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Impacto das Zoonoses na UE

  • Wednesday, 18 December 2019 14:25

No ano passado, o número de infeções por E.coli produtoras de toxinas Shiga na Europa aumentou, enquanto a tendência crescente de casos de Listeria continuou, de acordo com um relatório anual sobre zoonoses.

A Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) e o Centro Europeu de Prevenção e Controle de Doenças (ECDC) também revelaram um ligeiro aumento nas infeções por Salmonella e Campylobacter.

A E.coli produtora de toxina Shiga (STEC) tornou-se a terceira causa mais comum de doença transmitida por alimentos, substituindo a yersiniose por um aumento de 37% em 2017. O ECDC e a EFSA informaram que tal registo possa ser parcialmente explicado pelo crescente uso de novas tecnologias de laboratório, tornando mais fácil a deteção de casos esporádicos.

As zoonoses relatadas de forma mais comum foram campilobacteriose e salmonelose. A tendência da UE para casos confirmados dessas duas doenças foi estável entre 2014 e 2018. No ano passado, a campilobacteriose foi a mais alta, onde se mantém desde 2005, representando aproximadamente 70% dos casos.

A campilobacteriose foi responsável por 21.000 pessoas hospitalizadas e 60 mortes, mais de 16.500 pessoas precisaram de tratamento hospitalar e 119 morreram devido a salmonelose. As infeções por STEC foram responsáveis ​​por 1.151 hospitalizações e 11 mortes, yersiniose por 519 hospitalizações e três mortes. Em relação à listeriose, 1.049 pessoas necessitaram de tratamento hospitalar e 229 morreram.

 Impacto do critério de higiene no caso Campylobacter

O total de casos confirmados de campilobacteriose foi de 246.571 em comparação com 246.194 em 2017. As maiores taxas de hospitalização foram na Letónia, Polónia, Roménia e Reino Unido.

Os países com mais notificações específicas foram a República Checa, a Eslováquia, Luxemburgo e Reino Unido. Os mais baixos foram a Bulgária, Chipre, Grécia, Letónia, Polónia, Portugal e Roménia.

Entre 15.210 casos associados a viagens, a maioria tinha origem na Espanha, Grécia e França. Tailândia, Turquia e Marrocos foram registados como os países com maior probabilidade de infeção fora da UE. Os níveis mais altos de contaminação ocorreram em carne fresca de frangos, seguida pela carne fresca de perus.

Áustria, República Checa, Estónia, França, Hungria, Irlanda, Itália, Letónia, Malta, Polónia, Eslováquia, Eslovênia e Espanha apresentaram tendências significativamente crescentes entre 2009 e 2018, enquanto o Chipre e os Países Baixos relataram tendências decrescentes nesse período.

Dez nações relataram dados obtidos, através da implementação do critério de higiene dos processos para a Campylobacter (em vigor desde janeiro de 2018), sobre peles de pescoço de carcaças de frangos de corte recolhidas em matadouros. A comunicação dos resultados oficiais das amostras pelas autoridades torna-se obrigatória a partir de 2020.

Uma em cinco amostras com resultados quantificados foi superior a 1.000 unidades formadoras de colónias (UFC) por grama. Das 3.746 amostras de pele do pescoço de carcaças de frango refrigeradas, 34,6% apresentaram resultados positivos. Bulgária, Chipre, Dinamarca, Estónia, França, Polónia, Roménia e Espanha apresentaram resultados quantificados e 18,4% das 2.403 amostras testadas excederam 1.000 UFC/g.

 Níveis de declínio de salmonelas

No total, 94.203 casos de salmonelose foram relatados por 28 países da UE em 2018 com infeções confirmadas em 91.857 em comparação com 91.590 em 2017.

As maiores taxas de notificações, no ano passado, surgiram da Eslováquia e República Checa, enquanto as mais baixas encaminharam-se do Chipre, da Grécia, de Itália e de Portugal.

A maioria dos casos confirmados de salmonelose foi reportada na UE. Salmonella Enteritidis aumentou de 2015 para 2018 nos casos reportados na UE. Entre 8.047 casos associados a viagens, Tailândia, Egipto e Índia foram os destinos mais frequentemente relatados, sendo a Espanha e a Grécia os principais dentro da UE.

Chipre, Dinamarca, Finlândia, Alemanha, Hungria, Itália, Lituânia e Suécia apresentaram tendências decrescentes de 2009 a 2018. Houve um aumento na França, Portugal, Eslováquia e Espanha entre 2014 e 2018, mas o aumento na Espanha foi parcialmente devido à melhoria da vigilância. As maiores proporções de casos hospitalizados foram no Chipre, Grécia, Lituânia, Polônia e Reino Unido. O último país também registou 57 mortes.

Dados por sorovar

Como nos anos anteriores, os três sorovares mais comuns de Salmonella foram Enteritidis, Typhimurium e Typhimurium monofásico (1,4, [5], 12: i :-), respondendo por quase 80% dos casos adquiridos na UE.

A proporção desses sorovares era a mesma de 2017, assim como de Infantis, que era o quarto mais comum. Em quinto lugar, aparece o sorovar Newport, com um aumento de 18% em relação a 2017. Salmonella Coeln aumentou 218,7% em 2016. Salmonella Braenderup entrou no top 20 no ano passado e substituiu Kottbus.

A maior prevalência de amostras positivas únicas para Salmonella registadas nos controlos oficiais pelas autoridades foi: carne de aves de capoeira, carne picada, e preparados de carne destinados a serem cozinhados, independentemente da espécie.

A prevalência de Salmonella em ovoprodutos foi insignificante, de acordo com dados de monitorização. Dos 27 estados membros declarantes, 16 cumpriram todas as metas de redução de salmonelas para aves, enquanto 11 falharam em pelo menos uma.

A prevalência de sorovares-alvo de Salmonella em rebanhos da EU, como galinhas reprodutoras, galinhas poedeiras, frangos de corte e perus de engorda diminuiu nos últimos anos, mas estagnou nos perus reprodutores.

Para a Itália, Holanda, Polónia e Espanha, a proporção de positivos com base em controles oficiais foi significativamente maior que a de auto-monitorização em carcaças de suínos. Considerando todos os dados de monitorização de Salmonella em carcaças de suínos enviadas por 17 países, a proporção de amostras únicas positivas para Salmonella de carcaças com base em controlos oficiais foi de 2,69% das 28.246 amostras, em comparação com a auto-monitorização de 1,57% das 93.633 amostras. Proporções significativamente mais baixas de positivos para Salmonella em rebanhos de perus e frangos foram relatadas em amostras por empresas do setor alimentar do que por autoridades oficiais.

STEC passa para terceiro lugar

As infeções por E. coli produtoras de toxina Shiga foram a terceira zoonose mais comum relatada na Europa aumentaram fortemente em 2018. No ano passado, 8.314 infeções por STEC e 8.161 casos confirmados foram relatados em comparação com 5.958 em 2017.

As maiores taxas de notificações, específicas por país, foram na Irlanda, Suécia, Malta e Dinamarca. Bulgária, Chipre, Grécia, Lituânia, Polónia e Roménia tiveram os mais baixos. As maiores proporções de casos hospitalizados ocorreram na Estónia, Grécia, Letónia, Itália, Luxemburgo, Polónia e Eslováquia.

A maioria dos casos de STEC relatados tiveram origem na UE. Entre 1.027 casos associados a viagens, a Turquia foi mais frequentemente relatada como provável país de infeção, seguida pelo Egito, Espanha, Marrocos e Grécia.

De 2009 a 2018, foi observada uma tendência significativamente crescente na Áustria, Dinamarca, Finlândia, França, Irlanda, Itália, Eslovénia e Suécia. Nenhum país teve tendências decrescentes neste período.

E.coli O157 e O26 aumentam

O sorogrupo mais comum foi o O157, responsável por 34,5% dos casos com sorogrupo conhecido.  Existiu uma diminuição de 2012 para 2017, mas aumentou 29% em 2018. O segundo sorogrupo mais comum, O26, aumentou 32%. São os sorogrupos representativos, de mais de metade do total de casos confirmados, em 2018.

Seguidos pelos sorogrupos O103, O91, O146, O145 e O128. Dois novos sorogrupos (O5 e O174) foram adicionados e o O63 foi retirado da lista dos 20 primeiros em 2018.

Um total de 411 casos de síndrome hemolítica-urémica (SHU) foram registados, praticamente o mesmo de 2017. A maioria dos pacientes com SHU encontram-se na faixa etária mais jovem, 0 a 4 anos (265 casos) e 5 a 14 anos (82 casos). Os sorogrupos no topo foram O26, O157, O145, O80 e O111.

As categorias de alimentos mais contaminadas foram de origem animal. As carnes de pequenos ruminantes, de animais selvagens e de criação, apresentaram os maiores valores (17,8% para veados e 10,9% para carne de ovinos e caprinos).

O leite de vaca cru foi a segunda categoria mais contaminada com STEC, com menos de 6% das amostras positivas. Carne bovina fresca e produtos lácteos, exceto leite cru, apresentaram taxas de contaminação de 3,4% e 0,7%.

 Listeria continua a subir

Os casos confirmados de listeriose aumentaram em 2018, embora raramente seja excedido o limite de segurança alimentar da UE, testado em alimentos prontos a comer.

A listeriose foi a zoonose mais grave com maior taxa de hospitalização e letalidade. Um em cada seis casos confirmados foi fatal. A listeriose invasiva a longo prazo mostrou uma tendência crescente significativa desde o início da vigilância na UE em 2008. Em 2018, 28 países relataram 2.549 casos invasivos confirmados de listeriose em comparação com 2.479 em 2017. As infeções por Listeria pertenciam principalmente à faixa etária acima dos 64 anos e em particular naquelas acima de 84 anos.

As maiores taxas de notificações surgiram da Estónia, Finlândia, Suécia e Dinamarca. Os mais baixos foram relatados pela Bulgária, Croácia, Chipre e Roménia. Bélgica, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Hungria, Irlanda, Itália, Holanda, Polónia, Roménia, Eslovénia e Espanha apresentaram uma tendência significativamente crescente de casos de listeriose confirmados desde 2009. Nenhum país teve tendências significativamente decrescentes entre 2009 e 2018. A Polónia relatou os casos mais fatais, com 56, seguida pela França, com 42. A ocorrência de Listeria monocytogenes variou de acordo com a categoria de alimentos prontos a comer. De 0,09% para queijos de leite pasteurizado até 3,1% para carne bovina pronta-a-comer.

A Comissão Europeia contactou a EFSA para a emissão de um parecer científico sobre o risco para a saúde pública causado por Listeria monocytogenes e possivelmente outros patogénios que podem contaminar frutas, vegetais e ervas durante o seu processamento, antes de serem congelados e colocados no mercado. O trabalho deve ser adotado pelo Painel Cientifico de Riscos Biológicos (BioHaz) em março de 2020.

 Yersinia, Brucella e Trichinella

A yersiniose foi a quarta infeção relatada com mais frequência, com uma tendência estável entre 2014 e 2018.

Em 2018, 370 casos de brucelose, dos quais 358 foram confirmados, foram relatados em comparação com 378 em 2017. Uma morte foi registada em Espanha em 2018.

Grécia, Itália, Portugal e Espanha não se encontram oficialmente livres de brucelose em bovinos, ovinos ou caprinos e representaram 69,8% de todos os casos confirmados em 2018. Itália, Portugal e Espanha apresentaram tendências decrescentes de 2009 a 2018. A exposição a esta infeção por via alimentar é normalmente limitada a pessoas que consomem leite não pasteurizado, produtos lácteos ou carne mal cozida em países onde a brucelose em animais é endémica.

Entre os 58 casos associados a viagens, os destinos mais comuns fora da UE foram Turquia, Iraque, Albânia e Bósnia Herzegovina. A Roménia e a Bulgária foram as mais comuns para infeções relacionadas a viagens dentro da UE.

Em 2018, foram relatados 85 casos de triquinelose, incluindo 66 confirmados, em comparação com 168 em 2017. A Bulgária registou a maior taxa de notificações seguida pela Roménia. Os dois países representaram 83,3% de todos os casos confirmados ao nível da UE.

Ocorreram quatro surtos na Bulgária com 50 pessoas doentes, apesar da ausência de porcos domésticos ser positiva para a infeção por Trichinella. Por outro lado, a Croácia não relatou casos humanos, enquanto 134 porcos domésticos testaram positivamente.

A Roménia foi responsável pelo maior número de porcos domésticos a testarem positivo, seguidos pela Croácia, Polónia, Itália, Espanha e França.

Cerca de 200 milhões de porcos foram testados para Trichinella em 2018, dos cerca de 246 milhões de porcos criados na UE, apenas 322 animais acusaram positivo, cerca de 1,3 por milhão de porcos criados.

 

Fonte: Food Safety News

  • Last modified on Wednesday, 18 December 2019 14:54