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Peixe branco sustentável representa mais de 75% da captura mundial

  • Tuesday, 11 November 2025 10:19

Portugal mantém a liderança europeia no consumo de pescado, com 14.500 toneladas certificadas MSC comercializadas em 2024-2025.

A indústria global do pescado atingiu um marco significativo na transição para modelos de exploração sustentável. De acordo com o Relatório Anual de Peixe Branco Sustentável 2025, publicado pelo Marine Stewardship Council (MSC), mais de 75% da captura mundial de peixe branco provém de pescarias certificadas como sustentáveis.

O resultado reflete duas décadas de trabalho contínuo de adaptação e melhoria das práticas de pesca, num movimento que consolidou o peixe branco como um símbolo de responsabilidade ambiental e competitividade económica no setor alimentar mundial.

O relatório destaca as pescarias de escamudo-do-Alasca e pescada da África do Sul, que celebram 20 anos de certificação MSC, bem como o granadeiro-de-cauda-azul da Nova Zelândia, que se aproxima dos 25 anos. Paralelamente, novas certificações reforçam o alcance global do programa, como o peixe-relógio da Austrália, que obteve o selo após mais de uma década de recuperação da pescaria através de uma abordagem multistakeholder.

Atualmente mais de 60 espécies de peixe branco ostentam o Selo Azul do MSC, abrangendo desde o bacalhau e escamudo a espécies emergentes como o lucioperca e o peixe-carvão-do-Pacífico. A categoria representa quase metade do pescado certificado globalmente, com aplicações que vão de produtos congelados e refrigerados a refeições prontas, surimi e restauração certificada.

“O peixe branco é uma das histórias de sucesso mais robustas da sustentabilidade nos produtos do mar”, sublinha Nicolas Guichoux, chief program officer do MSC, que acrescenta que “estas pescarias demonstram que a gestão responsável não é apenas uma obrigação ambiental, mas também um incentivo económico claro”.

Portugal: consumo elevado e mercado em diversificação

Portugal mantém-se como líder europeu no consumo de pescado, com 56,5 kg per capita, sendo o peixe branco uma componente essencial da dieta nacional.

Entre abril de 2024 e março de 2025, foram comercializadas 14.500 toneladas de peixe branco certificado MSC, distribuídas por 55 marcas. O segmento de produtos congelados representa 90% do volume, seguido por produtos para animais de companhia, uma categoria em crescimento, e por peixe salgado seco e surimi.

Esta evolução reflete não só a diversificação da oferta mas também o reforço do valor da certificação como ferramenta de diferenciação no retalho e na indústria transformadora. No entanto o relatório destaca que a oferta sustentável ainda precisa de acompanhar o ritmo da procura, impulsionada por consumidores mais informados e exigentes quanto à origem e impacto ambiental dos alimentos.

Um selo que cria valor ao longo da cadeia

Criado como um mecanismo de mercado para promover práticas sustentáveis de pesca, o programa MSC tem vindo a gerar impactos mensuráveis não apenas nos ecossistemas marinhos mas também nas cadeias de abastecimento e nas comunidades piscatórias.

O Relatório de 2025 mostra como retalhistas e marcas utilizam o Selo Azul para reforçar a confiança e transparência junto do consumidor, enquanto posicionam os seus produtos como parte de um modelo de economia azul cada vez mais relevante. Pela primeira vez, o relatório inclui uma listagem das principais marcas de peixe branco certificadas por país, reforçando o papel da rastreabilidade e da diferenciação de mercado.

“Ao colaborarmos com algumas das pescarias mais bem geridas do mundo, estamos a construir uma cadeia de abastecimento mais resiliente e responsável, preparada para responder aos desafios atuais e futuros”, conclui Nicolas Guichoux.

Fonte: iAlimentar