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Caranguejos-violinistas são capazes de decompor partículas de microplástico

  • Friday, 26 December 2025 14:22

Os caranguejos-violinistas da espécie Minuca vocator aspiram partículas microscópicas de plástico nos sedimentos das florestas de mangue e dos pântanos salgados onde vivem e conseguem decompô-las.

A descoberta foi feita por um grupo de cientistas da Colômbia e do Reino Unido que estudou uma população colombiana desses caranguejos. Num artigo publicado na revista ‘Global Change Biology’ explicam que esses crustáceos mobilizam grandes quantidades de sedimentos quando se alimentam ou constroem os seus abrigos.

Graças a sistemas digestivos especializados, que contêm bactérias que degradam plástico, são capazes de decompor microplásticos em meros dias, muito mais rapidamente do que se essas partículas estivessem expostas à radiação solar ou à ação erosiva das ondas.

Contudo, apesar do serviço que prestam ao livrarem os ecossistemas de microplásticos, os investigadores dizem que os caranguejos podem sofrer consequências negativas. Ao decomporem os microplásticos, nanopartículas podem alojar-se nos tecidos dos seus corpos e, dessa forma, acabar por espalhar-se pela cadeia alimentar quando são consumidos por espécies predadoras.

“Sabemos que os caranguejos-violinistas consomem uma grande gama de alimentos e que ingerem plástico em contexto de laboratório. Mas até agora não sabíamos se eles evitavam o plástico em ambientes naturais ou se se adaptavam à sua presença”, refere, em comunicado, Tamara Galloway, coautora do artigo.

A investigação foi realizada nas florestas de mangue altamente poluídas de Turbo, na costa norte da Colômbia, onde anos de expansão urbana e agrícola degradaram o ecossistema, fazendo desse local um dos mais contaminados com plástico do mundo. No entanto, é também casa de populações de caranguejos-violinistas que prosperam, apesar das adversidades, o que levou os cientistas a quererem saber o que faz com que esses animais consigam tolerar níveis tão altos de plástico.

“Estes resultados enfatizam o facto de que as criaturas vivas não são apenas componentes passivas do ecossistema marinho, mas podem encontrar formas de lidar com pressões antropogénicas crónicas de acordo com as suas histórias evolutivas”, afirma Daniela Díaz, segunda autora do estudo.

Para a investigadora, o que este trabalho desvendou poderá “levar a um melhor entendimento sobre como os animais se adaptam à poluição” e sobre as dinâmicas do plástico no ambiente.

Fonte: GreenSavers