Os testes de intolerância alimentar parecem carecer de maior fundamento, sendo que apenas expõe a resposta normal do organismo à ingestão e não uma quantificação de maior ou menor tolerância aos alimentos.
Mesmo as análises feitas por via sanguínea são incapazes de indicar os alimentos mais intolerados. O que, de facto, permitem é determinar aos quais se é alérgico.
Neste caso, em que existe verdadeiramente uma doença, são igualmente eficazes os testes na pele. Apesar de ser grande a diversidade de alergénios, a grande maioria das reações (cerca de 90%) têm origem em apenas oito alimentos: ovos, amendoins, frutos secos, peixe, marisco, trigo e soja.
Relativamente aos testes de intolerância, estes mostram a concentração de anticorpos lgG para as proteínas de cada alimento enquanto que os testes às alergias revelam a reação imunológica (do sistema imunitário quando há uma agressão) mediada por anticorpos lgE.
Portanto, são caminhos diferentes que conduzem a resultados igualmente distintos. Aliás, afirmam os especialistas que a concentração de anticorpos lgG pode até indicar que há tolerância aos alimentos a que se foi exposto.
A procura crescente destes testes de intolerância alimentar é alarmante e já fez com que a Sociedade Portuguesa de Alergologia e Imunologia Clínica publicasse um esclarecimento.
No documento, é referido que os testes não têm qualquer fundamentação científica, não têm utilidade diagnóstica e a sua realização e interpretação no âmbito clínico podem configurar elementos de má prática.
A interpretação dos resultados, sem integração numa avaliação clínica apropriada, pode traduzir-se em consequências de extrema gravidade, levando a grandes restrições dietéticas com consequências nutricionais, metabólicas e impacto significativo na qualidade de vida.
Fonte: Vida Extra Expresso