O Conselho de Ministros aprovou, através de Resolução do Conselho de Ministros nº 133/2025 publicada a 9 de setembro, o Plano de Ação para a Gestão Sustentável e Valorização do Setor Vitivinícola da Região Demarcada do Douro. Objetivo é estabilizar o setor e corrigir desequilíbrios entre oferta e procura.
As “medidas de ajustamento do potencial produtivo” incluem a redução voluntária área de vinha apta à produção de vinho DOP Porto, com imposição de um limite máximo individual, avaliando a possibilidade de atribuição de uma compensação da redução, mediante a atribuição de uma majoração temporária à área sobrante, conservando as autorizações de plantação de vinha por um prazo de até oito anos. Será também dado apoio à criação de uma «bolsa de direitos» para atribuição da DOP Porto, que permita a transação das autorizações de produção (benefício). Serão também inibidas novas autorizações de plantação.
Serão também desenvolvidas medidas complementares e de acompanhamento, como a reconversão das terras agrícolas através de apoios no âmbito do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), para a instalação de áreas com interesse ambiental ou culturas alternativas à vinha, e também a priorização do apoio às cooperativas.
É também criada uma “medida conjuntural de crise”, traduzida na atribuição de um apoio que visa assegurar um rendimento mínimo ao viticultor. Estes apoios serão geridos pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, com uma dotação máxima de 15 milhões de euros.
Fonte: Tecnoalimentar
O número de crianças e adolescentes em idade escolar que são obesos ultrapassou pela primeira vez o número dos que estão abaixo do peso, revela um novo relatório da Unicef.
O Relatório de Nutrição Infantil 2025 - Lucro Alimentar: Como os ambientes alimentares estão a prejudicar as crianças - revelou o papel que os alimentos não saudáveis estão a desempenhar no aumento global da obesidade entre crianças e adolescentes.
Globalmente, a Unicef descobriu que há 188 milhões de adolescentes e crianças em idade escolar com obesidade, o que equivale a uma em cada dez.
Enquanto isso, uma em cada cinco crianças e adolescentes de 5 a 19 anos está acima do peso, o número de jovens com sobrepeso nessa faixa etária dobrou de 194 milhões para 391 milhões desde 2000.
O relatório descreveu como crianças em idade escolar e adolescentes estão a ser expostos a um «fornecimento constante de alimentos ultraprocessados e bebidas açucaradas baratos e agressivamente comercializados». Além disso, não houve sucesso em tornar opções nutritivas prontamente disponíveis e acessíveis.
A Unicef também explorou como a falta de legislação e regulamentação eficazes deixou os governos em todo o mundo incapazes de proteger crianças e adolescentes dos «ambientes alimentares prejudiciais» existentes.
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Fonte: Food Manufacture
O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou um aumento da inflação homóloga para 2,8% em agosto, acima dos 2,6% registados em julho, em linha com a estimativa publicada há duas semanas. Este crescimento deve-se principalmente à aceleração dos preços dos produtos alimentares não transformados, que subiram 7,0% face ao mesmo período do ano passado, marcando o sétimo mês consecutivo de aceleração.
Apesar da subida da taxa global, a inflação subjacente, que exclui os produtos alimentares não transformados e energéticos, mais sujeitos a flutuações, abrandou para 2,4%, contra 2,5% em julho. Já os produtos energéticos apresentaram uma variação negativa de -0,2%, embora menor do que a registada no mês anterior (-1,1%).
Em termos mensais, o IPC registou uma variação de -0,2%, influenciada pelo habitual período de saldos no sector de Vestuário e Calçado, cuja descida foi de -6,5%. Em contrapartida, a classe de Restaurantes e Hotéis teve o maior contributo positivo, com uma variação de 1,1%.
Comparação com a área do Euro
O Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), utilizado para comparações na União Europeia, manteve a variação homóloga em 2,5%, 0,4 p.p. acima da média da área do Euro. Excluindo os alimentos não transformados e a energia, Portugal registou 2,3%, em linha com o bloco europeu.
A variação média dos últimos 12 meses situou-se em 2,4%, ligeiramente acima dos 2,3% de julho, refletindo uma tendência moderada de aumento de preços.
Fonte: Grande Consumo
A rapidez é essencial para um recall bem gerido. Quanto mais rápido os consumidores forem alertados e compreenderem o que fazer, mais rápido os produtos contaminados poderão ser identificados, devolvidos ou descartados. É por isso que os códigos QR — sim, os mesmos usados para digitalizar menus ou embarcar em aviões — estão a tornar-se uma das ferramentas mais poderosas na segurança alimentar atual.
Os códigos QR nas embalagens dos alimentos podem conectar os consumidores diretamente a informações críticas sobre o produto em segundos. Números de lote, datas de validade, distribuição geográfica e próximos passos claros podem ser acedidos através de uma única digitalização. Não é necessário ligar para o supermercado, pesquisar avisos da FDA ou do USDA ou navegar nas redes sociais para descobrir se você foi afetado. As informações podem ser específicas para o item exato que você tem em mãos.
Este tipo de rapidez e clareza é um grande passo em frente em relação aos métodos de comunicação tradicionais e um bom exemplo dos esforços que estão a ser feitos para modernizar os recalls, de modo a que os consumidores estejam mais protegidos.
A utilização de códigos QR também resolve um problema urgente da indústria, que é alcançar clientes que não falam inglês, fornecendo informações e instruções sobre o recall em diferentes idiomas.
Aqui está o que mais deve ter em mente:
Cada recall é diferente e geralmente complicado. O uso de códigos QR ajuda a garantir que está a obter as informações mais precisas e atualizadas disponíveis.
Pode usar códigos QR tanto na loja para verificar as atualizações de segurança do produto antes de comprar, quanto em casa para determinar rapidamente se os itens que comprou fizeram parte de um recall.
A leitura de códigos QR não ajuda apenas a si. Identificar e lidar rapidamente com o produto afetado ajuda a minimizar o risco geral para a saúde pública.
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Fonte: Food Safety News
Durante a vindima de 2024, técnicos e viticultores da Península de Setúbal, de Borba, Estremoz, Vidigueira e Cartaxo, foram surpreendidos, durante o período de maturação, por danos severos nos cachos associados a ataques de traças, apesar da aplicação oportuna de tratamentos para controlo da traça-da-uva, Lobesia botrana. Esta situação suscitou diversas dúvidas quer sobre a eficácia dos produtos fitossanitários utilizados, quer sobre a possibilidade da existência de insetos resistentes ou da ocorrência de uma quarta geração da traça-da-uva.
Identificação de uma nova ameaça: Cryptoblabes gnidiella como praga emergente
Foram recolhidas amostras de cachos (com lagartas e pupas) nas vinhas onde foram detetados os danos, as quais foram posteriormente enviadas para o Instituto de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), onde através de análises morfológicas detalhadas e identificação molecular, foi confirmada a presença de Cryptoblabes gnidiella (Lepidoptera: Pyralidae). Esta é uma traça nativa do mediterrâneo, já referenciada em Portugal desde os anos 1990 noutras culturas (citrinos) e considerada uma praga secundária na vinha, aparecendo nesta como consequência de ataques de cochonilhas, de cuja melada as suas larvas se alimentariam.
Esta traça não possui uma verdadeira diapausa, o que significa que as larvas permanecem na vinha, alimentando-se dos restos dos bagos que ficam agarrados aos cachos secos. Naturalmente, invernos frios eliminariam muitas lagartas, mas os invernos naquelas regiões têm sido suaves. A presença silenciosa, mas destrutiva e sentida de C. gnidiella, evidenciou a necessidade de uma abordagem mais abrangente de monitorização específica para esta praga emergente.
Monitorização remota como ferramenta para o controlo de pragas
A monitorização e a estimativa de risco, com recurso a armadilhas digitais inteligentes , poderão constituir ferramentas fundamentais no controlo de pragas, reforçando os pilares da proteção integrada. Equipadas com sensores e sistemas de comunicação remota, estas armadilhas permitem uma recolha contínua e automatizada de dados sobre a presença e a dinâmica populacional das pragas, como Cryptoblabes gnidiella, permitindo uma deteção ainda mais precoce e a tomada de decisão fundamentada
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Fonte: Agronegócios
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou uma operação de fiscalização direcionada ao setor vitivinícola, em plena época de vindimas, com o objetivo de assegurar a rastreabilidade das uvas dentro da Região Demarcada dos Vinhos Verdes e da Região Demarcada do Douro.
A ação contou com o apoio das Brigadas Especializadas dos Vinhos e Produtos Vitivinícolas e focou-se no trânsito de produtos vitivinícolas, nas declarações obrigatórias de acompanhamento e nos controlos à atividade dos operadores económicos.
As fiscalizações decorreram nos concelhos de Amarante, Lamego, Marco de Canaveses e Peso da Régua, em articulação com a Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV) e o Instituto dos Vinhos do Douro e Porto (IVDP), no âmbito de protocolos de cooperação que vigoram há cerca de 15 anos.
Segundo a ASAE, estas operações têm como finalidade assegurar o cumprimento da lei em matérias relacionadas com a defesa das Denominações de Origem e Indicações Geográficas, combater a fraude e o crime económico, garantir a leal concorrência entre operadores e salvaguardar os interesses dos consumidores.
As ações contaram também com o apoio da Guarda Nacional Republicana (GNR), responsável pelo controlo rodoviário de viaturas cisternas e de mercadorias.
Durante o ano, as fiscalizações incidem sobretudo no controlo das existências e transporte de vinhos e produtos vínicos. No período das vindimas, estes controlos são reforçados no trânsito das uvas, com o objetivo de rastrear a colheita e o respetivo registo obrigatório.
Fonte: Hipersuper
A Escolha Sustentável, primeiro sistema de qualificação que valoriza produtos, serviços e medidas que contribuem ativamente para a sustentabilidade a nível social, ambiental e económico, realizou um estudo que sobre as tendências e hábitos de sustentabilidade dos portugueses. A análise revela uma consciência ambiental crescente por parte dos consumidores, e um esforço coletivo para adotar estilos de vida mais responsáveis. Contudo são ainda evidentes os obstáculos que dificultam a mudança de hábitos e comportamentos.
A maioria dos consumidores acredita que as suas escolhas podem impactar o mundo (81%) e que todos temos igual responsabilidade por promover o consumo sustentável (51%). Neste sentido, 37% dos participantes procura frequentemente informação sobre a origem ou impacto dos produtos que compra e 35% fazem-no ocasionalmente.
Para grande parte dos entrevistados, os valores mais associados à sustentabilidade são a saúde e bem-estar e a justiça social (cerca de 70%), seguidos pela ética nos negócios (53%). Só metade dos inquiridos atribuiu elevada importância a conceitos como: consumo responsável, direitos dos animais e sustentabilidade ambiental (50%).
Embora 51% considere critérios éticos ou ambientais ao comprar roupa, moda e vestuário é o segundo sector mais mencionado (17%) no que diz respeito à dificuldade em consumir de forma “consciente”. Isto está relacionado com o número limitado de opções no mercado, pois quando há produtos mais ecológicos são por vezes inadequados às necessidades ou muito caros. Além disso, o mercado da fast fashion continua a ser mais acessível, tornando assim difícil a transição para opções ecológicas.
Na vertente de transporte e mobilidade as dificuldades em adotar um estilo de vida sustentável resultam da falta de alternativas públicas e do custo das opções mais ecológicas. Ao escolher o seu meio de transporte 49% tem em consideração o impacto ambiental do mesmo e 39% afirma ter isso em consideração às vezes. No entanto, 54% indica o carro próprio como o seu meio de deslocação mais frequente. Os transportes públicos (27%) e andar a pé (14%) são também citados pelos entrevistados.
Falta de confiança nas alegações ambientais
Quando questionados sobre quais os fatores que mais influenciam no momento da compra, 48% dos portugueses dão prioridade à qualidade e 34% ao preço. Apenas 11% refere o impacto ambiental ou social como critério decisivo. Ainda assim, os consumidores mostram-se dispostos a pagar mais por produtos que sejam justos, ecológicos e de produção local. Somente 7% afirma não estar disposto a pagar qualquer valor adicional por este tipo de artigos.
A estes fatores junta-se ainda a desconfiança face ao greenwashing, com muitos dos inquiridos céticos quanto à veracidade das alegações ambientais feitas por diversas empresas, o que reduz a confiança em produtos classificados como sustentáveis.
Relativamente às práticas sustentáveis implementadas no dia a dia, destacam-se a poupança de água e energia (23%), a separação dos resíduos recicláveis (23%) e a reutilização de embalagens (22%). Já a compra de produtos sustentáveis (14%) ou a utilização de transportes alternativos ao automóvel têm menor expressão (13%). Todavia, 45% dos participantes evita produtos de empresas que contrariam as suas convicções, 51% afirma fazê-lo às vezes e 4% admite não evitar estes artigos. No último ano, 25% reduziu o uso de plástico, 23% optou por arranjar ou reutilizar produtos em vez de comprar novos e 14% comprou artigos em segunda mão. No caso dos equipamentos eletrónicos, 69% dos consumidores prefere reparar antes adquirir um novo.
Apesar das dificuldades, 55% dos consumidores expressa preocupação com o futuro do planeta e assume já ter adotado hábitos de consumo consciente, como a diminuição do desperdício alimentar, a reciclagem, a compra de artigos em plataforma de segunda mão ou a reparação de equipamentos eletrónicos. Os inquiridos alertam ainda que esta mudança de comportamento só será sustentável se houver acesso facilitado, transparência e preços mais justos.
As candidaturas para a edição de 2026 do Prémio Escolha Sustentável da ConsumerChoice já estão abertas para todas as marcas que pretendam concorrer para alcançar esta certificação.
Fonte: Grande Consumo
Quando tradição e futuro se encontram, nascem histórias de impacto real. A Banana da Madeira é exemplo disso mesmo: fruto da dedicação de pequenos produtores, do respeito pela terra e da aposta em práticas inovadoras, tornou-se referência nacional em sustentabilidade. O reconhecimento com o Prémio Escolha Sustentável 2025 não só valida este percurso, como abre portas para novos desafios e colaborações que prometem transformar o setor.
Para a Banana da Madeira esta distinção funcionou como um verdadeiro catalisador, reforçando internamente o sentido de missão das equipas e elevando, ainda mais, a fasquia no compromisso com a sustentabilidade.
Externamente, a visibilidade conquistada junto de clientes e parceiros foi imediata, originando novos contactos e propostas de colaboração. Um exemplo concreto foi a aceleração de um projeto-piloto de otimização hídrica com produtores locais, que já está a permitir poupanças superiores a 20% no consumo de água, sem comprometer a qualidade do fruto.
Indicadores que contam e dados que se comprovam
O caminho da Banana da Madeira assenta em métricas claras e auditadas, garantindo credibilidade e transparência:
Estes resultados são validados por certificações e auditorias independentes, como GlobalG.A.P., ISO 22000:2023 e Certificação Biológica Europeia, reforçadas por monitorizações regulares de entidades externas.
Olhar em frente: inovação, escalabilidade e colaboração
A estratégia para os próximos anos assenta em três eixos:
No horizonte, porém, não faltam desafios: a volatilidade climática e a necessidade de conciliar a transição energética e logística com custos competitivos, sem abdicar de princípios ambientais.
O resultado é um fruto que transporta o sabor da tradição, a qualidade da certificação e um compromisso inabalável com o futuro do planeta.
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Fonte: Greensavers
Nos arredores de Lisboa, um local industrial abandonado ganhou nova vida como uma biorrefinaria de última geração. Está a aumentar a produção de microalgas – uma nova fonte de nutrição.
Estes organismos unicelulares podem produzir compostos como proteínas, lípidos e hidratos de carbono com muito pouca água e sem necessidade de terras aráveis – todos elementos cruciais na busca pela melhoria da segurança alimentar.
Mas há um senão. Continua a ser um desafio cultivar e processar microalgas numa escala e a um custo que possam competir com produtos nutricionais comuns, como o óleo de palma ou a soja.
Mudar a produção alimentar
O local em Lisboa, parte de uma colaboração de investigação financiada pela UE chamada MULTI-STR3AM, pode ter oferecido um caminho a seguir. A cooperação reuniu uma equipa multinacional de investigadores e especialistas da indústria para enfrentar este desafio.
«É possível cultivar microalgas em antigas instalações industriais ou outras áreas que não são adequadas para uso agrícola», afirmou Mariana Doria, diretora de análise de negócios e mercado da empresa portuguesa de biotecnologia A4F – Algae for Future. Ela coordenou a colaboração internacional, que decorreu de 2020 a abril de 2025.
Atualmente, a agricultura utiliza quase 40 % das terras da UE e um quarto da sua água. Separar a produção alimentar da terra é, portanto, um passo crucial para melhorar a segurança alimentar e tornar a indústria alimentar mais sustentável.
O MULTI-STR3AM foi financiado pela Circular Bio-based Europe Joint Undertaking. Esta parceria público-privada entre a UE e o Bio-based Industries Consortium apoia a investigação que ajuda na transição para uma economia competitiva, sustentável e com baixas emissões de carbono na Europa.
«O mundo está a mudar, a agricultura está a mudar», afirmou Rebecca van der Westen, tecnóloga sénior de produtos da Flora Food Group, uma empresa alimentar holandesa com presença em mais de 100 países em todo o mundo.
«Então, como podemos sustentar-nos de forma saudável? As microalgas são uma das respostas.»
Alquimia das algas
Para crescer, as microalgas precisam de água, CO2 e nutrientes essenciais, como azoto e fósforo. Através dos seus processos metabólicos, transformam estes nutrientes inorgânicos em glicose e outras moléculas orgânicas.
Na maioria das vezes, esse processo ocorre por meio da fotossíntese, que requer luz solar. No entanto, algumas microalgas podem crescer no escuro, alimentando-se de nutrientes orgânicos, como a glicose, um processo conhecido como crescimento heterotrófico.
No MULTI-STR3AM, as microalgas são cultivadas em fotobiorreatores ou tanques de fermentação. Quando atingem o crescimento suficiente, a sua biomassa é colhida e transferida para processamento na biorrefinaria de Lisboa.
As células das microalgas são abertas e os seus componentes valiosos – proteínas, lípidos, pigmentos e hidratos de carbono – são separados e refinados em ingredientes utilizáveis.
A instalação processa cerca de 10 toneladas de biomassa por ano e foi concebida para lidar com uma vasta gama de estirpes de microalgas.
Para aumentar a sustentabilidade, o CO2 residual da combustão de gás natural é reintroduzido no sistema como recurso para as microalgas. Os resíduos líquidos das indústrias próximas servem de meio de cultura e a água é recirculada após a colheita da biomassa.
Por fim, os ingredientes processados são fornecidos a várias indústrias para utilização em produtos de consumo.
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Fonte: Horizon Magazine
Resíduos como caroços de azeitona, cascas de laranja ou podas de videira, tidos como lixo, ganham uma nova vida com o projeto BioShoes4All, que os vai incorporar em sapatos portugueses, num investimento de 60 milhões de euros.
Este projeto, que envolve 50 empresas, para além de 20 entidades do sistema científico e tecnológico, surgiu com o objetivo de dar um novo impulso à transição do ‘cluster’ do calçado português para uma economia baseada em recursos renováveis, com um ‘empurrão’ do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
“O objetivo foi identificar subprodutos agroalimentares, agroindustriais e agroflorestais, que Portugal tem em grande quantidade e que não eram valorizados. Por exemplo, a casca do pinheiro, o pó de café moído ou folhas e podas de videira”, explicou a responsável pelo projeto, Maria José Ferreira, à Lusa.
Destes subprodutos são assim extraídos “ingredientes químicos”, que depois são usados para transformar as peles.
Já os caroços de azeitona, a pele da castanha, cascas de arroz, restos de tomate ou de casca de laranja podem ganhar uma nova vida em palmilhas, garantido que o produto para além de sustentável é resistente.
Maria José Ferreira quer que estas soluções agradem visualmente ao consumidor, mas também que este seja informado de que está a comprar sapatos “que também são bons para ele”, do ponto de vista do conforto, mas também biomecânico.
Neste sentido, são realizadas análises científicas que atestam que o produto é ‘bio’.
Este projeto quer chegar a adultos, mas também a crianças, para além ter opções mais técnicas ou dedicadas ao público sénior.
Outro aspeto em que a BioShoes4All está a dar “os primeiros passos” é na garantia de que o calçado pode também ele vir a ser reciclado e a integrar a economia circular.
“Vai ser necessário mais trabalho e projetos complementares. O calçado é um produto muito complexo, com muitos materiais, e não podemos pôr em causa a sua durabilidade e resistência. Não podemos ter um sapato que se desmanche facilmente”, avisou a responsável.
Conforme apontou, os consumidores têm-se mostrado muito interessados nestas soluções, tendo o projeto somado contactos de potenciais clientes europeus e não europeus na feira de calçado MICAM, que encerra hoje, em Milão, Itália, e na qual foram apresentados os resultados do BioShoes4All.
No futuro, o projeto quer também vir a integrar no calçado subprodutos que venham do mar, estando já em contacto com várias entidades que podem ajudar nesta matéria.
Este projeto conta com um financiamento de 40 milhões de euros, num total de 60 milhões de euros de investimento.
Segundo os dados disponibilizados pela APICCAPS – Associação Portuguesa da Indústria do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Sucedâneos, no primeiro semestre de 2025, as exportações portuguesas de calçado aumentaram 3,7% em valor para 843 milhões de euros.
Entre janeiro e junho, foram exportados 36 milhões de pares, mais 5,4%.
Em 2024, as exportações do ‘cluster’ do calçado atingiram 2.147 milhões de euros.
No ano passado, Portugal produziu 80 milhões de pares de sapatos, sendo que 68 milhões de pares foram exportados, no valor de 1.724 milhões de euros.
O calçado português foi, neste período, comercializado, em mais de 170 países e Belize foi o mais recente destino.
O Plano Estratégico do Cluster do calçado prevê um investimento de 600 milhões de euros até 2030.
Fonte: Agroportal
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