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O período de tempo (cada vez maior) "a navegar" expõe a população continuamente à publicidade de alimentos, que em geral são pouco saudáveis", lê-se num comunicado da DGS.

Ministério da Saúde e Direção-Geral da Saúde (DGS) lançaram esta terça-feira um apelo à ação para proteger as crianças de ambientes digitais promotores da obesidade, aproveitando, por outro lado, a presença digital para melhorar o acesso a uma alimentação saudável.

A “Lisbon Call to Action — Para proteger as crianças dos ambientes alimentares obesogénicos” é lançada no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia e surge depois de uma conferência organizada em conjunto com a Organização Mundial de Saúde (OMS) para a região europeia que debateu o tema.

“Compram-se cada vez mais alimentos pela Internet (supermercados online e food delivery apps), procura-se informação sobre alimentação saudável em plataformas digitais e o período de tempo (cada vez maior) “a navegar” expõe a população continuamente à publicidade de alimentos, que em geral são pouco saudáveis“, lê-se num comunicado da DGS esta terça-feira divulgado.

“O mundo digital parece estar a modificar o consumo alimentar, o comportamento de compra e de preparação de alimentos. As poderosas estratégias de marketing que emergiram no contexto digital, a utilização frequente das ‘food delivery apps’ e o risco acrescido de desinformação no que toca à alimentação saudável, são algumas das principais ameaças que se colocam ao combate à obesidade”, acrescenta-se.

As autoridades destacam também as oportunidades que os ambientes digitais proporcionam, com ferramentas que permitem monitorizar a oferta e o consumo de alimentos e que “podem ser essenciais para o planeamento e monitorização das políticas públicas para a prevenção da obesidade“.

O apelo à ação é dirigido a governos, famílias, organizações da sociedade civil, produtores de conteúdos digitais e especialistas em marketing, mas também às empresas do setor alimentar.

“Aos governos pede-se ação para reduzir a exposição das crianças ao marketing digital de alimentos não saudáveis; aos pais e famílias pede-se para reconhecerem os riscos associados à excessiva exposição das crianças aos ecrãs, procurando encorajar a sua redução; às escolas e toda a comunidade escolar pede-se colaboração no sentido de contribuírem para o aumento da literacia digital e mediática das crianças e jovens e aos operadores económicos do setor agroalimentar e marketeers pede-se o compromisso de não publicitarem alimentos de má qualidade nutricional para crianças. São apenas alguns exemplos”, refere a DGS.

Fonte: Observador

A China conseguiu erradicar a malária, depois de 70 anos a tentar suprimir a doença, transmitida por mosquitos e que mata centenas de milhares de pessoas todos os anos, anunciou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS).

O país, que tinha 30 milhões de casos anuais na década de 40 do século passado, não registou um único caso local, nos últimos quatro anos.

Esta doença, transmitida pelo mosquito Anopheles, matou mais de 400 mil pessoas, em 2019, sobretudo em África.

“Felicitamos o povo chinês por ter livrado o país da malária”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “A China junta-se ao número crescente de países que mostram que um futuro sem malária é possível”, apontou o responsável, que atribuiu o êxito chinês a “décadas de ação focada e sustentada”.

Os países que registaram três anos consecutivos sem transmissão local podem inscrever-se para obter a certificação da OMS que valida o seu estatuto de nação livre da malária. O pedido de certificação deve ser acompanhado com provas dos resultados, e demonstrar a capacidade de prevenir qualquer transmissão posterior.

A China é o 40.º território a obter esta validação da agência da ONU. Os últimos foram El Salvador (2021), Argélia e Argentina (2019) e Paraguai e Uzbequistão (2018).

A China é o primeiro país da região do Pacífico Ocidental, na nomenclatura da OMS, a receber esta certificação em mais de 30 anos. Apenas três países daquela região receberam a certificação até agora: Austrália (1981), Singapura (1982) e Brunei (1987).

No relatório de 2020 sobre a malária, a OMS constatou que os avanços na luta contra a doença estagnaram, sobretudo nos países africanos, que apresentam as maiores taxas de contaminação e morte. Após um declínio constante, desde 2000, quando a doença causou 736 mil mortes, o número de mortos subiu a 411 mil em 2018, e 409 mil em 2019. Mais de 90% das mortes ocorreram em África e foram sobretudo crianças (265 mil). Em 2019, houve 229 milhões de casos de malária, patamar que se mantém há quatro anos.

Pequim começou na década de 1950 a identificar os locais onde havia casos de malária e a combatê-la com tratamentos antimaláricos preventivos, observou a OMS. O país também eliminou áreas favoráveis à criação de mosquitos e aumentou o uso de inseticidas nas residências.

Em 1967, a China lançou um programa científico para encontrar novos tratamentos e que levou à descoberta, na década de 1970, da artemisinina, o principal medicamento contra a doença, extraído de uma planta. O número de casos caiu para 117 mil, no final de 1990, e as mortes foram reduzidas em 95%. Esforços adicionais, realizados em 2003, permitiram reduzir para cerca de 5.000 contaminações por ano, em dez anos.

“A capacidade da China de se aventurar fora do caminho tradicional foi bem-sucedida na sua luta contra a malária e também teve um importante efeito dominó a nível global”, disse o diretor do programa global de malária da OMS, Pedro Alonso.

Depois de quatro anos sem contaminação local, Pequim candidatou-se à certificação, em 2020.

O risco de casos importados, especialmente dos vizinhos Laos, Myanmar (antiga Birmânia) e Vietname, continua a ser uma fonte de preocupação.

Uma vacina, anunciada no final de abril pela Universidade de Oxford, demonstrou uma eficácia de 77% em testes em África. Esta inoculação poderá ser aprovada nos próximos dois anos.

Fonte: Observador

A União Europeia (UE) vai levantar a proibição à alimentação animal feita de restos de animais, que foi inicialmente introduzida face ao risco de casos de encefalopatia espongiforme bovina (BSE na sigla em inglês), vulgarmente conhecida como doença das vacas loucas, avança o The Guardian. A medida tem como propósito permitir que as proteínas de suíno baratas sejam alimentadas às galinhas por receios de que os agricultores europeus sejam subcotados por padrões mais baixos noutros países.

A alteração dos regulamentos entra em vigor em agosto, na sequência de uma última tentativa de uma coligação de eurodeputados, liderada pelos Verdes, que pretendia acabar com a política. O regulamento já foi aprovado pelos estados-membros da União Europeia, com exceção da França e da Irlanda que se abstiveram.

A Comissão Europeia informou os eurodeputados, numa nota vista pelo The Guardian, de que não havia qualquer risco para a saúde de permitir que: as proteínas provenientes de suínos e insetos fossem alimento para as aves de capoeira; a alimentação de porcos fosse feita com proteínas animais processadas (PAP) de galinha; ou que fosse utilizada a gelatina e colagénio de ovinos e bovinos na alimentação de outros animais de produção. A proibição da utilização de PAP na alimentação de vacas e ovinos e da “reciclagem intra-espécie” continuará em vigor.

“As normas internacionais incluem apenas uma proibição de alimentos ruminantes para ruminantes”, escreveu a comissão. “A proibição de alimentar todos os animais de produção com proteínas animais não pode ser imposta às importações para a UE. A proposta contribui para combater uma discriminação para com os produtores da UE que devem respeitar a proibição total dos alimentos para animais, enquanto os de países terceiros apenas aplicam uma proibição de alimentos para animais ruminantes”, concluiu a entidade europeia.

Recorde-se que inicialmente, em 1994, a proibição cingia-se apenas à utilização de proteínas animais processadas (PAP) a partir de mamíferos na alimentação de bovinos e ovinos. Em 2001, para evitar contaminação cruzada, a proibição foi estendida a todos os animais de produção.

Fonte: Agroportal

Na Argentina, uma rede de confeitarias e uma empresa de biotecnologia juntaram-se para fabricar produtos com trigo transgénico. O trigo foi geneticamente modificado para ser resistente à seca e é o primeiro no mundo a ser aprovado para comercialização.

Na sequência do acordo entre a empresa biotecnológica argentina Bioceres Crop Solutions e um fabricante de ‘alfajores’ (biscoitos latino-americanos cada vez mais populares), os consumidores argentinos e brasileiros vão poder comprar produtos à base de trigo geneticamente modificado.

Em outubro de 2020, a Argentina tornou-se o primeiro país a adotar o trigo transgénico HB4 tolerante à seca para produção e consumo, depois de dez anos de testes de campo que mostraram um aumento da produtividade em até 20% durante os meses de cultivo afetados pela seca.

Mais informações aqui.

Fonte: CiB - Centro de Informação de Biotecnologia

O ministro do Mar, Ricardo Serrão Santos, alertou ontem, na última reunião do Conselho da União Europeia a que presidiu para um possível incidente diplomático com a Noruega, devido à redução unilateral das possibilidades de pesca, nomeadamente de bacalhau.

Em conferência de imprensa, no final da reunião, Serrão Santos disse que os ministros das Pesca da UE se debruçaram "sobre um assunto muito delicado e que pode a curto prazo trazer complicações graves a nível diplomático", que é o das possibilidades de pesca na Noruega e Svalbard, um arquipélago entre este país e o Polo Norte.

"A Noruega ameaça apresar os navios da UE logo que seja atingida a quota fixada unilateralmente e de forma indevida por aquele país e que se traduz em cerca de menos 10 mil toneladas do que é histórico", salientou.

"Os ministros alegam que a Comissão deve utilizar todos os instrumentos de que dispõe para impedir que a Noruega leve a cabo as ações pretendidas levar a cabo contra os navios da União e acreditam que a Comissão será capaz de ultrapassar a complexa situação e modo a permitir aos pescadores europeus a continuarem as suas atividades naquele pesqueiro sem complicações.

Em 23 de março, Serrão Santos tinha já assinalado que Portugal perdeu 437 toneladas de bacalhau (293 em águas exclusivas da Noruega e 144 em Svalbard) este ano face a 2020, com uma quota de 2.607 toneladas de bacalhau em águas da Noruega e de 2.274 toneladas na área de Svalbard.

A Noruega alega que a UE concedeu a si própria uma quota de 28.431 toneladas de bacalhau na zona de proteção dos peixes em torno de Svalbard, cerca de 10.000 toneladas acima do que Oslo tinha fixado para a UE.

O Governo norueguês considerou que a concessão pela UE de quotas na zona de proteção das pescas em redor de Svalbard viola os direitos soberanos da Noruega de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar e ameaçou apresar os navios do Estados-membros se estes ultrapassarem a respetiva quota.

Fonte: RTP

A indústria alimentar do Reino Unido está a enfrentar um verão difícil. A falta de trabalhadores significará grande escassez de alimentos, começando nas quintas e terminando nas cozinhas dos restaurantes.

A indústria alimentar começa a perceber as graves consequências da falta de mão-de-obra decorrente da crise de saúde provocada pela Covid-19 e pelo Brexit. À medida que o país reabre as suas fronteiras após a pandemia, o déficit de produção é mais acentuado, aproximando-se da sua capacidade máxima.

Falta de mão-de-obra

A falta de mão-de-obra atinge todos os elos da cadeia produtiva. A pecuária não encontra trabalhadores e o sector da distribuição mal consegue contratar novos transportadores, uma situação que coloca em risco o fluxo de abastecimento de produtos alimentares.Por sua vez, o sector da carne viu-se obrigado a reduzir a produção e o sector hoteleiro não dispõe de pessoal suficiente para responder à procura crescente.

Shane Brennan, que dirige a Federação da Cadeia de Frio, explicou à Bloomberg que “já se estão a ver prateleiras vazias, em algumas partes da cadeia de abastecimento de alimentos, em supermercados e em hotéis, bares e restaurantes. Isso vai continuar, por isso, vamos ver escassez intermitente durante todo o verão“.

Essa carência começou com o Brexit, que limitou o fluxo de trabalhadores da União Europeia, e o problema intensificou-se durante a pandemia, quando milhares de pessoas de diferentes países deixaram o Reino Unido. De acordo com as estatísticas oficiais, cerca de 50 mil pessoas deixaram o país durante o segundo trimestre do ano passado. No entanto, agora que a economia britânica começa a abrir, essa força de trabalho não está a voltar.

Subida no preço dos produtos

O aumento dos preços das “commodities” e as interrupções logísticas decorrentes do Brexit e do bloqueio do Canal de Suez causaram uma alta nos preços dos alimentos.

Por outro lado, os produtos frescos, como frutas e vegetais, têm sido particularmente afetados, devido ao desperdício por não haver transportadores para distribuí-los a tempo, um problema que está a levar os retalhistas a terem que encontrar produtos fora das suas fronteiras, voltando-se para a Europa.

O sector alimentar responsabiliza o novo sistema de imigração, implementado com o Brexit, pela situação. Esse sistema prioriza os trabalhadores mais qualificados, o que dificulta que alguns sectores, como a hotelaria e a agricultura, garantam a mão-de-obra de que precisam. A oferta online de empregos, na maioria dos sectores,  aumentou 10 vezes, desde maio de 2020. O sector dos restaurantes, por exemplo, passou de 15,4% das ofertas de empregos para 140,4%.

Fonte: Grande Consumo

Esta utilização – defendida pela FAO (ONU) desde 2013 – tem vindo a ser limitada pela regulamentação europeia. Desde a sua criação em 2018, que a Portugal Insect definiu este como um dos seus principais desígnios. Até hoje, viveu-se uma situação de alguns países da UE que autorizam o consumo de insetos e outros que o impediam, gerando um cenário de concorrência que entendemos contrário aos princípios da UE.

Recentemente, no entanto, um acórdão do Tribunal Europeu de Justiça veio trazer alguma clareza adicional sobre o tema e consequentemente, Portugal passou a reconhecer a legalidade da utilização de insetos em alimentação humana.

Com efeito, já a FAO, no seu paper “Edible insects: future prospects for food and feed security” (2013), sugeria a utilização dos insetos como fonte de proteína animal, com larga vantagem sobre aquelas a que os consumidores ocidentais estão mais familiarizados (vaca, porco e frango).

Com este reconhecimento, Portugal fica assim mais próximo dos Estados-membros da UE onde esta colocação no mercado já era possível. Poderemos por isso, muito em breve, ver produtos enriquecidos com insetos, na prateleira do supermercado.

Dá-se assim um primeiro passo para a construção de um novo setor económico, que se pretende inovador, gerador de emprego e riqueza.

Mais informação aqui.

Fonte: Agroportal

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, esta noite, uma Operação de Fiscalização, denominada Operação Convívio Seguro II, que decorreu nas zonas onde se localizam os espaços de diversão noturna mais frequentados na cidade de Lisboa, tendo como principal objetivo fiscalizar o cumprimento das regras aplicáveis no atual contexto da pandemia da doença do COVID-19.

Como balanço da ação foram fiscalizados 50 operadores económicos, tendo sido instaurados 31 processos de contraordenação destacando-se como principais infrações a falta de observância do dever de encerramento dos estabelecimentos, o não cumprimento das regras de ocupação, lotação, permanência, distanciamento físico nos locais abertos ao público e o incumprimento das regras de fornecimento e venda de bebidas alcoólicas após as 21h, entre outras.

Foi ainda determinada a suspensão imediata de atividade de 10 estabelecimentos, tendo a operação contado com a colaboração da Polícia Municipal.

A ASAE continuará a desenvolver ações de fiscalização, no âmbito das suas competências, em todo o território nacional, em prol de uma sã e leal concorrência entre operadores económicos, na salvaguarda da segurança alimentar bem como para garantia do cumprimento das regras de saúde pública determinadas pela situação pandémica.

Fonte: ASAE

No âmbito do artigo 35º – medidas transitórias – do Regulamento 2283/2015, relativo a novos alimentos,  é possível comercializar insetos que cumpram as seguintes condições:

  1. Terem sido legalmente colocado no mercado, num país da EU, antes de 1 de janeiro de 2018;
  2. Ter sido apresentado um pedido de autorização de colocação no mercado, para esse inseto, como novo alimento ou alimento tradicional de país terceiro, antes de 1 de janeiro de 2019.

Após conclusão de um processo de autorização no âmbito do regulamento dos novos alimentos foi, no passado dia 1 de junho, publicado o Regulamento de Execução que autoriza o novo alimento “Larvas de Tenebrio molitor desidratadas”, a ser colocado no mercado. De notar que terá que ser dado cumprimento a determinadas especificações e disposições de rotulagem, nomeadamente relativas a reações alérgicas, mencionadas nesse regulamento.

Para mais informações sobre Insetos – colocação no mercado ao abrigo de medidas transitórias Clique aqui

Fonte: DGAV

Num momento em que o tema da sustentabilidade entrou claramente na agenda da União Europeia, seja pela densificação das exigências regulamentares, seja pelos pacotes financeiros adjudicados, o plástico permanece como um dos derradeiros desafios a uma economia mais sustentável. Na procura por uma alternativa viável aos plásticos de origem fóssil, os bioplásticos são muitas vezes apontados como potencial solução.

Foi isso mesmo que a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED) se propôs discutir, no webinar realizado em parceria com a CIP – Confederação Empresarial de Portugal, inserido no ciclo de encontros empresariais dedicado à economia circular, uma das ações previstas no projeto Economia+Circular, desenvolvido com o apoio da EY-Parthenon, onde se constatou que há um longo caminho a percorrer até que sejam uma realidade.

Impacto ambiental

Empresas, academia e entidades governamentais com responsabilidades na definição de políticas ambientais e económicas juntaram-se à mesma mesa para debater o tema. Ana Cristina Carrola, do Conselho Diretivo da Agência Portuguesa do Ambiente, ressalva que os bioplásticos provêm, geralmente, de fontes renováveis e têm um menor impacto no meio marinho, uma vez que a sua degradação é superior ao plástico tradicional de origem fóssil. Mas reconhece que constituem ainda um desafio, não só em termos do efetivo cumprimento das finalidades várias para que são necessários, como também no que respeita ao tratamento no seu fim de vida. Para a responsável, “é essencial que estes bioplásticos, quando colocados com alguma dimensão no mercado, sejam efetivamente encaminhados pelo cidadão para um destino adequado, um contentor de recolha seletiva que, neste caso, deixa de ser o contentor amarelo e passa a ser o dos biorresíduos. E, para tal, importa que seja passível de o cidadão os distinguir dos outros, devendo apostar-se numa marcação que permita, claramente, efetuar esta distinção junto do consumidor”.

Fernanda Ferreira Dias, da Direção-Geral das Atividades Económicas, dá o exemplo de Bruxelas, cidade onde, desde 2010, são operados 12 fluxos de resíduos, e reconhece o atraso de Portugal nesta matéria. Mas alerta que este é um caminho de sentido único. “A mensagem a dirigir às empresas é uma única: tem de haver um alinhamento de objetivos entre os agentes públicos e privados. E o caminho da ecologia e do digital é irreversível. As empresas têm necessariamente de se adaptar a este novo paradigma. Quem for capaz de antecipar essas necessidades e estar preparado para produzir dessa forma vai, certamente, ser mais competitivo. As empresas devem aproveitar os apoios para se reconverterem. É um caminho de um único sentido, que é o sentido da inovação”.

Desafios

Às lacunas existentes ao nível da correta separação dos bioplásticos somam-se os desafios do tratamento em fim de vida destes materiais. Inês Baeta Neves, da Valorsul, revela que muitos destes bioplásticos não se degradam nos processos de compostagem existentes e acabam por ter de ser encaminhados para incineração ou, quando tal não é possível, para aterro.

Ana Vera Machado, da Universidade de Aveiro, admite que há muito ainda por fazer ao nível da inovação. “Está a trabalhar-se muito no desenvolvimento e na substituição de embalagens de uso único, mas os desafios também passam muito pela nossa sociedade. As pessoas têm de ter informação e é necessário potenciar a reciclagem”. Ana Cristina Carrola acrescenta que uma potenciação máxima da reciclagem, a nível global, permitiria a redução do consumo de matérias-primas primárias em 30%.

Plástico não vai acabar 

O diretor geral da APED, Gonçalo Lobo Xavier, afirma que o plástico não vai acabar. “Esta diabolização que assistimos do plástico está enferma de muito desconhecimento por parte da população e, às vezes, por parte das autoridades, o que urge combater. O que defendemos é o uso racional e responsável do plástico”.

O responsável deixa ainda dúvidas quanto à racionalidade económica dos bioplásticos, que está longe de estar provada, com consequências óbvias para as empresas e para os consumidores.

Tiago Filipe, da Silvex, empresa que produz bioplásticos desde 2009, com cerca de 50% da faturação proveniente da exportação, nomeadamente para Itália, Espanha e França, reconhece que existem desafios no que toca às finalidades de utilização dos bioplásticos, mas também em termos legislativos: “Achamos que não faz sentido que um material que vá para compostagem esteja a pagar algum tipo de ecotaxa”, afirma o responsável da empresa.

Fonte: Grande Consumo