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Um caso: antes da descolagem, os passageiros de um avião são avisados que no voo está uma menina alérgica ao amendoim. Um viajante incauto decide abrir uma lata de amendoins nas alturas e a criança entra em choque anafilático. A mãe, enfermeira e precavida, aplica-lhe uma injeção de adrenalina e evita o pior.

Outro caso: um miúdo aleija-se na testa numa brincadeira no recreio da escola. De imediato, vão buscar gelo que esteve colado a peixe no congelador. A testa da criança fica bastante vermelha, há uma reação, tem de ir ao hospital. Descobrem que a criança é alérgica ao peixe. Duas situações reais que poderiam não ter tido um final feliz.

Uma alergia alimentar não acontece apenas pela ingestão de um alimento. A inalação e o contacto com a pele também podem ser responsáveis pela alergia e causar sintomas como comichão, vermelhidão, dificuldades em respirar, pieira, distúrbios gastrointestinais, perda de consciência ou diminuição da pressão arterial.

O mundo das alergias alimentares tem surpresas, ratoeiras e perigos. Usar o mesmo óleo para fritar rissóis de camarão e de carne não é aconselhável. Uma fissura na fritura pode provocar complicações a quem é alérgico a marisco e come um rissol de carne. Usar a mesma água para cozer vários alimentos também não é recomendável. Nunca se sabe se na panela se misturam vegetais que, em contacto, podem causar alergias.

Tal como cortar pão com a mesma faca que cortou queijo. Um beijo ou a partilha de instrumentos de sopro podem desencadear problemas. E até há produtos não alimentares que podem causar alergias alimentares: “No contexto escolar e lúdico, determinados materiais como o giz, os lápis de cera ou os balões podem ser perigosos porque podem conter a proteína do leite. No caso do giz, quer pelo contacto com a pele, quer pela inalação do pó, pode ser desencadeada uma reação. Soprar um balão também pressupõe contacto com a boca, o que pode desencadear igualmente uma reação”, avisa Inês Pádua. E os cremes de banho que indicam que têm amêndoas, têm mesmo amêndoas.

Adrenalina + INEM

A alimentação mudou: menos vitaminas, menos minerais, menos ómega 3. Ao mesmo tempo, mais poluição, vidas mais sedentárias que não fortalecem o sistema imunitário, uso indevido e exagerado de antibióticos. O corpo acaba por reagir através da alimentação e as alergias aparecem. Como responder? Evitando o alergénio que provoca a reação.

E há ainda as confusões entre alergias e intolerâncias. Na primeira, o sistema imunitário entra em ação, na segunda os sintomas são sobretudo gastrointestinais, cólicas e diarreias. Ambas são reações a alimentos. Mas a primeira é mais perigosa.

“É comum encontrarmos pessoas que dizem ser alérgicas ao leite porque se sentem mal a beber leite, mas essas mesmas pessoas comem bolachas. Um verdadeiro alérgico ao leite não pode comer nada que tenha o mínimo vestígio de leite, o que inclui bolachas, biscoitos, uma migalha de bolo, o que quer que seja. Caso consuma estamos a falar de um risco de vida, não apenas de uma má disposição”, garante Inês Pádua. “Estes conceitos errados que se perpetuam em todo o lado, e que são quase uma moda, só retiram a devida importância à alergia, fazendo com que o problema seja desvalorizado.”

200 mil alérgicos

As alergias alimentares podem aparecer em qualquer idade, não avisam, e as reações podem ser completamente diferentes umas das outras. As alergias ao leite, ao ovo, à soja e ao peixe são mais comuns nas crianças. Nos adultos, as mais habituais são ao peixe, marisco e frutos secos.

Os dados indicam que 200 mil portugueses têm alergias alimentares, e que estas são a principal causa de anafilaxia de crianças até aos quatro anos. Estima-se que 17 milhões de europeus sofrem de alergia alimentar.

André Moreira, médico imunoalergologista e professor da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, lançou um desafio aos alunos de Imunologia da Faculdade de Ciências da Nutrição e Alimentação, e assim nasceu um site de receitas à prova de alergias.

É uma plataforma interativa que permite selecionar receitas sem os ingredientes que não se quer incluir na refeição como leite, ovos, trigo, soja, frutos secos. Além disso, contém tabelas nutricionais e vídeos explicativos.

“Continua a existir muito desconhecimento sobre o que é, como se suspeita, como se diagnostica ou como se trata a alergia alimentar. Essa desinformação é potencialmente fatal porque a alergia alimentar pode matar nas situações mais graves”, alerta.

Fonte: Notícias magazine

Datas de fabrico e de caducidade aparentemente falsificadas levaram a Associação Angolana dos Direitos do Consumidor (AADIC) a pedir para que fossem retirados de circulação ou verificada a proveniência de vários produtos portugueses

A posição está expressa numa nota de imprensa enviada hoje à agência Lusa, em que a AADIC exorta as autoridades a pronunciarem-se "o quão breve possível", porque, adianta, "está em causa a vida de milhares de cidadãos que, em Luanda e não só, terão consumido esses produtos".

Nesse sentido, a AADIC "exige" um pronunciamento do Ministério do Comércio angolano sobre a quantidade de bens alimentares comercializados e/ou apreendidos, entre laticínios, papas e bebidas energéticas, cujas datas de fabrico e caducidade estão supostamente falsificadas.

"Devem informar precisamente a sociedade em geral e os consumidores sobre quantos lotes foram comercializados, quantos foram apreendidos, onde exatamente possam estar e onde estavam a ser comercializados e os cuidados ou procedimentos que os consumidores devem ter", defende a Associação.

Segundo a AADIC, as práticas de falsificação de datas de fabrico e de caducidade não se ficaram somente por Luanda, sendo extensiva a todo território angolano, pelo que a associação apelou aos consumidores a "absterem-se de consumir os produtos enquanto o Ministério do Comércio não se pronunciar".

Entre os produtos englobados na lista da AADIC estão conhecidas marcas de leite, papas e cereais de pequeno almoço, bebidas energéticas, feijão, milho doce, ketchup, manteiga, caldos de carne e fraldas.

Nesse sentido, a AADIC apela também ao Ministério do Comércio angolano que explique quais os procedimentos que o consumidor deve seguir no caso de já ter consumido tais produtos ou se ainda deles dispuserem.

Na semana passada, a AADIC indicou ter apresentado uma queixa-crime junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) de Angola contra uma "rede criminosa" suspeita de falsificar datas de fabrico de bens alimentares, conforme noticiou a Lusa.

A suposta rede criminosa, adianta a Associação Angolana dos Direitos do Consumidor, integra cidadãos nacionais e estrangeiros que adulteram bens e produtos para as grandes superfícies comerciais.

Os alegados falsários, refere a AADIC, têm como preferência produtos ou bens com a designação "consumir de preferência antes de 24/01/2018 ou 08/2018", datas mais fáceis de adulterar.

Após a falsificação, acrescenta o documento, os produtos são vendidos em todas as cantinas e pequenas lojas espalhadas pela cidade de Luanda e ainda em restaurantes e casas noturnas, uma prática classificada pela AADIC como "crime de envenenamento".

Fonte: Visão

Há ideias preconcebidas como “as cozinheiras terem sempre as mãos lavadas por estarem sempre a mexer em água” ou “um alimento cair ao chão e ser ingerido em menos de cinco segundos” que são “completamente erradas”. Quem o diz é a professora Paula Teixeira, uma das investigadoras da Escola Superior de Biotecnologia (ESB), justificando assim o estudo que vai ser feito no sentido de conhecer os mitos alimentares dos portugueses e avaliar se esses “são assentes em pressupostos científicos”.

O estudo, que envolve cerca de dez investigadores e professores da ESB, da Universidade Católica Portuguesa, decorre até ao final do mês e visa recolher informações sobre os hábitos alimentares dos portugueses através de um inquérito online.

Se para Paula Teixeira, “algumas ideias não deixam margem para dúvidas de que são mitos”, outras precisam de ser “validadas cientificamente porque não há certeza”. Por exemplo: “Há também muitas pessoas que dizem que se os ovos são maus vão flutuar. É verdade que se o ovo for muito velho vai flutuar, mas um ovo pode estar contaminado com salmonela, que é o que causa problemas de segurança alimentar, e não flutuar. O ovo vai ao fundo.”

O estudo insere-se no projecto europeu SafeconsumE, uma iniciativa que envolve 11 países e que pretende, num prazo de cinco anos, “alterar comportamentos e dotar o consumidor de ferramentas que permitam implementar melhores práticas de segurança alimentar”, informa. O objectivo é construir uma plataforma online, no prazo de dois a três anos, para chegar “mais facilmente ao consumidor e o informe sobre as práticas de segurança alimentar”.

Paula Teixeira aponta que em países como a Noruega, a Alemanha, a França, a Roménia e a Hungria – que também estão envolvidos no estudo – há “alguns mitos que são comuns”. “É muito curioso porque, apesar de serem países com realidades diferentes, muitas das práticas e dos conhecimentos são transversais”, conclui.

Fonte: Público

Adoçantes com poucas ou nenhumas calorias podem ser uma alternativa segura aos produtos com açúcar e até contribuir modestamente para ajudar os doentes com diabetes a controlar a glicemia, concordam mais de 60 investigadores num artigo científico.

Chamado "consenso ibero-americano", publicado recentemete na revista Nutrients, o artigo é assinado por 67 especialistas em áreas que vão da nutrição à toxicologia, de 43 organizações e universidades, incluindo as universidades portuguesas de Coimbra, Porto, Lusófona, Hospital de Santa Maria, Politécnico de Bragança e Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge.

As conclusões saíram de um encontro internacional realizado o ano passado em Lisboa, em que os especialistas confirmaram a segurança deste tipo de adoçantes, que podem ser usados em "programas de controlo da diabetes e contribuir para um melhor controlo glicémico nos doentes, embora com resultados modestos", lê-se nas conclusões do artigo.

"Alimentos e bebidas com adoçantes com poucas ou sem calorias poderiam ser incluídos nas linhas orientadoras das opções alternativas aos produtos com açúcares simples", acrescentam.

O pediatra Sérgio Velho de Sousa, do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, ressalvou que os açúcares nos alimentos têm "outras funções para além da adição do sabor doce" e que nem sempre se pode "eliminá-los ou substituí-los totalmente sem afetar a sua qualidade e estabilidade".

O investigador defende "um diálogo com os fabricantes de alimentos e bebidas" pela necessidade de reduzir "o consumo de açúcares adicionados" ou até substituí-los total ou parcialmente "pelos adoçantes sem ou de baixas calorias".

O tamanho das porções também deveria ser reduzido, defendeu.

Os especialistas que subscrevem o consenso defendem ainda que os consumidores devem ter "acesso fácil a informação rigorosa e de qualidade, transparente e de fácil compreensão" para este e outros aspetos da nutrição.

Fonte: ANILACT

De acordo com uma análise norte-americana recente, levada a avante pelo Centro de Controlo e de Prevenção de Doenças (CDC), entre 2009 e 2015 mais de 100 mil pessoas terão sido afetadas por surtos de doenças provocados por alimentos contaminados. E entre eles há um em particular que se destaca...

E qual foi o alimento que mais pessoas doentes deixou? O frango. Esta carne foi confirmada pela CDC como sendo a causa de mais de três mil (cerca de 12%) daqueles casos.

Porco e produtos hortícolas alcançaram a segunda e terceira posição pela número de doenças provocadas, ambos com mais de 2,500 casos registados, ou cerca de 10% cada.

Entre 2009 e 2015, e de acordo com aquele relatório, foram registados 5,760 surtos, os quais resultaram em 100,939 doenças, 5,699 hospitalizações, e 145 mortes.

Cerca de metade desses surtos de envenenamento alimentar foram atribuídos à contaminação por norovírus, seguida pela salmonela, listeriose e E.coli – que ao todo foram responsáveis por 82% dos internamentos hospitalares e de óbitos.

O que deve fazer

Para se proteger da ocorrência de intoxicações alimentares, a CDC recomenda que cozinhe sempre e prolongadamente o frango e a carne em geral, ingerindo esses alimentos bem passados. A carne das aves deverá ser cozinhada à temperatura de 145 graus centígrados e a carne vermelha a 160 graus. A CDC alerta ainda para que coloque as respetivas sobras prontamente no frigorífico.

Deverá também escorrer os sumos da carne embalada, já que esses líquidos em particular poderão conter salmonela.

Finalmente, mantenha as carnes cruas separadas de quaisquer outros alimentos na sua cozinha, e use tábuas diferentes para as cortar e preparar que deverão ser lavadas extensivamente após serem utilizadas. Ah… e claro, lave sempre as mãos!

Fonte: Notícias ao Minuto

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) informou esta segunda-feira que apreendeu 5.705 litros de azeite e 17.500 rótulos, num valor de cerca de 21.000 euros, no âmbito do combate à comercialização ilegal de azeite.

Nos últimos dois meses, através da Unidade Regional do Centro, foram realizadas diversas ações de fiscalização nos concelhos de Coimbra, Vila Nova de Poiares, Lousã, Mira, Cantanhede, Nelas e Viseu no quadro do combate à distribuição e comercialização ilegal de azeite, tendo sido instaurado um processo crime e 12 processos de contraordenação, refere a ASAE em comunicado.

O processo-crime foi instaurado por falsificação de azeite (mistura de óleos com azeite) e os 12 processos de contraordenação foram instaurados devido a infrações contraordenacionais por utilização indevida da menção "tradicional" induzindo o consumidor em erro e por ausência de declaração nutricional na rotulagem obrigatória.

Durante as ações, dirigidas a embaladores e retalhistas, foi detetado azeite que ostentava a menção "tradicional" sem a devida autorização obrigatória e reconhecimento pela entidade competente (Direção Geral da Agricultura e Desenvolvimento Rural) como "alimento com características tradicionais" ou "obtido com métodos de produção tradicional", lê-se ainda no comunicado.

Fonte: Correio da Manhã

Com o início das férias, chegam também as longas viagens de carro. Com o calor intenso os cuidados devem ser redobrados. Em particular, se as viagens são longas e se vão crianças a bordo. Ao longo das estradas são muitas as estações de serviço onde podem ser feitas refeições e comprar alimentos. No entanto, a grande maioria apresenta opções muito caras e uma oferta, muitas vezes, excessivamente calórica e nutricionalmente pouco interessante.

Neste sentido, ficam algumas recomendações para os alimentos a levar em viagem:

– Hidrate-se! Beba água! Nestas viagens, especialmente nos períodos de maior calor, uma correta hidratação é essencial. Quando estamos desidratados a nossa capacidade de atenção e reação está diminuída, o que não deve acontecer. Em particular para quem conduz. Mas a desidratação também se associa a irritação e má-disposição. Não vale a pena. Leve sempre consigo uma ou mais garrafas de água, arrefecidas na noite anterior, em quantidade suficiente para todos os elementos presentes no carro. E prefira roupas frescas que não o façam suar em excesso.

– Opções práticas. Opte por alimentos práticos e de fácil consumo. Os frutos oleaginosos (noz, amêndoa, amendoim, pinhão, avelã) são uma excelente opção. Fornecem energia de qualidade, prolongam o período sem fome, são saborosos e ocupam pouco espaço.

– Prefira alimentos que não se alterem com o calor. O pão (mistura ou integral), frutos oleaginosos, a fruta lavada e até fruta seca (alperces, figos secos…) são boas opções.

– Pré-prepare os alimentos para comer enquanto viaja. Lave a fruta, separe os bagos das uvas, faça sandes mini, tenha guardanapos suficientes, pense em quem vai comer e adeque as porções. Lave bem as mãos antes de iniciar a preparação. Se fizer as sandes na noite anterior, guarde tudo no frigorífico.

– Evite levar: alimentos com molhos (maionese, natas), gelatina, produtos de pastelaria com cremes (creme de ovos, chantilly), marisco, quiches, empadas ou folhados que poderão facilmente alterar-se com o calor e apresentar risco microbiológico.

– Se optar por levar alimentos mais perecíveis (queijo, fiambre, iogurtes, etc.) acondicione-os em geleiras, sacos ou malas térmicas com cuvetes de gelo ou placas frias para manter a temperatura. O mesmo para os sumos naturais.

– Antes da viagem, verifique se tem o automóvel em lugar fresco, ar condicionado em boas condições e o telemóvel carregado. Evite iniciar uma viagem com alimentos guardados num automóvel já quente.

– Faça uma pequena refeição antes de iniciar a sua viagem. Evite passar longos períodos sem comer, especialmente se as viagens forem longas.

– Aproveite as paragens para esticar as pernas e beber água. Faça alguns alongamentos. Se estiver muito calor evite estar ao ar livre. Arrume a comida em lugar protegido do calor e de fácil acesso ao longo da viagem.

 Por fim e regra número 1 em dias de viagem com muito calor. Evite totalmente qualquer bebida alcoólica. O álcool aumenta o risco de desidratação, retira a capacidade de reação, dá uma falsa sensação de controlo e é responsável por grande parte dos acidentes na estrada.

Fonte: Nutrimento

A DGAV publicou o Esclarecimento Técnico nº 7/ DGAV / 2018 referente à Aplicação aérea de Produtos Fitofarmacêuticos com recurso a aeronaves não tripuladas.

O presente esclarecimento visa clarificar o enquadramento legal de aplicação aérea de produtos fitofarmacêuticos com recurso a drones.

Fonte: DGAV

Os alimentos processados à venda em Portugal têm níveis de açúcar acima dos recomendados pelas autoridades de saúde e, relativamente ao sal, terão de sofrer um corte de 70% até 2020. A conclusão é de dois estudos do Departamento de Alimentação e Nutrição do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge que detectaram valores considerados preocupantes em todas as categorias de alimentos analisadas — tostas, sopas, fiambres e queijos, no que toca ao sal, mas também iogurtes e cereais de pequeno-almoço, relativamente ao açúcar.

Todos estes alimentos têm valores acima do recomendado pela Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (EIPAS), um plano aprovado pelo Governo, e cujas metas devem ser cumpridas até 2020: cinco gramas de consumo diário de sal e 50 gramas de açúcar (25g para menores de idade).

Fiambres e queijos portugueses são dos mais salgados na Europa

Em Portugal, a quantidade de sal ingerida diariamente, em média, está 2,3 gramas acima do valor recomendado pela Organização Mundial de Saúde (cinco gramas) — sendo que 66% das mulheres e 86% dos homens consomem sal em excesso. Pão, tostas, produtos de charcutaria e sopas são os produtos alimentares que mais contribuem para esse consumo abusivo, indica o estudo.

Em relação às sopas prontas para consumo (ou seja, as sopas embaladas que estão à venda nos supermercados), no total das 382 ofertas consideradas, o teor de sal chega a atingir 2,05g por cada 100g. Só relativamente a este tipo de produtos, o programa governamental EIPAS vai obrigar a uma redução de sal na ordem dos 80% nos próximos dois anos, retirando em média 0,13g de sal por cada 100g de sopa. Ainda assim, e numa comparação com os valores detectados em alimentos comercializados noutros países europeus, Portugal até tem das sopas com teores de sal mais baixos à venda, a par da Irlanda.

Já nos fiambres (porco, frango e peru), é Portugal que lidera a lista de países europeus onde se encontra teores de sal mais elevados. O valor médio detectado pelo Instituto Ricardo Jorge é de 3,3 g/100 g, enquanto no Reino Unido os valores rondam os 0,5g/100g. Novamente, a redução de sal exigida pelo EIPAS terá de ser superior a 80% para atingir nos próximos dois anos os 0,3g/100g recomendados.

O mesmo se passa com os queijos (flamengo, fresco, mozarela, creme, etc.). Dos 93 produtos estudados, apenas dois têm um teor de sal inferior aos 0,3g/100g de referência. E se em França a média de sal por produto de queijo ronda os 0,1g/100g, em Portugal o valor dispara para 2,6g/100g. Nos próximos dois anos, os queijos à venda em Portugal terão de ter menos 75% da quantidade de sal actual.

Nas 126 tostas (de cereais, normais e integrais) avaliadas, apenas duas cumprem os valores de referência. Até 2020, terá de haver uma redução de sal na ordem dos 70%.

Pedro Graça, director do Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável da Direcção-Geral de Saúde (DGS), ressalva que não foram analisados todos os produtos existentes no mercado, e que os valores médios dos lotes avaliados podem não corresponder aos números relativos aos produtos que os portugueses consomem de facto. "Se fizesse uma média ponderada do que os portugueses comem, o risco da ingestão de sal era menor do que no estudo", admite o especialista em declarações ao PÚBLICO.

Crianças ingerem açúcar a mais

No que diz respeito ao açúcar, os investigadores avaliaram os cereais de pequeno-almoço e iogurtes disponíveis no mercado. Dos 122 iogurtes sólidos analisados, apenas 22 cumprem as recomendações definidas (5g/100g) pelo programa do Governo. O cenário é mais grave nos iogurtes líquidos — nenhum dos 45 produtos analisados respeita os valores (2,5g/100ml). Quanto aos 103 cereais de pequeno-almoço avaliados, apenas seis cumprem o valor recomendado de açúcar para aquele tipo de produto (5g/100g).

Tendo em conta que os cereais e os iogurtes são "alimentos frequentemente consumidos por crianças", o estudo aponta para a necessidade de intervir na indústria para que haja uma redução dos níveis de açúcar. Graça Raimundo, vice-presidente da direcção da Ordem dos Nutricionistas, acredita que deve haver uma “atenção especial por parte dos pais mas também das escolas” na selecção dos produtos consumidos. E realça que “o gosto se educa”, razão pela qual os pais devem ser mais “assertivos” na educação alimentar que dão aos filhos.

Também Pedro Graça lembra que é durante os primeiros anos de vida que as crianças desenvolvem o paladar e que são educadas a preferir os sabores salgados e doces. Consumos excessivos nestas idades podem estar associados, décadas mais tarde, ao aparecimento de doenças como a diabetes ou acidentes vasculares cerebrais.

"Essas patologias não são todas condicionadas, mas uma grande parte é. É condicionada pelo que os pais colocam na mesa dos seus filhos quando eles ainda não têm idade para decidir", defende o especialista. "Os pais pensam que estão a ser amigos ao dar um doce ou um salgado — mas o que estão a fazer é a condicionar o gosto da criança para o doce ou para o salgado, com consequências gravosas para o resto da vida."

O responsável da DGS ressalva contudo que o estudo do Instituto Ricardo Jorge não distingue entre o açúcar naturalmente presente nos alimentos e o açúcar adicionado no processo de fabrico, o que poderá distorcer alguns valores apresentados. Por exemplo, e no caso dos iogurtes, a lactose é um açúcar naturalmente presente a que se somam depois açúcares adicionados de forma indiferenciada.

Um esforço da indústria e do consumidor

Para reduzir o consumo de açúcar e atingir os objectivos de 50 gramas diárias até 2020, Portugal tem avançado com algumas medidas, como é o caso da diminuição da quantidade de açúcar nos tradicionais pacotinhos disponibilizados nos cafés e restaurantes. Nos estabelecimentos das grandes superfícies, como num centro comercial, o Governo pretende reduzir os actuais oito gramas de açúcar por pacote para um máximo de quatro gramas até ao final de 2019.

Graça Raimundo põe a tónica na sensibilização do consumidor, o que passa por, entre outras medidas, aumentar a literacia relativamente aos rótulos dos produtos alimentares. Os produtos processados “devem ser consumidos em pequenas quantidades”, dando-se primazia a alimentos naturais – se bem que seja necessário haver cuidados na sua confecção caseira, não adicionando demasiado sal ou açúcar. Mas a nutricionista também atribui responsabilidades à indústria alimentar, que deverá reduzir gradualmente os níveis de sal e de açúcar dos seus produtos.

O trabalho junto da indústria alimentar já tem estado a ser desenvolvido, afirma Pedro Graça, mas de uma forma gradual, pois os "gostos e sabores não podem ser modificados de um momento para o outro". Se todos os anos se reduzisse "4% ou 5% do sal e do açúcar nos alimentos processados", ao "fim de quatro anos as reduções estariam na ordem dos 16% ou 20%", o que seria ideal, diz o especialista. Alguns países, como a Itália, estão já próximos dos valores recomendados pela Organização Mundial da Saúde, trabalhando há vários anos nesse sentido.

A má alimentação está entre os factores responsáveis por mais de metade das doenças crónicas registadas em Portugal. Desde vários tipos de cancro às doenças cardíacas, passando pelas diabetes e as desordens ósseas e musculares, os efeitos negativos de uma alimentação desequilibrada representam a principal causa de morte e de incapacidade no país.

Fonte: Público

A França aderiu à moda do vinho azul, que começou a ser comercializado em Espanha em 2015 e chegou a Portugal no ano seguinte. Agora, é o mercado francês a lançar o produto que, segundo o jornal Libération, até poderá ser confundido com a água da piscina.

Este vinho surgiu a partir de uma investigação entre vários grupos tecnológicos da indústria alimentar, aproveitada por jovens empresários espanhóis, do País Basco, que constituíram a startup Gïk para comercializar este vinho de cor azul. No entanto, em março de 2017, esta empresa acabou por ser multada pelo Ministério da Agricultura de Espanha por causa da utilização de um corante indigo e por antocianina, que é um pigmento da pele da uva, componentes que violaram as regulações vigentes.

O Libération conta que o néctar azul brilhante tem origem numa nova vinha, batizada de vindigo, que é produzida em Espanha, sendo que além da cor original o consumidor terá um vinho fresco, frutado e doce, com aromas de cereja, framboesa e maracujá.

Em Portugal, o Instituto da Vinha e do Vinho não reconhece este líquido azul como vinho, considerando que se trata de um corante alimentar que é acrescentado a um vinho no final do seu processo de fermentação.

Fonte: Diário de Notícias