A União Europeia deve esclarecer incertezas regulatórias remanescentes no que toca ao marketing e rotulagem de alternativas à carne para que estas possam entrar no mercado.
Os produtos análogos da carne, bem como carnes de base vegetal podem potencialmente trazer muitos benefícios ambientais, económicos e sociais, no entanto, existe ainda um grau de incerteza acerca de denominações de venda e comercialização destes produtos.
França e Alemanha já dificultaram a produção destas alternativas da carne. Em abril de 2018, a assembleia nacional francesa proibiu o uso de termos da carne para descrever alimentos de base vegetal. Essa decisão foi baseada no Tribunal de Justiça Europeu, que definiu em 2017 que produtos de soja e tofu não podem ser comercializados como leite ou manteiga.
A questão reside se a utilização dos termos da carne pode ou não confundir o consumidor no ato de compra. De facto, a indústria da carne e dos latícinios, bem como a própria legislação parecem concordar que existe essa possibilidade.
Não obstante, os produtores de alternativas à carne referem que estas devem ser quase indistinguíveis de modo a persuadir os consumidores de carne a tentar outras opções mais sustentáveis.
A decisão sobre estes produtos pode causar um ponto de viragem na indústria, adaptando-se a novas direções e ritmos de crescimento. Assim, a Comissão Europeia espera rever a rotulagem de alimentos vegan e vegetarianos, apesar de mais investigação sobre a perceção do consumidor ser necessária.
Estudos iniciais indicam que as menções fazem diferença. "Limpo" e "Livre de abate" são provavelmente termos mais apelativos do que "Crescido em laborátorio", por exemplo.
A combinação de alterações legislativas e tendências na dieta possibilita uma oportunidade às alternativas da carne que, se bem publicitadas, poderão assumir uma grande porção no mercado das carnes em anos futuros.
Fica assim por definir o parecer da UE no investimento e inovação destes produtos que podem representar as prioridades legislativas no que se refere à mitigação das alterações climáticas, redução do uso de antibióticos e saúde pública.
Fonte: Food Navigator