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Consumo elevado de ultraprocessados associado a maior risco de lesões precursoras de cancro

  • Wednesday, 26 November 2025 14:40

O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs) poderá causar maior incidência de cancro colorretal antes dos 50 anos. A descoberta é divulgada num estudo realizado no Hospital Geral de Massachusetts, nos EUA, publicado na revista Jama Oncology.

O estudo teve como base 29.105 enfermeiras com menos 50 anos que fizeram pelo menos uma colonoscopia antes dos 50 anos entre 1991 e 2015, fazendo uma correlação entre o seu estado clínico e os seus hábitos alimentares.

Foram tidas em conta variáveis como idade, índice de massa corporal, atividade física, história familiar de cancro colorretal, consumo de fibra, folato, cálcio, ou vitamina D e foram avaliadas potenciais lesões precursoras de cancro.

Os resultados revelaram que mulheres com maior ingestão de AUPs apresentam maior risco de desenvolvimento precoce de um tipo comum de pólipo intestinal conhecido como adenoma convencional (um crescimento anormal de células com potencial para evoluir para cancro).

Durante a análise, foram identificados 1.189 casos de adenomas convencionais e 1.598 lesões serrilhadas, sendo que os ultraprocessados representavam cerca de 34,8 % das calorias diárias no grupo estudado.

O estudo sugere que um elevado consumo de alimentos ultraprocessados pode contribuir para o risco de desenvolvimento precoce de lesões que podem levar a cancro colorretal em mulheres jovens. A análise sugere ainda que os alimentos ultraprocessados podem causar estragos não apenas por via da obesidade, mas influenciam o microbioma intestinal e causam inflamação.

Andrew Chan, autor principal do estudo, justificou que o estudo foi motivado pela necessidade de encontrar causas que justificassem o aumento das taxas de cancro de intestino em pessoas mais jovens.

“A grande maioria destes pólipos não se transforma em cancro de intestino. Mas, ao mesmo tempo, sabemos que a grande maioria dos cancros de intestino que vemos em jovens surge dessas lesões precursoras”, disse o autor do estudo.

Há que tem em conta, no entanto, que se trata de um estudo observacional, não se podendo por isso estabelecer causalidade direta porque podem existir fatores não mensurados que afetem os resultados, tal como explica Chan.

"O nosso estudo não é de causa e efeito, por isso não podemos afirmar que seja definitivo", apontou o gastroenterologista do Mass General Brigham Cancer Institute, em Boston.

Investigadores alertam: aumento do consumo coloca em risco saúde pública

O aumento do consumo de alimentos ultraprocessados (AUPs) em todo o mundo representa um desafio urgente para a saúde, que exige políticas coordenadas e ações de sensibilização, indicam três artigos publicados na revista The Lancet.

A nova série da revista científica sobre Alimentos Ultraprocessados e Saúde Humana, da autoria de 43 especialistas globais, revê as provas de que aqueles alimentos, associados a um risco aumentado de múltiplas doenças crónicas, estão a substituir os frescos e minimamente processados.

As dietas com grande quantidade de AUPs estão associadas a uma alimentação excessiva, a uma baixa qualidade nutricional (excesso de açúcar e gorduras pouco saudáveis, e pouca fibra e proteína) e a uma maior exposição a substâncias químicas e aditivos nocivos, mostram as provas analisadas.

Consumo de fast food afeta a memória

Um estudo norte-americano revela que as células da memória começam a falhar em menos de uma semana de alimentação rica em gordura e alimentos ultraprocessados. A investigação conclui que uma dieta ocidental rica em gordura altera rapidamente o funcionamento de células cerebrais essenciais à memória, embora os danos possam ser revertidos.

Fonte: SIC Notícias