A aprovação de espécies de insetos para consumo humano na União Europeia acendeu um debate que, embora possa causar alguma estranheza a muitos, é cada vez mais urgente: afinal, devemos mesmo comer insetos? Esta questão pode ser vista sob múltiplas lentes. Da saúde à segurança alimentar, os argumentos, embora distintos, convergem para uma realidade inevitável: os insetos vieram para ficar.
Com níveis de proteína entre 20% e 75% do peso seco, os insetos são uma fonte nutricional altamente promissora, com muitas espécies superando mesmo os tradicionais produtos de origem animal. Além disso, fornecem aminoácidos essenciais, gorduras saudáveis (como ómega-3 e ómega-6), vitaminas (especialmente a B12) e minerais como ferro, zinco e magnésio, todos eles cruciais para a função imunitária, saúde cardiovascular e desempenho metabólico. Mais do que isso, há evidências de que o consumo de insetos pode melhorar a saúde intestinal, ajudar a regular o açúcar no sangue e até reduzir inflamações.
Esta mudança de paradigma alimentar não é apenas uma hipótese teórica ou uma inovação de nicho. A própria Organização das Nações Unidas tem destacado o papel crescente dos insetos na alimentação global e incentivado a ampliação da oferta destes produtos nos supermercados.
Mitigar estes riscos implica aplicar boas práticas agrícolas, garantir rações seguras, processamentos adequados (como secagem ou esterilização), rotulagem clara e rastreabilidade em toda a cadeia de produção. Ainda assim, persiste a necessidade de maior harmonização internacional, para facilitar o comércio transfronteiriço e garantir padrões uniformes de segurança.