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De acordo com os peritos da UE, a ausência de medidas comunitárias deu origem a uma enorme variedade de rótulos e alegações, deixando os consumidores com dificuldades em fazer escolhas informadas.

Os atrasos na atualização do quadro da UE em matéria de rotulagem dos alimentos contribuíram para a proliferação de sistemas voluntários e de alegações que confundem mais do que informam os consumidores, concluiu o Tribunal de Contas Europeu (TCE) num relatório publicado na segunda-feira.

Embora a rotulagem dos alimentos tenha o potencial de permitir que os consumidores tomem decisões mais saudáveis e informadas, o relatório do TCE aponta para “lacunas notáveis” no atual quadro regulamentar.

Para colmatar essas lacunas, surgiram várias iniciativas voluntárias, como a Nutri-Score, a NutrInform Battery e a Keyhole. No entanto, em vez de ajudarem os consumidores, estes sistemas concorrentes contribuíram para o caos dos rótulos alimentares.

"Os consumidores estão simplesmente perdidos", afirmou Keit Pentus-Rosimannus, membro do TCE. A coexistência de múltiplos sistemas de rotulagem - cada um com significados e objectivos distintos - compromete o seu papel de orientação das escolhas.

A falta de clareza vai para além dos rótulos nutricionais e inclui alegações ambientais, slogans e termos indefinidos como "fresco", "natural" e "sem antibióticos", muitos dos quais podem induzir os consumidores em erro.

"As regras da UE estão cheias de lacunas que deixam os consumidores vulneráveis e as empresas do sector alimentar podem e, naturalmente, aproveitam-se deste vazio jurídico", alertou Pentus-Rosimannus, acrescentando que as empresas do sector alimentar apresentam os produtos como mais saudáveis ou mais ecológicos do que realmente são.

Estagnação das regras

Embora tenham sido feitas algumas atualizações através de outros regulamentos - como a Lei Geral dos Alimentos e o Regulamento das Alegações - aspetos fundamentais como a rotulagem nutricional, as alegações ecológicas, as normas de bem-estar animal e a rotulagem de origem continuam fragmentados, sendo frequentemente tratados a nível nacional.

O principal quadro de rotulagem dos alimentos da UE, o Regulamento relativo à informação sobre os alimentos prestada aos consumidores, não foi atualizado desde a sua introdução em 2011.

Apesar dos debates realizados durante o anterior mandato legislativo, os esforços para modernizar estas regras estagnaram, em parte devido às sensibilidades políticas e à oposição de alguns Estados-Membros em relação ao Nutri-score, a principal rotulagem nutricional na corrida para obter a aprovação da UE.

Pentus-Rosimannus, membro do TCE, reconheceu a complexidade de alcançar um consenso em toda a UE, tendo em conta as diferentes tradições e perspectivas nacionais.

"Mas isso não pode ser uma desculpa para permitir que o status quo continue indefinidamente", afirmou.

Os grupos de defesa dos consumidores, como o BEUC, também apelam a uma ação rápida para colmatar estas lacunas, com a sua responsável política Emma Calvert a salientar a necessidade urgente de um rótulo nutricional unificado na frente da embalagem.

"A falta do prometido rótulo nutricional comunitário na parte frente das embalagens priva os consumidores de um instrumento essencial para fazerem escolhas mais saudáveis numa altura em que as taxas de obesidade e de excesso de peso são alarmantemente elevadas", afirmou.

A Comissão Europeia respondeu ao relatório do TCE, reconhecendo a necessidade de regras mais rigorosas para proteger os consumidores de alegações enganosas.

No entanto, o executivo comunitário não especificou os planos para atualizar o Regulamento relativo à informação sobre os alimentos prestada aos consumidores - que continua a ser uma questão sensível - referindo, em vez disso, as futuras regras sobre as alegações ambientais.

Na sua bem sucedida audição como Comissário europeu responsável pela agricultura e alimentação, Christophe Hansen admitiu a necessidade de uma maior coerência na rotulagem. "Temos tantos rótulos voluntários que não estão harmonizados", afirmou, apelando a um "exercício de racionalização" para aumentar a confiança dos consumidores e o funcionamento do mercado interno.

Fonte: Euronews

Vários estudos científicos indicam que as alterações climáticas impactam a produção e a abundância de alimentos. Contudo, estas mudanças também podem afetar a própria segurança e qualidade nutricional dos produtos que consumimos, bem como a saúde dos animais e das plantas.

As palavras “bactérias carnívoras” podem remeter, à primeira vista, para um filme de ficção científica de Hollywood. Contudo, esta expressão tem vindo a ser usada nos últimos anos para descrever as Vibrios, um grupo de bactérias que estão cada vez mais presentes em marisco devido ao aumento da temperatura dos oceanos.

As bactérias Vibrio prosperam em águas quentes e de baixa salinidade, assim como em zonas onde rios se encontram com o mar. Em caso de contacto físico, estas bactérias podem causar infeções em feridas e nos ouvidos. Contudo, quando ingeridas através de marisco cru ou malcozinhado, podem também provocar gastroenterite ou infecções graves.

Recentemente, cientistas da Agência Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) descobriram que, nos últimos 20 anos, a Europa tem vindo a assistir a um aumento das infeções por Vibrio. Tal acontece devido a fenómenos meteorológicos mais extremos, entre os quais ondas de calor, que promovem a sua presença e crescimento.

Esta investigação permitiu revelar ainda que determinadas estirpes de Vibrio desenvolveram resistência a antibióticos, o que aumenta as preocupações sobre estas bactérias. Os peritos da EFSA concluíram que a deteção de resistência antimicrobiana é preocupante devido ao seu potencial para a saúde pública”, uma vez que afeta a eficácia de tratamentos com determinados antibióticos.

Mas como podemos reduzir este risco emergente enquanto consumidores? Depois de analisarem intensivamente as Vibrios e os seus impactos a nível da segurança alimentar, os cientistas da EFSA recomendam evitar o consumo de marisco cru ou mal cozinhado. Estes conselhos são particularmente importantes para grupos vulneráveis.

Contudo, as Vibrios são apenas uma das formas como as alterações climáticas podem afetar a segurança alimentar. Angelo Maggiore, cientista na unidade de Conhecimento e Inovação da EFSA, considera que “as alterações climáticas podem intensificar riscos já existentes para a segurança dos alimentos e mesmo conduzir a novos riscos”. Estes novos desafios estão agora a ser analisados pelos cientistas.

Biotoxinas na Madeira e um novo olhar para a segurança dos alimentos

Segundo o projeto da EFSA sobre alterações climáticas, designado de CLEFSA, as Vibrios são um dos riscos com maior probabilidade de emergência para a segurança dos alimentos na Europa. Este projeto promove a inclusão das alterações climáticas na identificação e análise de riscos para a segurança e qualidade nutricional dos alimentos e de ração, bem como para a saúde animal e das plantas.

Curiosamente, Portugal desempenhou um papel na identificação dos sinais destes potenciais riscos. Em 2004, cientistas registaram a presença de ciguatoxinas na Madeira. Estas biotoxinas são contaminantes químicos produzidos de forma natural por certos tipos de algas.

O consumo de peixe contaminado por ciguatoxinas pode causar efeitos gastrointestinais, cardiovasculares e neurológicos, com impactos a curto e longo prazo. Esta é a forma mais comum de intoxicação alimentar marinha no mundo, com cerca de 20 a 50 mil casos registados por ano. No entando, estima-se que menos de 10% dos casos sejam reportados.

A deteção destas biotoxinas da Madeira e das Ilhas Canárias, associada a surtos de ciguatera nestas áreas, despertou a atenção da comunidade científica. As algas que produzem estas biotoxinas são encontradas principalmente em áreas tropicais e subtropicais – o clima e a temperatura influenciam a sua presença em ambientes marinhos.

Face a este novo perigo para a saúde pública, a EFSA e a Autoridade Espanhola de Segurança Alimentar lançaram, em 2016, o projeto EuroCigua. Esta iniciativa pretende investigar os riscos associados à intoxicação por peixe contaminado com ciguatoxinas. No total, 13 organizações de seis Estados-Membros, incluindo a Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) aderiram ao projeto, que agora se encontra na segunda edição.

Por outras palavras, esta nova perspetiva da segurança alimentar permite integrar cenários de alterações climáticas no estudo das ameaças emergentes à saúde pública. “O projeto CLEFSA ajuda-nos a compreender melhor como as alterações climáticas conduzem a novos riscos para a segurança alimentar, em particular nos ambientes marinhos”, afirma Angelo Maggiore.

Nos últimos anos, esta abordagem conduziu a novas investigações científicas. Recentemente, a EFSA estudou o impacto potencial da utilização crescente dos oceanos na segurança dos alimentos marítimos. Outro exemplo desta abordagem é a análise de como as alterações climáticas aumentaram a aptidão dos ambientes europeus para pragas nas plantas.

“Os efeitos das alterações climáticas podem parecer desencorajadores, mas podemos implementar abordagens inovadoras para lidar com a complexidade do sistema alimentar e estarmos preparados para o que o futuro pode trazer”, conclui Angelo Maggiore.

Fonte: GreenSavers

A Comissão adotou hoje uma proibição da utilização do Bisfenol A (BPA) em materiais que entram em contacto com os alimentos, devido ao seu impacto potencialmente nocivo para a saúde. O BPA é uma substância química utilizada no fabrico de determinados plásticos e resinas.

A proibição significa que o BPA não será permitido em produtos que entrem em contacto com alimentos ou bebidas, como o revestimento de latas de metal, garrafas de plástico reutilizáveis, refrigeradores para distribuição de água e outros utensílios de cozinha. A proibição surge na sequência de um voto positivo dos Estados-Membros da UE no início deste ano e de um período de análise pelo Conselho e pelo Parlamento Europeu, e tem em conta a mais recente avaliação científica da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA). A EFSA concluiu, nomeadamente, que o BPA tem efeitos potencialmente nocivos para o sistema imunitário e a proibição proposta seguiu-se a uma consulta pública e a amplas discussões com todos os Estados-Membros.

O BPA já é proibido na UE para biberões e produtos similares. Para a maioria dos produtos, haverá um período de eliminação progressiva de 18 meses e exceções muito limitadas quando não existirem alternativas, a fim de dar tempo à indústria para se adaptar e evitar perturbações na cadeia alimentar. A proibição inclui também outros bisfenóis que são prejudiciais para os sistemas reprodutivo e endócrino.

Oliver Várhelyi, Comissário responsável pela Saúde e o Bem-Estar dos Animais, afirmou: “A manutenção de elevados padrões de segurança alimentar na União Europeia e a proteção dos cidadãos é uma das principais prioridades da Comissão. A proibição de hoje, que se baseia em pareceres científicos sólidos, protegerá os nossos consumidores contra os produtos químicos nocivos que podem entrar em contacto com os seus alimentos e bebidas.”

Fonte: Comissão Europeia

O Conselho da União Europeia (UE) adiou por mais um ano a aplicação da legislação sobre a desflorestação, para possibilitar a países terceiros e outros do bloco comunitário acomodarem certos produtos que são comercializados.

Em comunicado, divulgado hoje (18/12/2024), o Conselho da UE anunciou que foi prolongada por mais um ano a legislação sobre a desflorestação, com o propósito de possibilitar uma adaptação mais suave de países terceiros e outros do bloco político-económico.

Em causa está a acomodação de certos produtos que são vendidos na União Europeia ou que são exportados da UE e que não podem ser produzidos com recurso à desflorestação.

Estão incluídos o gado, madeira, cacau, soja, óleo de palma, café, borracha e derivados.

A legislação sobre a desflorestação está em vigor desde 29 de junho de 2023 e deveria começar a ser aplicada a partir de 30 de dezembro deste ano.

Com a prorrogação anunciada hoje, as regras só deverão começar a ser aplicadas a partir de 30 de dezembro de 2025.

O adiamento foi inicialmente acordado em 16 de outubro deste ano pelos Estados-membros da UE.

Fonte: Agroportal

A GNR, em colaboração com a Europol e diversas autoridades de França, Espanha e Portugal, deteve 62 pessoas, membros de grupos criminosos organizados envolvidos na pesca ilegal e contrabando de moluscos contaminados, em Portugal, França e Espanha. Foram apreendidos moluscos e meixão avaliados em 10 milhões de euros.

Em comunicado, divulgado esta quinta-feira, a GNR destacou que as diversas investigações, desenvolvidas no âmbito da Operação "Valvia", entre 2021 e 2024, tiveram como objetivo "combater a pesca ilegal e o contrabando de moluscos, nomeadamente as amêijoas japonesas, que estavam contaminadas e a ser falsificadas e apresentadas como seguras para consumo humano, representando, desta forma, um risco elevado de doenças graves".

Foi ainda possível concluir que os grupos criminosos operavam em Portugal, Espanha e França, e permitiu também identificar e estabelecer uma ligação entre o tráfico de seres humanos para exploração laboral e este tipo de crimes ambientais.

No decorrer da operação, foi possível apreender 30 toneladas de moluscos e seis toneladas de meixão, com um valor estimado de 10 milhões de euros.

A operação, coordenada pela Europol através da Unidade de Crimes Ambientais, contou com a participação do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente  da GNR, da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica, do Commandement pour l'Environnement et la Santé (CESAN) da Gendarmerie Nationale, Office central de lutte contre les atteintes à l'environnement et à la santé publique e Servicio de Protección de la Naturaleza da Guardia Civil.

Fonte: Jornal de Notícias

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), na sequência de uma investigação no âmbito do combate a ilícitos criminais contra a saúde pública, especificamente relacionados com o abate clandestino, realizou, através da sua Brigada de Práticas Fraudulentas da Unidade Regional do Norte – Unidade Operacional do Porto e com o apoio Unidade Nacional de Informações e Investigação Criminal (UNIIC), uma operação de fiscalização no distrito de Vila Real.

A referida operação culminou no desmantelamento de um local, onde se procedia, de forma ilícita, dissimulada e camuflada, sem condições técnicofuncionais e de higiene, ao abate massivo de animais de várias espécies, os quais eram posteriormente encaminhados para estabelecimentos de restauração e talhos, que recebiam toda essa carne proveniente dos animais abatidos ilegalmente, entrando a mesma no circuito do consumo público sem que fosse sujeita à competente inspeção sanitária oficial, obrigatória antes e após o abate, para despiste de doenças. Esta prática ilegal colocava em risco a saúde pública, ao permitir a circulação de carne potencialmente contaminada ou inadequada para consumo humano.

Em consequência, procedeu-se à instauração de 1 processo-crime pela prática do crime contra a saúde pública de abate clandestino e à detenção em flagrante delito de um suspeito.

Foram ainda apreendidos 33 animais abatidos, 159 ovinos e caprinos, cerca de 200 kg de vísceras e os instrumentos usados no abate (17 facas e 1 fuzil) e dois computadores portáteis.

Como não estava garantida a segurança e a qualidade alimentar para o consumo público e por não terem sido asseguradas as medidas e as condições de higiene necessárias para controlar as probabilidades de surgir um efeito nocivo para a saúde pública, foi determinado, após perícia, por médico veterinário, que os animais abatidos fossem encaminhados para Unidade de Transformação de Subprodutos (M1) legalmente aprovada, acautelando-se desta forma, que os mesmos não fossem introduzidos para consumo humano.

Fonte: ASAE

Está a ser criada uma inovação que promete melhorar a segurança alimentar e contribuir para a prevenção de riscos para a saúde. O Projeto Myco-ProAffinity, liderado pelo CEB (Centro de Engenharia Biológica da Universidade do Minho) está a criar uma solução inovadora para que os alimentos cheguem até à nossa mesa de forma mais segura. A ideia é desenvolver uma plataforma tecnológica que utiliza proteínas específicas para identificar e remover micotoxinas, uma ameaça invisível muitas vezes presente em produtos alimentares, bebidas e rações para animais.

Por existirem numa grande diversidade de produtos alimentares, estas substâncias tóxicas produzidas por fungos podem ter consequências graves na saúde humana e animal. Com a tecnologia que está a ser desenvolvida pela equipa de investigadores do Centro, será possível extrair e detetar estas toxinas mais eficazmente, caracterizando-se melhor os riscos para os consumidores.

“A inovação do Myco-ProAffinity reside na capacidade da plataforma em capturar tanto as micotoxinas como as suas formas modificadas, que são muitas vezes invisíveis para os métodos que existem atualmente”, explica Luís Abrunhosa, coordenador do projeto. “Além disso, esta tecnologia pode ser reutilizada várias vezes, o que representa uma vantagem significativa em termos de custo e eficiência”.

A criação de novos e melhores métodos de deteção e remoção de micotoxinas representa um passo importante para a segurança alimentar. “Se identificarmos potenciais riscos, podemos, posteriormente, eliminá-los da cadeia alimentar. Se analisarmos e compreendermos melhor o problema, é possível delinear estratégias de mitigação mais adequadas”, sublinha Luís Abrunhosa.

Até ao momento, o principal resultado do trabalho de investigação é o desenvolvimento e a validação de um método que utiliza uma proteína específica para determinar ocratoxina A (OTA) em cerveja. Os testes de reutilização demonstraram que é possível utilizar as colunas que contêm esta proteína até quatro vezes, o que poderá permitir obter mais informação com menos custos e, consequentemente, contribuir para o aumento do conhecimento na área.

Além do potencial para incrementar a quantidade e a qualidade dos dados sobre a presença de toxinas em alimentos, esta inovação abre portas a futuras aplicações na identificação de outros contaminantes que, até então, têm recebido pouca atenção.

Fonte: Vida Rural

Estudo visou avaliar as características nutricionais de diversos produtos alimentares visualmente apelativos para as crianças, disponíveis no mercado português em 2024.

A maioria dos produtos direcionados a crianças não cumpre os critérios estabelecidos pela Estratégia Integrada para Promoção da Alimentação Saudável, quando avaliados conjuntamente os teores de açúcares e sal, revela um estudo do Instituto Nacional de Saúde divulgado hoje.

"A grande maioria dos 247 produtos avaliados, de seis categorias alimentares distintas [cereais de pequeno-almoço, barras de cereais, iogurtes e queijinhos aromatizados, bebidas lácteas aromatizadas, bolachas e biscoitos e bolos, napolitanas e queques], não atendia aos valores de referência da Estratégia Integrada para a Promoção da Alimentação Saudável (98,8%)", apontam as conclusões do estudo publicado no Boletim Epidemiológico Observações do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA).

O estudo também conclui que 89% dos produtos analisados não cumpriam os valores-limite estabelecidos no modelo de perfil nutricional fixado pela Direção-Geral da Saúde (DGS) para serem publicitados a menores de 16 anos, sendo que, neste caso, os valores limite mais frequentemente não cumpridos eram os referentes aos teores de açúcares totais e ao valor energético.

"Simultaneamente, observou-se que mais de 50% dos produtos continham teores médios e altos de lípidos, ácidos gordos saturados, açúcares e sal, atingindo os 97,6% no caso dos açúcares", sublinha o documento.

O estudo visou avaliar as características nutricionais de diversos produtos alimentares visualmente apelativos para as crianças, disponíveis no mercado português em 2024 e analisar esses alimentos em relação às alegações, menções e outras informações, bem como aos ícones e outros elementos apelativos presentes nas suas embalagens ou rótulos.

Os dados foram obtidos em fevereiro de 2024, a partir dos rótulos e informação nutricional disponível nos 'sites' nacionais de diferentes empresas de comércio e distribuição alimentar.

Além da presença de ícones, mascotes ou outros elementos apelativos para as crianças nas embalagens e rótulos em todos os produtos analisados, 68,8% incluíam alegações nutricionais e de saúde, menções e outras mensagens relacionadas a benefícios.

"Está comprovado que estas estratégias dirigidas às crianças contribuem para o aumento do consumo de produtos que não se enquadram num padrão alimentar saudável e que já são ampla e habitualmente consumidos por este público, o que levanta sérias preocupações sobre o impacto que têm na sua saúde", realça a investigação do Departamento de Alimentação e Nutrição do INSA.

Segundo os investigadores, algumas das técnicas ou conteúdos utilizados podem criar "uma perceção de que os alimentos são mais saudáveis e/ou apresentam uma maior qualidade global, desviando a atenção das suas características nutricionais".

Dados relativos a 2022 indicam proporções muito elevadas de obesidade entre as crianças dos 6 aos 8 anos, com 31,9% a apresentar excesso de peso, dos quais 13,5% tinham obesidade.

O INSA realça que "o consumo excessivo de alimentos ultra processados, caracterizados por um alto valor energético e elevados teores de ácidos gordos saturados, açúcares e sal, tem contribuído para a crescente e preocupante prevalência de excesso de peso, particularmente nas faixas etárias mais jovens".

"Estes alimentos são geralmente hiperpalatáveis, convenientes, amplamente disponíveis e acessíveis, além de terem, normalmente, um custo mais baixo comparativamente às opções alimentares mais saudáveis e são intensamente promovidos", através de elaboradas estratégias de publicidade e marketing, alerta o estudo.

Fonte: nowcanal.pt

Projeto INOVOlive: processar a azeitona

  • Monday, 16 December 2024 10:57

Tem o nome de INOVOlive e é liderado pela Adega Cooperativa De Freixo De Espada à Cinta e tem como parceiros a LOKI (empresa de investigação, projeto, desenvolvimento e produção de produtos e sistemas com base em tecnologia LED), o Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e o MORE – Laboratório Colaborativo Montanhas de Investigação (MORE CoLAB). O projeto, aprovado no âmbito do Portugal 2030, teve início no mês passado e tem como objetivo “trazer a inovação para a cadeia de processamento da azeitona de mesa”. Segundo a organização, a Azeitona de Conserva Negrinha de Freixo vai conhecer os benefícios da luz LED antes e depois das prateleiras do supermercado e chegar à nossa mesa com um teor de sal reduzido.

O projeto visa a criação de um novo modelo tecnológico, sustentável e estratégico para a indústria de processamento de azeitona, respondendo a uma crescente necessidade dos produtores de otimização e rentabilização, obtendo um produto final de qualidade, com respeito pelas características peculiares da conhecida “Negrinha”.

Teófilo Ferreira, responsável de produção da Adega Cooperativa de Freixo, explica que “o projeto INOVOlive é de enorme relevância para a Adega Cooperativa de Freixo de Espada à Cinta, pois oferece uma oportunidade ímpar, especialmente no que toca à valorização da Azeitona de Conserva da variedade Negrinha de Freixo, uma referência da região”. A responsável adianta ainda que “com a introdução de práticas mais sustentáveis e saudáveis, o projeto abre portas para mercados exigentes e orientados para produtos premium, tanto a nível nacional quanto internacional. A redução de sal, em particular, posiciona a azeitona como uma escolha ideal para consumidores conscientes e mercados cada vez mais regulados”.

Os parceiros do INOVOlive esperam obter, no final deste projeto, Azeitona de Conserva Negrinha de Freixo embalada em salmoura com teor de sal menor do que a disponível comercialmente, e desenvolver tês sistemas de iluminação LED: um com o objetivo de acelerar a fermentação da azeitona de mesa nos reatores de fermentação, reduzindo em pelo menos três meses o tempo de fermentação, e os outros dois visando reduzir em 99% a carga microbiana das azeitonas e da salmoura no final do processo fermentativo.

Reutilização da salmoura para cultivo de salicórnia

“O MORE CoLAB, mais uma vez, tem a oportunidade de trabalhar com entidades empresariais relevantes no setor produtivo primário, bem como no setor de desenvolvimento tecnológico, de forma a contribuir decisivamente para a criação de modelos de negócios mais sustentáveis e com impacto nas regiões onde está inserido”, afirma Alexandre Gonçalves, coordenador do grupo de Produtos e Processos de Base Biológica do MORE CoLAB. “O nosso foco é a transferência de conhecimento e tecnologia e, neste projeto, focaremos a reutilização da salmoura para o cultivo de salicórnia, um modelo que assenta nos pilares da sustentabilidade e da economia circular”, conclui o representante de um dos parceiros do INOVOlive.

 

Fonte: iALIMENTAR

Os cientistas desenvolveram um robot que identifica diferentes espécies de plantas, em várias fases de crescimento, apenas tocando nas suas folhas através de um elétrodo.

O robot consegue medir propriedades como textura da superfície e teor de água, que não conseguem ser determinadas através das abordagens visuais existentes. Na experiência efetuada, o robot identificou dez espécies de plantas diferentes com uma precisão média de 97,7% e identificou folhas da planta do género bauhinia com 100% de precisão em vários estágios de crescimento.

Para superar as limitações das abordagens baseadas no visual, a equipa de investigação desenvolveu este mecanismo, que foi inspirado na pele humana, com estruturas que trabalham de forma hierárquica para obter informações através do toque.

“Quando o elétrodo no robot faz contacto com uma folha, o dispositivo aprende sobre a planta por meio da medição de várias propriedades”, explicou Zhongqian Song, autor do estudo.

O investigador acredita que este modelo é muito mais eficaz do que as abordagens atuais por via visual, pois estas são vulneráveis a fatores como condições de iluminação, mudanças no clima ou interferência do ecossistema.

Os cientistas responsáveis pelo artigo científico que descreve a experiência, acreditam que agricultores e investigadores do setor agrícola podem usar o robot para monitorizar a saúde e o crescimento das plantações e tomar decisões personalizadas sobre a quantidade de água e fertilizante a fornecer às plantas, assim como gerir o controlo de pragas.

“Isto pode, de facto, revolucionar a gestão das culturas e os estudos de ecossistemas, uma vez que permite a deteção precoce de doenças, o que é crucial para a saúde das plantas e a segurança alimentar”, afirmou Zhongqian Song.

 

Fonte: Vida Rural