Cada português gasta por ano 350 euros em alimentos que não come, desperdiçando 184 quilos de comida anualmente, recorda uma empresa que combate o desperdício e que promove a partir de hoje a "Semana sem Desperdício Alimentar".
A propósito do Dia Internacional da Consciencialização sobre a Perda e o Desperdício Alimentar, que se assinala no dia 29, a empresa "Too Good to Go" promove a partir de hoje e até ao próximo domingo (dia 29) uma semana de sensibilização e mobilização da sociedade para o problema do desperdício.
Cada português desperdiça 2,38 quilos de alimentos por semana, alerta a plataforma de impacto social que combate o desperdício alimentar.
Os dados estatísticos indicam que os 184 quilos de alimentos desperdiçados por ano `per capita` fazem de Portugal o quarto país da União Europeia que mais desperdiça.
"Estes resíduos alimentares geram mais de seis quilos de dióxido de carbono (CO2) e o desperdício desnecessário de 1.928 litros de água por cada português, numa semana", alerta a entidade num comunicado.
Baseando a análise nos dados do Eurostat, a "Too Good To Go" destaca que cada pessoa desperdiça por mês mais de 10 quilos de comida.
E a empresa faz mais contas: Se cada português desperdiça em casa 336 euros em comida por ano, e se cada um gasta em média, em alimentação e bebidas, 3.091 euros por ano, então 3,4% deste orçamento "é gasto em alimentos que estão a ser desperdiçados" todos os anos.
"Num contexto em que a preocupação com o nosso planeta e o ambiente se está a tornar uma prioridade, e o custo de vida é cada vez mais significativo, reduzir o desperdício é uma urgência", salienta a plataforma no comunicado.
No dia 29 de setembro, a organização faz uma "chamada de atenção sobre a magnitude do desperdício alimentar e o trabalho que está a ser feito para o erradicar".
"Meio quilo de comida desperdiçada por uma pessoa durante uma semana pode parecer pouco, mas se multiplicarmos pelos 10 milhões de habitantes, em Portugal são mais de cinco milhões de quilos desperdiçados por semana", alerta.
O objetivo da Semana sem Desperdício Alimentar é "inspirar as pessoas a agirem", disse Maria Tolentino, diretora da Too Good to Go para Portugal, citada no documento.
Na semana contra o desperdício, uma iniciativa que envolve nove dos 19 países onde opera a "Too good to Go", as pessoas são convidadas a seguir um conselho diário a ser posto em prática em casa.
A empresa também sensibiliza e fornece informação e conteúdos às marcas e estabelecimentos com os quais trabalha.
Num manifesto público, a empresa também pede que o combate ao desperdício alimentar seja uma prioridade na agenda política.
O manifesto defende três medidas: a definição de objetivos "concretos e ambiciosos de redução de resíduos" a nível nacional, a contabilização dos resíduos ao longo de toda a cadeia de valor, e o estabelecimento de uma hierarquia obrigatória para "alcançar reduções e resultados tangíveis e eficazes".
No documento, a "Too Good to Go" diz estar ciente de que as empresas podem ser um grande agente de impacto, mas frisa que a legislação, "e tudo relacionado com aspetos regulamentares", pode "acelerar significativamente as soluções".
A empresa, criada na Dinamarca em 2016 quando um grupo de amigos viu ser deitada fora toda a comida que não tinha sido consumida num restaurante, faz, através de uma aplicação, a ligação entre consumidores e restaurantes, supermercados, mercearias e hotéis, permitindo aos utilizadores comprar a preços mais baixos produtos que não iam ser usados.
Este Dia Internacional da Consciencialização sobre a Perda e o Desperdício Alimentar foi proclamado pela Resolução 74/209 da Assembleia Geral da ONU em 19 de dezembro de 2019.
Fonte: RTP Notícias
Uma equipa de cientistas desenvolveu uma técnica inovadora que utiliza metal líquido para produzir amoníaco verde — capaz de reduzir as emissões de carbono associadas à sua produção.
O amoníaco desempenha um papel crucial na economia global, sendo utilizado principalmente em fertilizantes para o cultivo de grande parte do abastecimento alimentar mundial. Além disso, também desempenha um papel crucial nas energias limpas, como transportador de hidrogénio.
Segundo o Innovation News Network, este processo pode reduzir substancialmente a pegada de carbono associada à produção de amoníaco, oferecendo uma solução mais sustentável para satisfazer a procura global.
Num novo estudo, publicado na semana passada na Nature Catalysis, os investigadores desenvolveram um método inovador que reduz o consumo de energia e as emissões.
O novo método utiliza menos 20% de calor e requer menos 98% de pressão em comparação com o processo Haber-Bosch (procedimento industrial de obtenção de amoníaco a partir de diazoto e di-hidrogénio no estado gasoso).
Os cientistas investigaram catalisadores de metais líquidos para várias aplicações, incluindo a produção de amoníaco, a captura de carbono e a geração de energia. Os catalisadores são materiais que aceleram as reações químicas sem serem consumidos no processo.
Seguidamente, criaram “nanoplanetas“, pequenas gotículas de metal líquido que contém cobre e gálio, que funcionam como catalisadores. Estes nanoplanetas, com a sua crosta dura e núcleo líquido, quebram eficazmente o azoto e o hidrogénio para formar amoníaco.
A combinação de cobre e gálio mostrou ser mais eficaz do que qualquer um dos metais utilizados isoladamente, com o gálio a facilitar a separação do azoto e o cobre a ajudar na quebra do hidrogénio.
“O cobre e o gálio foram considerados, separadamente, como catalisadores fracos para a produção de amoníaco, mas juntos desempenham muito bem a sua função”, diz o autor principal do estudo, Torben Daeneke.
Enquanto o processo Haber-Bosch só é viável em grandes instalações industriais, o método agora desenvolvido tem potencial para ser requisitado tanto para produção em grande escala como para produção descentralizada.
Esta flexibilidade pode levar à produção de amoníaco verde em pequena escala em locais de energia renovável, como parques solares, reduzindo ainda mais os custos de transporte.
Para além das suas aplicações na produção de fertilizantes, esta tecnologia poderá desempenhar um papel crucial na economia do hidrogénio.
Assim, este estudo pode vir a ser um fator de mudança na redução das emissões e na mudança para fontes de energia mais limpas, tornando o futuro do amoníaco mais sustentável.
Fonte: ZAP
Mais de 3600 substâncias químicas utilizadas em embalagens ou preparação de alimentos foram detetadas no corpo humano, algumas das quais perigosas para a saúde.
Cerca de 100 destes produtos químicos são considerados de elevada preocupação para a saúde humana. Alguns destes produtos já foram encontrados no corpo humano, como as substâncias perfluoroalquiladas (PFAS) e o bisfenol A, ambos alvo de proibições.
Num novo estudo, publicado esta terça-feira no Journal of Exposure Science & Environmental Epidemiology, os investigadores compararam 14.000 produtos químicos conhecidos por entrarem em contacto com os alimentos durante o processo de embalagem.
Também recorreram a bases de dados mundiais que monitorizam a exposição humana a potenciais toxinas químicas.
Segundo o ScienceAlert, entre as substâncias químicas preocupantes encontram-se os PFAS, que foram detetados em muitas partes do corpo humano nos últimos anos e estão associados a uma série de problemas de saúde.
Além disso, também foi detetado o bisfenol A, um químico desregulador de hormonas utilizado no fabrico de plásticos que já foi banido de diversos países. Outro produto químico que perturba as hormonas são os ftalatos, que têm sido associados à infertilidade.
Cerca de 79 produtos químicos utilizados na transformação de alimentos presentes no organismo causam cancro, mutações genéticas, problemas endócrinos e outros problemas de saúde.
“Estamos a medir não só os produtos químicos que se sabe serem utilizados no processo de fabrico de alimentos, mas também toda a sujidade — os subprodutos e as impurezas a que chamamos substâncias adicionadas não intencionalmente”, diz a autora principal do estudo, Jane Muncke.
No entanto, este estudo não comprova que todos estes produtos químicos foram necessariamente parar aos corpos através das embalagens de alimentos, uma vez que podem ter havido outras fontes de exposição. É necessário que as pessoas exijam melhores dados e minimizem a exposição desnecessária a produtos químicos que podem, em último caso, afetar a nossa saúde.
Fonte: ZAP
Em resultado da intensa prospeção e amostragem executada pelos serviços fitossanitários, foi laboratorialmente confirmada a presença da bactéria Xylella fastidiosa em 30 amostras, o que levou ao alargamento da Zona Demarcada.
Além das amostras colhidas em Portugal, os trabalhos de prospeção realizados pelos serviços oficiais espanhóis em território espanhol junto à fronteira com Portugal detetaram a presença da mesma bactéria. A zona demarcada em Espanha é interrompida pela fronteira com Portugal e o estabelecimento da zona tampão dessa zona demarcada coalesce com a zona tampão estabelecida no lado português, incrementando a dimensão do território nacional afetado.
Com a publicação do EDITAL 13/2024/XF/AL, procede-se à publicitação da atualização da zona demarcada para Xylella fastidiosa em Marvão, conforme última atualização do Despacho 51/G/2024, assim como a notificação da aplicação de medidas fitossanitárias para a erradicação da bactéria Xylella fastidiosa.
Para qualquer esclarecimento adicional relativo a este assunto, os interessados devem consultar a página dedicada à Xylella fastidiosa.
Fonte: DGAV
Os elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Leixões apreenderam a 21 de setembro, 58,6kg de pescado diverso, nomeadamente 10kg de percebe e 48,6kg de polvo, no decorrer de uma ação de fiscalização na marina de Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos.
Durante a ação de fiscalização, foram identificados quatro pescadores com licença de pesca submarina e detetada uma embarcação de recreio, utilizada para a prática da atividade de pesca lúdica.
Os elementos da Polícia Marítima elaboraram o respetivo auto de notícia e, como medida cautelar, apreenderam os 10kg de percebe, por se encontrar no período defeso, 45kg de polvo, por exceder o limite permitido, e ainda 3,6kg de polvo subdimensionado. O total de pescado apreendido foi doado à instituição Kastelo - Unidade de Cuidados Continuados e Paliativos Pediátricos.
Nesta ação estiveram envolvidos dois elementos do Comando-local da Polícia Marítima de Leixões.
Fonte: Autoridade Marítima Nacional
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) apreendeu 410 quilos de carne num talho em Barcelos e instaurou um processo-crime, por posse e comercialização de géneros alimentícios "bastante deteriorados e impróprios para o consumo", foi anunciado.
Em comunicado, a ASAE refere que estão em causa géneros alimentícios "anormais corruptos".
O género alimentício anormal é considerado corrupto quando entrou em decomposição ou putrefação, quando encerra substâncias, germes ou produtos nocivos ou quando se apresenta "de alguma forma repugnante".
Na operação, foram apreendidos 410 quilos de carne provenientes de bovinos e suínos, no valor de cerca de 2.500 euros.
A ação contou com a colaboração do médico veterinário da Câmara Municipal de Barcelos. Contactados pela Lusa, a ASAE e o médico veterinário escusaram-se a revelar em que freguesia se encontra o talho em questão, tendo aquele organismo adiantado apenas que é "nos arredores de Barcelos".
Fonte: Jornal de Notícias
Antes posta de lado, a prima da jaca é como uma batata que cresce das árvores. Voltou em força nas regiões tropicais e promete substituir o milho ou até o arroz. “As pessoas estão a começar a reconhecer o seu incrível potencial”.
Cresce em condições adversas, sobrevive a furacões, floresce em solos degradados e prospera perto de água salgada. É uma das plantas alimentares com maior rendimento por unidade de área e poderia facilmente sustentar uma família com um esforço mínimo.
Já foi também um mero alimento de pessoas escravizadas, mas a capacidade da árvore da fruta-pão é hoje cada vez mais popular entre os agricultores das zonas tropicais das Caraíbas e ilhas do Pacífico, de acordo com os especialistas que falaram com o Wired.
A planta perene de folhas grandes, da família das jacas, não tem um sabor especialmente atrativo ou doce, mas ganhou um novo propósito especialmente pela segurança que oferece em contextos ameaçados pelas secas e ondas de calor.
“Não existe realmente um clima demasiado quente para a fruta-pão”, acredita o geógrafo Russell Fielding: “As pessoas estão a começar a reconhecer o seu incrível potencial”.
Superalimento rico em nutrientes
A fruta tem uma presença histórica no Taiti, Havai e Jamaica, mas caiu gradualmente em desuso graças ao aumento das dietas processadas tipicamente ocidentais. O seu sabor insípido e consistência viscosa quando madura tornaram-na menos apelativa para muitos em comparação com outros alimentos.
Para além de resistente, tem um grande potencial como superalimento rico em nutrientes. É cada vez mais vista pelos seus apoiantes como mais versátil e mais nutritiva do que alimentos básicos mais comuns, como o arroz e o milho.
Além disso, o seu traço insípido permite-lhe ser usada numa variedade de pratos: sopas, guisados, saladas e até em produtos comerciais como batatas fritas (na Jamaica) e vodka (vendida nas Ilhas Virgens). A sua durabilidade também é rara no mundo da fruta: dura muito, quando seca ou transformada em farinha.
Visto que já está naturalmente adaptada a temperaturas mais quentes, e dada a sua resiliência, produtividade e valor nutricional, investigadores acreditam que a fruta-pão pode vir a estar no centro da indústria alimentar no futuro, em vez de milhões serem desperdiçados no desenvolvimento de versões de alimentos tolerantes ao clima de culturas tradicionais.
"A criar rendimentos" e a combater a fome
Na Jamaica e no Haiti, a fruta já cria oportunidades de emprego, além de aliviar a insegurança alimentar.
No Haiti, por exemplo, agrónomos locais criaram moinhos de fruta-pão, destinados a transformar o fruto em farinha para substituir as dispendiosas importações de trigo. A iniciativa tem dado mais poder aos agricultores e comerciantes locais e a farinha tem sido um poderoso aliado do combate à fome infantil, ao ser usada para alimentar crianças em idade escolar.
“Há mil milhões de pessoas com fome no planeta e oitenta por cento delas vivem nos trópicos, onde a fruta-pão prospera“, explica Diane Ragone, diretora de um instituto exclusivamente dedicado à fruta. Na sua opinião, a árvore é mesmo de aproveitar.
“Pense que, com plantações agroflorestais como estas, é possível transformar uma encosta nua num jardim que pode alimentar pessoas e durar séculos”, diz, sobre o gravemente desflorestado Haiti: uma transformação das encostas “poderia acontecer facilmente em cinco a dez anos“, acredita.
“O sucesso que estamos a ver no Haiti é espantoso. Está a criar rendimentos para pessoas que não os tinham“, diz Mary McLaughlin, presidente e fundadora da Trees That Feed Foundation, a principal fornecedora de árvores de fruta-pão para o mundo.
Para lá das Caraíbas
O potencial da fruta-pão estende-se além das Caraíbas.
Em Porto Rico, o fruto — mais conhecido pelos locais como “pana” — é há muito um alimento básico. Agora, empresas como a Amasar estão a transformá-lo em produtos de sucesso comercial, como misturas para panquecas e waffles.
“Os porto-riquenhos são os pioneiros da fruta-pão. Estávamos a comer fruta-pão antes de comermos plátanos cultivados localmente”, diz o CEO da startup Villalobos Rivera.
Depois do furacão Maria ter destruído a maior parte das culturas agrícolas em 2017, os lhéus isolados começaram a colaborar: “Estamos a ensinar à República Dominicana e a outros países como comemos fruta-pão e como a transformamos em diferentes alimentos”.
Os governos e as organizações estão atentos ao potencial da fruta-pão. A República Dominicana já está a doar centenas de milhares de árvores de fruta-pão aos agricultores, enquanto o governo da Jamaica incentiva o seu crescimento em áreas urbanas. Em África, a fruta-pão também já é plantada no Uganda.
No Havai, o cultivo da fruta-pão também aumentou. Até Gordon Ramsay ficou pasmado com a versatilidade da fruta. “Imagine isto numa tarte, com chocolate ou um bocado de mel”, disse o guardião da maior exploração do fruto ao conhecido chef. “Estiveste a fumar?”, respondeu-lhe o britânico, impressionado.
Noa Kekuewa Lincoln, da Universidade do Havai, insiste no potencial da fruta e alerta: “nos Estados Unidos, estamos a gastar centenas de milhões de dólares por ano na investigação do milho para o tornar mais tolerante a temperaturas mais altas, mas a fruta-pão já está adaptada a temperaturas mais altas e muitos dos mesmos produtos poderiam ser feitos a partir dela”.
“O cultivo da fruta-pão pode ajudar a mudar o nosso sistema alimentar de uma monocultura em grande escala para uma produção diversificada e uma produção alimentar mais caseira e comunitária. Embora a maioria das pessoas não tenha tempo para cultivar nos seus quintais, toda a gente pode tirar uma hora e plantar uma árvore de fruta-pão”, incentiva o professor.
Fonte: ZAP
Emily Nkhana, uma pequena agricultora no norte do Malawi, deitava fora as bananas que estavam maduras demais, ou deixava-as simplesmente apodrecer — até ter encontrado um uso lucrativo para elas: o vinho de banana.
O calor extremo estava a fazer as bananas amadurecerem rápido demais, resultando em grandes perdas para Emily Nkhana e diversos outros agricultores que vivem no distrito de Karonga, no Malawi.
“Então descobrimos como fazer vinho de banana“, conta Emily à BBC, enquanto descasca os limões usados para preservar o sabor das bananas na fábrica de processamento da Cooperativa Twitule.
Para os agricultores, não se trata apenas de fazer vinho, mas também de sobrevivência, resiliência e de abraçar as novas possibilidades trazidas pelas alterações climáticas.
O cultivo era feito perto das margens do Lago Malawi. Mas, com aumento do nível das águas causado pelo aumento das chuvas, as plantações de banana passaram a ser inundadas, forçando os produtores a migrar para terras mais altas, mas mais quentes, onde as temperaturas chegam aos 42°C.
“Na antiga quinta, o nosso desafio era a grande quantidade de água do lago. Algumas das bananas afogavam-se na água, ou nem conseguíamos ver onde as tínhamos plantado. Aqui em cima, temos demasiado calor. Isto faz com que as nossas bananas amadureçam muito depressa e sejam desperdiçadas”, diz Emily.
Emily faz parte de um grupo de mulheres unidas pela cooperativa para melhorar as suas condições económicas através da agricultura.
A produção de vinho é um empreendimento de pequena escala nos quintais destas mulheres, onde plantam bananas.
O processo de vinificação acontece num pequeno complexo com uma casa de quatro quartos na vila de Mchenjere.
E o processo é bastante simples: as bananas maduras são descascadas, cortadas em pedaços pequenos, pesadas e misturadas com açúcar, fermento, passas, água, e cobertas com limões.
A mistura é então deixada a fermentar durante várias semanas, transformando a polpa da banana num vinho potente e aromático, contendo 13% de álcool – semelhante ao vinho feito de uvas.
“É um vinho de ótima qualidade. Temos que o beber sentados, para poder aproveitar o sabor doce”, diz Emily.
Vinho de banana pode soar como algo incomum para quem está acostumado aos sabores do vinho tradicional. Para quem experimenta, no entanto, é tudo menos dececionante.
Com uma coloração que pode variar de amarelo claro a âmbar, o vinho tem um sabor levemente doce e frutado, geralmente com um aroma subtil e um leve sabor a limão e banana.
“É suave e leve, quase como um vinho de sobremesa“, diz Paul Kamwendo, um entusiasta de vinhos local que se tornou num dos maiores fãs de vinho de banana em Karonga. “Não fazia ideia de que era possível fazer vinho com bananas.”
Para Emily e os seus colegas, a chave para um bom vinho de banana está no equilíbrio entre doçura e acidez.
“O momento certo é tudo”, diz. “Temos que saber quando as bananas estão no melhor ponto. Se estão muito maduras, o vinho torna-se muito doce. Se estão muito verdes, fica muito azedo.”
A ascensão do vinho de banana no Malawi foi recebida com entusiasmo por produtores e consumidores.
Nos mercados locais, garrafas de vinho de banana, vendidas a 3 dólares, tornaram-se comuns, com vendedores ansiosos para mostrar as últimas criações.
“Vendemos para mercados por todo o Malawi, na capital Lilongwe e na maior cidade, Blantyre, e está sempre esgotado“, diz Tennyson Gondwe, CEO da Community Savings and Investment Promotion (Comsip), uma cooperativa que treinou as mulheres na produção de vinho com qualidade e sabor.
Emily diz que fazer vinho, em vez de apenas vender bananas – que muitas vezes acabam desperdiçadas -, transformou a sua vida e a de outras mulheres.
“Algumas de nós construímos casas, algumas têm gado, outras têm galinhas. Podemos dar-nos ao luxo de comer refeições decentes.”
A cooperativa Twitule produz entre 20 e 50 litros de vinho por mês — e espera agora poder comprar máquinas para ajudar os produtores a expandir.
“Queremos produzir mais vinho. Queremos mudar-nos desta pequena casa para uma fábrica”, diz Emily.
E o grupo tem planos ainda maiores: a cooperativa pediu às autoridades competentes do Malawi aprovação para exportar o produto.
“As pessoas estão curiosas”, diz Emily, sorrindo enquanto mexe a mistura de vinho, preparando-a para a fermentação. “Querem saber qual é o gosto. E, quando experimentam, ficam surpreendidos com quão bom é.”
Fonte: ZAP
Novas regras impedem a entrada no mercado europeu de produtos provenientes de terras alvo de desflorestação ou degradadas. Brasil é país de alto risco e pode ver as suas exportações cair já no próximo ano.
A entrada em vigor, no final do ano, da chamada lei antidesflorestação pode causar a escassez de produtos como cacau e madeira ou aumentar os preços na UE, disseram especialistas à Lusa em Macau.
O Regulamento Europeu para Produtos Livres de Desflorestação (EUDR, na sigla em inglês) foi aprovado em 2023 e vai entrar em vigor, para a maioria das empresas, a 30 de dezembro, com regras mais apertadas para tentar criar cadeias de abastecimento mais transparentes.
Mas o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente, Ivan Tomaselli, avisou que “existe um risco, especialmente a curto prazo, de escassez de certas mercadorias e produtos na Europa”.
As novas regras impedem a entrada no mercado europeu de produtos provenientes de terras alvo de desflorestação ou degradadas. Os principais produtos afetados serão óleo de palma, gado, soja, café, cacau, madeira, borracha e derivados.
Rupert Oliver, especialista da Organização Internacional da Madeira Tropical, apontou o cacau como um dos produtos mais vulneráveis e lembrou que, devido a fatores como a guerra na Ucrânia e a subida do preço do petróleo, o chocolate já se tornou “60% a 70% mais caro” na UE.
Madeira pode ser a mais afetada
Ivan Tomaselli disse acreditar que a madeira poderá ser a mais afetada, uma vez que, ao contrário de produtos como a soja ou a carne, produzidos sazonalmente nos mesmos terrenos, a gestão florestal implica uma rotação constante de terras.
Ou seja, todos os anos os produtores terão de repetir os mesmos procedimentos para comprovar que a madeira não veio de terras alvo de desflorestação, que em alguns casos podem significar “documentos com mais de 300 páginas”, sublinhou o brasileiro.
O EUDR inclui um sistema de três níveis para classificar os países no que toca ao risco de importação de produtos vindos de terras alvo de desflorestação ou degradadas.
Impacto “bastante significativo” nas exportações brasileiras
Tomaselli previu que a UE classifique o Brasil como um país de “alto risco”, devido ao “reconhecimento internacional de uma alta taxa de desflorestação”, à expansão “muito rápida” das áreas de agricultura e pecuária e ao papel fulcral do Brasil no comércio mundial de matérias-primas.
O presidente da Associação das Indústrias Exportadoras de Madeira do Estado do Pará disse que as empresas “não têm receio nenhum quanto à prestação de informações sobre o que é produzido”.
“O que para nós ainda não está claro é como serão essas regras”, lamentou Deryck Martins. O dirigente acusou ainda a UE, composta de “países que já utilizaram grande parte dos recursos naturais”, de tentar impor normas a Estados ainda em desenvolvimento.
Ivan Tomaselli disse temer que o impacto para o Brasil seja “bastante significativo, com uma redução de exportações a começar já em 2025”.
O empresário sublinhou que quase 100% das exportações de ‘pellets’ de madeira do Brasil têm como destino a UE, assim como perto de 60% dos troncos. Portugal é mesmo o maior comprador de troncos brasileiros, acrescentou.
Fonte: ZAP - Lusa
A Comissão Europeia publicou o seu relatório de 2023 sobre a Rede de Alerta e Cooperação, que facilita a cooperação e o intercâmbio de informações entre os Estados-Membros sobre os controlos oficiais na cadeia agroalimentar.
O relatório revela um aumento significativo das notificações em comparação com 2022 - um sinal do crescimento da cooperação entre os Estados-Membros neste domínio.
A Rede de Alerta e Cooperação é composta por quatro sub-redes, cada uma com um foco individual.
O Sistema de Alerta Rápido para Alimentos para Consumo Humano e Animal (RASFF) facilita o intercâmbio rápido de informações entre as autoridades de segurança alimentar sobre riscos para a saúde relacionados com alimentos para consumo humano, alimentos para animais ou materiais em contacto com alimentos.
Em 2023, registou-se um aumento de 8 % nas notificações RASFF, com um total de 4695 notificações. Tal como nos anos anteriores, o problema mais notificado no RASFF dizia respeito a resíduos de pesticidas, seguido de perto pelos microrganismos patogénicos. Os países que mais notificaram continuaram a ser a Alemanha, os Países Baixos e a Bélgica.
A componente de Assistência e Cooperação Administrativa (AAC) permite aos Estados-Membros notificar violações da legislação da UE em matéria de segurança dos alimentos que não constituam um risco para a saúde. Em 2023, registou-se um aumento de 24% nas notificações de AAC, com 3166 notificações.
A maioria das notificações de AAC em 2023 estava relacionada com frutas e produtos hortícolas não conformes, mais uma vez principalmente devido a resíduos de pesticidas, seguidos de casos de rotulagem incorreta, como alegações de saúde não autorizadas para suplementos alimentares.
A Rede de Fraude Agro-Alimentar (FFN) registou um aumento de 26 % nas notificações, com 758 suspeitas de fraude. O comércio ilegal de cães e gatos continuou a ser um problema importante, com 414 notificações. Outras suspeitas relacionavam-se com a substituição de carne, a adulteração de mel e a rotulagem incorrecta de azeite. Além disso, 1075 notificações AAC e 1625 notificações RASFF foram assinaladas como potenciais fraudes, o que levou os Estados-Membros a aprofundar as inspecções ou investigações.
No seu primeiro ano de funcionamento, a Rede Fitossanitária (PHN) gerou 128 notificações, uma vez que os Estados-Membros partilharam informações pormenorizadas sobre remessas não conformes de plantas, produtos vegetais e outros artigos (como sementes, frutos, produtos hortícolas, madeira e flores) e outros problemas fitossanitários.
Fonte: European Comission & Qualfood
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