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Se tem uma horta ou pomar, provavelmente já se deparou com a frustração da queda precoce de frutos. Ao perceber que a sua colheita foi reduzida de forma inesperada, a primeira reação é muitas vezes de preocupação. Afinal, o que pode estar a acontecer? Este fenómeno, que afeta tanto culturas hortícolas como frutícolas, pode ter diversas causas. Neste artigo, vamos explorar as razões mais comuns para a queda precoce de frutos e apresentar soluções práticas para que possa lidar com este problema de forma eficaz.

O Que é a Queda Precoce de Frutos?

A queda precoce de frutos é o processo em que os frutos se soltam da  planta antes de estarem completamente maduros. Pode ocorrer em diversas fases do ciclo de crescimento da planta, afetando tanto as flores como os frutos ainda em desenvolvimento. Para o agricultor iniciante, isto pode ser um problema sério, pois diminui o rendimento e a qualidade da colheita. Em alguns casos, pode até significar perdas significativas.

Este fenómeno pode afetar qualquer tipo de planta, desde as hortícolas (tomates, pepinos, curgetes) até árvores de fruto (macieiras, pereiras, citrinos). Mas por que isto acontece?

Possíveis Causas para a Queda Precoce de Frutos

1-Fatores Climáticos

O clima desempenha um papel crucial na saúde das plantas. Temperaturas extremas, secas prolongadas ou chuvas excessivas podem causar stress nas plantas, afetando a sua capacidade de manter os frutos firmemente presos aos ramos.

  • Temperaturas Extremas: O calor excessivo ou o frio inesperado podem interferir no processo de polinização, ou na maturação dos frutos. Quando a planta sofre com essas condições, ela pode “abandonar” os frutos como uma forma de se proteger, focando na sua sobrevivência.
  • Chuvas Intensas e Vento: A chuva intensa pode causar o apodrecimento dos frutos ou enfraquecer as estruturas que os sustentam, tornando-os mais vulneráveis à queda. O vento forte também pode ser um fator, especialmente em árvores de fruto com frutos mais  pesados.

Solução: Para mitigar os efeitos das condições climáticas, procure proteger as plantas com coberturas, estufas ou telas contra o vento. Manter o solo bem drenado e utilizar sistemas de rega eficientes durante os períodos secos pode também ajudar a reduzir o stress hídrico.

2-Deficiência Nutricional

A falta de nutrientes essenciais pode ser uma das principais causas para a queda precoce de frutos. Plantas que não recebem quantidades suficientes de nutrientes como potássio, cálcio ou magnésio podem ser mais propensas à queda de frutos antes da colheita.

  • Deficiência de Cálcio: O cálcio é essencial para a formação das células vegetais, incluindo as que sustentam o fruto. Uma deficiência pode resultar em frutos que se soltam facilmente da planta.
  • Deficiência de Potássio: O potássio ajuda a planta a resistir ao stress. A falta deste nutriente pode tornar as células das frutas mais fracas, aumentando a queda precoce.

Solução: Realize análises de solo para determinar quais nutrientes estão em falta e faça a aplicação de fertilizantes adequados. A adubação orgânica com compostos ricos em cálcio e potássio pode ser uma opção natural eficaz.

3-Excesso de Fertilização Azotada

Embora o azoto seja essencial para o crescimento das  plantas, o excesso de fertilização azotada pode ter efeitos negativos. O crescimento excessivo das folhas, em detrimento do desenvolvimento dos frutos, pode resultar na queda precoce dos mesmos.

Solução: Modere a quantidade de fertilizante azoto que aplica, especialmente durante a fase de floração e frutificação. Prefira fertilizantes equilibrados ou com maior teor de potássio e fósforo, que favorecem a formação e maturação dos frutos.

4-Polinização Deficiente

A polinização é um dos processos mais críticos na formação do fruto. Se a polinização não ocorrer corretamente, os frutos podem cair prematuramente. Fatores como a falta de polinizadores (abelhas, borboletas) ou condições climáticas desfavoráveis no período de floração podem afetar negativamente este processo.

Solução: Incentive a presença de polinizadores na sua horta ou pomar, plantando flores que atraem abelhas e outros insetos benéficos. Se estiver a cultivar plantas que dependem de polinização cruzada, pode ser útil plantar variedades compatíveis perto umas das outras.

5-Pragas e Doenças

Inimigos invisíveis, como pragas e doenças, também podem ser os culpados da queda precoce de frutos. Alguns insetos, como ácaros ou moscas da fruta, podem enfraquecer as plantas, causando a queda dos frutos. Doenças fúngicas, como o míldio ou a podridão das raízes, também podem ser fatores contributivos.

Solução: Realize inspeções regulares para detectar sinais de pragas ou doenças. Utilize tratamentos biológicos, como o óleo de neem, ou sprays de sabão potássico para controlar as pragas de forma natural. Manter a higiene no pomar ou na horta e a poda de ramos doentes também ajuda a evitar o espalhamento de doenças.

6-Stress Hídrico

Quando as plantas não recebem água suficiente, entram em estado de stress hídrico. Durante a fase de frutificação, esse stress é particularmente prejudicial, pois a desidratação celular compromete a nutrição dos  frutos. Sem a quantidade adequada de água, os frutos podem murchar, parar de crescer ou cair para preservar a energia da planta. Esse problema é mais comum em períodos de calor intenso ou seca prolongada, quando a evaporação supera a capacidade das raízes de absorver água suficiente do solo.

Além disso, a falta de água pode afetar processos vitais como a fotossíntese e o transporte de nutrientes dentro da planta. Sem água suficiente, as plantas têm dificuldade em manter a pressão de turgescência, que é essencial para manter as células firmes e os tecidos vegetais saudáveis. Isso resulta em folhas murchas, menor taxa de crescimento e queda acentuada na produção de frutos.

Durante a fase de frutificação, os frutos em desenvolvimento são particularmente vulneráveis, pois necessitam de um fornecimento constante de água para sustentar o seu crescimento.

A ausência de água adequada também pode causar problemas específicos, como o endurecimento ou rachaduras nos frutos devido à interrupção do equilíbrio osmótico nas células. Em culturas sensíveis, como tomateiros e citrinos, a seca pode levar à formação de frutos pequenos, com má qualidade ou que amadurecem de forma irregular, prejudicando o valor comercial e nutricional da colheita.

Outro impacto menos visível, mas igualmente significativo, é a diminuição da atividade microbiana benéfica no solo. Com níveis insuficientes de humidade, os microrganismos responsáveis por decompor a matéria orgânica e disponibilizar nutrientes para as  plantas tornam-se inativos, agravando a carência nutricional da planta e contribuindo para a queda precoce dos frutos.

Soluções Práticas para Evitar a Queda Precoce de Frutos

1-Monitorizar as Condições Climáticas

Tenha sempre em mente as previsões meteorológicas e prepare a sua horta ou pomar para eventuais alterações nas condições climáticas. Quando se espera uma onda de calor, por exemplo, pode cobrir as plantas com uma rede de sombreamento para reduzir o impacto. No inverno, proteja as plantas com coberturas de plástico ou outras formas de abrigo contra o frio excessivo.

2- Fazer Podas Correctivas

A poda pode ajudar a manter a planta saudável e bem equilibrada, promovendo o crescimento adequado dos frutos. Corte as partes danificadas ou secas e remova o excesso de folhas que possa interferir com a formação dos frutos.

3- Investir em Compostagem

A compostagem é uma excelente forma de enriquecer o solo com nutrientes naturais. Além de ser benéfica para a saúde das plantas, ela melhora a estrutura do solo, evitando tanto a compactação como a drenagem excessiva.

4. Fertilização Controlada

Use fertilizantes orgânicos ou compostos específicos para a fase de frutificação. Evite excessos, pois a quantidade errada de nutrientes pode resultar em um crescimento desordenado e na queda prematura dos frutos.

5-Atenção ao Ciclo de Vida das Plantas

Cada planta tem um ciclo de vida diferente. Fique atento aos períodos de frutificação e ajustamentos que possam ser necessários para evitar a queda precoce dos frutos. Por exemplo, se uma planta estiver a frutificar excessivamente, pode ser necessário realizar uma desbaste para dar mais energia aos frutos restantes.

6-Controlar o Ambiente de Cultivo

Em estufas ou em ambientes fechados, o controle da humidade e temperatura pode ser feito de forma mais eficaz. Certifique-se de que esses fatores estão equilibrados para evitar tanto a desidratação como o abafamento das plantas.

Em suma..

Lidar com a queda precoce de  frutos é um desafio comum para muitos agricultores iniciantes, mas com conhecimento e precauções, é possível minimizar o impacto desse problema. Identificar as causas da queda precoce e implementar soluções práticas pode ajudar a manter as plantas saudáveis e aumentar o rendimento das colheitas. Seja proativo, observe o comportamento das suas plantas e ajuste as suas práticas de cultivo de acordo com as necessidades específicas de cada cultura.

Lembre-se: a agricultura é um processo contínuo de aprendizagem, e cada desafio é uma oportunidade de crescer como agricultor. Com paciência, dedicação e as soluções certas, a sua horta ou pomar será mais produtivo e saudável a cada estação.

Fonte: Agricultura e Mar e A Cientista Agrícola

 

No Douro, apesar de terem ficado 237 parcelas e 117,4 hectares de vinha por vindimar, a produção aumentou 5% em 2024/2025. No Algarve e Beira Interior, o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) diz que a produção de vinho subiu 20%.

Em Portugal, os viticultores partiram muito céticos para as vindimas deste ano, cientes dos elevados stocks de vinho ainda por escoar de anos anteriores e a braços com elevados custos de produçãoescassez de mão de obra e diminuição nas taxas médias de consumo em Portugal, na Europa e no mundo.

E os números confirmam este ceticismo. Excetuando algumas regiões mais bafejadas pela meteorologia, na campanha de 2024/2025 verificou-se uma quebra na produção de vinho nas principais regiões vitivinícolas do país.

Os resultados das declarações de colheita e produção (DCP) desta vindima revelados nesta primeira semana de janeiro de 2025 pelo Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) apontam para um total de 6,9 milhões de hectolitros. Tal representa um decréscimo de 8% face à campanha 2023/2024 e uma quebra de 0,1% em relação à média das cinco campanhas anteriores.

As previsões do IVV publicadas em julho de 2024 já apontavam para este cenário.

Numa nota divulgada a 30 de julho, o IVV estimava que a produção de vinho na campanha 2024/2025 atingiria “um volume de 6,9 milhões de hectolitros", o que se traduziria num "decréscimo de 8% face à campanha 2023/2024”.

O Instituto liderado por Bernardo Gouvêa sublinhava, em julho, que, a verificar-se essa previsão, a campanha deste ano registaria “um volume semelhante à média das últimas cinco campanhas” com a diminuição global da produção a ser “observada na maioria das regiões vitivinícolas, com destaque para as regiões de Lisboa (-15%) e do Alentejo (-10%)”.

Para as regiões da Beira Interior, Trás-os-Montes e Algarve, o IVV traçou previsões a apontar para “aumentos em relação à campanha anterior", enquanto para a região de Távora-Varosa "não se espera variação na produção”.

Instabilidade meteorológica e doenças

Volvidos cinco meses, os dados recolhidos através das Declarações de Colheita e Produção preenchidos pelos viticultores e entregues ao IVV confirmam as previsões. Eles atestam uma diminuição do volume de vinho produzido em Portugal que, este ano, atingiu um total de 6,9 milhões de hectolitros (hl).

Este volume de produção representa um decréscimo de 8% face à campanha 2023/2024, sendo que, em relação à média das cinco campanhas anteriores, representa uma redução de 0,1%.

Entre os fatores que contribuíram para este decréscimo na produção de vinho, em média, em Portugal, destaca-se “a instabilidade meteorológica durante o ciclo vegetativo da videira”, que, segundo o IVV, “favoreceu o surgimento de doenças, com especial incidência do míldio”.

Na generalidade, as produções por região registaram um decréscimo face à campanha anterior. Destacam-se as regiões dos Açores, da Bairrada, do Dão, da Península de Setúbal e de Lisboa, que apresentaram quebras superiores a 20%.

No entanto, nem todas as regiões vitivinícolas se comportaram da mesma forma. No Algarve e na Beira Interior, o IVV revela que se registaram “aumentos de produção superiores a 20%”, face à campanha de 2023/2024.

Também nas regiões vitivinícolas dos Vinhos Verdes e do Douro, contrariando as previsões de julho do IVV e a tendência de quebra global na produção, houve lugar a aumentos na produção de vinho. Eles foram de mais 10% nos Vinhos Verdes e de mais 5% no Douro, região esta (Douro) onde, paradoxalmente, nem todas as uvas foram colhidas este ano.

No início de dezembro, o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) revelou que, dos 250 mil hectares que integram a Região Demarcada do Douro, houve 237 parcelas e 117,4 hectares de vinha (0,29%) não vindimados.

Isto, porque, antes da vindima, havia “120 milhões de litros de vinho a mais nas adegas cooperativas e privadas (quase um quinto da produção nacional)”, segundo o IVDP. Por essa razão, muitos viticultores optaram por não colher as uvas.

DOP e IGP continuam dominantes

No cômputo geral da produção de vinho em Portugal, as produções declaradas como aptas a Denominação de Origem Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP) “continuam dominantes”, avança o IVV. Elas atingiram, nesta campanha, “91% da produção nacional”, de acordo com a mesma fonte.

Em linha com o verificado nos últimos anos, “é predominante a produção de vinhos tintos, representando 57% do total produzido”, diz ainda o IVV. Por sua vez, o volume dos vinhos brancos, que ficou “ligeiramente acima dos 2,5 milhões de hectolitros”, tem um peso de 36% na produção nacional. Os vinhos rosados representam 7% do total.

Fonte: Tempo.pt

O óleo de bagaço de azeitona é um alimento com uma composição muito semelhante à de outros óleos que também provêm dos olivais. Como explica Javier Sánchez Perona, cientista sénior do Instituto de la Grasa do CSIC, “o teor de ácidos gordos, que representa 98-99% da composição, é idêntico”. A diferença reside mais nos componentes menores, que se encontram em concentrações muito baixas, mas que são de grande interesse organolético e nutricional. O óleo de bagaço de azeitona é rico em esteróis, álcoois gordos e álcoois e ácidos triterpénicos. Os componentes com menor quantidade neste caso são os componentes fenólicos.

O óleo de bagaço de azeitona é, de acordo com um estudo publicado pelo grupo de investigação de Sánchez Perona, um dos cinco óleos mais saudáveis para consumir. O primeiro é o EVOO, seguido do óleo de linhaça, do azeite e do óleo de bagaço de azeitona. Isto deve-se não só ao facto de conter os elementos comuns a todos os azeites, como o ácido oleico, com uma concentração de 55% a 85%, mas também devido a estes componentes menores.

São eles os esteróis, tocoferóis, hidrocarbonetos, pigmentos, álcoois gordos, álcoois, ácidos triterpénicos e outros.

O sistema de extração do óleo de bagaço de azeitona, embora refinado, preserva os nutrientes menores numa concentração elevada.

Implicações do óleo de bagaço de azeitona para a saúde

Algumas das virtudes do óleo de bagaço de azeitona que foram testadas há 20 anos são a sua atividade anti-hipertensiva e anti-inflamatória. Isto foi feito em animais experimentais. Recentemente, Laura Bravo, do ICTAN, realizou um estudo clínico “com pacientes hipercolesterolémicos que demonstrou que o óleo de bagaço de azeitona pode melhorar alguns parâmetros associados às doenças cardiometabólicas. Alguns exemplos seriam o colesterol, a circunferência da cintura e a oxidação lipídica”, explica Sánchez Perona em referência à investigação de Laura Bravo.

Por outro lado, o grupo de investigação do Instituto de la Grasa do CSIC, a que pertence o cientista Javier Sánchez Perona, pensa que alguns dos seus componentes menores poderiam proteger as pessoas que sofrem de neuroinflamação em pessoas que sofrem de doenças neurodegenerativas.

Óleo de bagaço de azeitona e produtos de confeitaria: uma combinação vencedora

María Dolores Álvarez e Susana Cofrades são cientistas seniores do ICTAN-CSIC, investigadoras e responsáveis pelo estudo “Utilização do óleo de bagaço de azeitona como substituto de gordura na produção de margarinas para massa folhada”. O objetivo do estudo é explorar o potencial deste tipo de óleo, tendo em conta a necessidade de fontes de gordura com um teor reduzido de ácidos gordos saturados e sem ácidos gordos trans. A ORIVA (Interprofesional del Aceite de Orujo de Oliva) manifestou o seu interesse em realizar investigações neste sentido.

Em primeiro lugar, o óleo de bagaço de azeitona tem um perfil lipídico mais adequado às recomendações sanitárias do que o de outros ingredientes gordos sólidos amplamente utilizados em produtos de panificação industrial. Para além dos seus benefícios nutricionais, a sua utilização em produtos de panificação aumentaria o valor acrescentado de ambos.

Neste caso, as massas folhadas são um produto ideal, pois são muito apreciadas no setor alimentar devido à sua versatilidade. Para além da massa folhada propriamente dita, são também utilizadas para croissants, palmiers, crodots, vol-au-vents...

Outro aspeto que não deve ser esquecido é o da sustentabilidade. Se o consumo de óleo de bagaço de azeitona aumenta, está a ser utilizado um produto feito a partir dos restos derivados da azeitona. Os recursos são aproveitados e, ao mesmo tempo, os consumidores ganham em saúde.

O setor olivícola, por seu lado, obteria um claro benefício económico, uma vez que este subproduto é pouco utilizado na indústria agroalimentar.

Praticamente o mesmo sabor e a mesma textura

 
Álvarez e Cofrades referem que os consumidores que participaram no estudo não encontraram diferenças sensoriais entre os folhados preparados com margarina feita a partir de óleo de bagaço de azeitona e os preparados com manteiga e um preparado gordo comercial. No entanto, estes resultados ainda não foram reproduzidos na indústria. Como salientam os investigadores, “seria aconselhável testar o desenvolvimento de margarinas com óleo de bagaço de azeitona numa unidade piloto e à escala industrial, a fim de otimizar o processo de cristalização”.
 
Por seu lado, os cientistas do Instituto de la Grasa -CSIC estudaram a substituição total ou parcial do óleo de girassol pelo óleo de bagaço de azeitona no fabrico de outros produtos de pastelaria. Neste caso, verificaram que as propriedades nutricionais dos produtos de pastelaria melhoram devido à presença de componentes bioativos ausentes no óleo de girassol e à melhoria do perfil de ácidos gordos. 
 
Outra investigação em curso está a investigar o papel do eritrodiol no AOO como protetor da aterosclerose e agente anti-diabético. Anteriormente, foi demonstrado o seu bom desempenho em alimentos fritos, como batatas fritas e croquetes de frango.
 
Graças a tudo o que foi demonstrado, as suas perspetivas futuras são positivas. O seu perfil lipídico é mais saudável e de maior qualidade do que o de outros produtos utilizados na indústria.

Fonte: iAlimentar

A ASAE — Autoridade de Segurança Alimentar e Económica realizou, nos últimos dias, uma operação de fiscalização âmbito nacional, com o propósito de “garantir a segurança alimentar e salvaguardar a confiança dos consumidores nos géneros alimentícios que integram as celebrações desta quadra festiva”.

A acção teve como principal objectivo fiscalizar o comércio de bens alimentares tradicionalmente mais procurados durante o Natal e Passagem de Ano, designadamente produtos cárneos, pescado e bacalhau, bivalves, confeitaria e vinhos, assegurando o cumprimento dos requisitos legais e específicos aplicáveis a cada sector bem como, identificar e combater eventuais práticas fraudulentas que possam comprometer a saúde pública ou induzir em erro os consumidores, avança um comunicado de imprensa da ASAE.

Como balanço da acção, foram fiscalizados 430 operadores económicos, designadamente retalhistas do sector alimentar, mercados, pastelarias com fabrico próprio, estabelecimentos de restauração e bebidas, entre outros, tendo resultado na instauração de 5 processos-crime por géneros alimentícios anormais avariados, fraude sobre mercadorias e por abate clandestino bem como, 58 processos de contra-ordenação, destacando-se entre as principais infracções identificadas, o incumprimento dos requisitos gerais e específicos de higiene, a inexistência de processo ou processos baseados nos princípios do HACCP, irregularidades relativas a rotulagem de géneros alimentícios, a falta de controlo metrológico e de rastreabilidade, entre outras.

Adicionalmente, foram ainda apreendidas cerca de 1,1 toneladas de géneros alimentícios, com destaque para produtos cárneos, bacalhau, azeite e hortofrutícolas, bem como cinco instrumentos de pesagem (balanças), num valor total estimado em 10.720 euros, e determinada a suspensão da actividade de 4 operadores económicos devido à ausência de condições de higiene e técnico-funcionais adequadas, acrescenta o mesmo comunicado.

A ASAE garante que “continuará a desenvolver acções no âmbito das suas competências, em todo o território nacional em prol de uma sã e leal concorrência entre operadores económicos, assegurando que os produtos alimentares disponibilizados aos consumidores cumprem os mais elevados padrões de Segurança Alimentar, contribuindo para celebrações tranquilas e confiáveis nesta quadra festiva”.

Fonte: Agricultura e Mar

Governo vai alterar em 2025 a classificação do caroço de azeitona de resíduo para subproduto. Para já, em Portugal, os caroços servem só para estranhos campeonatos para ver quem os cospe mais longe.

Quando se olha para a imensidão de olivais modernos no Alentejo, só se pensa no azeite que podem produzir, cerca de 80% da produção nacional. Mas nem só de “ouro líquido” vive a produção olivícola. Da azeitona, depois de moída, centrifugada ou prensada, extrai-se, para além do azeite, água e um resíduo final composto de alguma polpa e casca (que são transformadas nas fábricas de bagaço de azeitona) e caroço. Muito caroço, centenas de milhares de toneladas. O que fazer com estes despojos que têm mercado e valor noutros países? Graça Carvalho, ministra do Ambiente, adiantou ao PÚBLICO que, no início de 2025, Portugal vai alterar a classificação do caroço de azeitona, passando de resíduo a subproduto, à “semelhança do que já acontece em Espanha”.

O resíduo de caroço de azeitona “representa 13% da sua massa total”, explicou ao PÚBLICO Susana Sassetti, directora executiva na Associação de Olivicultores e Lagares de Portugal (Olivum). E avança uma estimativa da produção na campanha em curso: se for alcançada, como se espera, uma recolha de 1,2 milhões de toneladas de azeitonas a nível nacional, “será obtida uma produção de 170 mil toneladas de azeite, e um volume de caroços que ficará pelas 156 mil toneladas”. Só nos concelhos da região Alentejo, com maior incidência em Beja, Ferreira do Alentejo e Serpa, concentram-se 60 lagares, onde estão acumuladas muitas dezenas de milhares de toneladas de caroços de azeitona.

Na deslocação que fez a um dos maiores lagares da região instalado nos arredores de Beja, no final de Novembro, a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, deparou-se com uma imagem que a surpreendeu: “Fui confrontada com enormes montes de caroços de azeitona que pareciam dunas de areia.”

José Manuel Gonçalves, proprietário do lagar, comenta, em declarações ao PÚBLICO, a observação da ministra. “Temos muito caroço de azeitona em stock, mas não o conseguimos colocar no mercado porque é difícil vender o que é considerado um resíduo”, observa.

Este condicionalismo leva os interessados a adquiri-los em Espanha, onde o caroço de azeitona é considerado um subproduto. “Ninguém arrisca queimar um resíduo pelas consequências que daí podem advir” como infracção ambiental, salienta o empresário, realçando o seu elevado poder térmico. “É como queimar azinho”, compara.

Também Bruno Cantinho, director executivo na Olivogestão, empresa que lidera um lagar em Serpa, reconheceu ao PÚBLICO a existência de “grandes complicações em colocar no mercado o caroço de azeitona, que é excelente” para ser utilizado como biomassa, frisando que tanto em Espanha como em Itália é considerado um subproduto.

Na 11.ª edição das Olivum Talks, realizadas em Beja a 3 de Outubro, Sílvia Ricardo, directora do Departamento de Resíduos da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), admitiu que este organismo “não tinha forma de excluir o caroço de azeitona da condição de resíduo”, argumentando que “Portugal tem uma visão mais restritiva sobre o tema” e que a Comissão Europeia “fora omissa” nas respostas que deu sobre a classificação a dar.

Portugal: caroço passa de resíduo a subproduto

Graça Carvalho reagiu à indefinição referida por Sílvia Ricardo e, “em linha com a directiva europeia das energias renováveis”, adianta que Portugal vai alterar a classificação do caroço de azeitona, passando de resíduo a subproduto, à “semelhança do que já acontece em Espanha”, garantiu ao PÚBLICO a ministra do Ambiente e Energia.

A reclassificação assenta “numa lógica de promoção da economia circular e de promover ainda uma maior utilização de energias renováveis, nomeadamente da biomassa”, justifica a ministra. “Não o considerar como subproduto significa uma perda de competitividade para o nosso país e, principalmente, para a região do Baixo Alentejo”, acrescenta.

A classificação do caroço de azeitona derivado da extracção de azeite foi reivindicada pela Olivum, alegando que o seu "estatuto" de resíduo “acarreta grandes dificuldades na valorização comercial e impossibilita a sua exportação, quando existe uma procura mundial crescente pela sua capacidade calorífica”.

A ministra do Ambiente já accionou o processo para alterar esta classificação. “Trata-se de um processo rápido, devendo o mesmo estar concluído durante os primeiros meses de 2025." Assim, milhares de toneladas de caroço de azeitona que se têm acumulado junto aos lagares na região alentejana deixarão de ser uma dor de cabeça e poderão ser rentabilizadas como biomassa para a produção de energia térmica.

O negócio: desde a energia a almofadas e tijolos

O estudo A Actividade Internacional de Extracção de Caroço de Azeitona como Energia Limpa. Oferta, procura e efeitos económicos, sociais e ambientais. O caso particular de Espanha, da autoria da empresa de consultoria agrícola Juan Vilar Consultores Estratégicos, destaca a importância comercial deste subproduto.

Em Espanha, com mais de 2,7 milhões de hectares de cultivo de azeitona, são produzidos 6,2 milhões de toneladas de azeitona por campanha, que fornecem 450 mil toneladas de caroços, das quais 323,5 mil toneladas são comercializadas, enquanto o restante é consumido em lagares e fábricas de bagaço de azeitona como fonte de calor para processos de extracção, respectivamente, de azeite ou óleo.

O caroço da azeitona gera energia para abastecer mais de 100.000 lares espanhóis e a sua comercialização como biocombustível já dinamiza um negócio que supera os 50 milhões de euros por ano.

Este subproduto da azeitona não está a ser utilizado apenas na produção de energia. Serve para quase tudo. Para além da sua elevada capacidade calorífica pelas gorduras que lhe estão associadas, a empresa Charcolive de Córdoba enche travesseiros com caroços de azeitona pela melhor adaptação que possibilitam ao contorno da cabeça e pescoço.

É também aplicado na construção de edifícios. A utilização deste material permite não só reduzir a densidade dos materiais de construção, tornando-os mais leves, mas também melhorar o isolamento térmico e acústico. Em 2020, na cidade de Guichen, em França, foi inaugurado um campo de futebol feito com caroços de azeitona. A sua aplicação em pavimentos sintéticos não apresenta qualquer risco para a saúde e o ambiente, e não emite emissões tóxicas em caso de chuva ou fricção na pele do jogador.

O que fazer com milhares de toneladas de caroços de azeitona em Portugal? O destino muda em 2025
Investigadores da Universidade de La Rioja em Logroño, Espanha, já fabricam tijolos com caroços de azeitona para reduzir a pegada de carbono dos edifícios e o impacto ambiental da construção. E cientistas da Universidade de Granada concluíram que podem absorver metais pesados dissolvidos na água, ficando em condições de utilização como biocombustível sem afectar o ambiente com emanações tóxicas.

Fonte: Público

A União Europeia perde todos os anos cerca de mil milhões de toneladas de solo devido à erosão. O último relatório "O estado dos solos na Europa" revela que pelo menos 61% do solo europeu apresenta sinais preocupantes de degradação.

Os solos são o principal suporte e fonte de água e de nutrientes para as plantas e as árvores, condicionando o crescimento e produtividade agrícola e florestal em todo o planeta.

Na União Europeia (UE), a perda de carbono orgânico do solo afeta 48% dos solos, de acordo com o último relatório "O estado dos solos na Europa", desenvolvido em parceria pelo Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia e a Agência Europeia do Ambiente.

O documento, publicado em finais de outubro, emite vários sinais de alerta. O mais preocupante é que, pelo menos 61% do solo europeu apresenta sinais de degradação. E, mais grave, a qualidade dos solos está a perder-se a um ritmo mais elevado do que aquele que a natureza consegue repor.

perda potencial de biodiversidade dos solos na Europa está calculada em 37,5%, devido a múltiplos fatores de degradação, como a erosão, poluição, impermeabilização, perda de nutrientes ou a compactação e salinização.

Só a erosão, causada pela água em terras agrícolas, está quantificada em 32%, sendo uma das formas mais prevalentes de degradação do solo europeu.

Pese embora a informação já conhecida, os responsáveis do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia e a Agência Europeia do Ambiente, que são os autores do relatório "O estado dos solos na Europa”, queixam-se da falta de dados para conhecer melhor a saúde dos solos, com vista a travar ou a reverter as pressões e agressões a que estão expostos.

Para a elaboração deste documento, os seus autores avaliaram 18 processos de degradação de solo, agrupados em nove temas: erosão, poluição, impermeabilização, perda de biodiversidade do solo, nutrientes, perda de solos orgânicos, perda de carbono orgânico no solo, compactação e salinização do solo.

Mil milhões de toneladas de solo perdido

Com base nestes dados, o Observatório do Solo da União Europeia elaborou o mapa das áreas suscetíveis de estarem afetadas por um ou mais processos de degradação do solo.

Estima-se que a União Europeia perca anualmente cerca de mil milhões de toneladas de solo devido à erosão, o que é considerado um valor insustentável e que excede a taxa natural de formação do solo, que pode levar séculos ou milénios.

A erosão hídrica é um dos fenómenos mais perniciosos para a saúde dos solos. No entanto, aproximadamente um quarto do solo europeu é afetado pela erosão causada pelas águas, com maior incidência (32%) nos solos agrícolas. E as projeções publicadas no relatório "O estado dos solos na Europa” não são animadoras. Estas indicam que, em 2050, este fenómeno poderá ter aumentado entre 13 e 25%.

À erosão hídrica soma-se a erosão causada pelo vento, assim como por várias atividades humanas no setor primário, como as lavouras e colheitas. Estas, além de contribuírem para a perda de solo, são igualmente uma causa direta do aumento da sua compactação, principalmente em solos sujeitos a práticas intensivas.

O documento chama ainda à atenção para a degradação das turfeiras, que são ecossistemas vitais típicos de zonas encharcadas. Estas zonas húmidas funcionam, por um lado, como sumidouros de gases de efeito de estufa (GEE), mas, por outro, a conversão e utilização destes solos para outras finalidades transforma-os em emissores destes gases para a atmosfera.

drenagem de turfeiras tem sido uma prática comum, principalmente na Europa Central, e as turfeiras drenadas na União Europeia são responsáveis por cerca de 5% do total de GEE que a UE emite para a atmosfera, de acordo com o relatório agora publicado. A principal causa é a secagem destas áreas para instalação de campos agrícolas, onde, em muitos casos, a recuperação das zonas húmidas já não é viável.

Declínio da saúde dos solos

O Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia e a Agência Europeia do Ambiente advertem ainda que, além da perda direta de solo, somam-se inúmeros sintomas que indicam o declínio da sua saúde na Europa. E, se não forem travados e revertidos, põem em risco o alcance das metas europeias em várias áreas, relacionadas com a sustentabilidade do espaço europeu, desde a produção de alimento à biodiversidade e neutralidade carbónica.

Recorde-se que a Comissão Europeia estabeleceu metas no sentido de, até 2030, 75% dos solos da UE serem saudáveis, tendo em conta o seu papel essencial na alimentação, biodiversidade, água e clima.

“Os solos saudáveis estão no coração do Pacto Ecológico Europeu" ("Green Deal", na designação em inglês), lê-se no documento da Missão "Soil Health and Food", publicado pela Comissão Europeia.

No relatório "O estado dos solos na Europa” agora publicado é apontado o exemplo do carbono orgânico do solo, que continua em declínio. Entre 2009 e 2018, perderam-se cerca de 70 milhões de toneladas de carbono orgânico dos solos minerais em terras aráveis na União Europeia e no Reino Unido, refere o documento.

Solos degradados na Ucrânia

salinização é outra das fontes de degradação dos solos na Europa, sendo particularmente problemática nas regiões mais áridas e mediterrânicas.

Nesta vertente, é mais preocupante a chamada salinização secundária, que decorre da acumulação excessiva de sais solúveis na camada superior do solo, em parte devido às práticas de irrigação desadequadas, refere este estudo, da autoria do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia e a Agência Europeia do Ambiente.

O relatório analisa ainda vária informação sobre os solos, oriunda de vários países fora do espaço comunitário. Além do Reino Unido, ex-Estado-membro, foram analisados dados referentes à Islândia, Noruega, Suíça, Turquia, Ucrânia e vários países balcânicos.

De todos estes países não comunitários, o documento refere-se em particular à “destruição severa do solo ucraniano”, na sequência do ataque russo. A estimativa é que “mais de 10 milhões de hectares de terras agrícolas” estejam atualmente degradadas, devido ao conflito militar que se arrasta sobretudo desde 24 de fevereiro de 2022.

Fonte: Tempo.pt

O Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), através do seu Departamento de Alimentação e Nutrição, e em colaboração com o Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM – Universidade de Aveiro), promove, nos dias 25 e 26 de setembro de 2025, no Funchal, a 6ª edição da Conferência Internacional sobre Contaminantes Alimentares (ICFC 2025). O evento será subordinado ao tema “Desafios dos contaminantes emergentes (CEs) e saúde planetária”.

À semelhança de edições anteriores, a ICFC 2025 tem como objetivo debater os desafios futuros na área da segurança alimentar e saúde humana. A conferência tem como destinatários profissionais da saúde, ambiente e alimentação, investigadores, academia, autoridades reguladoras, instituições governamentais e privadas, representantes da indústria e estudantes envolvidos na área da segurança alimentar e saúde humana.

A Conferência Internacional em Contaminantes Alimentares é um evento multidisciplinar onde investigadores de todo o mundo, independentemente da sua experiência e notoriedade, podem partilhar ideias e conhecimento sobre a saúde humana e os contaminantes alimentares. Sobre a edição de 2025, será divulgada, oportunamente, informação mais detalhada, incluindo as datas limite para a submissão de comunicações.

A principal via de exposição a contaminantes químicos é a via alimentar, pelo que a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) estabeleceu como obrigatória a análise dos riscos (Risk Analysis) associados à cadeia alimentar. A avaliação do risco pretende estudar os efeitos adversos para a saúde, que resultam da exposição do homem a perigos com origem nos alimentos.

Fonte: INSA - Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge

Investigadores financiados pela UE estão a explorar a forma de produzir novos materiais fortes e sustentáveis a partir de cascas de nozes difíceis de quebrar.

As cascas das nozes contêm células com estruturas de interbloqueio únicas que as tornam interessantes para serem transformadas em materiais fortes e biodegradáveis.

A Dra. Notburga Gierlinger, uma investigadora austríaca especializada no estudo da estrutura e composição de materiais vegetais, é particularmente fascinada pelos frutos secos.

Quando se depara com um pistácio ou uma noz, abre-os com cautela, intrigada com a forma como a natureza conseguiu criar materiais tão fortes.

“As cascas são tão duras que tenho sempre medo de usar os dentes para não os danificar”, disse Gierlinger, professora associada de ciência dos materiais na Universidade BOKU de Recursos Naturais e Ciências da Vida em Viena, Áustria.

Parte do puzzle

Uma das principais áreas de investigação de Gierlinger inclui a utilização de uma técnica chamada espectroscopia Raman para estudar a distribuição da lenhina, da celulose e de outras biomoléculas nas paredes celulares das plantas. O objetivo é compreender as suas propriedades e funções mecânicas.

Uma investigação mais aprofundada durante um projeto de investigação de cinco anos apoiado pela UE, denominado SCATAPNUT, levou Gierlinger e a sua equipa a descobrir que as cascas de frutos secos, como o pistácio e a noz, contêm células de puzzle em 3D - células que têm estruturas únicas interligadas, semelhantes às peças de um puzzle. Este facto contribui para a sua resistência e durabilidade invulgares.

Intrigada com as suas descobertas, Gierlinger está agora a liderar mais investigação financiada pela UE num projeto chamado PUZZLE MATERIALS, que está a investigar como fazer materiais funcionais para aplicações industriais a partir de cascas de pistácio e de noz.

A presença das células puzzle significa que as cascas das nozes oferecem propriedades diferentes das fibras normalmente encontradas em plantas como o cânhamo e a madeira. Gierlinger e a sua equipa estão atualmente a explorar os tipos de novos materiais que podem ser criados a partir das cascas de nozes, bem como as melhores formas de as utilizar.

As caraterísticas específicas das células do puzzle tornam-nas particularmente interessantes para a transformação em bioplástico biodegradável.

A sustentabilidade é a prioridade

Em 2020, a UE adotou um novo plano de ação para a economia circular como parte do Pacto Ecológico Europeu. Este plano inclui o apoio à conceção de novos materiais que reduzam os resíduos e a pressão sobre o ambiente.

A proposta de Gierlinger prevê a utilização de um resíduo atual - as cascas de nozes - para criar novos materiais que poderão substituir os plásticos, oferecendo assim um duplo benefício ambiental.

Com a produção média europeia de cerca de 186,5 kg de resíduos de embalagens em 2022, os materiais reutilizáveis e compostáveis são agora mais necessários do que nunca. Gierlinger espera que um material produzido a partir de cascas de nozes possa ser uma das muitas soluções que contribuem para a redução dos resíduos de plástico na Europa e no mundo.

“Penso que as nogueiras poderão tornar-se mais importantes no futuro, porque são árvores resistentes e resilientes, com boa madeira e nozes saudáveis”, afirmou. “Estamos sempre a tentar pensar quais os produtos que podem tornar-se mais importantes numa sociedade sustentável.”

A sua proposta também se enquadra bem no quadro voluntário europeu “seguro e sustentável desde a conceção”, desenvolvido para orientar o processo de inovação para produtos químicos e materiais mais seguros e sustentáveis.

Um processo sustentável

Gierlinger e a sua equipa de investigação estão a procurar formas de processar as cascas descartadas que sejam simultaneamente eficientes e amigas do ambiente. O primeiro passo é dissolver as cascas de noz num solvente para separar as células e regenerar a lenhina.

A celulose proveniente de resíduos do processamento de kombucha ou de bioreactores é também adicionada à massa resultante em diferentes volumes, dependendo da flexibilidade desejada para o produto final. Os investigadores estão a estudar diferentes opções de materiais para as nozes, incluindo um produto semelhante ao couro e outro mais parecido com o plástico.

O objetivo é produzir materiais de nozes sustentáveis, eficientes em termos energéticos, eficientes em termos de recursos e biodegradáveis, com uma pegada ambiental e de carbono reduzida, especificamente concebidos para os sectores das embalagens e dos têxteis.

Paraskevi Charalambous, uma cientista bioquímica e de materiais da BOKU, faz parte da equipa de investigação que trabalha neste processo. Uma das suas contribuições notáveis inclui a investigação de solventes com um ponto de fusão muito baixo.

A intenção é encontrar um solvente que possa ser reciclado, algo que Charalambous admite ter sido um desafio.

“Não tem sido fácil recuperar o produto químico que utilizamos na sua forma original”, afirmou.

Foram feitos progressos significativos desde o início do projeto em 2023 e os investigadores conseguiram produzir várias amostras, incluindo uma amostra de uma carteira em pele de noz.

A grande vantagem do material, quer acabe por ser couro ou plástico, é o facto de ser reciclável e compostável. Normalmente, os materiais compósitos - uma combinação de dois materiais com propriedades diferentes - são difíceis de reciclar porque são adicionados outros químicos para ajustar a função do material.

O processo utilizado neste caso não o faz, pelo que o produto pode ser dissolvido novamente e reutilizado. Gierlinger também disse que é possível compostar o material, se necessário, embora ela promova a reutilização e a reciclagem em primeiro lugar.

Depois de decidir qual o melhor caminho a seguir, o objetivo será então colocar estes novos materiais de nozes em produção. “O próximo passo seria tentar encontrar algumas empresas interessadas”, disse Gierlinger.

A investigação deste artigo foi financiada pelo Conselho Europeu de Investigação (CEI). As opiniões dos entrevistados não refletem necessariamente as da Comissão Europeia. 

Fonte: Horizon e Qualfood

 

O documento oferece conselhos sobre a forma de otimizar a monitorização e a redução dos riscos à medida que as infeções da estirpe patogénica H5N1 se propagam.

No meio de uma vaga de casos de infeção de bovinos e outros mamíferos por gripe aviária, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) publicou novas diretrizes que aconselham os seus membros a implementar programas de vigilância eficazes para a deteção precoce da gripe nos bovinos.

Desde o seu aparecimento, há mais de duas décadas, o vírus H5N1 da gripe aviária altamente patogénica (GAAP) evoluiu em vários clados. O clado 2.3.4.4b, detetado pela primeira vez em 2021, demonstrou uma capacidade significativa de infetar uma vasta gama de espécies, incluindo aves selvagens, aves de capoeira e, mais recentemente, mamíferos terrestres e marinhos, incluindo tigres, ursos, focas e cães e gatos de estimação. As deteções em gado leiteiro em 2024, juntamente com casos entre trabalhadores agrícolas expostos a gado infetado, sublinham a necessidade urgente de reforçar os sistemas de vigilância.

“Tendo em conta a propagação mundial da gripe A (H5N1) do clado 2.3.4.4b, espera-se a propagação das aves para os bovinos (e provavelmente dos bovinos para os seres humanos) noutros países”, de acordo com a nova publicação da FAO, Recomendações para a vigilância da gripe A (H5N1) em bovinos - com aplicação alargada a outros mamíferos de criação.

As novas diretrizes da FAO surgem na sequência de uma publicação técnica anterior que resume a situação emergente, as lacunas de conhecimento e as ações de gestão de risco recomendadas, e enfatizam o papel crítico dos sistemas de vigilância passiva eficazes que incentivam a notificação de casos suspeitos por parte dos agricultores e veterinários. O reforço da notificação deve centrar-se em áreas de alto risco, como as que têm populações densas de aves de capoeira ou de gado leiteiro ou atividade de aves migratórias, e deve considerar-se a possibilidade de recorrer a fontes informais, incluindo alterações dos preços de mercado, meios de comunicação social e redes comunitárias.

As orientações foram concebidas para melhorar a deteção precoce de eventos de alastramento e apoiar medidas de controlo de doenças baseadas em provas, com o objetivo de ajudar os membros a otimizar a utilização de recursos limitados através do aproveitamento das atividades de vigilância existentes para alcançar os seus objetivos de vigilância. Estas recomendações têm uma aplicação mais alargada a outras espécies de animais de criação.

O que se sabe e o que fazer

Alguns animais infetados apresentam sinais clínicos graves e elevada mortalidade; os observados nos bovinos afetados incluem diminuição da produção de leite, leite espesso semelhante ao colostro, redução da ingestão de alimentos, letargia, febre e desidratação. No entanto, nalguns animais, a infeção pode não dar origem a quaisquer sinais clínicos, o que torna potencialmente difícil a sua deteção.

Ainda há muito por compreender sobre a transmissão da GAAP H5N1 entre os bovinos, mas parece ser principalmente causada por movimentos de bovinos infetados e, potencialmente, por pessoal ou equipamento partilhado entre explorações. Os dados também sugerem que ocorreram eventos de alastramento entre explorações leiteiras infetadas e unidades avícolas próximas. Outras espécies também foram afetadas, incluindo gatos e ratos, e também foi observada a transmissão de aves de capoeira para suínos. Mesmo que os suínos não mostrem sinais de doença, representam um ponto de preocupação, uma vez que os suínos podem catalisar a rearticulação genética dos vírus da gripe aviária e humana, criando potencialmente novas estirpes com potencial pandémico.

As recomendações da FAO propõem que o objetivo mínimo de vigilância para todos os países deve ser a deteção rápida de eventos de propagação da GAAP H5N1 das aves para espécies não aviárias, incluindo o gado. Se forem detetados, os profissionais veterinários e de saúde devem estar preparados para desencadear uma resposta rápida, reforçar as medidas de atenuação dos riscos e produzir provas para apoiar a tomada de decisões e as políticas.

Os sistemas de vigilância básicos, mas eficazes, começam por encorajar os agricultores a auto-relatarem as doenças suspeitas e a tirarem partido das visitas de rotina dos veterinários às explorações. Estes sistemas podem ser expandidos através de testes oportunistas durante campanhas de vacinação, monitorizando relatórios de grupos comunitários e industriais sobre a redução da produção de leite e adotando estratégias de amostragem baseadas no risco.

Estas estratégias devem considerar fatores como geografia, padrões de migração de aves selvagens, sazonalidade, populações de animais e observações clínicas em toda a cadeia de valor do leite. Caso se confirme um caso de GAAP H5N1 numa vaca, as autoridades de saúde pública devem ser imediatamente informadas e devem ser iniciadas investigações para determinar se os trabalhadores agrícolas e outros contactos humanos próximos foram expostos ou infetados. Para doenças listadas na WOAH, os casos devem ser notificados usando o WAHIS e os especialistas técnicos também são encorajados a enviar dados para o Sistema Global de Informação sobre Doenças Animais da FAO (EMPRES-i+).

Para obter as informações mais recentes sobre a situação da gripe aviária nos animais a nível mundial, consultar a atualização da situação dos vírus da gripe aviária com potencial zoonótico da FAO e os relatórios de situação da WOAH sobre a GAAP.

Fonte: FAO e Qualfood

Aproximadamente 30% da terra agrícola global é utilizada para produzir alimentos que acabam por se perder ou desperdiçar, tornando imperativo explorar estratégias para mitigar este desperdício.

Com as melhorias significativas na tecnologia dos transportes, a acessibilidade aos alimentos frescos aumentou consideravelmente. No entanto, este progresso tem sido acompanhado por uma preocupação crescente com o desperdício de alimentos durante o transporte e o armazenamento.

Desperdício alimentar- consequências e possíveis soluções

A nível mundial, cerca de 17% dos alimentos a nível do retalho e do consumidor são desperdiçados, o que resulta em problemas como a contaminação das águas subterrâneas, as emissões de gases perigosos e a propagação de agentes patogénicos infeciosos, contribuindo todos eles para a poluição ambiental.

Numa tentativa de desenvolver tecnologias de conservação de alimentos eficientes, económicas e ecológicas, os investigadores estão a estudar alternativas para o desenvolvimento de materiais de embalagem. Entre estas, os revestimentos comestíveis feitos de polímeros naturais têm-se mostrado particularmente promissores.

Estes revestimentos protetores podem proteger os frutos da degradação pós-colheita, impedindo a perda de água e as trocas gasosas, reduzindo a necessidade de refrigeração ou de conservação sintética, ao mesmo tempo que prolongam o prazo de validade.

Biofilme ecológico

A quitina, um polímero natural derivado do endosqueleto dos crustáceos, é quimicamente modificada para produzir quitosano (CS). O CS não é tóxico, é biodegradável e tem uma notável capacidade de formação de película. No entanto, algumas limitações, incluindo a fraca barreira e as baixas propriedades antimicrobianas, impedem o seu potencial como material de revestimento alimentar.

Para resolver esta limitação, uma equipa de cientistas, liderada pelo Professor Won Ho Park da Universidade Nacional de Chungnam, Coreia do Sul, incorporou um composto polifenólico, o ácido gálico (GA), para produzir um conjugado CS-GA. O GA está abundantemente disponível nas plantas e é bem conhecido pelas suas excelentes propriedades antimicrobianas e antioxidantes.

Num novo estudo, a equipa relata a síntese e a caracterização de um filme conjugado CS-GA. Compararam-na com películas de CS para avaliar os efeitos de reforço de GA e testaram a sua eficácia em mini bananas e tomates cereja armazenados.

Observaram que a película desenvolvida apresentava uma resistência mecânica melhorada, oferecendo proteção contra danos nos alimentos durante o transporte, e propriedades antioxidantes melhoradas, levando a um prolongamento do prazo de validade.

Também demonstrou uma melhor atividade antibacteriana contra dois tipos de bactérias, confirmando a sua eficácia contra várias espécies microbianas e capacidades superiores de bloqueio de UV para evitar a foto-descoloração e os danos. Explicando os resultados do teste de armazenamento.

No futuro, esta tecnologia verde poderá desempenhar um papel significativo na redução do desperdício alimentar e também contribuir para os Objetivos de Desenvolvimento da Sustentabilidade das Nações Unidas de reduzir para metade o desperdício alimentar até 2030.

Fonte: Tempo.pt