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Portugal pode perder 5,4 mil milhões de euros por atrasos no desenvolvimento das infraestruturas hídricas

  • Friday, 19 September 2025 16:20

A Federação Nacional de Regantes de Portugal (FENAREG) alertou, durante o debate “Investimento em Regadio: o que há de novo?”, que decorreu na AGROGLOBAL, que Portugal poderá perder 5,4 mil milhões de euros em valor económico se adiar por 10 anos a expansão de 120 mil hectares de regadio prevista na Estratégia “Água que Une”.

De acordo com a FENAREG, este montante corresponde ao investimento total programado até 2030, conforme estipulado no documento. A Estratégia inclui 300 medidas, destacando-se a reabilitação de infraestruturas, a construção de novas barragens, interligações e a modernização dos sistemas de rega. No entanto, não abrange cerca de 60 medidas essenciais para o regadio, das quais 49 têm um custo superior a 477 milhões de euros.

A Federação Nacional de Regantes de Portugal sublinha ainda que a maioria destes projetos está pronta para avançar, com estudos realizados e financiados pelo PDR2020, mas ainda não tem previsão de execução e não foi incluída no documento disponibilizado para consulta.

Segundo José Núncio, Presidente da FENAREG, nas suas intervenções ao longo do debate, a estratégia “Água que Une” é essencial para garantir a segurança hídrica, a competitividade agrícola e a coesão territorial do país, defendendo que a questão central não deve ser “quanto custa fazer, mas quanto custa não fazer”.

Neste contexto, o responsável alertou para que: “cada ano de atraso representa perdas significativas para a economia e para o futuro da agricultura portuguesa, que poderão colocar em risco 5,4 mil milhões de euros, um valor semelhante ao que a Estratégia prevê de investimento até 2030 para assegurar a gestão sustentável e integrada dos recursos hídricos em Portugal, de modo a garantir a segurança hídrica e a resiliência face às alterações climáticas, como a seca e as cheias”.

O presidente da Federação deixou ainda um apelo para o reforço imediato do PEPAC, que, na área do regadio, tem apenas 150 milhões de euros alocados, dos quais 65 milhões já estão comprometidos com projetos provenientes do PDR2020. Além disso, defendeu a execução imediata das obras, com uma definição clara das fontes de financiamento.

José Núncio destacou também a necessidade de considerar a mobilização do Fundo Ambiental, combinando-o com os fundos do BEI, do BCE e parcerias privadas, adotando uma abordagem holística que assegure o total investimento necessário, uma proposta que a Federação tem defendido há vários anos.

O Presidente da FENAREG enfatizou ainda a necessidade urgente de criar uma estrutura autónoma dedicada à implementação da estratégia “Água que Une”, com um calendário definido e metas claras, a fim de evitar dispersões, atrasos e ineficácia na execução.

Para José Núncio, estamos a viver um “momento decisivo”, tanto em Portugal como na Europa e as alterações climáticas e as crises geopolíticas e militares à escala mundial tornam-no ainda mais pertinente no contexto do regadio. Isto porque “sem água não há agricultura. Por isso, investir em regadio é investir na resiliência económica, ambiental e social do país”.

“O futuro da agricultura portuguesa e a resiliência económica nacional dependem da capacidade de transformarmos a água em competitividade, emprego e segurança alimentar. Também por isso, a urgência de passarmos à execução da estratégia, até porque o futuro da PAC é incerto. Cada ano de atraso representa perdas irreparáveis para a agricultura e para a economia nacional”, enfatizou o responsável.

Fonte: Vida Rural