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Por ocasião da iminente entrada em vigor dos novos quadros regulamentares para a sustentabilidade promovidos pela União Europeia, o sector do papel na Europa corrobora o seu pleno cumprimento dos requisitos fundamentais de rastreabilidade, reciclabilidade e transparência ambiental, antecipando uma legislação que redefine o panorama das embalagens. A partir da plataforma La Bolsa de Papel, o seu diretor, Ángel Dapena, assegura que “a sustentabilidade já não é uma opção, é um quadro legal exigente. E o saco de papel cumpre-o desde a origem”.
 
O saco de papel é facilmente integrado nos sistemas de recolha existentes. Imagem gerada por inteligência artificial.

Rastreabilidade, reciclabilidade e veracidade: três requisitos já cumpridos

O novo pacote legislativo europeu - composto pelo EUDR sobre cadeias livres de desflorestação, o Regulamento relativo a embalagens e resíduos de embalagens e a Diretiva relativa a alegações ecológicas - não só coloca a tónica na gestão de resíduos, como também desloca o foco para o início da cadeia de valor. Neste sentido, é colocada uma série de questões a que qualquer material deve ser capaz de responder: “de onde vem o material?”, “como é obtido?” e “pode ser provada a sua origem ética e o seu impacto ambiental?”, afirmam fontes da plataforma num comunicado de imprensa.

O Regulamento EUDR obriga a garantir que produtos como o papel provêm de fontes não ligadas à desflorestação a partir de 2020 e exige a rastreabilidade até à parcela florestal de origem. O Regulamento relativo a embalagens e resíduos de embalagens (PPWR) exige que todas as embalagens sejam concebidas de forma sustentável, facilmente recicláveis e compatíveis com a economia circular. Além disso, a diretiva relativa às alegações ecológicas exigirá que todas as alegações ambientais sejam apoiadas por provas técnicas e validação independente.

Embalagens alinhadas com a sustentabilidade desde o início

Neste novo contexto legislativo, o saco de papel destaca-se como uma das embalagens que já cumpre os principais requisitos regulamentares e ambientais. Entre suas caraterísticas estão:

1. Origem renovável, pois é fabricado com fibra de celulose proveniente de florestas geridas de forma sustentável, sob certificações como FSC e PEFC.

2. Reciclabilidade real, já que mais de 80% dos sacos de papel são efetivamente reciclados na Europa.

3. Circularidade comprovada, uma vez que o papel pode ser reciclado até oito vezes sem perda de qualidade.

4. Rastreabilidade total, graças aos sistemas avançados de certificação de origem implementados pelo sector do papel.

Além disso, continuam as mesmas fontes, este tipo de embalagem integra-se facilmente nos sistemas de recolha existentes, é apoiado pelos consumidores e gera benefícios em termos de reputação para as marcas que por ele optam.

Perceção positiva e valor acrescentado para as marcas

De acordo com estudos recentes, 95% dos consumidores avaliam positivamente os sacos de papel, enquanto 63% consideram que estes melhoram a imagem das lojas que os utilizam. Num ambiente marcado por uma cidadania mais exigente, informada e regulamentada, a embalagem torna-se um meio fundamental para projetar credibilidade. “Cumprir a lei é importante, mas transformar o cumprimento em valor de marca é a verdadeira oportunidade”, acrescentou Ángel Dapena, diretor da plataforma La Bolsa de Papel.

Com a legislação europeia prestes a ser totalmente implementada, o saco de papel está a consolidar a sua posição como uma história de sucesso em termos de conformidade e adaptação regulamentar. Uma embalagem que não precisa de ser reinventada para estar alinhada com os princípios da verdadeira sustentabilidade, porque já nasceu de acordo com eles, conclui a plataforma.

Fonte: iAlimentar

Portugal foi o país mais galardoado na 14.ª edição do Concurso Internacional de Azeite Virgem Extra – Prémio CA Ovibeja, que recebeu 93 amostras provenientes de nove países, divulgou hoje a organização.

Segundo os resultados divulgados pela ACOS – Associação de Agricultores do Sul, promotora do concurso em parceria com a Casa do Azeite, Portugal conquistou nove galardões, cinco deles medalhas e quatro menções honrosas, na cerimónia realizada hoje na feira agropecuária Ovibeja para o anúncio dos vencedores e entrega de prémios.

Azeites portugueses ganharam duas das cinco categorias a concurso, nomeadamente a de Frutado Maduro, onde as empresas lusas Altas Quintas – Exploração Agrícola e Vinícola, SA e 4C Azeites, Unipessoal, Lda venceram as medalhas de ouro e prata, respetivamente.

Nesta mesma categoria, a medalha de bronze foi para um azeite de uma empresa israelita e foram ainda atribuídas três menções honrosas, uma delas a um azeite de uma oleícola espanhola e duas a empresas portuguesas (Cooperativa de Olivicultores de Valpaços, Crl e Vidcavea – Azeites da Vidigueira, Lda).

A categoria de Frutado Ligeiro, também foi dominada por Portugal, com medalhas de ouro (Nutrifarms II Olives, SA), prata (Agrícola S. Bartolomé SA) e bronze (4C Azeites, Unipessoal, Lda), enquanto as duas menções honrosas tiveram como destino uma empresa israelita e a portuguesa e alentejana Esporão, SA.

Outra das categorias a concurso foi Frutado Verde Médio, na qual um azeite português obteve uma das três menções honrosas (CARM – Casa Agrícola Reboredo Madeira) – as outras duas foram para Espanha -, cabendo os prémios principais a Itália (ouro e bronze) e a Espanha (prata).

Na categoria de Frutado Verde Intenso, sem azeites lusos premiados, Itália conquistou o ouro e Espanha a prata e o bronze, assim como duas das menções honrosas, tendo a outra sido atribuída à Croácia.

Por último, na categoria para azeites do Hemisfério Sul, as medalhas de ouro e prata foram conquistadas pelo Brasil, pelas empresas Essenza Agroecológica, Lda e Vinícola Essenza, respetivamente.

Em termos de resultados globais do concurso, que distinguiu um total de 25 azeites, Espanha foi o segundo país mais galardoado (oito), com três azeites premiados e cinco menções honrosas, seguindo-se três prémios para Itália, dois para o Brasil, enquanto Israel obteve uma medalha e uma menção honrosa.

O júri, presidido por José Gouveia, reuniu-se nos dias 03 e 04 de abril para apreciar os azeites concorrentes, de acordo com a ACOS.

As 93 amostras recebidas na edição deste ano do concurso foram submetidas por empresas produtoras de Portugal, Alemanha, Israel, Espanha, Grécia, França, Itália, Croácia e Brasil.

Fonte: Agroportal

 

As substâncias químicas desreguladoras do sistema endócrino estão por todo o lado - dos plásticos aos cosméticos - afectando silenciosamente a nossa saúde reprodutiva. Os investigadores financiados pela UE estão a esclarecer os riscos e a desenvolver melhores testes para proteger as gerações futuras.

 

Os investigadores estão a trabalhar para identificar e sensibilizar para os perigos para a saúde colocados pelos químicos desreguladores endócrinos presentes nos produtos do dia a dia. 


A Professora Majorie van Duursen, especialista holandesa em saúde ambiental e toxicologista, tem como objetivo melhorar a saúde das mulheres. O seu principal objetivo? Substâncias conhecidas como substâncias químicas desreguladoras do sistema endócrino (EDC) que se encontram em todo o lado à nossa volta, desde o ar que respiramos e as roupas que vestimos até aos produtos que colocamos na pele.

Van Duursen, chefe da secção de Saúde Ambiental e Toxicologia do Instituto da Vida e do Ambiente de Amesterdão, nos Países Baixos, faz parte de um coro crescente de cientistas europeus que acreditam que devemos olhar mais de perto para os EDC e o seu impacto na nossa saúde.

“Precisamos de compreender melhor como é que estas substâncias químicas prejudicam o sistema reprodutor feminino e de melhores testes para que possam ser identificadas antes de entrarem nos produtos que utilizamos”, afirmou Van Duursen, especialista em toxicologia endócrina.

Avaliar o risco
Os EDC podem ser encontrados praticamente em todo o lado: em fragrâncias domésticas, produtos de limpeza, recipientes e embalagens de plástico para alimentos (bisfenol A), cosméticos (parabenos), champôs e invólucros de plástico (ftalatos). Estão também presentes em utensílios de cozinha antiaderentes, em alguns pesticidas e em produtos electrónicos, mobiliário e têxteis.


Os efeitos na saúde reprodutiva, em particular nas mulheres, podem ser muito complexos e durar toda a vida - mesmo após a exposição pré-natal."

Leia mais aqui

Fonte: Horizon, The EU Research & Innovation Magazine

 

Ao lado das organizações italianas e francesas, a Universidade Nova de Lisboa comprometeu-se a agir contra o desperdício alimentar no âmbito do projeto europeu COMBINE, que entra agora na fase de diagnóstico, com o objetivo de analisar os hábitos de consumo e adaptar a sua estratégia.

Enquanto 88 milhões de toneladas de comida são desperdiçadas todos os anos na União Europeia, o Projeto COMBINE pretende fazer a diferença. Coordenado pela International Food Waste Coalition (IFWC) e o European Food Information Council (EUFIC), a iniciativa reúne vários países europeus – Portugal, França, Itália e Finlândia – em torno de um objetivo comum: apoiar o compromisso da UE de reduzir em 30% o desperdício alimentar. Neste contexto, o projeto colabora de forma estreita com escolas, restaurantes e municípios.

Leia o artigo aqui.

Fonte: Tecno Alimentar

Benefícios dos resíduos do abacate

  • Wednesday, 30 April 2025 14:33

Um projeto de investigação português revela o potencial dos subprodutos do abacate para aplicação em setores tão diversos como a saúde, a alimentação e a cosmética.

No próximo aperitivo com guacamole e nachos, talvez valha a pena pensar duas vezes antes de deitar fora a casca e o caroço do abacate. De facto, estes resíduos contêm compostos bioativos valiosos, com benefícios relevantes para a saúde e mostram potencial para várias indústrias, como a alimentar e a cosmética. Uma investigação da Universidade de Aveiro chegou recentemente a estas conclusões tendo como base o abacate da variedade Hass, a mais produzida e consumida no mundo.

Os resultados do estudo indicam que os subprodutos do abacate têm potencial de aplicação em diversos setores industriais, especialmente na área da saúde. Graças às suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e ao elevado teor de gorduras saudáveis, estes compostos podem funcionar como “auxiliares na prevenção de doenças cardiovasculares e neurodegenerativas, contribuindo assim para o bom funcionamento do coração e para a saúde do cérebro”, explica Bruna Neves. Acrescenta ainda que são benéficos para a pele e ajudam a retardar o envelhecimento precoce.

Para ler a notícia completa aceda aqui.

Fonte: TecnoAlimentar

No passado dia 28 de abril de 2025 foi verificada uma interrupção no fornecimento de energia elétrica em Portugal continental, com a duração aproximada de 10 horas. Situações como esta podem ter impacto na segurança dos alimentos conservados no frigorífico e no congelador, como na qualidade da água, especialmente em áreas onde o abastecimento depende de sistemas elétricos.

Apesar de a maioria dos alimentos se manter segura durante interrupções curtas, é importante adotar alguns cuidados simples para prevenir riscos para a saúde.

Leia aqui como deve proceder após um corte de energia.

Fonte: DGS

A DGAV informa que foi recentemente publicado o Relatório de Execução do Plano de Ação Nacional para o Uso Sustentável de Produtos Fitofarmacêuticos (PANUSPF) relativo ao quinquénio 2018 – 2023.

No Relatório é apresentada uma análise sumária dos progressos alcançados através da apresentação gráfica, sempre que possível, dos resultados das ações realizadas no âmbito dos vários Eixos, Objetivos, Linhas de Ação e Áreas de Intervenção nos domínios da Investigação, Desenvolvimento e Inovação, Formação, Proteção da Saúde Humana, do Ambiente e de Promoção de Sistemas de Produção Sustentável, muitos dos quais traduzidos, também, em Indicadores de desempenho quantitativos, tendo o documento sido elaborado com os contributos das várias entidades participantes no Grupo de Trabalho criado pelo Despacho n.º 2194/2018 de 2 de março.

Fonte: DGAV

 

 Lígia Afreixo, Jorge Lino Alves Projeto ID Foods — Food System of The Future Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
 
 
O futuro da alimentação exige um esforço conjunto entre investigadores, cientistas, designers, industriais e consumidores para que possam criar produtos apelativos, acessíveis e alinhados com as necessidades nutricionais da população. O desafio não é apenas produzir mais proteínas, mas fazê-lo de forma inteligente, sustentável e sobretudo atrativa.

As proteínas alternativas são alimentos (fonte de proteína) que oferecem opções às tradicionais proteínas animais (de carne, peixe, leite e ovos), podendo ser de origem vegetal (plant-based), derivadas de fungos, leveduras, microalgas ou obtidas por biotecnologia, como a carne cultivada em laboratório por reprodução artificial de células animais.

As proteínas alternativas constituem uma tendência de consumo cada vez mais disseminada e adotada, tendo angariado, em 2024, o seu pico de popularidade. De acordo com inquéritos recentes, 58% dos consumidores optam por proteínas alternativas motivados por preocupações ambientais e éticas. A disponibilidade alimentar de produtos proteicos alternativos sofreu um aumento anual de 57% . A União Europeia tem reforçado, cada vez mais, as suas diretrizes relativamente à produção de diferentes tipologias de proteínas, garantindo uma transição, até 2050, para sistemas alimentares mais saudáveis e de menor impacto ambiental, como uma das acções do pacto estratégico europeu ‘do prado ao prato’ (2020).

Estimular o aumento do cultivo de proteínas vegetais tem como principal missão o combate às alterações climáticas através da descarbonização atmosférica. Paralelamente, originará um reforço do aumento da sua promoção e consumo, contribuindo eficazmente para a manutenção de padrões de saúde humana a longo prazo.

Pretende ler o artigo completo aqui

 Fonte: iAlimentar

 

Novos estudos revelam que as memórias de alimentos gordos e açucarados ficam codificadas no hipocampo, o que ajuda a explicar por que razão parece impossível resistir a alguns desejos alimentares.

Tiffany Nieslanik e Heather Willensky, The New York Times/ Redux
 
Os desejos alimentares podem parecer impulsivos, mas novos estudos sugerem que estão frequentemente enraizados na memória. Os cientistas descobriram que o cérebro codifica os alimentos altamente calóricos de uma forma que pode influenciar silenciosamente aquilo que comemos – mesmo quando não temos fome.
 Na próxima vez que se lembrar de que tem um chocolate numa gaveta da secretária, o seu cérebro poderá não estar apenas a lembrar-se do chocolate, mas a tentar activamente obrigá-lo a ir buscá-lo.

Um estudo recentemente publicado na Nature Metabolism sugere a existência de uns neurónios específicos no hipocampo que mantêm um registo dos pormenores sensoriais e emocionais dos alimentos ricos em calorias. Em experiências realizadas com ratos, estes neurónios desencadearam desejos alimentares, levando-os a comer em excesso, mesmo quando os animais não tinham fome. Quando os investigadores silenciaram esses neurónios, os roedores diminuíram a sua ingestão de açúcar, evitando assim a obesidade induzida pela alimentação.

“Todos os animais precisam de comer, por isso sentimos impulsos de fome que nos ajudam a sobreviver”, afirma Guillaume de Lartigue, membro associado do Monell Chemical Senses Center e co-autor do novo estudo. Tradicionalmente, os cientistas distinguiam entre a fome metabólica – a necessidade de energia do corpo – e a fome hedonista, que se manifesta quando os alimentos têm um aspecto ou cheiro tentador. No entanto, este novo estudo acrescenta uma terceira camada: fome causada pela memória.

Embora a investigação tenha sido realizada com animais, corrobora um crescente corpo de evidências segundo as quais as memórias da gordura e do açúcar podem moldar, silenciosamente, o nosso comportamento alimentar – frequentemente, sem que tenhamos consciência disso. E, num mundo onde os alimentos altamente calóricos estão por toda a parte, esses padrões neuronais podem ajudar a explicar por que razão parece impossível resistir a alguns desejos alimentares.

Por que MOTIVO os nossos cérebros não conseguem fazer frente à junk food

O trabalho de qualquer organismo é perceber como navegar no seu ambiente e fazer as melhores escolhas para obter alimento, diz Dana Small, psicóloga, neurocientista e Investigadora de Excelência do Metabolismo e do Cérebro do Canadá (Canada Excellence Research Chair in Metabolism and the Brain).

Segundo Small, nos primórdios da história humana, quando as calorias eram escassas, aprendemos a recorrer a pistas sensoriais – olfacto, visão e localização para identificar alimentos ricos em energia. Depois de comermos, o cérebro armazena essa informação, juntamente com a forma como a comida nos fez sentir, criando uma “base de dados mental” de sabores e dos seus efeitos. Basicamente, quando comemos, estamos, subliminarmente, a integrar os mundos interno e externo – que é exactamente a memória”, diz Small.

Estes sinais influenciam a libertação de dopaminanas vias de recompensa do cérebro. Em seguida, o cérebro actualiza o valor de um alimento, com base nesta informação, e usa esses dados quando voltamos a encontrar o sabor. Por isso, na vez seguinte que passamos por uma padaria, por exemplo, esse registo interno, ou memória, activa-se, desencadeando um desejo alimentar.

O estudo de Monell também descobriu que as memórias da gordura e do açúcar são armazenadas através de vias diferentes, mas ambas resultam na libertação de dopamina. Embora a maioria dos alimentos contenham gordura ou hidratos de carbono, os alimentos ultra-processados contêm ambos. Alimentos que juntam esses macronutrientes podem activar ambas as vias em simultâneo, como se verificou nos ratos do estudo, desencadeando, potencialmente, uma resposta ampliada da recompensa, o que pode ajudar a explicar por que razão é difícil resistir a esses alimentos.

No mundo actual, este tipo de alimentos altamente calóricos, contendo esta poderosa combinação, existem por toda a parte e são de fácil acesso, oprimindo os sistemas de tomada de decisões do nosso cérebro e fazendo com que seja mais difícil escolher opções saudáveis.

A boa notícia é que o cérebro é adaptável. Tal como aprende a desejar determinados alimentos, também pode aprender novas respostas, diz Amy Egbert, professora assistente de ciências psicológicas na Universidade do Connecticut. O primeiro passo é identificar a causa dos desejos alimentares. Será fome, emoção ou outra coisa?

Depois de compreender o gatilho, poderá começar a desaprender o circuito do desejo alimentar. É aqui que as abordagens terapêuticas entram em cena. “As terapias de exposição e as técnicas cognitivas são das ferramentas mais eficazes de que dispomos”, diz Egbert. Estes métodos podem ajudar indivíduos a desmontar a forma como desenvolveram determinadas relações com a comida e a reprogramarem as suas respostas ao longo do tempo.

Small concorda que a terapia de exposição pode ser útil, mas diz que não se aplica de forma genérica aos sabores. Cada sabor tem de ser abordado de forma individual, tornando o processo trabalhoso. Ela acrescenta que medicamentos como os agonistas dos receptores do GLP-1 – incluindo o Ozempic – parecem promissores na diminuição dos sinais de recompensa libertados pelo cérebro depois de comer. “Conseguem reduzir o condicionamento, reduzir a libertação de dopamina e ajudar a reduzir os desejos alimentares no cérebro”, diz Small.

No entanto, devemos ter em conta que, embora estes medicamentos possam gerir o apetite a curto prazo, não resolvem a raiz do problema que leva alguém a comer em excesso. “É fantástico termos um fármaco que diminui isso, porque ajuda-nos a gerir a nossa ingestão de alimentos. Mas, quando paramos de tomá-lo, o problema subjacente ainda lá está”, diz Lartigue.

Enquanto os investigadores ainda estão a explorar a forma exacta como estes medicamentos afectam os sistemas de recompensa e de memória do cérebro, o melhor é focarmo-nos em como e por que razão comemos aquilo que comemos e examinarmos sobre essas questões, a par das intervenções farmacêuticas.

Como programar o cérebro a resistir à junk food

O estilo de vida contemporâneo faz com que seja particularmente difícil resistir aos desejos alimentares. As nossas vidas quotidianas funcionam contra nós – em muitos casos, não temos recursos, seja tempo ou dinheiro, para preparar uma refeição mais saudável que seja igualmente deliciosa para os nossos sistemas. Para complicar ainda mais as coisas, o cérebro pode formar uma memória alimentar após uma única exposição, fazendo com que seja praticamente impossível resistir a um desejo alimentar.

Mesmo assim, Lartigue crê que o simples facto de sabermos que a memória pode desencadear a ingestão de alimentos é importante. “O conhecimento de que a própria memória é um gatilho para comer em excesso, pode ajudar-nos a mudar o nosso comportamento. Muitas destas coisas são subconscientes, por isso, se ganharmos consciência delas, poderemos interromper o ciclo da memória e dos desejos”, afirma.

Os desejos alimentares podem parecer impulsivos ou permissivos, mas devem-se frequentemente a esquemas neuronais profundamente enraizados. Quanto melhor compreendermos esses padrões, mais probabilidades teremos de conseguir reformulá-los – e recuperarmos o controlo sobre aquilo que comemos.

Fonte: National Geographic

A indústria do café representa uma das mais importantes cadeias de valor comercial a nível mundial. De facto, estima-se que sejam produzidas e consumidas, anualmente, cerca de 10 milhões de toneladas de café em todo o mundo.

Contudo, a produção e o consumo desta matéria-prima tão apreciada estão associados a vários problemas socioeconómicos e ambientais que têm prejudicado a sustentabilidade desta cadeia de valor.

Entre outros fatores, a obtenção de elevadas quantidades de subprodutos do café ao longo de toda a cadeia (cascara, polpa, mucilagem, pergaminho, pele de prata e borras de café), desde a colheita até ao copo, tem sido apontada como um dos principais desafios que a indústria do café enfrenta. Infelizmente, a gestão destes subprodutos não tem sido eficiente, representando um sério problema ambiental. A polpa e a pele de prata são os principais subprodutos que resultam da produção/ processamento pós-colheita e da torrefação do café, respetivamente. A polpa resulta da despolpagem do fruto do café através do método de processamento húmido.

Embora este método permita a obtenção de cafés com maior qualidade e valor económico, estima-se que sejam gerados cerca de 500 kg de polpa por tonelada de café verde obtido. Este subproduto resultante da produção e processamento pós-colheita é fundamentalmente descartado no ambiente, levando a efeitos nefastos nos ecossistemas devido à acumulação significativa de matéria orgânica e compostos fitotóxicos, pondo em risco a fauna e flora terrestre e marinha, inclusive as próprias plantações de café.

Por outro lado, a pele de prata, um tegumento fino que reveste o grão do café e que se desprende do mesmo durante o processo de torrefação, é gerada em quantidades significativamente inferiores, estimando-se que por cada tonelada de café torrado sejam obtidos cerca de 7,5 kg de pele de prata. Contudo, tendo em conta as quantidades de café que são consumidas anualmente e considerando que este subproduto é maioritariamente descartado em aterros, o seu impacto ambiental é igualmente significativo .

Para fazer face a estes problemas, têm sido realizados inúmeros estudos com o objetivo de valorizar e reutilizar estes subprodutos nas mais diversas áreas, desde a alimentar e farmacêutica à produção de fertilizantes, biocombustíveis e biocompósitos. Em particular, estes subprodutos apresentam um elevado potencial para serem reutilizados e aplicados nas indústrias alimentar, farmacêutica e nutracêutica devido à sua composição em nutrientes e compostos bioativos com efeitos benéficos reconhecidos: ação antioxidante, anti-inflamatória, antidiabética, anti-obesidade, hipolipidémica, prebiótica, hepatoprotetora, neuroprotetora e anticancerígena.  Isto demonstra o elevado potencial destes subprodutos, sendo expectável que nos próximos anos este mercado possa crescer.

Contudo, apesar do seu reconhecido valor nutricional, a sua incorporação em formulações alimentares muitas vezes afeta negativamente o perfil sensorial dos produtos, comprometendo a aceitação do consumidor. No desenvolvimento de novos produtos é importante garantir que se cumprem as expectativas dos consumidores em termos de sabor, aroma e sensação na boca, características tão típicas destes produtos; é necessário considerar a sua validação sensorial.

Tendo em conta a procura crescente por alimentos funcionais e sustentáveis por parte dos consumidores, o presente estudo teve como objetivo desenvolver bolachas com incorporação de polpa e pele de prata em várias concentrações, a que se seguiu uma caraterização dos novos produtos (protótipos) do ponto de vista sensorial, bem como a avaliação de parâmetros físicos, como textura e cor. (...)

 

Por Juliana Peixoto, Carla Barbosa,Beatriz Oliveira, Rita Alves
REQUIMTE/LAQV, Departamento de Ciências Químicas,
Faculdade de Farmácia, Universidade do Porto

Fonte: TecnoAlimentar