De óculos de contagem de calorias a videogames de alimentação saudável para crianças, investigadores financiados pela UE desenvolvem novas abordagens em apoio a estilos de vida e hábitos alimentares saudáveis.
Um dos maiores desafios no estudo do impacto da dieta nas doenças é entender o que as pessoas realmente comem. Diários alimentares e pesquisas ainda são as ferramentas padrão, mas muitas vezes falham, pois as pessoas esquecem, avaliam mal as porções ou minimizam escolhas menos saudáveis.
Para resolver esse problema, investigadores financiados pela UE estão a testar algo novo: uma câmara vestível discreta, emparelhada com IA. O sistema pode detectar automaticamente os tipos de alimentos e estimar o tamanho das porções em tempo real, oferecendo uma imagem mais nítida e confiável dos hábitos alimentares diários.
Imagine uma rotina matinal. Você abre o frigorífico para preparar o pequeno almoço. Uma pequena câmara presa aos seus óculos registra silenciosamente o que entra no seu prato. Não há suposições nem chances de esconder nada.
A tecnologia está a ser testada no CoDiet, uma colaboração de quatro anos financiada pela UE, até ao fim de 2026.
A colaboração reúne 17 instituições de oito países da UE e países associados, como o Reino Unido, para explorar como a dieta contribui para doenças não transmissíveis, como diabetes, obesidade e problemas cardíacos.
Cerca de 200 voluntários em toda a Europa usaram as câmaras diariamente sob a supervisão do Dr. Aygul Dagbasi, nutricionista e investigador pós-doutorado no Imperial College London, no Reino Unido.
“As pessoas ficaram motivadas a participar porque isso lhes deu uma compreensão mais profunda de sua dieta e seu impacto em sua saúde”, disse Dagbasi.
A principal vantagem é a objetividade. "Quando perguntamos aos pacientes o que eles comem, a resposta que recebemos é apenas a percepção deles", explicou ela. "Se não soubermos o que as pessoas realmente comem, nossas descobertas e orientações serão imprecisas."
Leia o artigo completo aqui.
Fonte:Horizon
Um grupo de investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) integra o consórcio europeu do projeto LIFE-NITRAZENS, que visa desenvolver soluções sustentáveis contra a poluição por nitratos.
Esta investigação, foi recentemente aprovada pela Comissão Europeia com um financiamento cerca de 2 milhões de euros, ao abrigo do LIFE Programme.
«O projeto tem como objetivo enfrentar o desafio urgente da contaminação por nitratos, uma ameaça significativa para os ecossistemas e para a saúde humana. A poluição por nitratos, resultante, principalmente, da atividade agrícola intensiva e da gestão inadequada de resíduos orgânicos, está associada a problemas de saúde graves, como a metemoglobinemia e o aumento do risco de cancro», alerta Artur Valente, diretor do DQ e investigador do Centro de Química.
Assim, o LIFE-NITRAZENS propõe um modelo sustentável e replicável de mitigação da poluição por nitratos, baseado numa abordagem integrada que combina sensibilização ambiental, participação ativa das comunidades locais e mudança de comportamentos. «O projeto incentiva o envolvimento direto dos cidadãos na monitorização dos níveis de nitratos em águas superficiais e subterrâneas, promovendo a adoção de práticas agrícolas mais sustentáveis e o cumprimento das diretivas europeias sobre a qualidade da água», revela a equipa do projeto.
Foram selecionadas seis áreas-piloto, localizadas nas bacias dos rios Douro e Ebro (Espanha), para implementar estas ações e promover boas práticas agrícolas. Em Portugal, o projeto será replicado na bacia hidrográfica do Mondego, onde se prevê aplicar as ferramentas e estratégias desenvolvidas em Espanha, assegurando a transferibilidade dos resultados e a integração de dados regionais através de uma Plataforma de Partilha de Dados para a Governação dos Nitratos.
Com onze parceiros de Espanha e Portugal, o projeto LIFE-NITRAZENS reúne universidades e centros de investigação, entidades especializadas em partilha de dados e plataformas digitais, gestores de recursos hídricos, associações de agricultores e autoridades públicas locais. Os parceiros portugueses do consórcio incluem, além da Universidade de Coimbra, as Águas do Centro Litoral, a Associação de Beneficiários da Obra de Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego e a Câmara Municipal de Soure.
«Esta rede multidisciplinar e colaborativa, pretende contribuir de forma decisiva para a melhoria da qualidade da água, para o reforço das políticas ambientais europeias e para o aumento da consciencialização pública sobre o impacto dos nitratos no ambiente e na saúde», concluem os investigadores.
Fonte: Agroportal
Apesar das crescentes preocupações com a saúde, o aspartame ainda é permitido em alimentos da União Europeia (UE) — incluindo produtos para crianças. Em uma cerimônia simbólica de entrega de presentes em Bruxelas, a Foodwatch pediu uma proibição preventiva.
Mais de 350.000 pessoas de toda a Europa exigem a proibição do adoçante artificial aspartame em toda a UE. Em uma ação simbólica em frente à Comissão Europeia, em Bruxelas, a Foodwatch, a Liga Francesa contra o Cancro (Ligue contre le cancer) e o aplicativo de consumo Yuka entregaram sua petição conjunta à presidente da Comissão, Ursula von der Leyen — ou pelo menos tentaram. A Comissão se recusou a se reunir.
A campanha responde às crescentes preocupações científicas sobre os riscos à saúde associados ao aspartame, cujo uso ainda é autorizado em milhares de alimentos e bebidas em toda a UE — incluindo itens frequentemente consumidos por crianças e gestantes. A recusa da Comissão em sequer receber a petição evidencia a falta de vontade política para agir diante da crescente preocupação pública.
O aspartame foi classificado pela Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) como "possivelmente cancerígeno para humanos". Desde o lançamento da petição em fevereiro de 2025, novos estudos reforçaram ainda mais as preocupações, associando o adoçante ao aumento dos riscos de câncer, diabetes tipo 2, derrames e efeitos negativos no microbioma intestinal.
Apesar disso, as instituições da UE não tomaram até agora nenhuma medida concreta para rever ou suspender sua autorização.
A UE deve agir agora para proteger a saúde
Apelamos à Comissão Europeia e aos Estados-Membros para que apliquem o princípio da precaução e suspendam a aprovação do aspartame sem demora. A UE tem a obrigação legal de proteger a saúde pública e não deve esperar por certeza científica absoluta para agir.
Fonte: FoodWatch
No âmbito do Dia Mundial da Alimentação, que se celebrou a 16 de outubro, a Fixando revela que os portugueses continuam atentos à sua saúde e bem-estar, mas divididos entre soluções rápidas e abordagens sustentáveis.
De acordo com dados da plataforma, 52% dos utilizadores afirmam estar recetivos ao uso de medicamentos para emagrecer, enquanto 48% preferem métodos naturais e acompanhamento nutricional tradicional.
Apesar da crescente atenção à alimentação e ao impacto no bem-estar físico e emocional, a procura por nutricionistas manteve-se estável em 2025. No entanto, a oferta aumentou 29%, com 81% dos profissionais a realizarem consultas online — sinal da consolidação do modelo digital na área da saúde e bem-estar.
Atualmente, o preço médio de uma consulta de nutrição situa-se nos 37,50 euros, cerca de 10 euros mais caro do que no ano anterior, acompanhando o aumento do custo de vida e da especialização dos profissionais.
Os principais motivos que levam os portugueses a procurar um nutricionista mantêm-se consistentes:
“Há uma clara mudança positiva nas preocupações alimentares dos portugueses. As pessoas estão mais conscientes do impacto da alimentação não só na estética, mas também na energia, humor e desempenho físico“, afirma Joana Carvalho, Reception Manager do GLUTE PROJECT | Private Fitness Studio e especialista Fixando.
“Ainda assim, continua a faltar coerência entre o que se sabe e o que se faz. É essencial reforçar a educação alimentar nas famílias e nas escolas, para criar hábitos duradouros e saudáveis“, acrescenta.
A especialista destaca ainda que as consultas online democratizaram o acesso à nutrição, permitindo acompanhamento à distância e maior flexibilidade. “O contacto presencial é insubstituível, mas o digital tornou o acompanhamento mais acessível e contínuo — o ideal é encontrar o equilíbrio entre ambos”.
No que respeita ao Programa Nacional de Promoção da Alimentação Saudável, Joana Carvalho reconhece o mérito da iniciativa, mas defende uma comunicação mais prática e inclusiva. “É um programa com impacto, mas é preciso traduzir a ciência em comportamentos reais. A linguagem técnica afasta muitas pessoas. Temos de simplificar e capacitar“.
Fonte: Grande Consumo
No Dia Mundial da Alimentação, a RNAES – Rede Nacional para a Alimentação Equilibrada e Sustentável, lançou uma nova ferramenta digital participativa baseada em Ciência Cidadã, que convida qualquer pessoa a participar e ajudar como um “cientista”.
Com esta aplicação os cidadãos podem contribuir com informação e fazer parte da investigação científica. Os objetivos e funcionalidade desta aplicação permitem avaliar a adesão à Dieta Mediterrânica, recolher e partilhar receitas e refeições do dia a dia, avaliar o desperdício alimentar e incentivar a escolhas mais equilibradas.
A construção da aplicação teve como base metodologias de ciência cidadã e envolveu a participação ativa da população no processo de investigação. O seu desenvolvimento contou com diversas fases de pesquisa e investigação para criar uma ferramenta digital que permitisse avaliar a proximidade da dieta dos cidadãos portugueses a um padrão alimentar saudável e sustentável, como a Dieta Mediterrânica.
Antes da criação da aplicação, foi elaborado um questionário desenhado para avaliar a eficácia e a precisão da metodologia na captação de dados relevantes sobre os hábitos alimentares e a sua conformidade com a Dieta Mediterrânica, aplicado posteriormente à população portuguesa. Com os vários contributos dos cidadãos, foi possível desenvolver uma plataforma digital, em formato de aplicação (web e móvel), que permite avaliar a adesão dos cidadãos à Dieta Mediterrânica, recolher receitas e avaliar a sua adequação a este padrão alimentar, analisar os hábitos de consumo e o desperdício alimentar, e promover a literacia alimentar.
Esta ferramenta encontra-se, agora, disponível para uso de todos os cidadãos, e a equipa da RNAES convida todos a explorá-la e a contribuir ativamente para a ciência. O envolvimento dos cidadãos é essencial para que esta possa cumprir o seu objetivo de promover uma alimentação mais saudável e sustentável.
Participe na investigação
Partilhe o que come, inspire outros e ajude a construir um futuro mais saudável em: https://oquecomemos.rnaes.pt/.
Fonte: iAlimentar
A população portuguesa tem disponível para consumo uma média diária de 4.079 calorias (Kcal), o dobro do recomendado, revelou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE) na divulgação de dados da Balança Alimentar Portuguesa (BAP).
Os dados do INE indicam que as calorias disponíveis para consumo representam duas vezes o recomendado para um adulto com um peso médio saudável, mantendo-se o valor praticamente idêntico ao observado no período 2015-2019, que foi de 4.077 Kcal.
“Importa, contudo, salientar as 3.894 kcal de disponibilidade registadas em 2020 (o primeiro ano da pandemia de covid-19), que constituíram o resultado mais baixo dos últimos dez anos”, destacou o INE.
Na análise aos dados da BAP, o INE sublinhou que as disponibilidades alimentares para consumo no período 2020-2024 continuam a evidenciar uma oferta alimentar “excessiva e desequilibrada”.
No ano passado, os grupos de produtos alimentares com maiores desvios, face ao consumo recomendado no âmbito da Roda dos Alimentos, foram, por excesso, a carne, pescado e ovos (+12,4 pontos percentuais (que compara com +12,0 p.p. em 2020, e por defeito os hortícolas” (-8,1 p.p., contra -8,2 p.p. em 2020) e os “frutos” (-3,7 p.p., face a -4,3 p.p. em 2020).
Em termos de disponibilidades alimentares médias, em 2020–2024, face a 2015-2019, verificou-se um aumento da carne em 2,9% (234,4 gramas por habitante/dia).
A carne de animais de capoeira continuou a representar a maior fatia das disponibilidades, correspondendo a 39,9% do total, seguindo-se a carne de porco (27,4%), com uma diminuição média de 2,5 pontos percentuais.
A carne de vaca ocupou a terceira posição, tendo aumentado 1,5 pontos percentuais.
A oferta de pescado para consumo diminuiu 2,1%, não tendo ultrapassado 60,4 gramas por habitante, por dia.
“O consumo aparente de crustáceos e moluscos cresceu 20,6%, mantendo-se como o segundo produto deste grupo (28,6% do total), a seguir ao peixe fresco, refrigerado, congelado ou em conserva (55,1%), e relegando para a terceira posição o bacalhau e outros peixes salgados secos (16,3%)!”, de acordo com a análise do INE.
Já o consumo de ovos aumentou 11,9%, com uma taxa média de crescimento anual no quinquénio em análise de cerca de 3%.
Em média, cada residente no território nacional teve disponível para consumo, no período em análise, cerca de meio ovo por dia (183 ovos/ano).
As disponibilidades diárias per capita de leite e produtos lácteos reduziram-se em 3,6%, situando-se nas 312,7 gramas/habitante/dia, com a disponibilidade de leite para consumo público, principal produto deste grupo (56,7% do total), a diminuir 10,6%.
As disponibilidades alimentares de cereais diminuíram ligeiramente (-1,2%), situando-se no quinquénio em análise nas 342,4 gramas/habitante/dia. “Portugal só cobriu 23,0% das necessidades de consumo de cereais em 2020-2024”, face a 24,7% em 2015-2019.
Por outro lado, as quantidades diárias disponíveis de frutos por habitante aumentaram 13,9%, registando um crescimento médio anual de 1,8%.
No que diz respeito a bebidas alcoólicas, as quantidades diárias disponíveis per capita foram de 332,2 mililitros por dia (121 litros/habitante/ano), “refletindo um aumento de 10,0% face a 2015-2019″.
Cada residente em território nacional teve disponível para consumo 52,1 litros de vinho por ano e 60,6 de cerveja.
Fonte: Agroportal
A indústria agroalimentar, através da FIPA – Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares, manifesta a sua satisfação por Portugal ter sido reconhecido pelas Nações Unidas e pela Organização Mundial da Saúde (OMS) com o “2025 Task Force Award” e reforça o seu compromisso no combate à obesidade.
Este prémio internacional reconhece os países e organizações que mais se destacaram na prevenção e controlo da obesidade, uma das maiores preocupações de saúde pública a nível mundial.
A distinção atribuída é motivo de especial orgulho para a indústria agroalimentar, que é parceira ativa, desde a primeira hora, no trabalho que o Ministério da Saúde e a Direção-Geral da Saúde têm desenvolvido, particularmente, ao longo da última década no âmbito da prevenção da obesidade e promoção de hábitos alimentares saudáveis.
Entre 2018 e 2023, a indústria efetuou uma redução global de 14,8% no teor médio de sal e de 20,8% no teor médio de açúcar dos alimentos, sem que os consumidores tivessem de alterar as suas escolhas alimentares. Um resultado expresso no “Relatório da Reformulação dos Alimentos em Portugal – 2018-2023” e que demonstra a eficácia da reformulação nutricional como estratégia de saúde pública.
No Dia Mundial da Alimentação a indústria agroalimentar reafirma o seu compromisso com a saúde dos consumidores, continuando a investir em inovação, reformulação e educação alimentar, contribuindo para um futuro mais sustentável e equilibrado. Só com um esforço coletivo Portugal poderá continuar entre os países mais empenhados na promoção da alimentação saudável e na prevenção da obesidade.
Fonte: Grande Consumo
O maracujá roxo, para além da polpa saborosa, tem casca e sementes ricas em fibra dietética, minerais e vitaminas, com grande potencial para a alimentação humana e passíveis de conferir alegações nutricionais.
Este estudo mostrou ainda que as características do fruto se mantêm estáveis ao longo de diferentes colheitas, sob condições controladas de cultivo. Assim, todo o fruto pode ser aproveitado suportando uma estratégia de valorização integral e sustentável, sem desperdícios.
O maracujá roxo (Passiflora edulis f. edulis) é bem conhecido pelo seu sabor intenso e aroma característico. A polpa, consumida em fresco ou processada em sumo, é a parte mais apreciada pelos consumidores, mas, uma grande fração do fruto (cerca de 50%) acaba normalmente descartada como resíduo, principalmente as cascas e, em alguns casos, também as sementes.
Com uma produção global estimada em 1.5 milhões de toneladas de maracujá por ano, cerca de metade deste valor é gerado como subproduto. No estudo “From physicochemical characteristics variability to purple passion fruit (Passiflora edulis f. edulis) powders nutritional value: on the path of zero-waste”, publicado no Journal of the Science of Food and Agriculture (DOI 10.1002/jsfa.14087), uma equipa do Departamento de Química da Universidade de Aveiro, e dos laboratórios REQUIMTE e CICECO vem propor uma nova perspetiva para a valorização destes subprodutos ao demonstrar que estes têm elevado potencial de exploração, quer enquanto base para a produção de ingredientes alimentares ou quer para a preparação de pós para consumo humano.
Nesse contexto, foram avaliadas em detalhe as características físico-químicas, nutricionais e bioativas das diferentes partes do fruto (casca, polpa e sementes) ao longo de três colheitas consecutivas para determinar a sua variação entre diferentes colheitas. Efetivamente, o conhecimento sobre a variabilidade temporal da composição do maracujá roxo é fundamental para a viabilidade da sua valorização económica.
Avaliação da variabilidade temporal das características físico-químicas do fruto
A variabilidade da composição de produtos naturais, e dos seus subprodutos, colhidas em diferentes anos é influenciada por vários fatores ambientais e agrícolas e de pós-colheita. A garantia da estandardização da composição de um produto alimentar é um requisito importante para a sua comercialização e é tanto mais assegurado quanto menor a variabilidade entre colheitas relativamente à composição da matéria-prima.
Neste estudo, os investigadores salientam que para esta avaliação foi salvaguardada uma gestão adequada de irrigação da plantação, impedindo que ocorra stress hídrico ao mesmo tempo que foram tidas em conta as variações das condições meteorológicas verificadas durante cada uma das colheitas. Perante isto, foi observado que em frutos no mesmo estado de maturação, características como massa e dimensões do fruto, peso fresco de cada uma das frações, a sua humidade, compostos fenólicos totais e atividade antioxidante não apresentaram diferença significativas.
É também de destacar a atividade antioxidante o teor de compostos fenólicos presentes nas diferentes partes do fruto. Estes compostos desempenham um papel importante na proteção contra o stress oxidativo, estando por isso associados a benefícios para a saúde e mitigação dos sintomas de doenças crónicas associadas a um desequilíbrio redox. Foi demonstrado que no maracujá, estes compostos se concentram principalmente na casca (23-26 mg EAG/g peso seco), sendo por isso a parte do fruto que demonstrou maior atividade antioxidante in vitro.
Casca e Sementes: Fontes de fibra dietética e vitamina C
Outro destaque deste estudo vai para a riqueza nutricional destes pós: os pós de casca e das sementes do maracujá roxo são fontes de fibra alimentar, enquanto os pós da casca e da polpa concentram quantidades muito significativas de vitamina C. De acordo com os resultados obtidos, um consumo diário de 10 gramas de pó obtido a partir da casca ou das sementes fornece, respetivamente, 21% e 22% da dose diária recomendada de fibra dietética e 51% e 11% da dose diária recomendada vitamina C.
De acordo com a Autoridade Europeia para a Segurança Alimentar, uma alegação nutricional de “Alto teor de fibra” exige que o produto contenha pelo menos 6 g de fibra por 100 g, enquanto uma alegação de “Fonte de” vitamina C só pode ser feita quando o produto contém uma quantidade significativa (15% da ingestão diária recomendada, conforme definido no anexo da Diretiva 90/496/CEE, revogada pelo Regulamento (UE) n.º 1169/2011), e uma alegação de “Alto teor” de vitamina C quando o produto contém pelo menos o dobro do valor da alegação de “Fonte de”. Assim, de acordo com estes critérios: o pó de casca é elegível para as alegações de “Alto teor” de fibra e “Alto teor” de vitamina C e o pó de sementes para “Alto teor” de fibra.
Um recurso com futuro na indústria alimentar
Em suma, com base neste estudo, os autores salientam que para além da polpa muito utilizada, a casca e as sementes do maracujá roxo podem deixar de ser considerados como um subproduto, para se tornarem numa fonte valiosa de ingredientes promissores no contexto da inovação alimentar. Ricos em fibra dietética, vitamina C e compostos com atividade antioxidante, oferecem benefícios nutricionais claros, e a sua exploração contribuiu para a valorização sustentável da cadeia de valor. Ao promover o aproveitamento integral do fruto, este estudo abre caminho à possibilidade de desenvolver produtos alimentares que conjuguem sabor, saúde e sustentabilidade. Estes pós podem ser explorados como ingredientes alimentares, ou podem ser comercializados na forma de pós para adicionar a uma grande panóplia de formulações alimentares como iogurtes, batidos, ou podem ser utilizados na confeção de produtos de panificação, entre outros. Assim este estudo é um exemplo claro de como ciência e inovação podem caminhar lado a lado para criar soluções simples, sustentáveis e alinhadas com os desafios globais da alimentação e as tendências de mercado.
Fonte: iAlimentar
Uma equipa de cientistas do Agriculture and Agri-Food Canada está a desenvolver pesticidas de nova geração que recorrem à nanotecnologia e à biologia molecular para combater pragas agrícolas de forma altamente seletiva. O objetivo é eliminar apenas os insetos nocivos, sem afetar outras espécies, como abelhas, nem contaminar o ambiente.
“Atualmente, os pesticidas são de amplo espectro e acabam por atingir outras formas de vida, sejam plantas, insetos ou fungos”, explicou Justin Pahara, investigador principal do Nano Lab da instituição. Segundo o cientista, a nanotecnologia poderá “resolver facilmente” as limitações dos métodos químicos tradicionais.
A investigação, que começou com testes em percevejos lygus e lagartas cutworms, aposta em técnicas que atuam ao nível do ADN dos insetos. Através do uso de moléculas de RNA, os investigadores conseguem atingir alvos genéticos específicos, provocando uma resposta celular semelhante à imunológica que neutraliza apenas o organismo visado.
“Estamos a direcionar marcadores genómicos — ou impressões digitais de ácidos nucleicos — específicas de cada inseto”, explicou Pahara. Este método permitirá criar tratamentos “altamente técnicos”, mas ajustáveis, uma vez que podem ser reprogramados se o genoma do inseto sofrer alterações, ao contrário dos pesticidas convencionais.
O projeto conta com a colaboração de estudantes das universidades de Lethbridge, Calgary e Alberta e recorreu ao Canadian Synchrotron, em Saskatoon, para obter imagens tridimensionais detalhadas da interação entre as nanopartículas e os insetos.
Segundo os investigadores, esta abordagem poderá reduzir a dependência de produtos químicos regulamentados, minimizar resíduos nos alimentos e dificultar o desenvolvimento de resistência por parte das pragas.
“Precisamos de novos tratamentos agrícolas — e precisamos que sejam menos tóxicos”, sublinhou Justin Pahara. O cientista acredita que, se a tecnologia se provar segura e eficaz, poderá representar um marco importante rumo a uma agricultura mais sustentável e responsável.
Após os testes laboratoriais, os novos pesticidas seguirão para ensaios em estufa e, posteriormente, em campo, incluindo agora também o combate a fungos e ervas daninhas.
Fonte: CiB
O setor das embalagens alimentares está perante uma transformação sem precedentes. O projeto NEWPACK, liderado pela Sovena em parceria com o Instituto Superior Técnico (IST), Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) e Logoplaste Innovation Lab, representa um salto tecnológico que vai muito além da simples substituição do PET por materiais biodegradáveis.
Paula Allen Lopes, coordenadora do projeto, é clara sobre os objetivos: “A ideia nasceu da visão estratégica de antecipar tendências e responder de forma proativa aos desafios ambientais, regulatórios e de mercado.” O projeto, com conclusão prevista para dezembro de 2025, posiciona-se na convergência entre sustentabilidade, inovação tecnológica e performance industrial.
A principal inovação do NEWPACK centra-se no desenvolvimento de biopolímeros obtidos a partir de matérias-primas renováveis, concebidos especificamente para minimizar o impacto ambiental. “Estes materiais são desenhados para, em caso de descarte acidental no ambiente marinho, não serem tóxicos para a vida aquática, podendo eventualmente vir a apresentar valor nutritivo para os peixes”, explica Paula Allen Lopes.
Esta abordagem representa um paradigma disruptivo na conceção de embalagens. Em vez da tradicional filosofia de “não prejudicar”, o NEWPACK introduz o conceito de “benefício ambiental ativo”, onde as embalagens podem contribuir positivamente para os ecossistemas marinhos em caso de descarte acidental.
Os testes de validação estão a ser conduzidos em parceria com o IPMA, garantindo uma rigorosa validação científica da biodegradabilidade e do potencial valor nutritivo dos materiais em ambiente marinho, bem como pela obtenção de certificações e aprovações regulamentares a nível europeu e internacional”, sublinha a responsável.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte:iAlimentar
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