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A maioria dos novos produtos alimentares ou bebidas falham no primeiro ano de lançamento. Para vencer estas probabilidades, perceber a neurociência do sabor pode ajudar.

De acordo com Clayton Christensen, professor na Harvard Business School, todos os anos mais de 30 mil novos produtos são lançados no mercado e 80% destes não tem sucesso. Aliás, a maior taxa de insucesso parece fixar-se nos produtos que se enquadram na categoria de mercearia (70-80%), de acordo com as investigações de Inez Blackburn da Universidade de Toronto.

As probabilidades parecem, de facto, estar contra o sucesso de novos produtos. O que estarão os inovadores alimentares a fazer errado? Na semana passada, numa conferência acerca dos horizontes dos sabores em Amesterdão, algumas limitações dos painéis sensoriais foram levantadas.

Em explicação deste fenómeno, a investigadora Pauline Foster refere "Há três coisas que sabemos sobre os painéis de teste. As pessoas nem sempre dizem a verdade, as pessoas não pensam o que sentem e as pessoas nem sempre fazem o que dizem".

Para que um novo produto ganhe aceitação no mercado, as várias respostas sensoriais que este provoca devem alinhar-se. A aceitação passa por uma resposta multisensorial e a congruência é chave neste processo.

A investigadora acrescenta "Sabemos que existe uma forte correlação entre o prazer e diferentes partes do cérebro. Quando a resposta multisensorial é congruente na sua estimulação de prazer, há um aumento da aceitação do produto".

A embalagem, por exemplo, pode ter um impato significativo na perceção de um produto. Bebidas em garrafas de plástico são frequentemente associadas a bebidas gasosas, mais efervescentes, enquanto que em garrafas de vidro, as bebidas são percecionadas como mais doces.

Foster acredita que os painéis tradicionais não conseguem prever todos os sinais necessários para a aceitação de um produto. Isto pode ser atribuído a decisões explícitas, isto é, racionais, mas sobretudo às implícitas, que derivam de respostas involuntárias, ou seja, emocionais.

Tendo em vista a diminuição do erro, um método mais eficaz de medição de respostas implícitas ao estimulo deve ser empregue. De acordo com o modelo sugerido pela investigadora, deve-se mostrar uma imagem ao sujeito em avaliação e pedir para que este a corresponda à marca X ou Y o mais rapidamente possível.

Na segunda ronda, o sujeito deverá ver uma palavra seguida de uma imagem e será aconselhado a ignorar a palavra, apenas respondendo à imagem. Se a palavra estiver associada à imagem, o tempo de resposta será significativamente mais rápido.

Ao medir o tempo de resposta entre a palavra e a amostra, é possível detetar reações implícitas, difíceis de fingir, o que resulta num nível mais alto de preditibilidade. Esta abordagem representa uma alternativa mais barata ao uso da tecnologia de ressonância magnética funcional.

Fonte: Food Navigator

Um grupo de investigadores internacional desenvolveu uma nova variedade de trigo que é segura para consumo por celíacos e alérgicos ao glúten.

Cientistas da Universidade Estatal de Washington (WSU), da Universidade de Clemson e instituições parceiras no Chile, China e França foram capazes de alterar o genoma do trigo para criar uma nova variedade que incorpora enzimas que quebram as prolaminas, nomeadamente o glúten, o causador de reação imune no corpo.

Foi então introduzido novo material génico no trigo, desenvolvendo uma nova variedade que contêm duas enzimas. Uma foi extraída da cevada e ataca o glúten e a outra teve origem na bactéria Flavobacterium meningosepticum. Ambas são gluteneases e quebram as proteínas do glúten no sistema digestivo.

A descoberta foi publicada na revista de Genómica Funcional e Integrativa e abre a porta para o desenvolvimento de novos tratamentos e variedades de trigo. Em particular, os cientistas pretendem desenvolver variações das enzimas referidas que sejam estáveis ao calor dado que a maior parte dos produtos à base de trigo são cozinhados a altas temperaturas.

Fonte: Bakery and Snacks

A verdade tóxica da comida moderna

  • Monday, 18 March 2019 11:33

Estamos agora a produzir e consumir mais comida do que nunca e, ainda assim, a dieta moderna mata-nos. Como podemos resolver este dilema agridoce?

À semelhança de outros alimentos, as uvas tornaram-se uma peça de engenharia perfeitamente desenhada para satisfazer os consumidores modernos. A maioria das uvas não incluí semente, é sempre doce e o seu consumo duplicou relativamente a 2000 devido à diminuição do seu custo.

A sua disponibilidade durante o ano também revela inúmeras mudanças globais na agricultura pois deixaram de ser um produto sazonal.

Quase tudo o que sabiamos relativamente a uvas mudou, e rápido. No entanto, as uvas são a última das nossas preocupações, sendo um pequeno elemento quando comparado a um universo de transformações alimentares.

Para muitos, a vida está a melhorar, mas a dieta está a piorar. Este é o dilema agridoce dos tempos modernos. Dieta pouco saudável, comida à pressa, parece ser o preço a pagar pela constante evolução dos tempos.

A nossa alimentação é a maior causa de doença e morte mundialmente, sobrepondo-se ao tabaco ou ao álcool.

Em 2015, cerca de 7 milhões morreram devido ao tabaco e 2,75 milhões devido ao álcool, mas a grande fatia, incluí 12 milhões de mortes atribuídas a riscos na dieta, nomeadamente uma alimentação fraca em vegetais, frutos secos e marisco ou dietas altas em carnes processadas e bebidas açucaradas.

A maior disponibilidade de alimentos, opções pouco saudáveis inclusive, e o aumento das porções são fatores preponderantes que contribuem para dietas desequilibradas.

O conteúdo nutritivo das nossas refeições alterou, assim como a psicologia por trás da alimentação também. Muitas das nossas refeições tomam lugar em cenários caóticos, nos quais não existem regras.

Em 2015, Fumiaki Imamura foi o autor principal de um artigo no jornal médico Lancet, onde o mundo da nutrição foi abalado pela conclusão que as dietas de maior qualidade não são encontradas nos países desenvolvidos, mas sim em lugares menos ricos e desenvolvidos, como África.

Nesta pesquisa os padrões alimentares mais saudáveis foram identificados em Chade, Mali, Camarões, Guiana, Tunísia, Serra Leoa, Laos, Nigéria, Guatemala e Guiana Francesa. Os dez piores foram Arménia, Hungria, Bélgica, Estados Unidos, Rússia, Islândia, Letónia, Brasil, Colômbia e Austrália.

O que quer isto dizer perante a fome e falta de alimentos nestes países ditos mais saudáveis? O consumo mais baixo de açúcar e carnes processadas pode dever-se a porções diminutas, no entanto, a qualidade de opções nestes países aproxima-se muito mais das guias de alimentação saudável.

O atual sistema de produção alimentar parece focar-se na quantidade e, por vezes, esquecer a qualidade. É claro o desequilibro entre sustentabilidade e nutrição.

Para reverter o pior das dietas modernas e salvar o melhor é necessário repensar a organização da agricultura, a nossa interação com a comida e rever as políticas que regulam as opções saudáveis.

Fonte: The Guardian

Foi criado um scanner portátil de deteção de contaminação química em alimentos. Espera-se que este aparelho, que permite uma análise em tempo real, esteja disponível no mercado em 2020.

O equipamento chama-se Inspecto e pode detetar contaminações nos níveis de concentração requeridos pelos reguladores, garantindo rastreabilidade e completa transparência.

Este pode ser usado tanto em interiores como em exteriores, em qualquer altura que seja necessário assegurar um alimento seguro, dispensando análises de laboratório custosas e demoradas.

De acordo com o relatório partilhado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017, 1 em cada 10 pessoas adoecem devido a alimentos contaminados.

Uma das razões que pode sustentar esta estatística, é a incapacidade da indústria para dar resposta a análises em massa, recorrendo à amostragem.

Os resultados obtidos através do Inspecto são conformes com o standard de análise industrial, nomeadamente a técnica de HPLC.

A tecnologia já foi aprovada como parte de uma bolsa de fundos dedicada a pequenas e médias empresas ao abrigo do projeto Horizon 2020 da União Europeia.

Fonte: Food Navigator

Um estudo holandês identificou as tradicionais salsichas cruas como a principal via de transmissão do vírus da hepatite E para a maioria da população.

Os investigadores alegam que a prevalência e causa do vírus da hepatite E (HEV) como contaminante do muscúlo da carne de porco em produtos de carne requere mais investigação.

As salsichas holandesas típicas, denominadas cervelaat, snijworst e boerenmetworst estão na causa de 72% dos casos reportados e em 46% dos controlos. O contato direto com porcos e trabalhos em fossas sépticas são fortes fatores de risco, de acordo com os mesmos investigadores.

O número de casos de HEV genótipo 3 aumentou nos últimos anos nos países europeus. Na Holanda, as infeções HEV confirmadas em laboratório foram 5 vezes superiores entre o período de 2015 e 2017, assim como relata um estudo recente do Jornal de Infeção.

O referido estudo envolveu um questionário para identificar potenciais fontes de exposição ao HEV, estado de saúde e condições sociodemográficas de 376 pacientes com hepatite E aguda e 1534 controlos que corresponderam aos pacientes em idade, género e zona de residência.

Para uma inativação bem sucedida do vírus da hepatite E, os produtos de carne devem ser cozinhados a temperaturas de 70ºC durante, pelo menos, 20 minutos. Não obstante, as salsichas são frequentemente consumidas sem confeção e cortadas no pão.

Apesar da colocação de sal, a fermentação e a secagem das salsichas largamente inativar bactérias patogénicas, a persistência de HEV viável depois destes processos continua a ser alta.

Assim, o estudo refere que uma comparação dos fatores de risco e métodos de produção entre países pode fortalecer o entendimento das vias de transmissão de HEV na Europa.

Fonte: Food Safety News

A produção de ácidos gordos de cadeia curta (SCFA), especialmente de butirato, é essencial na manutenção de uma microbiota intestinal saudável, no entanto, esta produção é frequentemente limitada pela falta de fibras fermentáveis na dieta.

Um novo estudo sobre respostas do microbioma mostrou como diferentes fibras fermentáveis podem beneficiar a saúde intestinal de diferentes indivíduos, evidenciando uma grande intervariabilidade de resposta.

Apesar dos benefícios de consumo de fibras fermentáveis, nem todas são igualmente capazes de estimular a produção de SCFA.

No sentido de esclarecer quais são as fibras de maior capacidade produtiva de SCFA, fibras de batata, de milho, de inulina de raiz de chicória, assim como amido de milho facilmente digerível (controlo) foram administradas como suplemento na dieta dos participantes.

Os investigadores envolvidos salientam a importância da composição da microbiota do individuo como fator determinante de resposta a um suplemento alimentar especifico.

Apesar de todas as fibras terem alterado a microbiota fecal dos participantes, os resultados indicam que o amido de batata leva ao maior aumento da produção de SCFAs.

Este aumento foi acompanhado na maioria dos casos de um incremento de bifidobacterias. No entanto, em alguns participantes a resposta baseou-se num aumento de Ruminococcus bromii ou Clostridium chartatabidum, que curiosamente foi simultâneo de um maior rendimento em termos da concentração de butirato produzido.

Assim, os resultados apontam que apesar de nem todas as fibras serem igualmente capazes de estimular a produção de SCFA, o seu consumo é benéfico e o efeito varia de acordo com a composição individual da microbiota intestinal. Mais ainda, o aumento de populações de Ruminococcus bromii ou Clostridium chartatabidum potenciam uma maior produção de butirato.

Fonte: American Society for Microbiology

Estudar a inclusão de macroalgas marinhas portuguesas em massas é o objetivo de um projeto lançado, em 2017, em parceria com Instituto Politécnico de Coimbra, a Universidade de Aveiro e a empresa AlgaPlus.

Com o objetivo de formular massas que possam potencialmente contribuir para a diminuição de diabetes, obesidade e hipertensão na população, o estudo da incorporação de macroalgas em massas alimentícias, para melhorar os benefícios nutricionais e de saúde destas, pode levar à produção industrial de um produto alimentar alternativo.

Segundo Rui Costa, coordenador da investigação, “a utilização de extratos permite aumentar a concentração de nutrientes/compostos bioativos adicionados ao alimento sem detrimento do seu odor ou sabor, existindo uma forte evidência de que a sua incorporação se reflete frequentemente num incremento das características nutricionais e bioativas dos mesmos”.

Ainda em fase de investigação, um dos principais objetivos do projeto HEPA – Healthier eating of pasta with algae passa por testar e avaliar os benefícios para a saúde através da análise do teor de nutrientes e da biodisponibilidade na massa elaborada com farinha de macroalgas e/ou extratos de macroalgas.

Esta é uma investigação que conta com o envolvimento da empresa AlgaPlus que integra o consórcio de um projeto PT2020, do Sistema de Incentivos à Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (SAICT), promovido pelo IPC, tendo em vista o aproveitamento inovador das algas para a alimentação humana.

Com o apoio do INOV C 2020, a primeira edição do IPC2SOCIETY realiza-se no próximo dia 11 de abril, nas instalações do Instituto Superior de Contabilidade e Administração de Coimbra (ISCAC). Esta é uma iniciativa que dará a conhecer 50 dos mais inovadores projetos desenvolvidos no Instituto de Investigação Aplicada (i2a) do IPC.

Fonte: Grande Consumo

As crianças podem mesmo beber leite?

  • Thursday, 14 March 2019 12:27

São tantas as informações contraditórias sobre os malefícios e benefícios do leite que os pais já não sabem se devem dar laticínios aos filhos.

Para esclarecer qualquer dúvida, a Comissão de Nutrição da Sociedade Portuguesa de Pediatria defende que “o leite é um excelente alimento, não sendo aceitáveis campanhas contra a sua utilização tendo por base argumentos não fundamentados cientificamente”.

Em causa está um alimento completo, rico em proteínas de alto valor biológico, hidratos de carbono, lípidos, vitaminas e minerais, particularmente cálcio, “sendo por isso de grande importância nutricional ao longo de todo o ciclo de vida e muito particularmente ao longo dos períodos de aceleração de crescimento a partir da idade pré-escolar, com destaque para o período da adolescência, fase da vida em que aumentam as necessidades em todos os nutrientes” acrescenta a Comissão.

Também por parte da Ordem dos Médicos Dentistas, acrescenta-se o efeito protetor do leite na prevenção do aparecimento de cáries dentárias.

Carla Rêgo, pediatra, relembra também a importância do consumo de leite para a obtenção de cálcio e vitamina D, ambos elementos auxiliadores na construção e manutenção da massa óssea. Por fim, no que toca a alternativas vegetais, a pediatra defende que não são substituto do leite, apesar de não haver qualquer problema para a criança se esta gostar, ocasionalmente.

O leite não deve ser utilizado como uma bebida, mas sim fracionado em snacks duas ou três vezes por dia. Por exemplo, um copo de 125 mililitros de leite, um iogurte ou uma fatia de queijo de cada vez.

Fonte: Expresso

Uma prática comercial refere-se a atividades relacionadas com a promoção, a venda ou o fornecimento de um produto aos consumidores.

Inclui qualquer ato, omissão, conduta, afirmação ou comunicações comerciais, incluindo a publicidade e o marketing, por parte de um profissional.

Se a prática é desleal, isso significa que é considerada inaceitável no que respeita ao consumidor, tendo em conta critérios específicos.

Com o objetivo de clarificar os consumidores e simplificar o comércio transfronteiriço, o Parlamento Europeu aprovou dezasseis novas regras para travar práticas desleais na cadeia alimentar.

Nestas incluem-se a proibição do atraso no pagamento de produtos já entregues, o cancelamento unilateral tardio de uma encomenda ou a sua modificação retroativa, a recusa, por parte do comprador, de assinar um contrato com o fornecedor ou o uso incorreto de informação confidencial.

O texto também proíbe ameaçar os produtores de deixar de comprar os seus produtos ou atrasar os pagamentos se estes apresentarem uma reclamação.

Doravante, os compradores não poderão solicitar aos fornecedores compensações económicas em caso de deterioração ou perda dos produtos, uma vez entregues, a menos que se deva a uma negligência do fornecedor ou em caso de queixa dos consumidores.

Outras práticas, como a devolução dos artigos não vendidos sem os pagar, obrigar os agricultores a pagar pela divulgação dos seus produtos, cobrar aos fornecedores pela venda ou catalogação dos produtos ou a imposição de custos de desconto, também estão proibidas, a não ser que exista um acordo prévio entre ambas as partes.

Além disso, os produtores podem apresentar reclamações no país onde operam, mesmo quando as práticas desleais foram feitas noutro Estado-membro da União Europeia, e as autoridades nacionais serão encarregues de gerir a queixa, investigar e garantir soluções.

O Conselho Europeu deverá adotar formalmente o texto e, uma vez publicado no Diário Oficial da União Europeia, os Estados-membros terão até 24 meses para fazer a transposição para os ordenamentos jurídicos nacionais. As novas normas terão de ser definitivamente aplicadas 30 meses após a entrada em vigor da diretiva.

Fonte: Grande Consumo

Os Serviços de Inspeção e Segurança Alimentar (FSIS) do Departamento de Agricultura dos Estados-Unidos (USDA) desenvolveram um guia para que a indústria possa adequar a sua resposta perante queixas dos clientes acerca dos seus produtos de carne.

Neste guia, disponibilizam-se boas práticas de gestão de reclamações dado o aumento substancial de recalls de produtos neste setor, frequentemente indicando contaminações físicas, nos Estados-Unidos.

A versão descarregável da norma, encontra-se aqui.

Fonte: Food Safety News