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Plásticos | Pode o sector tornar-se mais sustentável?

  • Tuesday, 12 August 2025 11:21

Em 2022, a União Europeia consumiu 62,8 milhões de toneladas de plástico, com uma média de 140 kg por pessoa. 92% deste plástico (quase 58 milhões de toneladas) foi produzido na UE. Os números foram divulgados pela Comissão Europeia que acrescenta que as importações são particularmente significativas no sector têxtil, que representa 32,4% de todos os plásticos importados anualmente na UE.

No mesmo ano, a produção e o consumo de plástico na UE (ciclo de vida completo) geraram o equivalente a mais de 252 milhões de toneladas de emissões de carbono, sendo os processos de fabrico, por si só, responsáveis por 58% dos impactos climáticos. Para pôr isto em perspetiva: se a produção e o consumo de plástico da UE fossem um país, seria o quinto maior emissor da UE.

Estudos da OCDE indicam que o consumo de plástico deve duplicar até 2060. Face a isto a CE considera que são necessárias ações políticas e industriais para reduzir os impactos ambientais negativos dos plásticos, nomeadamente dos resíduos de plástico.

A UE produziu 42,5 milhões de toneladas de resíduos de plástico em 2022. Cerca de 80 % destes resíduos foram incinerados ou depositados em aterros. Apesar de a capacidade de reciclagem da UE ter quintuplicado desde 1996, apenas cerca de 20 % dos resíduos de plástico são reciclados.

Só o sector das embalagens é responsável por quase metade do total de resíduos produzidos. No entanto, graças a sistemas de recolha bem estabelecidos, quase 35% destes resíduos são enviados para reciclagem. Trata-se de uma taxa relativamente boa: outros tipos de resíduos que são recolhidos como fração mista e que não são devidamente separados são geralmente incinerados ou depositados em aterros. É o caso, por exemplo, dos resíduos têxteis, dos quais apenas 1,5% são enviados para reciclagem.

No total, perderam-se no ambiente 3,7 milhões de toneladas de plásticos (quase 6% do consumo de plásticos na UE). Quase 45% destas perdas ocorreram durante a fase de consumo, especialmente devido à deposição de lixo nas embalagens, ao desgaste dos pneus ou à lavagem dos têxteis. 38% destas perdas devem-se à má gestão dos resíduos de plástico ou a perdas durante a incineração e a deposição em aterro de resíduos de plástico. A maior parte do plástico perdido no ambiente vai para o solo, mas também para a água (0,7 milhões de toneladas).

Um novo relatório do Centro Comum de Investigação da Comissão Europeia oferece uma visão global dos fluxos de plásticos na UE e do seu impacto ambiental em vários sectores. O estudo identifica também possíveis áreas de intervenção para tornar a cadeia de valor dos plásticos mais sustentável.

De acordo com o relatório do CCI, entre 2018 e 2022, registou-se um declínio na produção de plásticos na UE devido a fatores como as flutuações do preço do petróleo ou as sobrecapacidades de produção a nível mundial. No futuro, acelerar a mudança para a produção a partir de outras fontes que não o fóssil virgem, incluindo resíduos de plástico e biomassa, seria uma forma muito eficaz de promover a reciclagem e reduzir os impactos ambientais, incluindo as emissões de carbono.

Os plásticos de base biológica são ainda utilizados em volumes muito reduzidos, mas estão a tornar-se mais comuns nas embalagens, que é o maior sector de utilização de plásticos. A adoção destes materiais mais amigos do ambiente ajudará a reduzir as emissões associadas à produção de plásticos de origem fóssil.

O estudo aponta que uma melhor recolha e triagem dos resíduos de plástico reduziria as perdas de plástico para o ambiente, melhoraria a reciclagem e, em última análise, promoveria uma cadeia de valor mais circular. O estudo sublinha ainda que a combinação da reciclagem mecânica e química pode revelar-se fundamental. A reciclagem química, que atualmente representa uma parte negligenciável do sector, pode de facto permitir a gestão de materiais que não poderiam ser reciclados por outros métodos.

Consulte aqui o relatório do CCI.

Fonte: Grande Consumo