Um estudo da Universidade do Porto analisou 825 crianças portuguesas e conclui que mais de metade (55%) não têm os níveis adequados de iodo, das quais 31% apresentam deficiência daquele micronutriente, cuja carência pode comprometer o desenvolvimento cognitivo.
Os resultados preliminares do primeiro estudo realizado em Portugal sobre os níveis de iodo nas crianças portuguesas revelam que 55% dos analisados não tem os níveis adequados de iodo.
Deste universo, 31% tem níveis de deficiência de iodo, avançou hoje à agência Lusa Conceição Calhau, investigadora do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto.
Das crianças analisadas com idades compreendidas entre os seis e os 12 anos e a frequentar escolas na região do Tâmega, no norte de Portugal, ficou também a saber-se que 24% apresenta excesso de iodo.
Os resultados são preocupantes, afirma a líder da investigação científica, recordando que a falta de iodo na alimentação das crianças pode comprometer o Coeficiente de Inteligência em 15 pontos.
Para resolver o problema da carência de iodo nas crianças portuguesas, a especialista defende a introdução de uma legislação relativa ao sal.
"O sal devia ser iodado com uma quantidade de iodo por quilo de sal que, com baixo consumo de sal, se consiga o aporte necessário de iodo", explica, referindo que essa é uma solução implementada na grande parte dos países mundiais, onde com ingestões baixas de sal se consegue cobrir as necessidades diárias de iodo.
A carência de iodo na dieta alimentar acarreta graves problemas de saúde, podendo comprometer diversas funções do organismo, designadamente a taxa de metabolismo basal e temperatura corporal, que têm um "papel determinante no crescimento e desenvolvimento dos órgãos, especialmente do cérebro", lê-se no documento científico a que a Lusa teve acesso.
A necessidade diária de iodo é entre as 90 a 150 microgramas, em função da idade da criança.
O iodo é um micronutriente que serve para manter equilibrado os processos metabólicos do crescimento e desenvolvimento do cérebro e do sistema nervoso desde a 15.ª semana de gestação do bebé até os três anos de idade, além de regular a produção de energia e consumo de gordura acumulada.
Os alimentos mais ricos em iodo são os de origem marinha, como por exemplo a cavala, mexilhão, bacalhau, salmão, pescada, berbigão ou camarão, mas também existe no leite, ovo ou fígado.
Fonte: SIC Notícias