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A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, através de Brigada Especializada das Indústrias da Unidade Regional do Norte – Unidade Operacional do Porto, uma operação de fiscalização direcionada dirigidas a dois estabelecimentos de recolha, embalamento e classificação de ovos, no âmbito das suas competências de fiscalização de segurança alimentar e económica, na Região Norte.

No decurso da ação, foi verificado que os operadores económicos não dispunham do necessário e obrigatório licenciamento da atividade, nomeadamente do Número de Controlo Veterinário, garantia do cumprimento dos normativos de segurança alimentar junto dos consumidores.

A ação de inspeção culminou com a instauração de 2 processos de contraordenação pelo exercício da atividade sem o respetivo licenciamento, tendo sido ainda determinada a suspensão da atividade.

Foram ainda apreendidos 114.660 ovos, bem como o equipamento de recolha e classificação de ovos, tudo no valor global de € 410.986,00.

De referir que a totalidade dos ovos apreendidos, após perícia realizada por médico veterinário, foram encaminhados a uma unidade de produção de ovoprodutos.

Fonte: ASAE

As doenças animais transmitidas por picadas de insetos, como a língua azul, com grande expansão no Alentejo, são cada vez mais frequentes em Portugal devido às alterações climáticas, afirmou um professor na Universidade de Évora (UÉ).

Ricardo Romão, docente do Departamento de Zootecnia e também médico veterinário, considerou que “as doenças vetoriais [só se transmitem através da picada do inseto] estão a aparecer com muito mais incidência”.

“Sabe-se que é por causa das alterações climáticas”, pois “os vírus que normalmente circulavam no norte de África têm subido a latitude e acompanhado o aumento das temperaturas, nomeadamente no final do verão e no outono”, referiu.

Ricardo Romão falava a propósito do novo serotipo 3 da febre catarral ovina, conhecida como doença da língua azul, que foi detetado, pela primeira vez, em meados de setembro, no distrito de Évora, tendo alastrado, desde então, a todo o Alentejo.

Assinalando que as atuais temperaturas são “propícias à transmissão de vírus”, o docente frisou que estão em circulação, pelo menos, três em espécies pecuárias, concretamente, além da língua azul, a doença hemorrágica epizoótica e o vírus do Nilo.

“São todas doenças transmitidas por vetores, insetos, mosquitos, que não conhecem fronteiras e são muito difíceis de controlar apenas pela movimentação animal, porque não impede que os mosquitos progridam”, realçou.

O também médico veterinário disse esperar que “o vírus [da língua azul] vá desaparecendo com o frio”, que vai aumentar com o aproximar do inverno, porque o inseto que o transmite não suporta baixas temperaturas, mas previu que ainda vai continuar a circular devido às atuais condições amenas.

Segundo este professor da UÉ, a língua azul apareceu em Portugal pela primeira vez em 2004, pelo que a doença “não é nenhuma novidade” e o que é novo é o serotipo 3, que já tinha aparecido este ano na Bélgica e em França.

“É uma doença que afeta animais que estejam em situação imunitária mais degradada ou em fase metabólica mais complicada, como ovelhas em pré-parto ou mais magras e mais velhas e também borregos já com alguns meses”, salientou.

Quanto aos sintomas, Ricardo Romão descreveu que os animais com a doença ficam com “lesões nas mucosas, nomeadamente na boca, a inflamação típica da cabeça e deixam de se alimentar e, com isso, também ficam mais fracos”, além de ficarem menos ativos.

“A doença aparece quase despercebida”, já que os animais “ficam com febre e, depois, vão acabar por desenvolver a doença passado dois ou três dias e, muitas vezes, o quadro começa a agravar-se a partir daí”, relatou.

Aludindo a relatos de criadores e ao que tem visto em explorações, o docente adiantou que, quando a língua azul atinge um rebanho, muitos dos animais ficam infetados, admitindo cerca de 70%, acabando por morrer 10% a 20%.

“Só conseguimos controlar isto através da vacinação e das medidas de desinsetização que já são preconizadas há muitos anos”, vincou, apontando como um dos problemas o desconhecimento sobre se um rebanho a vacinar já tem a doença em desenvolvimento.

De acordo com o médico veterinário, a vacina contra o vírus “é preventiva e não curativa” e deve ser aplicada apenas a animais que não estão infetados, porque não vai ser eficaz em animais que já tenham a doença.

A língua azul, que não é transmissível a humanos, é de declaração obrigatória e as explorações onde seja confirmada a doença ficam impedidas de movimentar animais durante 60 dias.

A ‘ganhar terreno’ no Alentejo, a doença da língua azul está a dizimar rebanhos e já matou milhares de animais, provocando prejuízos aos criadores, que se queixam de falta de apoios.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já reclamou a intervenção urgente do Governo, enquanto a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) pediu uma campanha de vacinação gratuita dos animais e um apoio extraordinário aos produtores.

 

Fonte: Agro Portal

O estudo TGI da Marktest quantifica, na vaga global de 2023, em 4 milhões e 779 mil o número de portugueses que consumiram açúcar e/ou adoçante nos últimos 12 meses, o que representa 64,1% dos residentes no continente com idades entre os 15 e os 74 anos.

Embora subindo face ao ano anterior, ano em que se registou o valor mais baixo desde que acompanhamos este indicador, o consumo de açúcar ou adoçante tem mostrado uma tendência geral de decréscimo, estando agora 26% abaixo do registado há 10 anos, quando se situava em 86.2%.

No perfil dos consumidores de açúcar, observamos as taxas mais elevadas junto dos indivíduos entre 55 e 64 anos, os residentes no Sul e os pertencentes às classes sociais mais baixas.

Os dados e análises apresentadas fazem parte do estudo TGI, o qual se caracteriza por ser um estudo único que num mesmo momento recolhe informação para 17 grandes sectores de mercado, 280 categorias de produtos e serviços e mais de 3000 marcas proporcionando assim um conhecimento aprofundado sobre os portugueses e face aos seus consumos, marcas, hobbies, lifestyle e consumo de meios.

 

Fonte: Grande Consumo 

O Good Food Institute publicou recentemente o relatório “2023 State of the Industry: Plant-based meat, seafood, eggs and dairy” que destaca não só os desenvolvimentos significativos no mercado das proteínas de origem vegetal, mas também os obstáculos que este setor em crescimento enfrenta.

Um setor em constante inovação

A indústria alimentar à base de plantas continua a expandir-se com o lançamento de produtos inovadores que procuram imitar a experiência dos produtos animais tradicionais.

Grandes empresas como a Tyson, a Nestlé e a Kraft Heinz lançaram bifes à base de plantas, sushi à base de plantas e alternativas à base de plantas para o queijo e o gelado, demonstrando a crescente aceitação e procura destes produtos. No entanto, apesar destas inovações, o mercado dos EUA, pioneiro na exploração de muitas destas oportunidades, registou um ligeiro declínio nas vendas ao longo do último ano, o que reflete o facto de continuarem a existir muitos desafios. Principalmente associados ao preço (ainda mais elevado do que os produtos de carne tradicionais) e à perceção do consumidor (principalmente em propriedades como o sabor e a textura).

O relatório refere que as vendas totais de alimentos à base de plantas nos EUA atingirão 8,1 mil milhões de dólares em 2023, um valor significativo, mas ligeiramente inferior ao do ano anterior. Este declínio aponta para a necessidade de adaptar as estratégias de mercado para melhorar a perceção de valor e atender às expectativas dos consumidores. Salienta também que, embora os consumidores continuem a comprar, existe um espaço considerável para uma maior lealdade e frequência de consumo, se for possível obter melhorias no sabor e no preço.

Avanços na ciência e na tecnologia para responder às exigências dos consumidores.

Em Espanha, de acordo com um inquérito do Observatório de consumo de alimentação plant-based, 31,2% já consomem estes produtos diariamente e 47,6% incorporaram estes produtos como complemento de produtos animais na sua dieta regular.

Desde o desenvolvimento de novas fontes de proteína e emulsionantes naturais a tecnologias melhoradas para texturizar alternativas à carne, os avanços tecnológicos têm sido fundamentais para ultrapassar alguns dos maiores desafios da indústria e responder ao mercado. Estes avanços são essenciais para colmatar o fosso entre os produtos de origem vegetal e os de origem animal em termos de sabor, textura e valor nutricional.

A atividade da Ainia no campo dos alimentos de origem vegetal e das proteínas alternativas engloba várias linhas tecnológicas chave destinadas a promover a sustentabilidade e a inovação na indústria alimentar, sem esquecer que devem ser produtos atrativos (qualidade sensorial) e nutritivos para os consumidores. Estas inovações visam, por um lado, modificar as propriedades estruturais, nutricionais e sensoriais dos ingredientes vegetais iniciais e, por outro lado, gerar novas estruturas alimentares a partir destes ingredientes graças à aplicação e conhecimento de diferentes estratégias tecnológicas (fermentação, extrusão a baixa e alta humidade, produção de emulsões e géis, etc.).

Neste sentido, aplicámos a tecnologia de extrusão a baixa humidade que dá origem à Proteína Vegetal Texturada (TVP) e a extrusão a alta humidade (HMEC: High Moisture Extrusion Cooking) para desenvolver novos alimentos baseados em proteínas alternativas às da carne e do peixe.

A extrusão é um processo que permite a criação de texturas e formas diferenciadas, o que é essencial para emular produtos de carne e peixe com ingredientes vegetais. Especificamente, no âmbito do projeto VEGEXT, fizemos progressos na utilização de fontes de proteínas alternativas à soja, como o cânhamo, insetos ou cereais para o desenvolvimento de análogos de carne. O projeto EXT4VEG também avaliou fontes de proteínas alternativas para análogos de carne e peixe.

O desenvolvimento de novas gorduras estruturadas a partir de óleos vegetais, a melhoria do perfil sensorial das matérias-primas vegetais através da desodorização com Fluidos Supercríticos (FSC) e o desenvolvimento de caseína recombinante através de processos de fermentação de precisão foram as três linhas tecnológicas de melhoria abordadas no projeto FERVELACT II. Estes desenvolvimentos permitiram-nos conceber novos análogos lácteos veganos com propriedades sensoriais e nutricionais melhoradas.

Estamos também a investigar, no âmbito do projeto SUPRALEM, a produção de ingredientes funcionais a partir de biomassas aquáticas, como as microalgas e a lentilha d'água (lemna), que são fontes ricas em proteínas, vitaminas (B12) e outros nutrientes essenciais. Estes podem ser incorporados em alimentos de origem vegetal para os enriquecer.

Biotecnologia aplicada ao desenvolvimento de novos ingredientes e géneros alimentícios

A Ainia também se concentra na aplicação da biotecnologia ao desenvolvimento de alimentos fermentados que simulam produtos de origem animal, tais como queijos e iogurtes. Isto é conseguido através da utilização de culturas de arranque e enzimas que podem reproduzir as caraterísticas sensoriais dos produtos animais em condições de processamento específicas. Esta linha de investigação abre novas possibilidades para a criação de produtos à base de plantas que não só são sustentáveis, como também oferecem experiências de sabor comparáveis aos seus homólogos de origem animal.

 

Fonte: iALIMENTAR

A carne cultivada in vitro é apresentada como uma alternativa sustentável, que poderá contribuir para satisfazer a procura crescente de proteínas a nível mundial. No âmbito do projeto SMARTFARM, uma equipa multidisciplinar da Ainia está a trabalhar para produzir carne de cultura de uma forma eficiente e sustentável.

A carne de cultura é obtida através de um processo tecnológico em que as células são retiradas do gado, frequentemente por biopsia, e cultivadas num meio de cultura que estimula a sua multiplicação. Estas células servem de base para a produção de carne de cultura. Entretanto, a tecnologia de bioimpressão 3D permite recriar a textura e a estrutura dos produtos de carne.

Desafios na produção de carne de cultura

Os principais desafios que a indústria alimentar tem de ultrapassar antes de a carne de cultura se poder tornar uma alternativa viável em grande escala à carne tradicional incluem:

- Estabelecimento de culturas primárias a partir de biopsias de animais, principalmente carne de vaca. Esta fase envolve a extração e recolha de células dos diferentes tipos de tecido muscular, incluindo a gordura. Estas células servirão de base para a produção de carne de cultura, e a metodologia utilizada pode ser aplicada a diferentes espécies.

- Geração de estruturas celulares tridimensionais onde as células aderem e imitam a estrutura muscular original. A tecnologia de bioimpressão 3D desempenha um papel crucial neste projeto, permitindo recriar a textura e a estrutura dos produtos à base de carne.

- Encontrar alternativas ao soro bovino comummente utilizado para o crescimento das células extraídas. Visar uma produção mais sustentável de carne de cultura, mas também assegurar um crescimento e desenvolvimento ótimos das células, alinhando assim a tecnologia com o bem-estar animal e a produção alimentar responsável.

- Aumento da produção: Através de birreatores que permitem aumentar a produção de carne de cultura de uma forma eficiente, controlada e reprodutível.

Uma alternativa sustentável

Conseguir uma produção eficiente e sustentável de carne cultivada in vitro pode transformar a indústria alimentar e contribuir para um futuro sustentável e ético:

- Reduzindo as emissões de gases com efeito de estufa: O Good Food Institute estima que a utilização desta tecnologia poderia reduzir as emissões climáticas até 92%, reduzir a poluição atmosférica até 94% e utilizar até 90% menos terra em comparação com a carne convencional. Além disso, o GFI Europe afirma que este novo processo contribuirá para a criação de um ecossistema empresarial, científico e tecnológico que criará empregos e atrairá investimentos.

- Promover o bem-estar animal: eliminando a criação em massa e o abate de animais, respondendo a preocupações éticas e promovendo um sistema alimentar mais sustentável.

- Reduzir o risco de doenças de origem alimentar: ao produzir em ambientes controlados e sanitários, o risco de doenças de origem alimentar é significativamente reduzido, garantindo alimentos mais seguros e saudáveis.

O projeto de I&D SMARTFARM, em colaboração com empresas, é apoiado pelo Instituto Valenciano para a Competitividade Empresarial (IVACE) e cofinanciado pela União Europeia através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER). Esta linha de investigação responde ao compromisso da Ainia com a sustentabilidade e a segurança do sistema alimentar.

 

Fonte: iALIMENTAR

Estamos diante de “um autêntico escândalo sanitário“, como refere a presidente da organização não-governamental BLOOM, Claire Nouvian.

Esta associação de defesa dos oceanos analisou 148 latas de atum de supermercados de cinco países europeus – Alemanha, Espanha, França, Inglaterra e Itália – e fez uma descoberta alarmante. “100% das latas estão contaminadas com mercúrio”, constata num relatório.

“Mais de uma em cada duas latas testadas (57%) excede o limite máximo de mercúrio mais rigoroso definido para o peixe (0,3 mg/kg)”, aponta ainda a associação sem fins lucrativos.

“Das 148 caixas, uma caixa de uma marca adquirida num Carrefour parisiense, apresenta um teor recorde de 3,9 mg/kg, ou seja, 13 vezes superior ao das espécies sujeitas ao mais elevado padrão mais restritivo”, nota a BLOOM.

“Devido aos perigos representados pela ingestão regular de mercúrio, mesmo em doses baixas, todas as latas que excedam o padrão de 0,3 mg/kg devem ser proibidas de ser vendidas”, mas isso não está a acontecer, conclui a associação.

Atum tem 10 vezes mais mercúrio do que peixes pequenos

O mercúrio é uma das substâncias químicas mais preocupantes para a saúde pública, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) que o coloca a par do amianto e do arsénico.

Trata-se de um perigoso neurotóxico que apresenta graves riscos para o organismo humano, e que pode ser encontrado em elevadas quantidades no oceano, até porque as suas emissões mundiais aumentaram significativamente nas últimas décadas.

O mercúrio acumula-se nos peixes na sua forma “mais tóxica”, o metilmercúrio, acabando no prato de milhares de famílias.

Como o atum é um peixe predador, acaba por acumular também o mercúrio das suas presas. “Por isso, apresenta um aumento de dez vezes na contaminação por mercúrio, em comparação com as espécies mais pequenas”, sublinha a BLOOM.

O atum é também o peixe mais vendido na Europa, nomeadamente em latas de conserva.

A ingestão regular de metilmercúrio, mesmo que em pequenas quantidades, representa “um grave perigo para a saúde”, nomeadamente para “o desenvolvimento do cérebro dos fetos e das crianças pequenas”, realça a mesma associação.

 

Fonte: ZAP.Aeiou

A União Europeia produziu 83,4 milhões de toneladas de resíduos de embalagens em 2022, anunciou a Eurostat. Este valor significa que cada habitante produziu, em média, 186,5 kg durante o ano cujos dados foram agora divulgados.

Em comparação com 2021, este valor representa uma diminuição de 3,6 kg por habitante, mas um aumento de 31,7 kg em comparação com 2012.

Em Portugal, em 2022, foram produzidos 188,08 kg por habitante, o que compara com 176,74 em 2021 e 149,1 kg em 2013. No total, Portugal produziu 1,96 milhões de toneladas de embalagens, comparado com 1,83 milhões de toneladas em 2021 e 1,56 milhões de toneladas em 2013.

Em 2022, foi gerada uma média de 36,1 kg de resíduos de embalagens de plástico por cada pessoa que vive na UE e, destes, 14,7 kg foram reciclados.

Em Portugal, esse volume foi de 43,31 kg por habitante, sendo que 16,7 kg foram reciclados.

 

Fonte: iALIMENTAR

A área agrícola em produção biológica aumentou mais de três vezes em cinco anos, situando-se em 2022 nos 759.977 hectares, indicam dados divulgados pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

“Portugal tem vindo a registar um aumento significativo da área agrícola em produção biológica para todos os grupos de culturas, com prevalência gradual em prados e pastagens permanentes que, em 2022, representou 71,3% da área total em modo de produção biológica” diz a APA no “Relatório do Estado do Ambiente” (REA) de 2024.

O REA contém a mais recente avaliação (embora alguns dados sejam referentes a 2021) do estado do ambiente no país e atualiza o estado e tendências em oito áreas: Ambiente e Economia, Energia e Clima, Transportes, Ar e Ruído, Água, Solo e Biodiversidade, Resíduos e Riscos Ambientais.

No documento diz-se também que a produção por aquicultura teve um aumento de 5,3% em 2021 face a 2020. E que em 2023 quase 398.000 pessoas visitaram áreas protegidas, um aumento de 4,5% face a 2022 e que demonstra “o interesse da população pela biodiversidade e pela conservação e utilização sustentável dos ecossistemas”.

Na área dos resíduos os dados de 2022 sistematizados no documento da APA indicam uma produção total de resíduos urbanos (no continente) de 5,05 milhões de toneladas, mais 0,7% face a 2021, o que corresponde a uma produção diária de 1,4 quilos por habitante.

Na reciclagem de fluxos específicos de resíduos, como pneus, veículos ou baterias, as taxas permitiram em 2021 o cumprimento das metas, o que não aconteceu com os resíduos de equipamentos elétricos e eletrónicos, apenas 27%, quando a meta era 65%.

Na avaliação do lixo nas praias entre 2018 e 2020 concluiu-se que para alcançar o valor limite da União Europeia o país terá de reduzir em 95% a quantidade de lixo total presente nas praias, do qual 95% são polímeros artificiais. No ano passado, o lixo marinho em praias era composto por plástico (88%), artigos sanitários (6%), e papel e cartão (2%).

A produção de resíduos perigosos registou em 2022 um total de 820 mil toneladas, o que corresponde a uma redução de 35% face a 2021, diz a APA.

Quanto aos riscos ambientais, o REA diz que há uma extensa faixa de litoral (415 quilómetros de um total de 987) com tendência erosiva a longo prazo, e que se estima que entre 1958 e 2023 houve uma perda de território costeiro de Portugal continental de aproximadamente 13,5 km2 (1.350 hectares).

Ainda nos riscos ambientais foram identificadas 63 áreas de risco por inundações e entre 1960 e 2010 a suscetibilidade à desertificação cresceu 22%, estando 58% do território de Portugal continental “suscetível à desertificação no período 1980-2010, com destaque para as áreas do sul, e interior centro e norte”.

Em 2023, recorda o REA, as regiões do Baixo Alentejo e Algarve estiveram todos os meses do ano em seca meteorológica e, no período entre abril e agosto, nas classes de seca severa a extrema. O ano de 2023 foi o segundo ano mais quente desde 1931.

Outros dados do REA indicam que houve em 2022 face a 2021 uma redução no consumo interno de materiais de 10,5%, que houve uma redução no número de processos de avaliação de impacto ambiental instruídos, e que houve uma diminuição de consultas públicas (Portal Participa) em 2023 mas um grande aumento de participações submetidas.

Na área da energia e clima as emissões de gases com efeito de estufa em 2022 tiveram uma redução de 26,3% face a 1990 e de 43,7% face a 2005. E as energias renováveis foram 61% da energia elétrica produzida em Portugal em 2022.

Na poluição atmosférica, os dados indicam uma redução da emissão de partículas finas em 2022 (face a 2005), mas a poluição por dióxido de azoto (que resulta especialmente do trânsito) excedeu os valores limite nas zonas de Lisboa e Entre Douro e Minho. A concentração de partículas finas foi em 2022 ligeiramente abaixo de 2021.

Outros dados ainda indicam que o transporte público de passageiros cresceu em todos os modos de transporte em 2022, que só metade das massas de água estava em bom estado em 2021.

 

Fonte: Agro Portal

Uma equipa de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) recebeu apoios financeiros para monitorizar a biodiversidade em paisagens agrícolas representativas do espaço europeu e contribuir com informação relevante para aumentar o realismo da avaliação de risco de pesticidas na Europa.

José Paulo Sousa, docente do Departamento de Ciências da Vida (DCV) e investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE), é o coordenador na UC do projeto internacional “EESE – EU Environmental scenarios for ERA of non-target organisms”.

«Este projeto pretende obter dados sobre a biodiversidade de diferentes grupos de organismos terrestres a nível europeu (organismos de solo, artrópodes, auxiliares, vertebrados e plantas), bem como contribuir para melhorar e tornar mais realista a avaliação de risco de produtos fitossanitários (PFs). Na União Europeia (UE), os documentos-guia que orientam a aprovação e o registo de PFs estão ultrapassados para alguns grupos de organismos, nomeadamente ao nível dos ecossistemas terrestres. Há assim a necessidade de atualizar esses documentos por forma a tornar o esquema de avaliação de risco mais robusto e mais realista», afirma o especialista.

De acordo com José Paulo Sousa, para atingir esse objetivo é necessário saber o que proteger quando um pesticida atinge o ambiente ou que riscos são ou não aceitáveis do ponto de vista ecológico, ou seja, há que definir objetivos de proteção. Nesse sentido, «é preciso definir os cenários ecológicos de determinada área de paisagem agrícola ou agroflorestal em que se utilizam pesticidas ou produtos farmacêuticos, bem como conhecer a biodiversidade em termos de fauna e flora, particularmente as espécies vulneráveis», considera.

Assim, a equipa da FCTUC vai iniciar os trabalhos de campo já no próximo ano. «Vamos monitorizar os ecossistemas terrestres na primavera, verão e outono, incluindo organismos do solo, invertebrados, vertebrados e plantas e obter dados de riqueza e/ou biodiversidade que, juntamente com a composição e estrutura das paisagens a amostrar, possamos contribuir para a construção dos referidos cenários ecológicos representativos que serão utilizados no processo de avaliação de risco de PFs», conclui o investigador.

Para além de liderarem toda a parte da monitorização e avaliação da biodiversidade de diferentes grupos em campo, em áreas de paisagem/cenários espalhados por toda a Europa, os especialistas vão também avaliar a sensibilidade de diferentes espécies de organismos terrestres seguindo uma nova abordagem de avaliação de efeitos ao nível das comunidades de organismos do solo.

O projeto EESE irá decorrer nos próximos quatro anos e integra uma linha estratégia da Autoridade Europeia de Segurança Alimentar que pretende destacar a relevância ecológica na avaliação de risco de pesticidas.

 

Fonte: FCTUC

 

Arroz

O arroz é o principal alimento de mais de metade da população mundial, especialmente na Ásia. A sua produção é, por isso, fundamental para garantir a segurança alimentar à escala global.

Os produtores de arroz têm vindo a sentir os efeitos das alterações climáticas. O problema tem múltiplas causas: por vezes, as culturas são afetadas por secas, outras vezes por inundações. O aumento da salinidade devido à intrusão de água é outra ameaça.

No ano passado, por exemplo, Itália – que produz cerca de 50% do arroz de toda a União Europeia – lançou avisos sobre a queda da produção de arroz, devido a dois anos consecutivos de seca.

Na Índia, o maior fornecedor de arroz do mundo, as monções de 2023 foram tardias, com chuvas mais intensas e prolongadas. Preocupações com a escassez levaram o país a impor embargos à exportação, provocando uma forte inflação nos preços.

Azeitonas e azeite

Sobretudo concentrada no Mediterrâneo, a produção de azeitonas e, consequentemente, de azeite, também está em risco devido à crise climática. Vagas de calor e secas prolongadas têm impactado as colheitas, fazendo disparar os preços e afetando outros produtos que dependem do azeite, como alguns tipos de enlatados.

De acordo com o International Olive Council, composto por 46 países responsáveis por 94% do azeite mundial, a produção global caiu perto de um terço entre 2021 e 2024.

O azeite tornou-se o “produto mais roubado nos supermercados de Espanha”, devido ao seu custo elevado. Espanha é o país que mais azeite produz no mundo.

Batatas

As batatas também estão sob ameaça climática, com a produção global a ser prejudicada por temperaturas elevadas, secas prolongadas e inundações.

Em 2023, países como a Bélgica, Holanda, França e o Reino Unido foram afetados por chuvas fortes que encharcaram campos de cultivo de batatas, impossibilitando a colheita. A queda histórica na produção fez disparar os preços, nomeadamente na Europa, que registou o valor mais alto em 14 anos.

A North-Western Europe Potato Growers estima que, no ano passado, 650 mil toneladas métricas de batatas não chegaram ao mercado do noroeste europeu. Citada pela Bloomberg, a organização alertou para uma diminuição de 20% na disponibilidade de sementes para 2024.

Noutras regiões do mundo, como na América do Sul, padrões climáticos erráticos e temperaturas sem precedentes também têm afetado o cultivo de batata, comprometendo a segurança alimentar. É o caso da Bolívia, onde uma combinação fatal de seca e geada destruiu colheitas no ano passado.

Cacau

O cacau, ingrediente essencial à produção de chocolate, também está sob ameaça. Em março passado, os preços do cacau atingiram níveis históricos, mais do que triplicando em apenas um ano.

Condições climáticas extremas, aliadas ao El Niño, causaram a queda nos níveis de produção e um aumento dos custos, concluiu um relatório da Energy & Climate Intelligence Unit, grupo ambiental britânico.

“Em última análise, se quisermos evitar que estes extremos se agravem, temos de atingir emissões líquidas nulas”, declarou, à data, Amber Sawyer, analista da organização. “Há limites para as condições em que as culturas podem crescer.”

Café

Cultivado principalmente em regiões tropicais, o café é um dos produtos agrícolas mais sensíveis às alterações climáticas. Temperaturas mais elevadas e chuvas irregulares estão a diminuir as áreas adequadas ao cultivo de café, especialmente da espécie arábica, que representa 70% da produção mundial.

Um estudo publicado na revista científica PLOS ONE estima que até 2050, as áreas propícias ao cultivo de arábica podem ser reduzidas em até 50%. “O seu café está em risco”, disse o autor principal e cientista ambiental Roman Grüter, à Time. “Não diria que poderá deixar de haver café, mas será necessário adaptarmo-nos às novas condições.”

Peixe e marisco

Os impactos das alterações climáticas não se limitam à terra. Os oceanos, hoje mais quentes do que nunca, também têm vindo a ser afetados. A par da subida das temperaturas das águas, a acidificação e a diminuição dos níveis de oxigénio afetam as populações de peixes e mariscos.

Espécies como o bacalhau, o atum e os crustáceos estão a ver os seus habitats e padrões migratórios alterados, o que pode levar à redução das capturas e, consequentemente, à escassez de recursos alimentares.

No seu último relatório, o Painel Intergovernamental sobre as Alterações Climáticas (IPCC) concluiu que o aquecimento dos oceanos no século XX já conduziu a uma “diminuição global do potencial máximo de captura”, agravando os efeitos da sobrepesca em algumas populações de peixe.

Além disso, concluiu que o aquecimento e a acidificação dos mares afetaram negativamente a aquicultura e a pesca de moluscos.

Trigo

O trigo é um dos cereais mais consumidos no mundo, sendo um alimento básico em muitas dietas. No entanto, a produção global de trigo já tem sido afetada por condições climáticas adversas que prejudicam o rendimento das culturas.

Num artigo publicado na Environmental Research Letters, um grupo de cientistas estima que as alterações climáticas vão reduzir a produção global de trigo em 1,9% nas próximas décadas. Os impactos vão fazer-se sentir sobretudo em África e no Sul da Ásia, que já sofrem problemas de insegurança alimentar.

Outro estudo também associa as alterações climáticas ao chamado oídio do trigo, doença fúngica destrutiva. A análise publicada na revista Nature estima que até 2050 a crise climática agrave a doença, ameaçando 13,5 milhões de hectares de terras cultivadas.

Vinho

A crise climática também tem impactado a vinicultura. De acordo com a International Organization of Vine and Wine (OIV), a produção mundial de vinho diminuiu 10% no ano passado, a maior queda em mais em seis décadas.

“Condições climáticas extremas e doenças fúngicas generalizadas afetaram gravemente muitas vinhas em todo o mundo, culminando numa produção mundial de vinho historicamente baixa”, observou a organização num relatório divulgado em abril.

Apesar de reconhecer que a crise climática não é a única responsável pela queda, o diretor da OIV, John Barker, sublinha que “o desafio mais importante que o setor vitivinícola enfrenta são as alterações climáticas”.

Citado pela France 24, Barker deu conta dos problemas enfrentados, nomeadamente “a seca, o calor extremo e os incêndios, bem como as chuvas fortes que provocaram inundações e doenças fúngicas nas principais regiões produtoras de vinho do hemisfério norte e sul”.

Soja

Fundamental para a alimentação humana, mas também para a produção de rações animais e biocombustíveis, a soja também tem sido afetada pela crise climática.

Na Argentina, por exemplo, a seca fez com que o volume de soja esmagada caísse 27% entre janeiro e agosto de 2023, em comparação o período homólogo do ano anterior, para o seu nível mais baixo desde 2015. O país teve de importar uma quantidade recorde da colheita dos países vizinhos Paraguai, Bolívia e Brasil, a fim de manter as suas fábricas de trituração abertas.

Já nos Estados Unidos, estima-se que a produção diminua até 24% em relação às suas tendências normais de crescimento até ao final do século XXI, por causa das alterações climáticas.

 

Fonte: GREEN EFACT