O especialista em gestão da água Afonso do Ó alertou para a necessidade de refrear a procura de água, que não pode crescer infinitamente, e considerou que “mais regadio é andar ao contrário”.
Consultor de águas e alimentação na organização ambientalista WWF Portugal, Afonso do Ó falava à Lusa a propósito do Dia Nacional da Água, que se assinala hoje.
Nas palavras do responsável, “a procura de água não pode crescer infinitamente, sob pena de serem os próprios agricultores os penalizados”.
Salientando que escassez de água não é o mesmo que seca, mas sim a diferença entre a oferta e a procura, Afonso do Ó disse que não há muito a fazer quanto à oferta: Portugal já praticamente não tem onde construir mais barragens e é um dos países do mundo com mais barragens por quilómetro de rio.
Mas acrescentou que é preciso trabalhar na procura, limitando essa procura quando há escassez.
Mas disse também que as alterações climáticas vieram agravar a situação e que por isso era preciso ser-se “mais preventivo”.
O responsável lamentou que a opção tenha sido investir no regadio, que é fortemente subsidiado, e numa agricultura intensiva que é quase toda para exportação.
Afonso do Ó admitiu que o regadio é hoje mais eficiente, mas alertou que tal não impede os problemas de escassez de água, caso se continue a aumentar a área de regadio.
O Governo apresentou este ano uma estratégia para a gestão da água, a que chamou “Água que Une”, mas Afonso do Ó considerou que é no essencial um plano de investimentos “em infraestruturas para regularizar sítios que já não têm muita capacidade para serem regularizados”.
Em Portugal, desde 1983, comemora-se a 01 de outubro o Dia Nacional da Água.
A data marca o início do ano hidrológico, que começa a 01 de outubro e termina a 30 de setembro. Assinala a altura do ano em que as reservas hídricas atingem o mínimo e quando começa o novo período chuvoso.
Saiba mais.
Fonte: Agroportal