A OMS comemora a 6 de julho, o Dia Mundial das Zoonoses.
Esta efeméride pretende alertar para as Zoonoses, que são doenças infeciosas transmissíveis direta ou indiretamente entre animais e humanos. Essa transmissão, poderá ocorrer de forma direta pelo contacto entre o Homem e os animais ou por via indireta, através de alimentos contaminados ou pela transmissão da doença por vetores.
A Raiva, a Tuberculose, a Febre do Nilo Ocidental, a Brucelose, a Leishmaniose, a Gripe Aviária, as Encefalopatias Espongiformes, a COVID-19, entre outras, são exemplos de zoonoses.
Considerando o impacto destas doenças na saúde de diversas comunidades, que se refletem nas atividades socioeconomicas, na biodiversidade e no meio ambiente, é necessário dispor de uma rede de informação integrada que apoie a prevenção, a deteção precoce e a resposta ativa para evitar o aparecimento de qualquer doença que possa vir a afetar os seres vivos coabitantes de um ecossistema.
No sentido de alcançar “Uma Só Saude”, importa manter uma boa articulação entre todos os interessados nos setores da medicina humana e veterinária, da biologia, da ecologia e de tantos outros, para que a monitorização da informação relevante, possa contribuir para a prevenção de desequilíbrios que poderão pôr em causa a sanidade de um ecossistema.
A DGAV dispõe de informação estatística respeitante a diversos indicadores de zoonoses analisados por espécie desde 2010 até 2021:
Sanidade Animal | Relatório de 2010-2016 (dgav.pt)
Sanidade Animal | Resumo de Atividades 2016-2021.pdf (dgav.pt)
Anualmente a DGAV realiza planos de controlo para identificar o estado sanitário de algumas doenças , bem como de planos de vigilância que se destinam a confirmar o estado de indemnidade do pais.
Fonte: DGAV
A DGAV divulga o Esclarecimento Técnico n.º 5/DGAV/2023, referente a Produtos Fitofarmacêuticos de Origem Natural e Outros Produtos Utilizados na Proteção e Produção Agrícola, pretendendo alertar para o enquadramento regulamentar da experimentação e uso, na proteção das plantas, de produtos e preparações de origem natural, com base em extratos de plantas, óleos vegetais, fitohormonas, feromonas e outros semioquímicos e, ainda, microorganismos incluindo leveduras, bactérias e vírus bem como produtos indutores das defesas naturais das plantas.
Fonte: DGAV
Em abril de 2023, a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançaram uma publicação histórica intitulada "Aspetos de segurança alimentar dos alimentos produzidos em laboratório". Uma vez que a publicação tem um total de 150 páginas com informações detalhadas sobre terminologias, processos de produção, quadros regulamentares, estudos de caso de países, processo de identificação de perigos para a segurança alimentar e resultados com o pequeno guia para a comunicação científica relevante, foi preparada uma pequena ficha informativa para que as autoridades competentes em matéria de segurança alimentar compreendam o conteúdo da publicação.
A publicação contém nove pontos para as entidades reguladoras que trabalham na área da segurança alimentar, fazendo referência ao relatório completo, com uma pequena secção que inclui alguns dos próximos passos que as autoridades competentes podem considerar dar.
Descarregar a ficha de informação: http://www.fao.org/3/cc6419en/cc6419en.pdf
Ler o relatório completo: https://www.fao.org/documents/card/en/c/cc4855en
Leia mais sobre o trabalho da FAO sobre os aspetos de segurança alimentar dos alimentos de origem celular: https://www.fao.org/food-safety/scientific-advice/crosscutting-and-emerging-issues/cell-based-food/
Ver o vídeo educativo "Garantir a segurança dos alimentos de origem celular": https://www.youtube.com/watch?v=Vn7OCVV_o4Y
Fonte: FAO
O aspartame, um adoçante artificial muito usado nos produtos "sem açúcar", como pastilhas elásticas e refrigerantes "light" ou "zero", deverá ser incluído na lista de substâncias "potencialmente cancerígenas" da Agência Internacional de Investigação em Cancro (IARC) da Organização Mundial de Saúde a partir de julho.
A notícia é avançada pela agência Reuters, que cita duas fontes ligadas ao processo. A decisão foi tomada este mês por um painel de especialistas, com base nas conclusões de 1300 estudos de investigação científica.
A lista da IARC apenas indica que substâncias podem constituir risco, não a quantidade desaconselhada. Essa estimativa cabe ao comité conjunto de especialistas em comida e aditivos da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura e da Organização Mundial de Saúde, conhecido por JECFA, que também vai rever a sua posição sobre o aspartame em julho.
A última recomendação da JECFA data de 1981, altura em o consumo de aspartame foi considerado seguro dentro de um limite diário bastante alargado: por exemplo, um adulto com 60 kg teria de beber entre 12 e 30 latas de refrigerante sem açúcar todos os dias para a JECFA considerar que estava a colocar a saúde em risco.
As decisões das duas instituições - IARC e JECFA - são complementares, pelo que os reguladores de vários países apelaram que fossem anunciadas no mesmo dia, para não causar alarmismo.
O receio é que as instituições adotem políticas radicais depois de a IARC considerar o espartano uma substância potencialmente cancerígena, quando o JECFA pode determinar mais tarde que só há risco para a saúde se for consumida uma grande quantidade do adoçante.
Já em maio deste ano a Organização Mundial da Saúde alertou que os adoçantes (incluindo o aspartame) não são eficazes no controlo de peso a longo prazo e podem ter efeitos indesejados se utilizados durante muito tempo, como o aumento do risco de diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares, desaconselhando o seu consumo.
Fonte: TSF
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) realizou, nas últimas semanas, uma operação de fiscalização, de norte a sul do País, direcionada aos estabelecimentos de retalho alimentar, designadamente supermercados, hipermercados e mercados municipais, com seção de peixaria, com o objetivo de verificar o controlo da rastreabilidade dos produtos da pesca e da aquicultura, designadamente normas de comercialização referentes à classificação por categoria de qualidade, tamanho/peso, denominação comercial da espécie, método de produção, zona de captura, entre outros.
Como balanço da ação, foram fiscalizados 135 operadores económicos, tendo sido instaurados 12 processos de contra-ordenação, destacando-se como principais infrações o incumprimento das regras de comercialização do pescado, a falta de controlo metrológico, incumprimento dos requisitos de apresentação/rotulagem de venda, entre outras.
Foi ainda determinada a apreensão de cerca de 50 kg de pescado fresco e 9 instrumentos de pesagem, tudo num valor aproximado de 3.656,00 €.
Fonte: ASAE
Atendendo às ondas de calor que se têm verificado nos últimos anos, tem aumentado a preocupação relativa ao bem-estar dos animais no transporte, havendo necessidade de se reduzir o impacto negativo de temperaturas elevadas.
Assim, se transportar animais, em viagens de longa duração, nos dias com temperaturas mais elevadas, tenha atenção às seguintes medidas para garantir o bem-estar dos animais e o cumprimento do Regulamento (CE) 1/2005, de 22/12/2004:
Para todos os transportes:
Nos transportes de longa duração:
Finalmente e caso não seja possível reunir as condições adequadas para assegurar o bem-estar animal durante o transporte (de acordo com o Regulamento (CE) 1/2005) deve ser adiada a realização do transporte para outro dia/hora mais favoráveis.
Fonte: DGAV
A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE), realizou através das Unidades Regionais do Norte e Sul, uma operação de fiscalização na sequência de uma denuncia remetida pelo INFARMED direcionada aos suplementos alimentares, nomeadamente à verificação da presença na sua composição de ingredientes/substâncias não autorizadas.
Como balanço da ação, que decorreu nas regiões de Lisboa e Porto, procedeu-se à apreensão de mais de 2.500 unidades de suplementos alimentares, num valor aproximado de 20.000,00 Euros, atendendo a ter sido detetado que os mesmos não cumpriam os requisitos gerais de informação obrigatória ao consumidor e apresentavam na sua composição substâncias/ingredientes não autorizados legalmente.
Em consequência, foram ainda instaurados 2 processos-crime por géneros alimentícios falsificados devido a adição de novos ingredientes não autorizados e 2 processos de contraordenação por incumprimento da informação obrigatória ao consumidor.
Salienta-se ainda que, os operadores económicos que importem, distribuem e comercializem suplementos alimentares, bem como, os consumidores podem verificar a autorização de novos alimentos/ingredientes no catálogo de novos alimentos - “Novel Food Catalogue” da União Europeia, disponível em https://webgate.ec.europa.eu/fip/novel_food_catalogue/
Fonte: ASAE
Para esse efeito, reutilizaram subprodutos do tomate, como sementes, peles e pequenos restos de ramos, resultantes da produção de gaspacho, molhos ou sumos. Atualmente, o bagaço de tomate é eliminado como resíduo sólido, queimado, ou, numa pequena proporção, utilizado como alimento para animais.
Biológica e inócua, a resina desenvolvida pelos investigadores repele a água, adere firmemente ao metal da lata que reveste e tem propriedades anti-corrosão contra o sal e qualquer líquido. Após testes em alimentos simulados, o próximo passo é testar a sua eficácia em latas e recipientes contendo alimentos reais e avaliar a sua aplicação industrial.
A investigação deu origem a um estudo, intitulado ‘Bio-based lacquers from industrially processed tomato pomace for sustainable metal food packaging’, publicado no Journal of Cleaner Production e no qual participam também investigadores da Universidade de Málaga, da Universidade de Sevilha, do Instituto Italiano de Tecnologia e da Universidade Politécnica de Marche.
O objetivo é reutilizar um produto residual, o bagaço do tomate, como matéria-prima para outros bens, neste caso latas e outras embalagens alimentares. “Partindo de um resíduo, obtemos uma matéria-prima ecológica e sustentável, com um impacto ambiental muito baixo, uma vez que reduzimos a geração de resíduos e, ao mesmo tempo, minimizamos a extração de recursos fósseis para o fabrico desses mesmos recipientes”, explica à Fundação Descubre Alejandro Heredia, investigador do Instituto de Frutas e Legumes Subtropicais e Mediterrânicos 'La Mayora'.
Atualmente, o aço e o alumínio são os principais materiais utilizados no fabrico de embalagens metálicas. Em contacto com os alimentos, estes podem corroer o metal, contaminando assim os alimentos conservados. Para evitar que isso aconteça, o interior destes recipientes é revestido com uma camada muito fina de resina epóxi que protege o metal da corrosão. Este um plástico à base de petróleo que contém bisfenol A, mais conhecido como BPA. Trata-se de um composto químico industrial que protege os alimentos mas, ao mesmo tempo, liberta partículas que interferem com a saúde humana. “O BPA é semelhante aos estrogénios, ou seja, passa para os alimentos como um disruptor endócrino, tal como as hormonas, e está associado ao aparecimento de doenças como o cancro, a diabetes e problemas de crescimento em bebés e adolescentes”, diz Heredia.
Para obter esta nova resina, os especialistas deixaram secar as amostras de bagaço de tomate e submeteram-nas a um processo de hidrólise, ou seja, retiraram a água que restava e ficaram com os lípidos, neste caso a gordura vegetal.
Uma vez retirada a parte gorda, misturaram-na com uma proporção mínima de etanol, um composto orgânico conhecido como álcool etílico. “Dispersámos a amostra em cerca de 80% de água e 20% de etanol. Esta dispersão de gordura em água é pulverizada diretamente sobre a superfície metálica a proteger. Desta forma, fica impregnada no metal, adere à lata e resiste a cortes subsequentes no recipiente”, explica o responsável pelo estudo.
Para conseguir a união das moléculas da mistura e obter a resina, os especialistas aplicaram calor. “Submetemos o verniz a uma temperatura de 200 graus durante um período de tempo muito curto, entre 10 e 60 minutos, e foi assim que obtivemos a resina”, diz Heredia.
Em conclusão, os especialistas verificaram que a resina de bagaço de tomate é hidrofóbica, ou seja, repele a água. Além disso, tem uma elevada capacidade de aderência ao metal da lata que reveste. Se o recipiente cair, for batido ou sofrer um impacto durante o transporte, por exemplo, num camião de entregas, a resina atua como uma barreira protetora entre o alimento e o metal", afirma o investigador de La Mayora.
Para além destas qualidades, tem também uma elevada capacidade anti-corrosão contra o sal e qualquer líquido. “Os compostos desta laca não passam para os alimentos e, por conseguinte, não contaminam o produto contido na lata, como acontece com a resina BPA”, explica Heredia.
Para corroborar todas estas propriedades, os especialistas realizaram testes com simuladores de alimentos, tal como estabelecido pela regulamentação da União Europeia para os plásticos em contacto com os alimentos. “Utilizamos produtos que imitam o comportamento de um grupo de alimentos com características semelhantes. Por exemplo, usamos soluções de etanol como se fossem sopas, óleos como se fossem cremes e polímeros absorventes como se fossem alimentos secos”, diz Heredia.
Para além de identificarem as características da resina de bagaço de tomate como revestimento para o interior das embalagens, os especialistas avaliaram o impacto ambiental do fabrico desta resina.
Para isso, analisaram todo o processo de fabrico, desde a extração da matéria-prima, a produção do verniz e a sua utilização final. Também compararam estes resultados com o mesmo processo se for utilizada a resina BPA e o que acontece se o bagaço de tomate for eliminado, queimando-o diretamente na indústria. “Esta análise mostra que a obtenção da resina a partir do bagaço de tomate produz menos dióxido de carbono do que o BPA. E no caso de não utilizar o bagaço de tomate e eliminá-lo por queima, a poluição que produz também é maior do que reutilizá-lo como resina”, diz Heredia.
Paralelamente, também identificaram e quantificaram os efeitos que a produção desta resina tem na saúde humana. “Os níveis de impacto são baixos em comparação com a incidência do uso de BPA em produtos do quotidiano”, adverte o investigador de La Mayora.
Depois dos testes com simuladores de alimentos, o próximo passo é testar a reação da resina com alimentos reais, nomeadamente, molho de tomate e de atum.
Fonte: iAlimentar
Investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) estão a desenvolver uma “espécie de vacina” à base de substâncias naturais para aplicar e proteger frutos e legumes de doenças fúngicas, surgindo como alternativa aos pesticidas químicos.
Em comunicado, a FCUP destaca que “há cada vez mais doenças fúngicas em frutos e legumes”, muitas das vezes provocadas pelas alterações climáticas, que originam “quebras acentuadas de produção” e um “elevado desperdício alimentar”.
Para evitar as quebras de produção e o desperdício, os produtores usam, frequentemente, fungicidas sintéticos, mas a eficácia destes produtos “é cada vez mais reduzida devido às resistências desenvolvidas pelos fungos patogénicos”, tendo também um impacto negativo na saúde humana e nos ecossistemas.
Com o intuito de desenvolver uma “alternativa” a estes pesticidas químicos, os investigadores da FCUP estão a trabalhar numa “espécie de vacina” baseada em substâncias naturais, no âmbito do projeto “BFree: Biocontrolo de Frutos e de Legumes”.
“O nosso objetivo é contribuir para o desenvolvimento e implementação de um conjunto de produtos naturais à base de micro-organismos endófitos [isolados de frutos] como agentes de biocontrolo”, afirma, citada no comunicado, a coordenadora do projeto e investigadora do GreenUPorto – Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável, Susana Carvalho.
Ao longo do projeto, os investigadores vão desenvolver “ferramentas sustentáveis” para diminuir o uso de produtos fitofarmacêuticos que “têm sido detetados com maior frequência nos produtos e legumes que chegam ao consumidor”.
A podridão cinzenta, oídio, míldio, antracnose e cladosporiose são o grupo-alvo de doenças fúngicas sobre as quais os investigadores se vão debruçar.
Neste momento, a equipa está a trabalhar nos micro-organismos antagonistas, tendo já selecionado os que têm “maior potencial antifúngico sobre os agentes patogénicos que levam às principais doenças”.
“Chegaram, aliás, a 12 diferentes formulações de diferentes micro-organismos”, destaca a instituição, esclarecendo que os investigadores pretendem agora analisar o efeito destas formulações em campo e aplicando-as diretamente nas plantas por forma a perceber a interação entre o micro-organismo e o agente patogénico.
Numa segunda fase do projeto, a equipa vai monitorizar a eficácia destas formulações na prevenção e tratamento de doenças fúngicas ao longo do ciclo natural de diversas culturas como o morango, framboesa, mirtilo e tomate.
Já a terceira e última etapa do projeto visa o desenvolvimento das soluções encontradas “para condições comerciais”, tendo como objetivo alcançar cerca de 135 produtores hortofrutícolas distribuídos pelo território nacional.
Susana Carvalho destaca ainda que a aplicação de agentes de biocontrolo “tem vindo a despertar uma elevada atenção” tanto no meio científico, como no meio empresarial “como uma alternativa promissora e sustentável às abordagens convencionais para a gestão de pragas e doenças”.
Com um financiamento de 860 mil euros do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR), o projeto conta com a colaboração do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, o Centro Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN), a Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP), a Proenol – Indústria Biotecnológica e mais 10 pequenas e médias empresas, nas quais se incluem organizações de produtores e produtores individuais.
Fonte: Agroportal
A Piriculariose, doença causada pelo fungo patogénico Magnaporthe oryzae, ataca e destrói as plantas de arroz no mundo inteiro, inclusive em Portugal. Mas parece que os cientistas encontraram a solução na tecnologia CRISPR.
A tecnologia de edição genética CRISPR tem sido utilizada com sucesso no desenvolvimento de plantas de arroz resistentes a doenças de largo espetro, nomeadamente a Piriculariose, uma doença provocada pelo fungo patogénico Magnaporthe oryzae, que é responsável pela destruição de muitos arrozais no mundo inteiro.
No estudo Genome editing of a rice CDP-DAG synthase confers multipathogen resistance, publicado na Nature, investigadores norte-americanos e chineses utilizaram a edição do genoma (CRISPR) para criar uma variedade de arroz de elevado rendimento resistente a este fungo. Tudo começou quando o cientista da Universidade da Califórnia (Davis), Guotian Li, identificou uma estirpe que se revelaria promissora entre as 3200 estirpes sequenciadas.
“Ele descobriu que a estirpe também era resistente à infeção bacteriana, mas era extremamente pequena e de baixo rendimento”, afirmou Pamela Ronald, professora no departmento de patologia vegetal na Universidade da Califórnia (Davis). “Estes tipos de mutantes que ‘imitam lesões’ já foram encontrados anteriormente, mas só em alguns casos foram úteis para os agricultores devido ao baixo rendimento”.
Mais recentemente, no seu laboratório na Universidade Agrícola de Huazhong, em Wuhan, na China, Guotian Li utilizou o CRISPR-Cas9 para isolar o gene relacionado com a mutação na estirpe e recriar essa caraterística de resistência – identificando uma linha com bom rendimento e resistência a três agentes patogénicos diferentes, incluindo o fungo Magnaporthe oryzae.
Em ensaios de campo em pequena escala, plantados em parcelas afetadas por doenças, as novas plantas de arroz tiveram cinco vezes mais rendimento do que o arroz de controlo, que foi danificado pelo fungo, acrescentou Pamela Ronald.
Os investigadores esperam recriar esta mutação em variedades de arroz comummente cultivadas. Atualmente, apenas optimizaram este gene numa variedade modelo chamada “Kitaake”, que não é cultivada em grande escala. Os investigadores esperam também atingir o mesmo gene no trigo para criar trigo resistente a doenças.
“Muitos destes mutantes que imitam lesões foram descobertos e postos de lado por terem um baixo rendimento”, afirmou Pamela Ronald. “Esperamos que as pessoas possam analisar alguns deles e ver se podem editá-los para obter um bom equilíbrio entre resistência e alto rendimento”.
A Piriculariose é geralmente considerada a doença mais importante do arroz a nível mundial, devido à sua extensa distribuição e capacidade de destruição em condições favoráveis.
Também em Portugal a Piriculariose é uma das doenças mais comuns no arroz, afetando todas as bacias produtoras, desde o Mondego ao Tejo, Sorraia e Sado. O ataque do Magnaporthe oryzae pode resultar em perdas na produção na ordem dos 50%, como sucedeu aos orizicultores do Tejo-Sorraia no ano 2018. No entanto, as perdas na produção são mais ou menos consideráveis dependendo da variedade de arroz e de fatores climáticos como a humidade e a temperatura. Em locais de cultivo onde prevalece uma humidade relativa do ar de 95% e uma temperatura média de 26°C/27°C, o risco de infeção e disseminação de esporos é alto.
A presença de Piriculariose é visível pelo aparecimento de manchas circulares ou elípticas, apresentando um centro acinzentado rodeado por bordos castanho- avermelhados, e pode manifestar-se em todas as partes aéreas da planta e em qualquer altura do seu processo de desenvolvimento, desde os estádios iniciais até à fase de grão leitoso.
Fonte: CiB - Centro de Informação de Biotecnologia
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