, no futuro, a agricultura poderá ter de recorrer mais a águas residuais tratadas devido à escassez de água. Os investigadores afirmaram que isto representa um risco para a segurança alimentar, devido a uma possível contaminação dos produtos irrigados por agentes patogénicos.
Campylobacter, Salmonella e Vibrio
As infecções por Campylobacter são tipicamente sazonais, com a maioria dos casos nos meses de verão, de julho a setembro. Com o aquecimento progressivo resultante das alterações climáticas e dos períodos quentes prolongados que lhe estão associados, espera-se um aumento dos casos.
De acordo com o estudo, é igualmente possível que, durante os meses de verão, o aumento das temperaturas conduza a uma maior prevalência nos bandos de aves de capoeira e a uma maior exposição dos consumidores através do consumo da sua carne.
Os comportamentos alterados durante os meses de verão podem ter um efeito indireto no aumento das infecções, como a maior frequência de grelhados de aves de capoeira e outras carnes, ou a prática de natação em águas de superfície. Foi também observado um aumento das infecções e dos surtos após fortes chuvas e inundações.
Na Europa, a maioria dos casos de salmonelose são registados durante os meses de verão.
O crescimento favorável da Salmonella a temperaturas mais elevadas leva a concentrações mais elevadas nos alimentos contaminados durante os períodos mais quentes. Esta situação está relacionada, entre outras coisas, com a má preparação e refrigeração dos alimentos durante os churrascos ou piqueniques, que também são mais comuns no verão. As temperaturas elevadas aumentam o risco de rutura da cadeia de frio, o que pode ter um impacto significativo no estado microbiológico dos alimentos.
Até à data, as infecções por Vibrio de origem alimentar têm sido raras na Europa. A ocorrência de Vibrio spp. é favorecida pelo aquecimento global e pelo aumento das ondas de calor, podendo levar à sua propagação e possivelmente também ao estabelecimento de novos tipos na Europa, pelo que a incidência de infecções humanas pode aumentar no futuro, segundo os investigadores.
O aumento da temperatura da água levará a uma amplificação da contaminação por Vibrio nas zonas europeias de captura, colheita e cultivo de marisco, e alargar-se-á também para além dos meses de verão e outono.
Ainda não existem informações exactas sobre as infecções por Vibrio de origem alimentar. Na Alemanha, apenas foram registados casos isolados desde a introdução da notificação obrigatória em 2020, o que pode indicar uma baixa exposição a produtos que contêm Vibrio ou que uma grande proporção de doenças não é detectada ou notificada. Os produtos crus e insuficientemente aquecidos, como os mexilhões e as ostras, representam um risco, especialmente para as pessoas com sistemas imunitários debilitados ou com doenças pré-existentes.
Parasitas e medidas de prevenção
Uma investigação ainda não publicada do Instituto Federal Alemão de Avaliação de Riscos (BfR) indica que as alterações climáticas também têm um impacto direto na prevalência e virulência de parasitas, que já são muito estáveis no ambiente. O Cryptosporidium e a Giardia podem permanecer infecciosos durante um longo período e causar doenças, especialmente após o consumo de alimentos crus contaminados.
As condições meteorológicas extremas, como as chuvas fortes e as inundações, que se espera que aumentem em resultado das alterações climáticas, aumentam o risco de entrada de oocistos/cistos infecciosos nas massas de água, bem como o risco de contaminação de alimentos à base de vegetais, afirmaram os investigadores.
As alterações climáticas estão a alterar a distribuição geográfica de algumas espécies de algas que podem estar envolvidas na formação de eflorescências de algas nocivas. As biotoxinas marinhas não são detectáveis pelo odor, sabor ou aspeto e não são normalmente destruídas pela cozedura, congelação ou outros processos de preparação.
"As nossas principais recomendações para minimizar o risco para a saúde das infecções e intoxicações de origem alimentar residem na área da higiene da cozinha, que deve ser sempre aplicada na preparação dos alimentos. Isto inclui a lavagem cuidadosa das mãos e a utilização de utensílios de cozinha bem lavados após o manuseamento de carne e peixe crus, bem como evitar a contaminação cruzada", afirmaram os investigadores.
"Além disso, a maioria dos agentes patogénicos microbiológicos pode ser eliminada com sucesso através de um processo de aquecimento suficiente; por exemplo, deve ser mantida uma temperatura interna de 70 ºC durante pelo menos dois minutos quando se prepara marisco.
"Recomendamos também a utilização de novas tecnologias para monitorizar as cadeias de abastecimento. Dada a globalização da rede de distribuição alimentar e a utilização de diferentes técnicas de processamento e conservação, pode ser difícil seguir a cadeia de abastecimento de um produto para identificar potenciais riscos. Os avanços tecnológicos permitiram criar soluções digitais para este efeito; o conhecimento das unidades populacionais de peixes, a rastreabilidade dos produtos do mar e a transparência da cadeia de abastecimento podem beneficiar de abordagens inovadoras."
Fonte: Food Safety News e Qualfood
O Departamento de Saúde Pública da Administração Regional de Saúde do Centro (ARSC) informou esta segunda-feira que, segundo o mais recente balanço, foram contabilizadas 136 pessoas com sintomas de toxinfeção alimentar em Leiria, mais 54 face ao anterior balanço, feito na quinta-feira passada.
Em causa está, recorda a mesma fonte, uma situação "aparentemente associada ao consumo de broa".
"Do total de casos identificados, 35 recorreram a serviços de saúde, encontrando-se 2 sob observação clínica. Os doentes avaliados em serviços de saúde têm apresentado, maioritariamente, quadros clínicos ligeiros, com rápida resolução", explica ainda a mesma fonte.
Se inicialmente os casos estavam circunscritos a "concelhos da área de abrangência do ACES Pinhal Litoral" - onde se regista a maioria dos casos -, o comunicado revela que foram, entretanto, identificados casos em "alguns concelhos dos ACES Pinhal Interior Norte, Médio Tejo, Baixo Mondego e Baixo Vouga".
A Saúde Pública da ARSC assegurou ainda que se mantém a "investigação epidemiológica e análises laboratoriais de amostras clínicas e alimentares", mas também "a realização de vistorias aos locais de confeção, cadeia de comercialização, distribuição e venda dos alimentos". Os "produtos sinalizados" foram também retirados do mercado.
Os serviços de Saúde Pública locais e regionais do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, em colaboração com as unidades hospitalares, a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses, o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária e o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, "continuam a acompanhar a situação, com divulgação pública dos elementos mais relevantes da investigação".
Em comunicado anterior, a entidade explicou que a "sintomatologia observada foi predominantemente neurológica, nomeadamente os seguintes sintomas: secura das mucosas da cavidade oral; dilatação pupilar; visão desfocada; tonturas; quadros de confusão mental e diminuição da força muscular".
Fonte: Notícias ao minuto
São essenciais para o funcionamento do organismo, mas ganharam fama de vilões nos últimos anos. E isso tem razão de ser. Os benefícios, as quantidades, os malefícios.
As dúvidas em torno da alimentação são tantas e parecem multiplicar-se quanto mais informação temos. Afinal, o que é saudável? O que devemos comer? Olhemos para esses dois grandes “vilões”, o açúcar e o sal, que ganharam má fama nos últimos anos. Será que conseguimos viver sem eles? Em boa verdade não, são nutrientes tão importantes que até temos estruturas especializadas no intestino que captam um tipo de açúcar (a glucose) e o sal (sódio) em conjunto. Um e outro são preciosos para o organismo. O problema é que atualmente temos consumos excessivos, sobretudo com os alimentos processados, e aí é que tudo se complica.
Comecemos pelo princípio. E pelo açúcar. No contexto da nossa alimentação atual, “podíamos perfeitamente viver sem açúcar de adição, sem produtos açucarados, isto na medida em que conseguimos ir buscar a glucose a outras fontes alimentares”, como explica José Camolas, nutricionista e professor universitário. Ou seja, além do açúcar de colher, este nutriente está presente noutros alimentos com hidratos de carbono e nos quais raramente pensamos quando o tema é açúcar. No pão, no arroz, na massa, na batata. Nas leguminosas, como feijão ou grão. E na própria Natureza, embora não haja muitos alimentos naturalmente doces, nomeadamente na fruta e no mel. “O resto do açúcar que consumimos, para lá destes alimentos, é dispensável do ponto de vista biológico”, aponta. Aliás, a maior parte das populações do Mundo viveu sem açúcar de adição até à expansão marítima europeia – e depois era um artigo de absoluto luxo, só ao acesso dos mesmo muito ricos.
Lillian Barros, também nutricionista, subscreve e estabelece a diferença entre consumir açúcares adicionados e açúcares naturalmente presentes. Os primeiros, “nos quais se incluem a sacarose, açúcar invertido, amarelo, mascavado, coco, glicose, frutose, maltose, dextrose, maltodextrina, extrato de malte, melaço, mel ou xaropes, têm uma absorção muito mais rápida e provocam picos de insulina”. Os segundos “estão presentes, por exemplo, na fruta, laticínios e cereais, coexistem com a fibra, vitaminas, minerais, proteína e tantos outros nutrientes benéficos, pelo que a sua absorção é mais lenta e não provoca os efeitos nefastos dos açúcares adicionados”. É por isso, diz, que mesmo a frutose, o açúcar da fruta, “tem uma absorção diferente quando adicionada aos alimentos do que quando está naturalmente presente na fruta”.
Resumindo, o nosso corpo precisa de açúcar. Porquê? “Quando falamos de açúcar há um conjunto muito diverso, mas a glucose é o mais universal no nosso organismo. Todas as nossas células em proporção diferente podem usar a glucose como uma fonte de energia. Sendo que algumas, como os glóbulos vermelhos, são mesmo dependentes da glucose para sobreviver”, salienta José Camolas. A questão é que o açúcar já está presente em muitos alimentos do dia a dia e tudo o que comemos para lá disso – em bolos, bolachas, refrigerantes – não é necessário. Apesar disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) olhou para os chamados açúcares livres, que são adicionados por nós ou pela indústria alimentar, e não sugere o corte por completo. A recomendação é que o consumo destes açúcares não deve exceder 10% do consumo energético total. “Para uma pessoa que coma duas mil calorias diárias, são 200 calorias, o que corresponde a 50 gramas de açúcares livres.”
A média de consumo em Portugal, segundo o vice-presidente da Ordem dos Nutricionistas, “ronda os 35 gramas por dia”. Só que este número dispara nos mais jovens. “Quase 50% das crianças e adolescentes comem mais de 10% da sua energia diária sob a forma de açúcares livres, o que sabemos que tem implicações para a saúde, nomeadamente no risco de doenças crónicas, metabólicas, na saúde oral, obesidade, diabetes, saúde cardiovascular.”
E sim, é difícil dispensar o açúcar do ponto de vista do prazer, “há muita investigação que demonstra que a nossa potencial dependência do açúcar não tem a ver exclusivamente com o sabor doce, mas também com o papel que ele tem na regulação do sistema nervoso central da fome, dos circuitos de prazer”. Há, de facto, algum grau de adição a produtos mais açucarados, “uma preferência inata, é um sabor que a grande maioria dos humanos aprecia sem esforço, e quanto mais nos expomos ao consumo de doces, mais necessidade temos de os consumir”. Por isso, no caso das crianças, avisa José Camolas, “é importante expô-las o mais tarde possível a alimentos excessivamente doces para não potenciar essa preferência”.
No que toca ao sal, podemos recuar no tempo para apanhar o fio à meada. Foi entrando na nossa alimentação primeiro como conservante alimentar. “E, se nos reportarmos à era do Império Romano, era um bem precioso”, realça o nutricionista. Curiosamente, o salário tem a designação que tem porque “metade era pago em ouro e outra metade era em sal, de tão precioso que o sal era”. Entrou nos hábitos gastronómicos como intensificador do sabor dos alimentos – hoje, uma receita de um qualquer doce processado também tem sal. Transformou-se num nutriente muito presente por tornar os alimentos mais saborosos, o que é um círculo vicioso. Se sabe melhor, comemos mais.
É constituído por dois minerais, o sódio e o cloro, essenciais ao saudável funcionamento do nosso organismo. Não é um nutriente que se possa retirar da dieta. O problema, claro está, é o excesso. E as consequências, de acordo com Lillian Barros, são muitas: hipertensão, aumento do risco de cancros (em particular do estômago), sobrecarga do funcionamento renal (pelo maior esforço do rim para excretar o excesso de sódio), mais retenção de líquidos. A recomendação da OMS é não ultrapassar os cinco gramas de sal de cozinha por dia, o que equivale a uma colher de chá. Em Portugal, segundo o mais recente Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, citado por José Camolas, “estamos perto dos oito gramas, com mais intensidade nos homens – e os acidentes cardiovasculares são mais frequentes nos homens do que nas mulheres -, o que é arrepiante, o consumo de sal no nosso país é um problema”.
Começa nas práticas culinárias em casa – podemos tentar reduzir quando cozinhamos, substituindo por salicórnia, ervas aromáticas, especiarias, sumo de limão. E acaba no pão, que é uma grande fonte de sal na população portuguesa (a indústria da panificação já tem vindo a fazer algum trabalho para reduzir) e nos alimentos processados. “Os pareceres científicos da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos afirmam que a principal fonte de sódio no regime alimentar são alimentos processados, representando cerca de 70% a 75% do aporte total”, destaca Lillian Barros. Há inúmeros produtos que contêm doses muito elevadas de sal, “batatas fritas, aperitivos salgados, enchidos, caldos, sopas instantâneas, molhos, refeições pré-preparadas, alimentos enlatados, produtos de salsicharia, charcutaria e alimentos fumados, determinados tipos de queijo, azeitonas, pipocas e crackers salgadas”.
No fundo, esclarece Camolas, o açúcar e o sal são tão importantes no metabolismo celular que “o organismo se especializou na sua absorção e quando eles estão presentes em excesso, vamos absorvê-los em excesso e aí, em vez de contribuírem para a saúde do organismo, vão perturbá-la”. Não há que demonizar estes nutrientes, há é que os consumir com conta, peso e medida. A frase é conhecida: a diferença entre um remédio e um veneno está na dose.
Há uns anos, lembra José Camolas, a evidência sugeria que a troca do açúcar por um adoçante artificial podia ser favorável em situações de excesso de peso ou de diabetes, por se tratar de um produto com baixo valor energético. Mas o que se tem vindo a verificar é que, “a médio-longo prazo, o consumo de adoçantes não é protetor”. A polémica com os adoçantes (que não são um nutriente, não precisamos deles) não é de agora, já a houve com a sacarina, mas recentemente justificou que a OMS incluísse o aspartame na lista de potencialmente cancerígeno. Na verdade, a comunidade internacional começou a ficar preocupada com o avolumar do consumo por estar presente numa panóplia infinita de alimentos. “O aspartame está em milhares de produtos, alguns inusitados, como pasta de dentes, suplementos multivitamínicos, medicamentos para crianças.” Mas, garante o nutricionista, não há motivo para o pânico, antes para moderarmos o consumo. “O problema não é beber umas latas de refrigerante, é bebê-las e ainda comer um ou dois bolos, mastigar umas pastilhas elásticas, uns rebuçados e, de repente, estamos a somar. O risco está aí, no efeito cumulativo.”
Fonte: Notícias Magazine
A PINHAL MAIOR - Associação de Desenvolvimento do Pinhal Interior Sul publicou o "Manual Técnico em Agricultura Biológica" elaborado por Rosa Guilherme, Professora em Agricultura Biológica e Técnica Superior da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro, no âmbito do projeto Metas-Morphoses.
Este projeto, promovido no quadro do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego (PO ISE), tem como objetivo a promoção da agricultura biológica enquanto elemento transformador, assumindo funções de ocupação produtiva, mas também de atividade terapêutica e lúdica.
Fonte: Rede Rural
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