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A DGAV divulgou o Plano de contingência para o controlo de Tecia solanivora. Esta praga de quarentena é uma das pragas mais destrutivas, que tanto ataca a batata em cultura como batata armazenada, causando graves estragos nos tubérculos, inviabilizando a cultura da batata. Foram já registados focos deste inseto nas regiões da Galiza e Astúrias, conforme informação já divulgada anteriormente pela DGAV.

Fonte: DGAV

A alimentação é uma necessidade fundamental do Homem. Os consumidores esperam que os alimentos que compram e consomem sejam apetecíveis, nutritivos e, ao mesmo tempo, seguros. Este último aspeto significa que os alimentos consumidos não podem colocar a saúde do consumidor em perigo. Mas, como diz o velho provérbio chinês, “quem não tem alimento, tem um problema, quem tem alimentos, tem vários problemas”. De facto, as toxinfeções alimentares (doenças causadas pela ingestão de alimentos contaminados por microrganismos patogénicos) são um problema grave. De acordo com as estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS), 23 mil pessoas adoecem e cinco mil morrem, anualmente, na Europa, na sequência da ingestão de alimentos contaminados.

Os consumidores estão, hoje, mais conscientes das questões de segurança alimentar do que nunca, mas, curiosamente, uma grande parte das toxinfeções alimentares está associada à preparação e ao consumo de alimentos nas nossas casas. A exposição dos alimentos a temperaturas de aquecimento ou de refrigeração inadequados e, ainda, algumas práticas de higiene incorretas, são as violações de segurança alimentar identificadas com maior frequência. Acredita-se, portanto, que se poderia evitar a maioria das doenças transmitidas por alimentos se estes fossem manuseados com segurança do “prado ao prato” – e o consumidor pode, a este nível, ter um papel determinante!

A comunicação de risco, uma das etapas que compõem a análise de risco – base da política de segurança dos alimentos – visa “dotar os consumidores e o público em geral da informação necessária para fazerem uma escolha consciente e sustentada”. Várias iniciativas têm sido levadas a cabo em todo o mundo com o objetivo de reduzir o impacto das doenças transmitidas por alimentos, informando, inclusive, os consumidores sobre práticas de segurança alimentar em casa. Mas, estarão estas estratégias de comunicação de risco a ser eficazes? Estarão a ser comunicados os riscos mais significativos e as melhores formas de os controlar? As campanhas de comunicação de risco estarão a chegar às populações-alvo? Estarão a ser utilizados os canais de comunicação mais eficazes? Os consumidores entenderão as mensagens? Os consumidores confiarão nas fontes de informação? Estarão identificadas as barreiras à comunicação eficaz com cada grupo-alvo? Terão as práticas e comportamentos de segurança alimentar melhorado muito?

A verdade é que – por exemplo – apesar de várias campanhas aconselharem os consumidores a não lavar o frango para evitar a propagação de Campylobacter, esta prática é, ainda, uma rotina nas cozinhas das pessoas. Simultaneamente, ainda que vários sites e outras fontes de informação alertem para o risco de contração de listeriose nas mulheres grávidas e as suas respetivas consequências, muitas mulheres continuam a consumir alimentos de alto risco durante a gravidez. Destaque-se, ainda, o caso dos lanches das crianças, que, frequentemente, incluem alimentos perecíveis – como é o caso, por exemplo, do fiambre –, armazenados à temperatura ambiente por longos períodos de tempo. É preciso esclarecer: quantos frigoríficos domésticos funcionam à temperatura recomendada? Quantos consumidores sabem qual é esta temperatura? E quantos a verificam?

Cabe à comunidade científica, às autoridades e ao mercado encontrar as melhores estratégias para ajudar os consumidores a mitigar os riscos alimentares. Mais do que aumentar o conhecimento e a perceção de risco, será necessário influenciar o comportamento de risco das pessoas. É este o propósito da equipa multidisciplinar do projeto SafeConsume - Safer food through changed consumer behavior: Effective tools and products, communication strategies, education and a food safety policy reducing health burden from foodborne illnesses.

Fonte: Público

O trocadilho é inevitável e está em muitos dos artigos que se têm escrito sobre o tema. Depois de no ano passado, Berlim ter sido invadido por lagostins vermelhos do pântano, nome científico Procambarus clarkii, levando as autoridades e cidadãos ao desespero, este ano quando a praga recomeçou, tomaram-se medidas mais proativas. O melhor será aproveitar os lagostins para comer e inseri-los nas cartas dos principais restaurantes da capital alemã, os de luxo incluídos.

Em maio deste ano, a revista de viagens”Lonely Planet” era a primeira a alertar para a inédita situação: escrevia que, no ano passado, quando as ruas e jardins de Berlim foram invadidos por lagostins, levou ao desespero moradores que nem os podiam caçar, devido a leis de caça furtiva. Já este ano, quando se percebeu que a situação se iria repetir, fez-se uma adenda na legislação para permitir a sua captura e utilização, como alimento e repasto gastronómico.

A adenda é temporária, só este ano e até se controlar a praga e só para restaurantes, não para o cidadão comum. A adesão foi imediata e diversos estabelecimentos criaram cartas inteiras à volta dos lagostins, que ainda por cima parecem ser saborosos.

A história do início da praga é ainda mais insólita, com a revista a adiantar que esta espécie é originária do sul dos EUA — são parentes diretos do Lousiana Crayfish, que faz maravilhas pelos restaurantes desta região dos Estados Unidos e é um dos seus ex-libris, bem como do norte do México.

As autoridades acreditam que o número crescente de animais terá sido por pessoas os terem em aquários, o que parece que chegou a ser uma moda, e depois os libertarem nos lagos da cidade, onde se multiplicaram de forma incontrolável.

Com invernos moderados e verões chuvosos, foram-se espalhando e de repente andavam, literalmente, pelas ruas de Berlim. A espécie é considerada como invasora pela Comissão Europeia, com muitos especialistas a darem-lhe o nome menos bem simpático de “praga”.

A ideia que tudo mudou

Esta segunda-feira, 11 de junho, o jornal norte-americano “Washington Post” dedicou um extenso artigo ao tema e ao responsável berlinense que, pelos vistos, tudo mudou. O jornal conta que no ano passado, as autoridades da cidade capturaram e destruíram mais de quatro mil lagostins do Louisiana e introduziram enguias como predador natural, mas ainda assim não os conseguiram controlar.

Quanto os lagostins começaram a aparecer no centro da cidade, em alguns casos lançaram o pânico, com moradores a ligar para os serviços de emergência com relatos de “escorpiões” ou camarões gigantes.

Foi quando um responsável municipal, Derk Ehlert, decidiu começar a investigar se os lagostins seriam adequados para consumo, se não teriam substâncias nocivas ou metais pesados. Como a resposta foi negativa, fez-se a alteração legislativa. Hoje, há restaurantes a fazer muito dinheiro à conta da praga, e até pescadores com carreiras recuperadas.

“Capturar lagostins a cerca de 500 metros do Portão de Brandemburgo é sensacional”, comentou um pescador de 63 anos, ao “Washington Post”.

Fonte: NIT

Na tradição gastronómica portuguesa o peixe assume um papel de destaque e de extrema importância. Em termos nutricionais, o pescado é rico em proteínas de alto valor biológico e fonte de lípidos (ou gorduras), mais especificamente ácidos gordos essenciais ómega-3.

Fornece ainda quantidades consideráveis de vitaminas, como as vitaminas A e D, e minerais como o potássio, fósforo, iodo e selénio. Estudos realizados nos últimos 30 anos, associam o consumo de peixe a um melhor funcionamento do sistema cardiovascular e à proteção contra doenças cardíacas e vasculares.

Segundo a pirâmide da dieta mediterrânica, o pescado encontra-se no patamar dos alimentos que devem ser consumidos semanalmente. Este guia alimentar sugere o consumo de duas ou mais porções de peixe/pescado por semana.

No entanto, a presença de possíveis contaminantes no pescado preocupa os consumidores. Os contaminantes que oferecem uma maior preocupação são o metilmercúrio, as dioxinas e os bifenilpoliclorados (PCB’s). O mercúrio em particular surge no ambiente como resultado de processos de origem natural (p.ex: emissões vulcânicas) ou da atividade humana (p.ex: pesticidas, termómetros, baterias, etc.).

Efeitos positivos superam os riscos?

De acordo com o comité científico da EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) e tendo em conta as revisões sobre o tema, os efeitos positivos do consumo de pescado (nomeadamente a prevenção de doenças cardiovasculares nos adultos e o papel essencial no desenvolvimento neurológico do feto e das crianças) superam os potenciais riscos.

Os peixes mais ricos em mercúrio, tais como o tubarão, o bagre, o pintado, a anchova vermelha e o peixe-batata não são habitualmente consumidos pela população portuguesa. Podemos assim dizer que, pelos dados que dispomos atualmente, os benefícios da ingestão de peixe são superiores aos possíveis riscos.

No entanto a EFSA (Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar) recomenda que o grupo considerado mais vulnerável (grávidas, mulheres a amamentar e crianças) escolha o peixe de uma ampla gama de espécies, variando o tipo de peixe escolhido e sem dar preferência ao consumo de peixe de grande dimensão.

Devemos assim consumir de preferência, peixe de porte médio, de origem nacional e de zonas não profundas, como o carapau, sardinha, besugo e a pescada. Isto porque os peixes de águas quentes e que habitam em zonas mais profundas tendem a conter concentrações mais elevadas de mercúrio e outros contaminantes.

As Nações Unidas lembram que cerca de 80% da poluição existente nos oceanos provém da poluição humana. O lixo plástico é um desses exemplos, e quando não é tratado corretamente, acaba por chegar ao oceano, o que provoca consequências ecológicas irreversíveis nas espécies marinhas. Este lixo degrada-se ao longo do tempo e contamina os vários níveis das cadeias alimentares com micropartículas.

De acordo com previsões de organizações ambientalistas para 2050, o nosso mundo poderá nessa altura, na ausência de medidas concretas, ter mais plástico do que peixes nos oceanos.

Proteger o oceano não é apenas um trabalho político, todos devemos agir. Utilizar um saco reutilizável para as suas compras, deixar de utilizar palhinhas de plástico, consumir pescado sazonal, local e sustentável, são exemplos de ações que podem ajudar a fazer a diferença.

Uma opção mais limpa

Numa alimentação diária convencional, a presença de compostos tóxicos nos alimentos em geral é de facto um motivo de preocupação. Por isso, na última década, o consumo de alimentos biológicos tem aumentado de modo constante. Existe atualmente uma maior consciência do impacto que esta produção tem, ao nível da saúde e ao nível ambiental.

A produção biológica respeita a biodiversidade dos ecossistemas e fornece uma opção mais limpa, que contribui para a proteção do ambiente e para o seu bem-estar.

Fonte: Sapo LifeStyle

A Food Standards Agency (FSA) está a investigar as alegações de que alguns produtos classificados como vegan ou vegetarianos, em supermercados do Reino Undo, contém vestígios de carne.

O Daily Telegraph avança que testes laboratoriais detetaram vestígios de carne de porco em almôndegas "sem carne" do supermercado Sainsbury’s. Foram ainda detetados vestígios de carne de peru numa refeição de massa vegan do supermercado Tesco.

Através de comunicado, a FSA indica:

«A nossa prioridade é assegurar aos consumidores que podem estar confiantes de que a comida que ingerem é segura e é aquilo que é anunciado», afirmou a agência adiantando, depois, a abertura de um inquérito ao caso.

Fonte: A Bola

Com a chegada dos Santos Populares chega também a época das sardinhas.

Os meses de junho, julho e agosto são meses de sardinha. No entanto, é nos meses de setembro e outubro que a sardinha apresenta maior teor em gordura, que vem a acumular durante o seu crescimento. É portanto, nesta altura do ano que a sardinha apresenta os maiores teores em ácidos gordos ómega 3.

Do ponto de vista nutricional, a sardinha é uma fonte alimentar de ácidos gordos do tipo ómega 3 ou seja de ácido eicosapentenóico (EPA) e de ácido docosahexanóico (DHA) “os quais contribuem para o normal funcionamento do coração, dentro de um estilo de vida saudável e uma dieta variada e equilibrada”. Mas não fica por aqui, no caso da sardinha, esta apresenta uma enorme riqueza em cálcio, em particular quando consumida em conserva com espinhas.

Em relação à vitamina D, facilmente o consumo de 2 a 3 sardinhas de tamanho médio supera o valor diário recomendado.

Os pescadores portugueses têm conseguido, com muito esforço, manter esta pesca sustentável, sendo apenas possível pescar em algumas épocas do ano. Felizmente, a nossa indústria conserveira produz sardinha enlatada de qualidade mundial que pode ser consumida todo o ano. Assim, e enquanto espera por estes próximos meses, pode recorrer à nossa sardinha enlatada, em pratos, sandes, pastas ou outros aperitivos de grande qualidade nutricional. A sardinha, mesmo enlatada, é um alimento de qualidade excecional para toda a família.

100G DE SARDINHA EM LATA:

Fornece aprox. 25 g de proteína de boa qualidade, essencial ao crescimento muscular, regeneração de tecidos, produção de anticorpos e defesa das células, constituição de enzimas essenciais ao funcionamento e regulação dos tecidos e órgãos.

Contém cerca de 5 g de ácidos gordos polinsaturados, nomeadamente os de cadeias mais longas do tipo ómega 3 que são parte integrante das membranas celulares e participam na produção de hormonas que regulam a coagulação sanguínea, a contração e relaxamento das paredes das artérias e desempenham um papel importante nos processos inflamatórios. Estes são motivos que levam a pensar que podem ter um papel importante na prevenção da doença cardiovascular.

As espinhas da sardinha em lata são uma importante fonte de cálcio. 100g de sardinha em lata podem fornecer até 38% da dose diária recomendada de cálcio para um adulto.

As sardinhas são uma importante fonte de outros minerais e vitaminas. Por cada 100g fornecem quantidades elevadas de vit. D (68% da Dose Diária Recomendada), vit. B12 (149% da Dose Diária Recomendada) e ainda Ferro, Magnésio, Fósforo, Potássio, Selénio…em quantidades apreciáveis.

Por fim, dizer que a sardinha, não sendo uma espécie predadora e apresentando baixo peso, tem um baixo risco de contaminação de metais pesados como o mercúrio ou o cádmio.

Enquanto espera pacientemente pela primeira sardinha grelhada, não hesite em beneficiar deste produto da nossa gastronomia ao longo de todo o ano. Confira e compare os teores de sal e escolha as menos salgadas. Se quiser reduzir o teor energético, já existe sardinha enlatada em água ou em tomate. E se preferir beneficiar das vantagens nutricionais do azeite, também existe sardinha em azeite mas com moderação. E muito mais por onde escolher.

Fonte: Nutrimento

É proibida a introdução na União Europeia (UE) a partir de países fora da UE de carne e seus produtos para consumo próprio, uma vez que estes produtos podem ser veículo de doenças animais com impacto devastador, como é o caso da Peste Suína Africana, doença esta que afeta todas as espécies suínas e cuja ocorrência nesta data em determinados países fora da UE vem reforçar a indispensável colaboração de todos os intervenientes, incluindo dos viajantes, no sentido da prevenção da entrada desta doença a partir desses países fora da UE.

Se trouxer na sua bagagem carne e seus produtos saiba que:

Pode entregá-los à Alfândega, para serem destruídos, sem ser sujeito a qualquer penalização.

Caso assim não proceda e os produtos sejam detetados pela Alfândega, para além dos produtos serem apreendidos e destruídos, será objeto de uma coima ou processo jurídico.

Meios de informação ao seu dispor

Todas as entidades intervenientes, oficiais e outras, para além da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária, poderão prestar-lhe a informação necessária, nomeadamente a Autoridade Tributária e Aduaneira, as agências de viagem, as transportadoras aéreas de pessoas e mercadorias, as empresas de handling nos aeroportos e os serviços postais.

Exemplos dos meios de informação disponíveis:

Poster

Prospeto

Nota: Igualmente se viajar de países da UE afetados pela Peste Suína Africana (Estónia, Itália, Letónia, Lituânia, Polónia, República Checa e Roménia) não traga este tipo de produtos. Ajude a proteger a saúde dos nossos animais.

Saiba mais:

Remessas pessoais

Fonte: DGAV

Desde o mês de abril do corrente ano que a situação epidemiológica da Peste Suína Africana (PSA) na União Europeia (UE) se tem vindo a agravar, tanto em suínos selvagens, como em domésticos, devido por um lado à disseminação da doença nas populações de javalis em zonas anteriormente consideradas livres na Hungria, Polónia e Roménia e por outro lado devido à notificação de focos em suínos domésticos pelas autoridades oficiais da Polónia e da Lituânia.

O risco da disseminação da PSA na UE está relacionado com vários fatores, como a natural e lenta dispersão da doença entre a população de javalis, a movimentação de javalis infetados, a ingestão de carne suíno e seus produtos contaminados com o vírus da PSA, bem como falhas na biossegurança, tanto nas explorações suinícolas, como durante a atividade da caça.

A UE entendeu que a circulação de suínos selvagens infetados, juntamente com o possível atraso na deteção da ocorrência de PSA em EM recentemente infetados, representam um elevado risco de propagação da peste suína africana, podendo ter um impacto negativo sobre a suinicultura em toda a UE. De forma a mitigar este risco a Comissão Europeia proibiu na UE da expedição de suínos selvagens para outros Estados-Membros e para Países Terceiros e que é aplicável em todos os EM.

Também se estabeleceu a proibição da expedição de suínos selvagens das zonas em restrição para as zonas livres dos mesmos EM afetados pela PSA.

Fonte: DGAV

“Que gotas são estas? Servem para aliviar quem sofre de epilepsia e os efeitos secundários da quimioterapia?” Os folhetos que estão no balcão da dietética - ou nos sites online - asseguram que o canabidiol (CBD), óleo extraído das sementes de cânhamo (Cannabis sativa L.) tem efeitos benéficos, até mesmo nos casos de insónia, dor e fibromialgia. Tudo isto isento de estados alterados de consciência, ou seja, sem efeitos alucinogénios.

Caso os houvesse, nem poderiam estar à venda como suplementos alimentares, já que a sua comercialização teve de passar pelo crivo da Direção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV). Em declarações à VISÃO, o organismo público do Ministério da Agricultura esclareceu que estes “géneros alimentícios” podem apresentar efeitos benéficos para a saúde “mas não propriedades de profilaxia ou tratamento de doenças” e que a comercialização e consumo são permitidos, “desde que o teor de tetrahidrocanabinol (THC) não exceda 0,2% na planta”.

“Compram e voltam, porque se sentem efetivamente melhor”, assegura quem vende. Perguntamos quais são os preços dos frascos com 3% e 15% da substância, os disponíveis para venda. Variam entre 30 e 135 euros. Assim tão caros? “Depende do ponto de vista, este produto é orgânico, natural, certificado e produzido de acordo com todas as normas legais”, informam, do outro lado do balcão. Ou via email, no caso de sites que vendem produtos dietéticos e alimentares e sem loja física. Percebe-se porquê. Para obedecer aos requisitos legais em vigor, “o CBD quimicamente sintetizado custa 10 vezes mais do que o CBD extraído e purificado a partir da planta Cannabis S.”, lê-se no site da ONOL, empresa sediada em Braga.

Estranha-se que todos os produtos apareçam com a menção “esgotado”, mas o mistério fica desvendado mais adiante, na secção de perguntas e respostas: “A ONOL está a estudar a possibilidade de comercializar CBD proveniente de síntese química ou biossíntese (...) Até lá, não é vendido na presente loja.” O motivo apresentado é este: “Ainda que a quantidade de THC seja vestigial, é detetável pelos testes rápidos da polícia e unidades caninas.” Há escassos meses, o proprietário de uma loja nos Açores, que há mais de um ano importava os frascos através de um site espanhol, viu-se em apuros quando os testes da Polícia Judiciária encontraram níveis de THC superiores aos permitidos por lei. Surpresas destas acontecem e trazem à luz a pergunta incontornável: onde está a legislação para estes produtos?

PUBLICIDADE ENGANOSA: SIM OU NÃO?

A questão ganha ainda mais pertinência desde que o valor terapêutico do canabinóide não estupefaciente da canábis nas crises (convulsões) de epilepsia - com baixo ou nenhum risco de dependência - foi reconhecido pelo comité de peritos em dependências químicas da Organização Mundial de Saúde (OMS). Porém, no final do ano passado, o mesmo organismo decidiu fazer nova revisão da canábis e seus derivados, incluindo o CBD. Com início previsto para maio deste ano, esta revisão justifica-se “pelo interesse crescente do uso da canábis para fins medicinais, incluindo os cuidados paliativos”. E, ainda, porque estão em curso várias dezenas de ensaios clínicos, cuja meta é ver a substância autorizada e comercializada no âmbito clínico, regulado pelas autoridades de saúde.

Já os suplementos alimentares são todo um outro mundo à parte. Entre consumidores, parece vigorar a mensagem de que “se não faz mal, até pode fazer bem”, sendo secundário se é, ou não, um fármaco, desde que esteja certificado como diz na embalagem. Por agora. No passado mês de abril, a FDA, autoridade americana, lançou uma nota, apoiando-se na Drug Enforcement Administration (DEA), que entende serem estas substâncias controladas, vulgo, ilegais, dando a saber que “os produtos à base de CBD devem ser excluídos da definição de suplementos alimentares”.

Viável mesmo só na investigação científica e no meio clínico. Importa dizer que existem dois fármacos contendo CBD, da GW Pharmaceuticals: o Epidiolex, para uma forma rara de epilepsia, e o Sativex (não comercializado no mercado português, embora disponível se for pedida autorização de utilização excecional de medicamentos), que inclui ainda THC na sua composição, para espasticidade na esclerose múltipla e em casos muito específicos de dor oncológica.

Entre isto e anunciar a “cura” sob a forma de suplementos vai uma longa distância, ou seja, trata-se, para a FDA, de “publicidade enganosa”. Segundo o INFARMED, “não existe harmonização nos Estados Membros sobre a classificação deste produto e eventual legalização da sua utilização”. Quanto à classificação do CBD, "a OMS emitiu um comunicado informando que o mesmo não se encontra nas tabelas de substâncias controladas (apenas se este componente for parte do extrato) mas esta matéria será objeto de discussão numa reunião a ocorrer ainda este mês”.

PRUDENTES E CONFIANTES

Enquanto se aguarda a votação em plenário da versão final do diploma que regula a utilização de medicamentos, preparações e substâncias à base de canábis para fins medicinais (já aprovado na comissão parlamentar de Saúde), o mercado dos suplementos, mantém-se, ao que tudo indica, em alta. “Temos [o canabidiol] há ano e meio, que importamos da Polónia, e a procura tem sido muita”, confirma João Silva, conselheiro da Celeiro Integral, em Tomar. “Quem compra costuma vir informado, com referências como a da PubMed, e usa-os para reduzir náuseas e dores associadas aos tratamentos oncológicos e para a epilepsia”, explica. Quanto aos preços, é perentório: “O povo diz: se fizer efeito não é caro.”

A crescente procura do CBD tem sido uma constante na prospeção realizada em vários estabelecimentos que importam marcas distintas do suplemento. Tiago Vale, diretor de marketing das lojas Celeiro, com sede em Lisboa, destaca o facto de o Raw Hemp Oil Phyto + ter uma comercialização recente, acrescentando que esta se encontra “dentro dos requisitos legais e notificada à autoridade competente” e com uma “evolução lenta mas progressiva, não sendo possível dar dados concretos sobre as vendas, assim como qual o perfil dos clientes que o adquirem”.

Até agora, nenhum pedido de informação, queixa ou reclamação chegou à Direção-Geral do Consumidor. Nem registo de alertas sobre publicidade enganosa ou motivo para alarme. Sabemos, sim, que segundo o INFARMED, “o canabidiol está neste momento em avaliação centralizada na EMA (Agência Europeia do Medicamento), havendo mais de 40 ensaios clínicos realizados/autorizados ou em curso na UE”.

Fonte: Visão

Pesquisadores dos fenómenos de mudanças climáticas aperceberam-se, nos últimos anos, que o excesso de dióxido de carbono que a humanidade bombeia para a atmosfera não está apenas a aquecer o planeta, mas também torna menos nutritivas algumas das nossas plantações mais importantes.

Cientistas descobriram num novo estudo que o arroz exposto a níveis elevados de dióxido de carbono contém quantidades menores de nutrientes importantes.

As consequências potenciais deste fenómeno para a saúde humana são enormes, considerando que já são milhares de milhões as pessoas em todo o mundo que não ingerem proteínas e vitaminas, bem como outros nutrientes, em quantidades suficientes.

"Quando estudamos a segurança dos alimentos, frequentemente nos concentramos no facto de que as mudanças climáticas poderão afetar a produção das lavouras", disse Lewis H. Ziska, fisiologista vegetal do Departamento da Agricultura dos Estados Unidos e coautor do estudo. "Mas a qualidade destas culturas e o seu teor nutricional são igualmente importantes, e nem sempre têm sido analisados de forma mais profunda".

No estudo, publicado em maio pela revista "Science Advances", Ziska e seus colegas expuseram campos de arroz experimentais na China e no Japão aos mesmos níveis elevados de dióxido de carbono que, segundo se prevê, ocorrerão mais perto do final do século em consequência da atividade humana. A maioria das 18 variedades de arroz que foram cultivadas continha um teor consideravelmente menor de proteínas, zinco e ferro do que o arroz cultivado hoje em dia. Todas as variedades de arroz apresentaram declínios drásticos das vitaminas B1, B2, B5 e B9, embora contivessem níveis mais elevados de vitamina E.

Os pesquisadores decidiram estudar o arroz porque mais de 2 milhares de milhões de pessoas em todo o mundo dependem desta cultura como principal fonte de alimento. "Num país como o Bangladesh, o arroz fornece 70% das calorias diárias necessárias e não há muitas outras oportunidades de conseguir esses nutrientes", afirmou Kristie L. Ebi, professora de saúde pública da Universidade de Washington e coautora do estudo.

O documento baseia-se num estudo publicado na revista "Nature" em 2014 e conclui que elevados níveis de dióxido de carbono reduziram a quantidade de zinco e ferro encontrados no trigo, no arroz, na ervilha forrageira e na soja.

Em plantas como arroz e trigo, que realizam o que conhecemos como fotossíntese C3, o aumento dos níveis de dióxido de carbono pode fazê-las produzir mais carboidratos, diluindo alguns dos componentes mais nutritivos. Mas os cientistas ainda tentam compreender por que alguns compostos, como a vitamina B, ficam diluídos e outros não, ou por que algumas variedades de arroz sofrem declínios mais acentuados de vitamina B do que outras.

Com pesquisas mais aprofundadas, os cientistas poderiam tentar cultivar ou criar pela engenharia genética novas variedades de culturas que preservam grande parte do seu valor nutricional apesar do aumento do dióxido de carbono. Mas este poderá ser um processo extremamente complexo, aponta Ziska, considerando que todas as linhagens de arroz testadas em seu estudo mostraram declínios significativos da vitamina B.

Se os cientistas que estudam tais culturas não puderem solucionar o problema, serão necessárias mudanças mais profundas para neutralizar o efeito negativo para a nutrição no mundo todo.

"Consequentemente, as pessoas precisarão de dietas mais diversificadas com uma variedade de fontes de alimentos de qualidade", afirmou Kristie L. Ebi, "e este já constitui um grande desafio".

Outra solução possível seria a redução da quantidade de dióxido de carbono que a humanidade emite.

"A ideia de que os alimentos poderão tornar-se menos nutritivos foi uma surpresa, não é algo intuitivo", explicou Samuel S. Myers, um cientista dedicado à pesquisa do Harvard University Center for the Environment, que trabalhou no estudo publicado pela "Nature" em 2014. "Mas acho que devemos esperar outras surpresas. Estamos a alterar completamente as condições biofísicas em que se baseia nosso sistema alimentar, e ainda conhecemos muito pouco sobre a maneira como essas interferências se espalharão pelo ecossistema e afetarão a saúde humana".

Fonte: terra.com.br