O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs) poderá causar maior incidência de cancro colorretal antes dos 50 anos. A descoberta é divulgada num estudo realizado no Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, publicado na revista Jama Oncology.
O estudo teve como base 29.105 enfermeiras com menos 50 anos que fizeram pelo menos uma colonoscopia antes dos 50 anos entre 1991 e 2015, fazendo uma correlação entre o seu estado clínico e os seus hábitos alimentares.
Foram tidas em conta variáveis como idade, índice de massa corporal, atividade física, história familiar de cancro colorretal, consumo de fibra, folato, cálcio, ou vitamina D e foram avaliadas potenciais lesões precursoras de cancro.
Os resultados revelaram que mulheres com maior ingestão de AUPs apresentam maior risco de desenvolvimento precoce de um tipo comum de pólipo intestinal conhecido como adenoma convencional (um crescimento anormal de células com potencial para evoluir para cancro).
Durante a análise, foram identificados 1.189 casos de adenomas convencionais e 1.598 lesões serrilhadas, sendo que os ultraprocessados representavam cerca de 34,8 % das calorias diárias no grupo estudado.
O estudo sugere que um elevado consumo de alimentos ultraprocessados pode contribuir para o risco de desenvolvimento precoce de lesões que podem levar a cancro colorretal em mulheres jovens. A análise sugere ainda que os alimentos ultraprocessados podem causar estragos não apenas por via da obesidade, mas influenciam o microbioma intestinal e causam inflamação.
Andrew Chan, autor principal do estudo, justificou que o estudo foi motivado pela necessidade de encontrar causas que justificassem o aumento das taxas de cancro de intestino em pessoas mais jovens.
“A grande maioria destes pólipos não se transforma em cancro de intestino. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que a grande maioria dos cancros de intestino que vemos em jovens surge dessas lesões precursoras”, disse o autor do estudo.
Há que tem em conta, no entanto, que se trata de um estudo observacional, não se podendo por isso estabelecer causalidade direta porque podem existir fatores não mensurados que afetem os resultados, tal como explica Chan.
"O nosso estudo não é de causa e efeito, por isso não podemos afirmar que seja definitivo", apontou o gastroenterologista do Mass General Brigham Cancer Institute, em Boston.
Investigadores alertam: aumento do consumo coloca em risco saúde pública
O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs) em todo o mundo representa um desafio urgente para a saúde, que exige políticas coordenadas e ações de sensibilização, indicam três artigos publicados na revista The Lancet.
A nova série da revista científica sobre Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana, da autoria de 43 especialistas globais, revê as provas de que aqueles alimentos, associados a um risco aumentado de múltiplas doenças crónicas, estão a substituir os frescos e minimamente processados.
As dietas com grande quantidade de AUPs estão associadas a uma alimentação excessiva, a uma baixa qualidade nutricional (excesso de açúcar e gorduras pouco saudáveis, e pouca fibra e proteína) e a uma maior exposição a substâncias químicas e aditivos nocivos, mostram as provas analisadas.
Consumo de fast food afeta a memória
Um estudo norte-americano revela que as células da memória começam a falhar em menos de uma semana de alimentação rica em gordura e alimentos ultraprocessados. A investigação conclui que uma dieta ocidental rica em gordura altera rapidamente o funcionamento de células cerebrais essenciais à memória, embora os danos possam ser revertidos.
Fonte: SIC Notícias
Nas prateleiras dos supermercados, embalagens coloridas prometem conveniência, sabor imediato e preços acessíveis. Mas por detrás dessa sedução industrial esconde-se uma ameaça que a ciência tem vindo a estudar e não permite ignorar. Um estudo internacional publicado na The Lancet, assinado por 43 especialistas de vários países, revela que os alimentos ultraprocessados não são apenas "menos saudáveis” são agentes ativos de doença, com impacto mensurável em praticamente todos os órgãos humanos.
Os números impressionam. Em países como EUA, Reino Unido e Austrália, metade das calorias ingeridas diariamente provém de ultraprocessados. Snacks embalados, refrigerantes, refeições prontas e cereais artificiais tornaram-se rotina, substituindo alimentos frescos e minimamente processados. O estudo identificou mais de 30 associações distintas entre o consumo destes produtos e doenças crónicas: obesidade, diabetes tipo 2, hipertensão, problemas cardiovasculares, depressão e mortalidade precoce.
Mas o alerta vai mais longe. Não se trata apenas de calorias vazias ou excesso de açúcar. Os investigadores descrevem um efeito sistémico: fígado, rins, coração e cérebro mostram sinais de impacto direto. A combinação de aditivos, emulsionantes e processos industriais altera a forma como o corpo metaboliza os alimentos, criando uma espécie de “nova biologia alimentar” que fragiliza o organismo.
Esperar por "provas perfeitas" é repetir erro histórico
A comparação com o tabaco é inevitável. Tal como aconteceu no século XX, as empresas recorrem a marketing agressivo, lobbying político e estratégias de influência para atrasar regulamentações. A The Lancet avisa: esperar por “provas perfeitas” seria repetir o erro histórico de deixar que um produto nocivo se enraizasse ainda mais nas dietas globais.
O estudo não se limita à ciência. Aponta também para a política e para a desigualdade social. Os ultraprocessados são mais consumidos em comunidades vulneráveis, onde o preço e a conveniência pesam mais do que a qualidade nutricional. A crise é, portanto, dupla: sanitária e social.
De acordo com os inquéritos nacionais analisados pelos investigadores da série publicada na The Lancet, a presença destes produtos na dieta das famílias aumentou de forma expressiva nas últimas décadas. Em Espanha, por exemplo, a proporção de energia proveniente de ultraprocessados nas compras alimentares quase triplicou, passando de cerca de 11% para 32%. Na China, o salto foi igualmente significativo, de 4% para 10% em apenas 30 anos. A tendência repete-se na América Latina: no México e no Brasil, a contribuição energética dos ultraprocessados duplicou em 40 anos, evoluindo de 10% para 23%.
A análise mostra ainda que a proporção destes produtos na ingestão energética total varia de acordo com fatores económicos e culturais. Nos países do Sul da Europa com maior rendimento, como Portugal, Itália, Chipre e Grécia, e em algumas economias asiáticas, como Taiwan e Coreia do Sul, os ultraprocessados representam menos de um quarto da dieta. Já em nações como Austrália e Canadá, essa percentagem ultrapassa os 40%, enquanto no Reino Unido e nos EUA chega a superar metade da energia diária consumida.
Desafio não é só individual
Os especialistas pedem medidas urgentes: legislação forte, rotulagem clara com alertas visíveis, promoção ativa de dietas frescas e acessíveis e políticas públicas que enfrentam desigualdades. Para além da transparência informativa, defendem também regras mais apertadas no campo do marketing, sobretudo no que toca à publicidade dirigida a crianças e à difusão em plataformas digitais. Entre as medidas propostas está ainda a exclusão de alimentos ultraprocessados de instituições públicas, como escolas e hospitais, e a definição de limites tanto para a sua comercialização como para o espaço que ocupam nas prateleiras dos supermercados.
O desafio é global e não pode ser resolvido apenas com escolhas individuais. No fundo, o que este estudo revela é uma verdade desconfortável: os ultraprocessados são um motor silencioso da crise de saúde contemporânea. A sua omnipresença nas mesas e prateleiras representa uma ameaça comparável às epidemias de tabaco e álcool do século passado. A diferença é que, desta vez, a ciência chega cedo e clara. Falta saber se a política terá coragem de colocar a saúde antes do lucro.
Fonte: Expresso
Um novo relatório, divulgado durante a COP30, sublinhou a importância de reforçar as sinergias entre florestas e agricultura como chave essencial para transformar os sistemas agroalimentares num cenário de aquecimento global.
O documento, intitulado “Climate and ecosystem service benefits of forests and trees for agriculture”, foi publicado conjuntamente pela FAO, pelo Instituto do Ambiente de Estocolmo, pelo Conservation International e pela The Nature Conservancy.
A análise concluiu que os serviços ambientais prestados por florestas e árvores, frequentemente ignorados, são decisivos para a produtividade agrícola e para a estabilidade climática. Os autores pediram políticas públicas, investimento e uma gestão mais integrada que traduzam evidência científica em ação concreta.
O relatório reuniu investigação internacional que mostrou como as florestas moderam temperaturas, regulam a precipitação e mantêm o ciclo da água. Estes mecanismos sustentam a produção agrícola, estabilizam climas locais e fortalecem a segurança e os meios de subsistência das comunidades rurais. Em contrapartida, a desflorestação fragiliza os sistemas agroalimentares e agrava riscos ambientais.
Impactos imediatos da perda florestal
O relatório destacou ligações diretas entre desflorestação, alterações climáticas e prejuízos agrícolas. No Brasil, a conversão de floresta tropical em área agrícola reduziu a evapotranspiração até 30%, elevando temperaturas e perturbando padrões de chuva.
Os autores sublinham que estudos recentes revelaram ainda que a agricultura em 155 países depende de florestas que atravessam fronteiras nacionais para garantir até 40% da chuva anual.
De acordo com o estudo, as consequências estendem-se à saúde pública, uma vez que o aumento das temperaturas provocado pela desflorestação contribuiu para cerca de 28 mil mortes anuais relacionadas com o calor entre 2001 e 2020. Em zonas desflorestadas, as condições extremas já retiraram até 2,8 milhões de horas de trabalho seguras a trabalhadores ao ar livre.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte: Vida Rural
No Dia Mundial da Oliveira, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) associa-se à celebração de uma das espécies agrícolas mais emblemáticas do território português e do espaço mediterrânico. A oliveira, símbolo de resiliência, biodiversidade e equilíbrio ambiental, representa também um importante pilar socioeconómico para milhares de produtores, contribuindo de forma decisiva para a qualidade e autenticidade do azeite português. Portugal é hoje uma referência mundial na olivicultura, tendo a fileira oleícola um papel estratégico na política agrícola e na economia portuguesas. Com mais de 380 mil hectares de olivais, a produção de azeite aumentou 300% nos últimos 20 anos, sendo a maior parte do azeite produzido extra virgem.
A DGAV reafirma o seu compromisso na proteção e valorização do olival nacional, promovendo políticas e medidas técnicas que assegurem a sanidade vegetal, a sustentabilidade da produção e a segurança alimentar ao longo de toda a cadeia de valor. A prevenção e o controlo de organismos nocivos, como a Xylella fastidiosa, permanecem como prioridades, acompanhadas pelo reforço da vigilância fitossanitária, da cooperação com os produtores e da sensibilização para boas práticas agrícolas.
Neste dia, destacamos igualmente o papel fundamental dos agricultores e técnicos que, com conhecimento e dedicação, contribuem para preservar um património natural e cultural que atravessa gerações. O olival, tradicional ou moderno, continua a ser um elemento estruturante da paisagem rural e do desenvolvimento das regiões onde se insere.
Fonte: DGAV
Cinco anos após estabelecer uma lista prioritária de organismos nocivos às culturas e florestas, o Centro Comum de Investigação(JRC) e a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) realizaram um estudo conjunto para atualizar a classificação das pragas de quarentena prioritária com maior impacto nas culturas, florestas e ecossistemas.
A análise revê 46 pragas, combinando os seus efeitos económicos, sociais e ambientais nuim único indicador para facilitar a tomada de decisões em saúde vegetal.
O estudo confirma a Xylella fastidiosa, uma bactéria transmitida por insetos que ataca oliveiras, citrinos, vinhas e várias plantas ornamentais, como a principal ameaça às culturas, tal como na avaliação de 2019.
Num cenário de disseminação total, a Xylella fastidiosa tem o potencial de causar perdas anuais de produção de 7.1 mM€, afetando a produção da UE e colocando em risco mais de 540 0000 empregos.
Em seguida temos o Listronotus bonariensis, que se tornou uma praga com uim impacto potencialmente significativo. Conhecido como gorgulho-do-caule-argentino, o Listronotus bonariensis é um inseto invasor cujas larvas degradam a qualidade das pastagens. Isso por sua vez, afeta negativamente a produção de gado.
Entre as pragas florestais, a traça-da-seda-siberiana, uma espécie invasora, ocupa o 1ºlugar. As suas larvas alimentam-se das agulhas de coníferas. A infestação pode causar desfolhamento significativo tanto em florestas de coníferas naturais como plantadas.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte: Agrodigital
O oceano, o sistema de suporte de vida da Terra, está a sofrer transformações rápidas e cumulativas sem precedentes, que estão a levar os impactos das alterações climáticas nos ecossistemas marinhos para dimensões imprevisíveis, alerta um estudo publicado hoje.
Aquecimento, alterações de salinidade, perda de oxigénio e acidificação – todos fenómenos resultantes das alterações climáticas -, estão a acontecer em simultâneo e a alterar de maneira clara e sem precedentes os primeiros mil metros de profundidade (a profundidade média do oceano é de cerca de 4.000 metros), indica o estudo publicado no boletim especializado Nature Climate Change, da revista científica Nature.
A investigação – liderada por cientistas do Instituto de Física Atmosférica (IFA) da Academia Chinesa das Ciências, com colaboração de investigadores das instituições francesas Mercator Ocean International (MOI) e Laboratório de Meteorologia Dinâmica (LMD) da Escola Normal Superior – concluiu que “entre 30% e 40% das camadas superiores do oceano já sofreram mudanças significativas em pelo menos duas características críticas, quando comparadas com dados de há 60 anos.
O Atlântico subtropical, o Pacífico norte, o Mar Arábico e o Mediterrâneo são as regiões do oceano global onde as alterações cumulativas nos primeiros mil metros de profundidade são mais intensas, segundo um quadro de referência normalizado criado pelos investigadores para avaliar parâmetros essenciais do oceano.
O autor principal do artigo científico que dá conta das conclusões do estudo, Zhetao Tan, investigador do IFA, considera que “em algumas áreas o oceano regista alterações dramáticas, simultâneas e cumulativas em parâmetros fundamentais como temperatura, salinidade e níveis de oxigénio”.
“As características do oceano estão a modificar-se em múltiplas dimensões em simultâneo e até o oceano profundo, até recentemente considerado muito estável, está a modificar-se mais rapidamente do que pensávamos”, diz o cientista do IFA Lijing Cheng, citado num comunicado da Acadenia Chinesa das Ciências.
Sabrina Speich, investigadora do LMD, sublinha, que as conclusões do estudo “são baseadas em observações e análise diretas de parâmetros físicos, bioquímicos e geoquímicos e tornam clara a necessidade urgente de estabelecer mecanismos permanentes e de alta qualidade de monitorização do estado do oceano, para sustentar a necessária ação climática global”.
As alterações simultâneas e cumulativas de parâmetros críticos do estado do oceano estão, segundo o estudo, a provocar mudanças nos ecossistemas marinhos que põem em causa as comunidades humanas que deles dependem.
“As alterações múltiplas, simultâneas e cumulativas nas características do oceano geram fatores de stresse nas espécies marinhas que resultam, por exemplo, em alterações de padrões e rotas migratórias e no declínio de populações, o que pode comprometer a atividade pesqueira, criar problemas de insegurança alimentar e por em causa a própria existência de comunidades costeiras”, adverte outro dos autores do estudo, o investigador do LMD Laurent Bopp.
Para além dos impactos na biodiversidade e na utilização de recursos do oceano pela humanidade, as alterações identificadas pelo estudo publicado hoje resultam também na diminuição da capacidade do oceano de absorver dióxido de carbono e calor atmosférico, colocando em causa a função essencial do oceano como regulador do clima da Terra.
Fonte: Green Savers
Foi remetido ao Parlamento Europeu e ao Conselho o relatório da Comissão sobre a avaliação da situação relativa ao tratamento de animais da espécie equina com medicamentos e sua exclusão da cadeia alimentar, inclusive no que diz respeito às importações de países terceiros.
O Regulamento (UE) 2019/6 estabelece que os equinos tratados com substâncias proibidas ou não autorizadas devem ser irreversivelmente excluídos da cadeia alimentar. Quando são utilizados medicamentos autorizados, mas sujeitos a intervalos de segurança, o abate do animal só pode ocorrer após um intervalo mínimo de seis meses. A Comissão Europeia identificou riscos persistentes de fraude e desigualdade relativamente às importações provenientes de países terceiros, onde os controlos podem ser menos rigorosos, o que levanta preocupações para a saúde pública, o bem-estar animal e a segurança alimentar.
Para mitigar estes riscos, são propostas medidas como o reforço da rastreabilidade e da identificação dos equinos, a harmonização dos procedimentos aplicáveis às importações e a avaliação contínua dos limites máximos de resíduos (LMR) e das substâncias farmacologicamente ativas. Estas exigências implicam para os médicos veterinários de equinos um maior rigor na documentação dos tratamentos, o cumprimento estrito das regras de exclusão da cadeia alimentar e a necessidade de informar os proprietários sobre as consequências do uso de determinados medicamentos.
Nos próximos passos, a Comissão prevê ajustes legislativos para aumentar a transparência e reduzir as possibilidades de fraude, bem como reforçar a cooperação entre Estados-Membros e países terceiros. Para apoiar a implementação destas medidas, recomenda-se aos veterinários que mantenham registos completos e atualizados de todos os tratamentos realizados, informem os proprietários sobre as implicações legais e alimentares do uso de determinados medicamentos, utilizem apenas medicamentos autorizados respeitando os períodos de segurança indicados, assegurem a correta identificação dos animais e comuniquem as exclusões da cadeia alimentar, além de participarem em formações sobre regulamentação europeia e boas práticas veterinárias.
Com este relatório, a Comissão cumpre sua obrigação legal nos termos do artigo 158.º do Regulamento (UE) 2019/6 relativo aos medicamentos veterinários.
O relatório da Comissão está disponível em todos os idiomas oficiais em eur-lex.europa.eu.
Fonte: DGAV
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, nas últimas semanas, uma operação de âmbito nacional através das suas Unidades Regionais, direcionada a promover medidas de natureza preventiva e repressiva em matéria de infrações contra a qualidade, genuinidade, composição e rotulagem dos géneros alimentícios, com especial enfoque na comercialização de produtos à base de carne e com o objetivo de identificar práticas fraudulentas suscetíveis de induzir o consumidor em erro.
A ação, que incidiu em talhos e em estabelecimentos de retalho com secção de talho, nomeadamente supermercados, hipermercados, minimercados e mercearias, resultou na fiscalização de 152 operadores económicos. Foram detetadas infrações que originaram a instauração de um processo-crime por abate clandestino e de 38 processos de contraordenação, destacando-se como principais infrações a falta de mera comunicação prévia e do livro de reclamações, a distribuição, preparação e venda de carnes e seus produtos com desrespeito das normas higiénicas e técnicas aplicáveis, a falta de cartão de manipulador de carnes e de cumprimento das operações de controlo metrológico, entre outras.
Foram ainda apreendidos mais de 82 kg de géneros alimentícios por falta de requisitos e incumprimento das regras sobre a rastreabilidade e rotulagem da carne, além de 7 instrumentos de pesagem por falta de controlo metrológico.
Fonte: ASAE
A Comissão Europeia (CE) ampliou as zonas de proteção e vigilância nos Estados-membros devido à deteção de mais 96 surtos da doença viral da gripe aviária de alta patogenicidade (GAAP) entre aves migratórias e explorações de criação.
De acordo com a Decisão de Execução 2025/2366, publicada a 24 de novembro de 2025 no Jornal Oficial da União Europeia, desde as últimas medidas adotadas este ano foram notificados surtos na Bulgária, República Checa, Dinamarca, França, Itália, Alemanha, Hungria, Irlanda, Países Baixos, Polónia, Portugal e Suécia.
Os 96 surtos da GAAP foram detetados quer entre aves migratórias, quer entre explorações que criam aves de capoeira e outras aves em cativeiro.
Em Portugal, a Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) anunciou na passada quarta-feira a deteção de mais um foco da doença numa exploração de galinhas reprodutoras situada no Ramalhal, no concelho de Torres Vedras, distrito de Lisboa.
O foco obrigou à implementação de medidas de controlo previstas na legislação em vigor que, segundo a DGAV, passaram pela inspeção aos locais onde a doença foi detetada, eliminação dos animais afetados, limpeza e desinfeção, assim como a restrição da movimentação e a vigilância das explorações que detêm aves nas zonas de restrição num raio de até 10 quilómetros em redor do foco detetado.
Também em nota de imprensa relacionada com este foco de infeção, a Câmara de Torres Vedras lembra que o “risco de transposição do vírus para os humanos é baixo, mas pode acontecer quando há exposição continuada e associada à manipulação de elevado número de animais doentes ou dos resíduos produzidos pela sua acomodação”.
Tendo em conta o “aumento acentuado do número de focos em toda a União Europeia”, a DGAV determinou recentemente o confinamento das aves domésticas em todo o território do continente, bem como a proibição da realização de eventos de exposição e concurso de aves em cativeiro.
O confinamento de aves domésticas abrange 95 zonas de 14 distritos identificadas como de alto risco para a gripe aviária.
Em causa estão os distritos do Porto, Lisboa, Braga, Viana do Castelo, Aveiro, Leiria, Coimbra, Castelo Branco, Santarém, Setúbal, Évora, Beja, Portalegre e Faro.
Já nas zonas de proteção e vigilância é proibida a circulação de aves, o repovoamento de aves de espécies cinegéticas, feiras, mercados e exposições, a circulação de carne fresca e de ovos para incubação e para consumo humano, bem como a circulação de subprodutos animais.
Fonte: Agroportal
Cientistas da Universidade de Jiangnan, na China, utilizaram uma tecnologia de edição genética para aumentar a eficiência da produção de um cogumelo, conseguindo reduzir o seu impacto ambiental até 61%, sem adicionar ADN estranho.
O cogumelo geneticamente modificado tem sabor a "carne" e é mais fácil de digerir do que o seu homólogo natural, conforme o trabalho publicado na revista “Trends in Biotechnology”, da editora Cell Press, e noticiado na quarta-feira pela agência Europa Press.
“Há uma crescente procura por fontes de proteína melhores e mais sustentáveis para a alimentação”, destacou Xiao Liu, autor principal do estudo e investigador da Universidade de Jiangnan.
“Conseguimos tornar um cogumelo não só mais nutritivo, mas também mais ecológico, modificando os seus genes”, acrescentou.
A pecuária é responsável por aproximadamente 14% das emissões globais de gases com efeito de estufa.
Além disso, a pecuária ocupa terras e requer abundantes de água doce, um recurso já ameaçado pelas alterações climáticas e pela atividade humana.
As proteínas microbianas, incluindo as que se encontram nas leveduras e nos fungos, consolidaram-se como uma alternativa mais sustentável à carne.
De entre as opções exploradas até ao momento para a obtenção de micoproteínas, ou fungos ricos em proteína, o fungo Fusarium venenatum destaca-se pela sua textura e sabor naturais, muito semelhantes aos da carne.
A sua utilização como alimento está aprovada em diversos países, como o Reino Unido, a China e os Estados Unidos.
No entanto, o Fusarium venenatum possui paredes celulares espessas que dificultam a digestão dos seus nutrientes pelos humanos.
Além disso, o seu cultivo requer recursos significativos e mesmo a produção de pequenas quantidades de micoproteína exige um grande aporte destes recursos.
Os esporos são cultivados em enormes tanques metálicos cheios de um substrato composto por açúcar e nutrientes como o sulfato de amónio.
Liu e a sua equipa propuseram-se a explorar o potencial de aumentar a digestibilidade e a eficiência de produção do Fusarium venenatum utilizando a tecnologia CRISPR, sem introduzir ADN exógeno nos genes do fungo.
Para atingir este objetivo, eliminaram dois genes associados às enzimas quitina sintase e piruvato descarboxilase.
A deleção da quitina sintase reduziu a espessura da parede celular do fungo, disponibilizando mais proteína intracelular para a digestão, enquanto a deleção do gene da piruvato descarboxilase ajudou a otimizar o metabolismo do fungo, exigindo menos nutrientes para a produção de proteína.
As análises mostraram que a nova estirpe fúngica, denominada FCPD, necessitou de menos 44% de açúcar para produzir a mesma quantidade de proteína em comparação com a estirpe original, e fê-lo 88% mais rápido.
Os investigadores calcularam então a pegada ambiental do FCPD, desde os esporos em laboratório até aos produtos cárneos inativados, à escala industrial.
Simularam a produção de FCPD em seis países com diferentes estruturas energéticas — incluindo a Finlândia, que utiliza principalmente energia renovável, e a China, que depende mais do carvão — e descobriram que o FCPD teve um impacto ambiental menor do que a produção tradicional de Fusarium venenatum, independentemente da localização.
No geral, a produção de FCPD gerou até menos 60% de emissões de gases com efeito de estufa ao longo de todo o seu ciclo de vida.
A equipa também investigou o impacto da produção de FCPD em comparação com os recursos necessários para a produção de proteína animal.
Em comparação com a produção de frango na China, descobriram que a mioproteína FCPD requer menos 70% de terra e reduz o risco de contaminação da água doce em 78%.
Fonte: Agroportal
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