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A aderência a uma dieta vegetariana tem crescido bastante nos últimos dez anos, mais especificamente em 400%, segundo revela Associação Vegetariana Portuguesa. Esta crescente adesão também se traduz no número de supermercados e estabelecimentos de restauração que vendem produtos alimentares direcionados para este segmento da população, que no caso deste último, aumentou em 318%.

Torna-se assim cada vez mais fácil encontrar informação sobre este estilo de vida, e optar por um leque diversificado de alimentos e produtos nas idas ao supermercado.

Sendo este o Mês Vegetariano Internacional, e tendo em conta que o regime de entregas ganhou uma grande popularidade nos últimos anos, a Just Eat Takeaway.com decidiu revelar alguns dados sobre o consumo de pratos vegetarianos dos seus clientes. De acordo com a plataforma, os pedidos vegetarianos cresceram em 82% comparativamente ao ano de 2020, sendo as  refeições mais populares as pizzas, os hambúrgueres e os crepes vegetarianos. Entre os estabelecimentos vegetarianos que mais se destacam em Portugal estão espaços como o Manjerica, The Food for Real, Ohana By Naz, Mother Burger, Kind Kitchen e o In the Kitchen Veggie, onde os pratos variam em conceitos e receitas, e vão desde as entradas principais à sobremesa.

Fonte: Greensavers

Investigadores do Instituto Politécnico de Viana do Castelo (IPVC) criaram uma sopa enriquecida com brássica (couve-galega) desidratada que ajuda a colmatar as carências alimentares dos idosos da eurorregião Norte de Portugal-Galiza, foi esta terça-feira divulgado.

Em comunicado enviado às redações, o IPVC explicou que a sopa foi desenvolvida ao abrigo do projeto Nutriage, que contou com a participação do IPVC, com o objetivo de “criar soluções avançadas para melhorar a qualidade de vida dos idosos“, residentes em lares nas duas regiões vizinhas.

“A grande aceitação por parte dos idosos institucionalizados em Portugal revela que esta sopa rica em nutrientes pode ser uma alternativa aos suplementos comerciais e aos alimentos de difícil mastigação ricos em fibra e proteínas“, afirmou Ana Cristina Duarte, do Centro de Investigação e Desenvolvimento em Sistemas Agroalimentares e Sustentabilidade (CISAS), citada na nota.

O projeto Nutriage é cofinanciado pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), através do Programa Interreg V-A España-Portugal (POCTEP) 2014-2020.

O “objetivo principal do projeto Nutriage foi assegurar um envelhecimento saudável através da avaliação, estudo e desenho de estratégias nutricionais personalizadas”.

Essas estratégias “foram fundamentadas na alimentação tradicional atlântica (Dieta Atlântica) e no desenvolvimento de novos produtos alimentares que otimizem o estado nutricional dos idosos e previnam o declínio funcional e cognitivo“.

“Pretendia-se gerar capacidades em Investigação, Desenvolvimento e Inovação (I+D+I) que favorecessem a melhoria na qualidade de vida dos idosos a partir da nutrição, reforçar a sustentabilidade e eficiência do sistema sócio sanitário e incentivar o crescimento e a criação de novas oportunidades de negócio para a indústria agroalimentar”, explica a instituição de ensino superior.

Com “as atividades associadas ao projeto surgiram resultados no âmbito da avaliação da situação nutricional, das estratégias de intervenção nutricional e no impacto e projeção socioeconómica do envelhecimento saudável”, refere, sendo que o IPVC “participou na identificação, desenho e desenvolvimento de novos alimentos”.

Segundo Ana Cristina Duarte, esta ação “teve como objetivo o desenvolvimento de um produto alimentar destinado à população idosa que contribua para corrigir deficiências e desequilíbrios detetados nos lares de idosos, tendo em conta os hábitos alimentares dos idosos e viável desde o ponto de vista tecnológico, económico e comercial”.

O IPVC “acabou por desenvolver um produto alimentar destinado à população idosa, determinando as suas propriedades nutricionais, sensoriais e antioxidantes, bem como avaliando a aceitação deste produto por idosos institucionalizados da Galiza e Norte de Portugal”.

“Um dos principais componentes da sopa é a farinha de couve-galega (género Brássica), vegetal amplamente cultivado e consumido nas regiões do Norte de Portugal e Galiza e um componente tradicional da Dieta Atlântica”, esclareceu Ana Cristina Duarte. A investigadora adiantou que o seu consumo “está associado ao efeito preventivo de algumas doenças crónicas, como cancro, aterosclerose e diabetes“.

“Estes efeitos benéficos foram atribuídos à presença de compostos bioativos com atividade antioxidante, como compostos fenólicos, carotenoides e flavonoides. Em alternativa à couve fresca, a couve desidratada pode ser uma boa fonte de proteínas, fibras e compostos bioativos e, portanto, pode ser usada para enriquecer matrizes alimentares”, confirmou a investigadora, garantindo que esta sopa “tem um alto teor de proteína e pode fornecer uma percentagem razoável das necessidades diárias de fibra para os idosos“.

Durante a pesquisa, o IPVC “trabalhou com idosos do lar da Santa Casa da Misericórdia do Porto, um dos parceiros do projeto.

“Tivemos uma fase de realização de inquéritos para perceber a adesão à Dieta Atlântica e para conhecer os gostos, as preferências e os costumes dos idosos”, explicou a investigadora, adiantando que outra equipa fez o mesmo trabalho em lares na Galiza.

Com a Universidade Católica do Porto foi realizada uma avaliação do estado nutricional dos idosos, levantamento que permitiu ao IPVC “desenvolver em laboratório um produto alimentar adequado às carências nutricionais detetadas – sopa enriquecida com farinha de brássica, um ingrediente de fácil incorporação numa receita base de sopa“.

A sopa “é rica em proteína e tem razoáveis percentagens de outros ingredientes, como por exemplo fibra, podendo facilmente colmatar essas deficiências”, referiu Ana Cristina Duarte, destacando a importância da sopa ser “um produto a que os idosos estão habituados”.

A escolha com couve desidratada para o enriquecimento da sopa foi também justificada com a necessidade de aproveitamento “dos habituais excedentes de produção de couves e de partes da folha que habitualmente são descartadas“.

De acordo com Ana Cristina Duarte, a produção desta sopa “à escala industrial não foi realizada a 100% por causa da pandemia de Covid-19, que impediu o acesso aos lares”.

Fonte: Observador

Parlamento Europeu (PE) aprovou esta quarta-feira a Estratégia do Prado ao Prato e recomendou à Comissão Europeia que reforce a posição dos agricultores na cadeia de abastecimento alimentar.

No relatório aprovado esta quarta-feira com 452 votos a favor, 170 votos contra e 76 abstenções, os eurodeputados avalizaram a Estratégia do Prado ao Prato, sublinhando a importância da produção de alimentos saudáveis, que respeite o bem-estar animal e que permita aos consumidores fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis, de modo a alcançar os objetivos do Pacto Ecológico Europeu em matéria de clima, biodiversidade, poluição zero e saúde pública.

Os eurodeputados apelam à Comissão para redobrar os esforços para reforçar a posição dos agricultores na cadeia de abastecimento alimentar, nomeadamente através da adaptação das regras da concorrência, para que estes possam obter uma parte equitativa do valor acrescentado dos alimentos produzidos de forma sustentável.

No relatório, o PE destaca ainda a necessidade de reforçar a sustentabilidade em cada etapa da cadeia de abastecimento alimentar e reafirma que todos – do agricultor ao consumidor – têm um papel a desempenhar.

O hemiciclo recomenda a redução do uso de pesticidas, o incentivo para uma alimentação mais saudável e a diminuição da emissão de gases com efeito de estufa no setor agrícola, entre outras.

Um dos votos contra foi do eurodeputado Álvaro Amaro (PSD) que defendeu que o relatório não deveria ter sido aprovado sem que houvesse uma apreciação prévia, objetiva e científica, do verdadeiro impacto da Estratégia no setor agrícola e nos preços dos produtos.

Segundo um comunicado do eurodeputado, os dados apresentados nos quatro estudos publicados, até à data, sobre esta Estratégia, apontam para “impactos verdadeiramente alarmantes, como, por exemplo, a redução da produção na Europa, uma forte subida dos preços dos produtos agrícolas e o aumento da dependência do estrangeiro para um grande número de produtos agrícolas”.

A Estratégia do Prado ao Prato foi apresentada pela Comissão Europeia em maio de 2020 e o executivo comunitário prepara uma série de propostas legislativas no seu âmbito.

Fonte: ECO

Com as alterações climáticas a gerar cada vez mais mudanças no nosso planeta, existem já várias previsões apontadas pelos cientistas, sendo uma delas o aumento do nível do mar. Embora todas as regiões sofram a longo prazo com este problema, são as zonas costeiras e as suas comunidades as principais afetadas por este impacto.

A organização Climate Central reuniu um conjunto de recursos visuais para retratar o futuro de várias cidades em todo o mundo, com o aumento do nível da subida do mar. Através de diferentes vídeos e fotografias demonstram a situação com que as populações se vão deparar caso mantenham os seus hábitos, e continuem a contribuir para um aquecimento global de 3ºC. Em paralelo, é feita uma comparação com a situação  atual, mas também com o aumento mínimo de temperatura de 1,5ºC.

Entre a lista de 184 localidades escolhemos 10 cidades e os respetivos monumentos, para mostrar o impacto que esta mudança poderá ter a longo prazo.

Consulte a galeria aqui.

Fonte: Greensavers

A Associação Nacional da Indústria para a Proteção das Plantas (ANIPLA) pediu hoje à Comissão Europeia uma “avaliação holística” do impacto da estratégia do Prado ao Prato, vincando ser urgente ver propostas concretas e uma discussão alargada.

“É tempo de a Comissão Europeia proceder a uma avaliação holística do impacto. O prazo da estratégia do Prado ao Prato está a chegar. Oito anos para o setor agrícola não é assim tanto tempo. Precisamos urgentemente de ver propostas concretas e de uma discussão mais alargada em torno das escolhas que estamos a fazer – mas tem de se basear em melhores dados”, apontou, em comunicado, a associação.

No entanto, a ANIPLA ressalvou que os agentes da cadeia alimentar concordam, de forma geral, com os princípios da estratégia, estando ainda conscientes da necessidade de garantir a sustentabilidade dos sistemas alimentares.

A associação citou ainda, no documento, vários estudos, como do JRC (Joint Research Center), que prevê uma descida entre 40% e 60% nas emissões de gases com efeitos de estufa provenientes da agricultura portuguesa, através da aplicação das metas da estratégia, que vai conduzir a uma “externalização da produção agrícola europeia, incluindo as suas emissões para países terceiros”.

Por sua vez, o estudo da Universidade de Kiel aponta que a Europa pode vir a tornar-se um “importador contínuo” de alimentos, “em contradição” com a autonomia estratégica promovida pela Comissão Europeia.

Já a análise do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) conclui que os objetivos da estratégia podem “conduzir à insegurança alimentar de 22 milhões de pessoas”.

Conforme notou a ANIPLA, apesar das metodologias utilizadas, todos os estudos chegam às mesmas conclusões – a produção agrícola da União Europeia (UE) vai diminuir drasticamente em algumas áreas e produtos.

Por exemplo, no que se refere à pecuária, o estudo da universidade de Kiel perspetiva uma quebra de 20% na produção de carne de bovino na UE e de 17% no caso da carne de porco.

A isto somam-se impactos sobre o comércio, o rendimento dos agricultores e sobre os preços dos consumidores, pelo que “a alteração do sistema alimentar nestas condições será mais difícil e a imposição de impostos sobre o consumo, tal como proposto pelo Parlamento Europeu, poderá torná-lo socialmente injusto”.

No documento, a ANIPLA disse ainda que os intervenientes na cadeia agroalimentar estão “conscientes dos desafios ambientais e climáticos”, mostrando-se empenhados em contribuir para a mitigação dos efeitos negativos das alterações climáticas.

“Estamos tão ansiosos como a Comissão para pôr termo a este debate sobre a necessidade de proceder a uma avaliação cumulativa do impacto. Apelamos a uma avaliação exaustiva porque queremos compreender onde é que os problemas são suscetíveis de surgir, para que possam discutir potenciais soluções”, concluiu.

Constituída em 1992, a ANIPLA representa as empresas que investigam, desenvolvem, fabricam e comercializam produtos fitofarmacêuticos.

Em 2020, a Comissão Europeia apresentou a estratégia do Prado ao Prato, como uma das ações do Pacto Ecológico Europeu.

Esta estratégia visa assegurar alimentos a preços acessíveis, reduzir o desperdício e a utilização de pesticidas e fertilizantes, bem como promover o bem-estar dos animais.

Fonte: Greensavers

A informação relativa ao Protocolo Irlanda/Irlanda do Norte, em consequência do BREXIT, foi atualizada.

O Protocolo sobre a Irlanda e a Irlanda do Norte foi concebido como uma solução estável e duradoura e será aplicável juntamente com qualquer acordo sobre a futura parceria.

As suas disposições substantivas começaram a ser aplicadas a 1 de janeiro de 2021.

Para mais informação por favor consulte os seguintes links:

Commission proposes bespoke arrangements to benefit NI (europa.eu)

Protocol on Ireland and Northern Ireland | European Commission (europa.eu)

attachment_i_medicines_non_paper.pdf (europa.eu)

Fonte: DGAV

O projeto português Food From The Block é um dos vencedores da iniciativa internacional The Healthy Food Challenge, que pretende promover sistemas alimentares saudáveis com ideias inovadoras e prevenir a obesidade entre as populações mais vulneráveis.

“No meio de tanta qualidade com que nós nos deparamos com os outros projetos, é, de facto, um feito termos conseguido trazer este prémio para Portugal”, disse à agência Lusa Gonçalo Folgado, da associação Locals, que promove o Food From The Block, um projeto que recupera a relação das pessoas com a comida.

O responsável sublinha ainda que esta vitória “é um sinal de que em Portugal há massa crítica para ombrear com todos os outros no globo. Esta é uma mensagem importante de passar, para valorizar a autoestima que os portugueses muitas vezes não têm sobre aquilo que é sua performance e as suas capacidades”.

“Do ponto de vista da literacia alimentar, dá também um sinal claro de que há grupos e associações em Portugal – nos finalistas estavam três projetos portugueses – bastante atentos, que têm iniciativa e querem fazerem parte da mudança”, afirmou Gonçalo Folgado, considerando ainda que, com este projeto, se está a “aprofundar o exercício democrático”.

“Não podemos reduzir a democracia participativa ao voto que expressamos nas urnas”, acrescentou.

Gonçalo Folgado manifestou esperança em que o projeto seja “muito acarinhado pelo público”, alegando que, “além de partir de uma vertente comunitária, é muito ancorado no seio da família”.

“A reinterpretação dos próprios papéis dentro de casa, em que a cozinha pode passar a ser um ‘playground’ (pátio de recreio) onde a família está e convive e, no fundo, é um espaço de partilha, um momento de congregação entre todos. Acho que essa é também uma das partes mais bonitas deste projeto”, considerou.

O Food From The Block, que vai receber um prémio que ronda os 87 mil euros, vai desenvolver-se em Lisboa, em três bairros ‘bip-zip’ (Zonas de Intervenção Prioritária), que são 67 territórios que concentram 25% da população da capital.

A intenção é trabalhar com a comunidade para que as pessoas encontrem um menu que reflita a história do lugar e, à volta desse menu, abrir o bairro para que outros se sentem à mesa e “provem o bairro”.

Os promotores do projeto pretendem agora partir para o terreno, falar com as pessoas, “sem qualquer tipo de pretensão, para perceber em que lugar estão no que toca às questões alimentares e nutritivas”, explicou Gonçalo Folgado, sublinhando a importância de ir para o terreno “sem ideias feitas”.

“A base da nossa metodologia é partir do pressuposto de que são as pessoas que nos vão dizer o que precisam. Obviamente que temos um plano, com atividades e diversas iniciativas, mas o mais importante é o trabalho de campo de levantamento e auscultação, para perceber os desafios quotidianos destas pessoas e os podermos ajudar a fazer escolhas nutricionalmente mais interessantes”, disse também Alice Artur, da organização Joy, um dos parceiros da Locals.

O Food from the Block incide sobre o bairro Dois de Maio (zona ocidental de Lisboa), um dos ‘bip-zip’ da freguesia de S. Vicente e em Marvila, onde a organização Locals já tem trabalho desenvolvido com diversos parceiros. Tudo será filmado, num projeto de 16 meses que dará origem a um documentário.

“Mais uma vez, aqui temos dois objetivos: o primeiro é que efetivamente as pessoas saibam o que está a acontecer, mas, mais do que isso, é podermos inspirar outras pessoas a fazerem coisas similares”, disse Alice Artur, para quem as bases deste projeto “podem ser facilmente replicadas” noutros locais.

O registo do trabalho “é importante não só para dar a conhecer o que fizemos, para que se possa replicar, e para que as pessoas conheçam”, acrescentou a responsável, sublinhando: “Muitas vezes há projetos incríveis que as pessoas nem sabem que estão a acontecer e que, com registo e comunicação, ganham outra dimensão e mais pessoas podem envolver-se e participar”.

Fonte: Greensavers

A associação ambientalista Zero alertou, no passado sábado, para o sistema alimentar em Portugal, que considera estruturalmente dependente de importações e desalinhado de uma alimentação saudável, defendendo uma estratégia nacional para as leguminosas.

Em comunicado e para assinalar o Dia Mundial da Alimentação, a Zero sublinha que a cadeia alimentar portuguesa é atualmente marcada por dificuldades estruturais e pela dependência de importações de alimentos, destacando desde logo o déficit na produção de vários alimentos essenciais, como é o caso das leguminosas.

Por isso, no entendimento da Zero, a “conceção de uma estratégia nacional para as leguminosas poderá criar o precedente necessário para a transição ecológica justa do sistema alimentar, direcionando os apoios da Política Agrícola Comum de Portugal para esse fim”.

A Zero aponta para “índices de autoaprovisionamento nacionais embaraçosamente baixos para alguns dos bens alimentares estratégicos, como é o caso das leguminosas secas (18%) ou mesmo dos cereais (20%), ainda que para estes últimos o país apresente limitações ao nível da disponibilidade de áreas adequadas ao cultivo”.

A associação cita dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) que indicam que não só a área de terra arável tem vindo a contrair (uma diminuição de 19% em 20 anos), como em 2019 a maior parte da produção de cereais (61,9%) foi destinada para a alimentação animal.

“Por outro lado, os solos agrícolas privilegiados estão ocupados sobretudo por culturas permanentes em regime de monocultura, resultando num ordenamento irracional das culturas e num desaproveitamento do potencial produtivo dos solos”, sublinha a Zero.

A Zero lembra também, citando dados do INE de 2016, que a Balança Alimentar Portuguesa apresenta um défice de 8,8% no consumo de vegetais, enquanto os consumos de carne e de peixe se encontram 11,5% acima do valor recomendado.

No entendimento da associação, só uma estratégia alimentar que procure o aumento do consumo de proteínas de origem vegetal e a incorporação de leguminosas nos sistemas agrícolas poderá ajudar a equilibrar as dietas, valorizando produtos cultural e ecologicamente adequados.

A associação ambientalista lembra que as leguminosas “são um dos grupos alimentares da Dieta Mediterrânica, cuja promoção faz parte dos eixos de ação de várias estratégias e planos nacionais, no entanto continua em falta uma estratégia para a capacitação produtiva e comercial num quadro de uma transição ecológica justa do sistema agroalimentar”.

A Zero defende que os apoios oriundos da Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum de Portugal (PAC) 2023-27 poderão, numa primeira fase, ajudar a superar os baixos preços praticados pelo mercado através de apoios associados à produção de leguminosas.

Podem igualmente, segundo a Zero, “incentivar projetos de investigação e desenvolvimento de sistemas de produção, formas de transformação e integração em cadeias curtas, como parte de estratégias alimentares locais, sendo que a recuperação de variedades tradicionais e a extensão rural poderão desempenhar papéis centrais”.

Por isso, a associação considera que a execução de uma estratégia nacional para as leguminosas é uma oportunidade de pôr em prática uma política pública orientada para a transição agroeocológica dos sistemas alimentares, em linha com a estratégia europeia.

Fonte: Agroportal

A água não é tão escassa como comumente se afirma, mas é preciso perceber como é distribuída para a produção agrícola, afirma José Núncio, presidente da Fenareg – Federação Nacional de Regantes de Portugal, ao Jornal Económico (JE).

“Regar é uma fatalidade e nós, os mediterrânicos, temos de regar para produzir culturas”, diz, explicando que, ao contrário do que acontece no centro da Europa, a produção agrícola na bacia mediterrânica enfrenta picos de necessidades de rega, por causa da pouca chuva no verão. A solução passa pela utilização de barragens e José Núncio destaca o sucesso do Alqueva, mas aponta a existência de necessidades estruturais. Um estudo da Fenareg, de junho, aponta que na bacia do Tejo apenas se aproveita 20% da escorrência do rio e ainda assim a água está poluída, que Castelo de Bode está reservada para o abastecimento de água potável a Lisboa e que as bacias hidrográficas estarão subaproveitadas: a do Cávado apenas está aproveitada a 50%, a do Mira a 73%, as ribeiras do Algarve a 58%, a do Vouga a 4%, a do Mondego a 11% e a do Sado a 30%, segundo dados do Plano Nacional da Água de 2016.

João Miguel Pereira, gestor da TerraProjetos, defende que a água “é o desafio do século XXI, porque sem água não há agricultura”. “[A humanidade] está a ser confrontada com profundas alterações climáticas e para termos uma agricultura competitiva teremos de ser economicistas e ter água disponível. Aquilo que precisamos é um melhor uso da água, com o seu uso de forma racional, sendo que a agricultura é o maior reciclador de água”, acrescenta.

Solução passa por mais tecnologia

Falar-se de uso racional da água significa evoluir em termos de tecnologias de regadio, com a adaptação de culturas, de espécies e variedades. João Miguel Pereira frisa a necessidade de haver disponibilidade de água e reforçar os perímetros de rega, mas alerta que a infraestrutura é, na maioria dos casos, do tempo do Estado Novo e que alguns dos projetos precisam de profundas obras de modernização. Exemplo é o perímetro de rega de Idanha-a-Nova, dos anos 60, que tem muitas perdas.

“Os perímetros de rega também precisam de uma bazuca”, diz.
Do lado do produtor “há, de facto, uma grande racionalidade no uso da água” e, assim, os desafios a colocar à ciência é saber como ainda conseguimos poupar mais água”, afirma José Núncio.

Num trabalho publicado há quatro anos na revista Recursos Hídricos, José Núncio e Carina Arranja afirmavam que mais de metade das explorações agrícolas dependem da água e ainda que nos 3,7 milhões de hectares de superfície para regadio, estão equipados para o referido regadio cerca de 15%, ou seja, 540 mil hectares. A conclusão dos autores é de que 87% da superfície irrigável é efetivamente regada, o que, na sua ótica, “demonstra o aproveitamento elevado das infraestruturas de rega existentes”.
De regresso ao trabalho da Fenareg intitulado “Contributo para uma Estratégia Nacional para o Regadio 2050”, de junho último, concluiu-se que entre 2002 e 2016 e que são os últimos dados disponíveis com base no PNA 2002 e no PGRH 2016, o volume de água usado na agricultura caiu 48%, enquanto quase duplicou o uso em habitação e subiu na indústria e nos serviços.

Núncio frisa que para se atingir este nível foi necessário evoluir e na grande maioria das explorações a rega é feita gota a gota e só um quarto dos terrenos são regados por gravidade. Sendo a água um recurso caro, os agricultores têm investido e tem havido apoios. “Dificilmente se vê uma pessoa no campo porque há mais eficiência das culturas e no uso da água”, aponta.

David Carvalho, da empresa Veracruz, que se dedica ao amendoal, salienta uma solução pioneira importada da Suíça e que economiza 15% a 25% da água usada habitualmente na cultura da amêndoa. Do lado da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas, Francisco Silva, secretário-geral da organização, que importa garantir a viabilidade dos diferentes sistemas que coexistem no país e que se mostram adequados às características específicas de cada território. “A viabilidade futura dos sistemas agrícola terá de ser assegurada pela via do mercado e das políticas públicas, designadamente ao nível do apoio e investimento e das ajudas diretas aos agricultores”, diz, lembrando que a Política Agrícola Comum “irá exigir um grande e acelerado esforço no cumprimento de condicionantes ambientais e sociais e no alcance de elevadas metas no domínio ambiental”.
Dedicado às frutas e legumes, o projeto Portugal Fresh “só é sustentável se tivermos acesso à água”, diz o presidente deste organismo associativo, Gonçalo Santos Andrade. Afirma ser fundamental aumentar a área de regadio, modernizar os perímetros de rega com maior potencial económico e criar novas reservas de água superficiais que vão permitir a criação de negócios e empresas de múltiplos setores. Só assim será possível “permitir a fixação de pessoas no território e ajuda no combate às alterações climáticas, com a diminuição da temperatura nessas geografias”, diz.

Fonte: Jornal Económico

O preço do trigo no mercado mundial ficou em setembro 41% acima do valor de há um ano antes, "devido à redução das disponibilidades exportáveis" num contexto de "forte procura", de acordo com o último boletim mensal da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).

Apesar da grandeza do número, "é preciso ver qual o peso que a farinha de trigo tem na fórmula do preço do pão. É uma fração diminuta se comparada com o peso da energia (para os fornos), do transporte ou da mão-de-obra", comenta Luís Mira, secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP).

No entanto, o dirigente reconhece que, "face ao aumento dos preços dos combustíveis, da eletricidade, do gás e de outros bens, poderá ser inevitável uma atualização dos preços", reportando-se ao pão, mas também à carne, por exemplo, por via do encarecimento de outros cereais, como o milho (subiu 38% num ano), o arroz e a soja.

O aumento da cotação do trigo acabou por contribuir para a subida, pelo segundo mês consecutivo, do Índice de Preços de Alimentos da FAO, que reflete os preços dos bens alimentares mais comercializados a nível mundial. Elevou-se aos 130,0 pontos em setembro, mais 1,2% face a agosto, e mais 32,8% em relação a setembro de há um ano, uma trajetória que a organização atribui a uma "oferta restrita" e a uma "forte procura por alimentos básicos, como trigo e óleo de palma".

Produção recorde
Por outro lado, o boletim refere que o aumento dos preços dos cereais ocorre apesar de se prever uma produção recorde neste ano que, mesmo assim, está a revelar-se abaixo das necessidades dos consumidores.

"A produção global de cereais em 2021 deve atingir um recorde histórico de 2,8 mil milhões de toneladas, embora esteja abaixo das necessidades de consumo projetadas para a campanha de comercialização de 2021/22", indica a FAO.

"Entre os principais grãos, o trigo será o foco das atenções nas próximas semanas, já que a procura precisará de ser avaliada em relação ao rápido aumento dos preços", observou o economista sénior da FAO, Abdolreza Abbassian, citado no mesmo boletim.

Sob o efeito do óleo de palma
Já no caso do Índice de Preços do Óleo Vegetal, este ficou 1,7% mais elevado num mês, mas cerca de 60% acima dos valores de setembro de 2020, "já que os preços internacionais do óleo de palma atingiram o nível mais alto do mundo". A FAO explica que, "nos últimos 10 anos, devido à forte procura global de importação e preocupações com a escassez de trabalho migrante afetou a produção na Malásia".

No caso dos laticínios, o índice subiu 1,5% face a agosto, devido a uma "forte procura global de importação" e a fatores sazonais na Europa e na Oceânia.

Quanto preço do açúcar, deu-se um acréscimo de mensal de 0,5%, mas um aumento anual de 53,5%, uma evolução que a FAO atribui às "condições climáticas adversas e ao aumento dos preços do etanol no Brasil, que é o maior exportador mundial de açúcar".

Já o índice de preços de carnes permaneceu "praticamente inalterado em setembro em comparação com o mês anterior, embora o aumento anual tenha sido de 26,3%".

Receios nos mercados
Nos mercados de capitais, os analistas e gestores de fundos estão apreensivos e receiam uma possível crise alimentar. A gestora de ativos Sixty Degrees já alertou em fevereiro deste ano para a existência de riscos que possam levar a concretizar-se este cenário.

"A Sixty Degrees mantém as suas convicções, já divulgadas em fevereiro último, quanto à elevada probabilidade de estarmos perante uma crise alimentar no quadro de um cenário de estagflação a nível global", disse Nuno Sousa Pereira, responsável de investimentos da gestora de ativos.

"O mercado tem convergido paulatinamente para este cenário", alertou. Citou o facto de o preço das matérias-primas alimentares estar a manter "a toada de subida ao longo do ano" a que se soma o aviso do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, no seu mais recente outlook, " alerta para a diminuição das perspetivas de crescimento de curto prazo da economia mundial e para o aumento do risco de estagflação".

"O aumento do preço das matérias-primas alimentares é agora generalizado, tendo algumas delas (açúcar, café, arroz e gado) recuperado recentemente o "terreno perdido", desde o início do ano, para as suas "congéneres" soja, trigo e milho", adiantou Nuno Sousa Pereira.

Causas

O gestor de ativos alertou que "a tendência de escalada dos preços é suportada por vários fatores, com especial incidência" na disrupção da cadeia de logística, a nível mundial, que eleva o custo de armazenagem, de transporte e de toda a cadeia de produção. Também o aumento dos custos da energia pesam na fatura, dado ser uma componente importante na produção de fertilizantes e onde o preço do gás natural representa 60% a 90% dos custos de produção. "Esta matéria-prima já subiu cerca de 125% desde final de 2020", apontou.

Somam-se fenómenos climatéricos que têm prejudicado algumas colheitas, como é o caso da maior vaga de frio da história recente do Brasil que acabou por congelar os campos de café resultando na perda desta colheita. E junta-se ainda a falta de mão-de-obra, especialmente nos países ocidentais.

O mesmo gestor de ativos sinalizou que a "procura por bens alimentares mantém-se robusta uma vez que a subida de preços, já antecipada pelos mercados financeiros, só agora se começa a repercutir no consumidor".

Olhos na China

Outro alerta de risco para uma eventual crise alimentar tem vindo da China, que está a braços com a gestão da falência sua maior imobiliária, a Evergrande, com ramificações para o mercado de crédito doméstico e com possível contágio a toda a atividade económica chinesa ou mesmo à economia mundial. Trata-se de uma empresa que tem mais dívida emitida que o Governo português, lembrou o responsável de investimentos das Sixty Degrees.

A par desta situação, tem havido uma escalada da pressão militar chinesa sobre Taiwan. Caso esta situação leve ao confronto/invasão de Taiwan, há riscos para os preços dos alimentos e matérias-primas. Trata-se também do local onde se produz a maior fatia dos mais avançados semicondutores a nível global.

"Uma disrupção do comércio na zona geográfica do Sul da China teria implicações não só sobre os bens alimentares, mas também sobre a maioria das cadeias de produção de outros bens, podendo originar um agudizar deste cenário de estagflação, isto é, baixo crescimento económico com inflação ao nível dos bens de consumo", disse Nuno Sousa Pereira.

Fonte: Dinheiro Vivo