Portuguese English French German Italian Spanish

  Acesso à base de dados   |   email: qualfood@idq.pt

Impressão digital das rolhas de cortiça para combater contrafação dos vinhos

  • Thursday, 29 November 2018 11:17

Da indústria aeroespacial à saúde, passando pelo desporto e pelo controlo da poluição, a cortiça tem hoje múltiplas aplicações. Agora vai servir também para combater a contrafação de vinhos, um problema que causa perdas anuais de 6,3 mil milhões de euros na Europa, dos quais 60 milhões só em Portugal. A pedido das empresas portuguesas, o INEGI - Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial criou, a partir da textura natural da cortiça, uma espécie de impressão digital de cada rolha, que permitirá combater a contrafação. O sistema está já em fase de registo da patente internacional, mas precisa ainda de encontrar um parceiro tecnológico para a fase de industrialização.

A ideia surgiu de um pedido de uma conhecida empresa de produção de rolhas para que o instituto desenvolvesse um sistema anticontrafação. A ideia, então, era colocar uma identificação por radiofrequência, a chamada tecnologia RFID, na própria rolha de modo a permitir o seu controlo. Mas o INEGI quis ir mais longe e criar um sistema ainda mais evoluído. E assim nasceu o CorkID, uma espécie de impressão digital para a cortiça, que permite, através do reconhecimento e processamento de imagem de uma rolha, seja ela de cortiça natural ou aglomerada, rastrear e autenticar a origem do vinho.

"A cortiça tem uma textura única, que não se repete. Um padrão, aleatório, que não pode ser copiado, e foi disso que quisemos tirar partido", explicou ao DN/Dinheiro Vivo Ana Reis, a diretora de tecnologias avançadas de fabrico do INEGI e responsável pelo projeto.

Como funciona?

Mas como funciona a nova tecnologia? Basicamente, o sistema implicará a captura de uma imagem da superfície de cada rolha, durante a fase de engarrafamento, e o seu registo numa base de dados, para que o consumidor ou o retalhista possa, facilmente, autenticar a garrafas, antes de a abrir, naturalmente, com um simples telemóvel. Para isso, a cápsula que tapa a rolha terá de passar a contar com uma área transparente, de modo que a rolha possa ser fotografada e comparada com a base de dados original através de uma app específica para o efeito.

"Há vários sistemas que pretendem combater a contrafação dos vinhos, mas essencialmente constam de algo que é adicionado ao produto. Uma etiqueta, por exemplo. Este é o único em que não se adiciona nada, conseguimos validar a autenticidade de cada garrafa pela 'impressão digital' da sua rolha", diz Ana Reis, que submeteu já um pedido internacional de patente, que inclui os Estados Unidos. E há já empresas francesas interessadas na tecnologia. "A ideia é massificar este sistema, que é muito interessante até como ferramenta de marketing, já que pode permitir à empresa saber quem está a consumir os seus vinhos e onde", sublinha.

Fonte: Diário de Notícias