Vivemos tempos de paradoxos alimentares. De um lado, prateleiras cheias, frutas reluzentes calibradas ao milímetro, filetes de peixe perfeitamente dispostos no gelo e a promessa de frescura pronta a consumir. Do outro, zonas de conflito, escassez e insegurança alimentar agravada por guerras duradouras, privando milhões do acesso a alimentos básicos. Neste mundo, onde a abundância convive com a carência, é eticamente insustentável não haver políticas de combate ao desperdício de alimentos frescos como acontece com hortofrutícolas descartados por não corresponderem a padrões estéticos, pescado subvalorizado por não se adequar aos critérios comerciais ou desadequado planeamento no retalho que promove muitas vezes a produção excedentária de tantos outros bens alimentares frescos. No seio desta problemática, os alimentos frescos, pela sua elevada perecibilidade e/ou sensibilidade à gestão pós-colheita, abate ou captura, representam uma fatia considerável do desperdício ao longo da cadeia agroalimentar.
Este número da TecnoAlimentar convida, por isso, à reflexão e à ação. A academia e a indústria não hesitaram em responder ao desafio lançado pelo nosso editor convidado, a Professora Doutora Beatriz Oliveira, cujas preocupações sobre o tema têm sido amplamente expressados nos mais diversos foruns. Os artigos reunidos no dossier, também alinhados com estas preocupações, propõem caminhos concretos para um sistema alimentar mais justo e eficiente. Produtos que não chegam à mesa pelos canais habituais podem, com o apoio científico, ter um percurso circular, com a valorização das suas propriedades e componentes em todas as fases de transformação.
Entre os temas em destaque, analisam-se estratégias de valorização de frutas frescas e subprodutos hortofrutícolas, sem esquecer os principais pontos críticos de desperdício em cadeias agroalimentares insulares, onde se mapeiam com rigor os fluxos de desperdício agroalimentar e propõem soluções adaptadas à escala e especificidades locais. Entre as ilhas e o continente existe ainda um mar, generoso mas finito, que exige de nós respeito e responsabilidade. A quantidade de pescado fresco que não chega ao consumo humano, por falta de canais adequados de valorização, é também alvo de estudo e preocupação de unidades de investigação que meritoriamente apoiam este cluster.
A este quadro junta-se a perspetiva de um agente económico com forte presença nos setores da restauração coletiva e da distribuição no canal HORECA que, na entrevista deste número, partilha a sua abordagem estratégica à redução do desperdício, com especial incidência na gestão de frescos. A integração de boas práticas operacionais e soluções tecnológicas adaptadas à escala e complexidade do setor revela o papel estruturante que os operadores logísticos e de fornecimento coletivo podem desempenhar na mitigação de perdas de produtos frescos.
E porque a mudança começa muitas vezes em casa, aborda-se o desperdício alimentar no contexto doméstico. Muitas vezes fruto de desinformação, hábitos enraizados ou escolhas impulsivas. Reduzir o desperdício não é apenas uma meta técnica é também um imperativo moral, um exercício à escala planetária.
No que diz respeito aos esforços do lado de quem investiga e produz conhecimento, é tempo de reequilibrar prioridades. Os princípios de segurança alimentar estão hoje bem definidos e aplicados através de regulamentação e sistemas de controlo robustos. O conhecimento sobre a composição nutricional dos alimentos e dos seus subprodutos encontra-se amplamente consolidado na literatura científica. Depois de décadas de investigação e milhares de euros investidos na exploração destes temas, torna-se agora prioritário avançar para a concretização de soluções práticas que reduzam, de forma efetiva, o desperdício ao longo de toda a cadeia de valor.
Deste modo, é urgente menos diagnóstico e mais implementação, com inovação aplicada, articulação entre agentes e compromisso efetivo com a sustentabilidade do sistema alimentar.
Fonte: Tecnoalimentar
A confederação das cooperativas agrícolas defendeu hoje a criação de uma entidade reguladora para o setor agroalimentar, para que os elos da cadeia estejam em “pé de igualdade”, e pediu que seja convocada a plataforma PARCA.
“É preciso que haja um equilíbrio nos três elos da cadeia – primário, indústria e distribuição -, e parece-me que a plataforma que reúne todos os ‘players’ desta fileira, a PARCA, podia servir de embrião para criarmos uma entidade reguladora”, avançou o presidente da Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal, Idalino Leão, em declarações à Lusa.
A composição desta entidade e as respetivas competências de cada participante devem ser discutidas em sede da PARCA – Plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Agroalimentar, que não reúne desde 2024, apontou a confederação, sublinhando que a produção não está “no mesmo pé de igualdade” que a distribuição.
Contudo, Idalino Leão esclareceu não ver os operadores da grande distribuição como “os maus da fita”, mas como parceiros.
Ainda assim, referiu que “para tudo funcionar de forma equilibrada” é necessária uma entidade reguladora.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte: Agroportal
O Guia Técnico para os materiais e artigos de cortiça para contacto com géneros alimentícios foi publicado pela European Directorate for the Quality of Medicines & HealthCare (EDQM).
As recomendações presentes neste Guia Técnico visam promover a harmonização das normas técnicas em toda a Europa e facilitar a sua aplicação pelos fabricantes, embaladores e distribuidores que utilizem material de cortiça em contexto alimentar, apoiando ativamente a proteção da saúde do consumidor.
Este guia foi elaborado por um grupo de trabalho do Conselho da Europa coordenado por Portugal, representado pela Direção de Serviços de Nutrição e Alimentação da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DSNA/DGAV).
Este trabalho contou ainda com os contributos do Centro Tecnológico da Cortiça, da Associação Portuguesa da Cortiça e do CINATE a quem manifestamos um especial agradecimento por todo o apoio prestado.
Este Guia pode ser consultado aqui.
Fonte: DGAV
A Secretaria Regional do Ambiente e Ação Climática dos Açores anunciou o arranque do projeto INTERREG VI D Madeira-Açores-Canárias (MAC 2021-2027) – “TEXTIL: Tecendo um Futuro Sustentável”, uma iniciativa europeia que pretende promover a economia circular no sector têxtil e reduzir o impacto ambiental deste segmento.
O projeto, que envolve um investimento superior a 230 mil euros, cofinanciado pelo programa INTERREG MAC, estende-se a várias regiões da Macaronésia — Açores, Madeira, Canárias e Cabo Verde — e a países africanos parceiros, incluindo São Tomé e Príncipe.
Segundo o secretário regional do Ambiente e Ação Climática, Alonso Miguel, a iniciativa visa “reduzir a dependência de têxteis não sustentáveis e reforçar a economia local, através da reutilização, da reciclagem e de uma gestão mais eficiente dos resíduos têxteis”.
O projeto conta com a participação de governos regionais e locais, de várias universidades — entre elas a Universidad de Las Palmas (Gran Canaria), a Universidad de La Laguna (Tenerife), a Universidade dos Açores, a Universidade de Cabo Verde e a Universidade de São Tomé e Príncipe — bem como de centros tecnológicos e organizações da sociedade civil, como a AJITER – Associação Juvenil da Ilha Terceira e a Fundação Gaspar Frutuoso.
O sector empresarial também marca presença através da Associação Comercial e Industrial do Funchal – Câmara de Comércio e Indústria da Madeira, reforçando a vertente prática e de aplicação no mercado.
Para Alonso Miguel, este projeto reforça a Agenda para a Economia Circular dos Açores, recentemente publicada, e responde aos desafios particulares de uma região arquipelágica.
Alonso Miguel sublinha que o objetivo final passa por “caminhar para uma geração de desperdício zero nos Açores, alinhada com os princípios da economia circular e da sustentabilidade ambiental”.
Com esta iniciativa, o arquipélago assume-se como um dos territórios pioneiros na implementação de soluções circulares para o sector têxtil, um dos mais poluentes a nível global, contribuindo para a redução da pegada ambiental e para o fortalecimento da economia regional.
Fonte: Grande Consumo
Após quase cinco anos de trabalho e um financiamento de 5,1 milhões de euros, o projeto europeu ALEHOOP foi concluído com sucesso, lançando as bases para um novo modelo de produção sustentável de proteínas a partir de biomassa vegetal residual, como as macroalgas e os subprodutos do processamento de leguminosas.
Esta iniciativa, desenvolvida por um consórcio internacional no âmbito do programa Horizonte 2020 da Comissão Europeia, validou, em instalações-piloto, vários processos de biorrefinaria verde para obter ingredientes de elevado valor nutricional destinados à alimentação humana e animal, com uma redução significativa do impacto ambiental.
Uma das principais realizações do projeto foi a valorização das algas verdes provenientes da limpeza dos bancos de amêijoas e berbigão das Rias Baixas, tarefa liderada pela ANFACO-CYTMA - Associação Nacional de Fabricantes de Conservas e Produtos Transformados de Peixes e Mariscos, Centro Nacional de Conhecimento e Tecnologia para a Indústria Marinha, Aquícola e Alimentar de Espanha.
Todos os anos, são retiradas da costa mais de 3.300 toneladas desta biomassa, com um custo económico significativo para as associações de pescadores galegos.
Graças ao trabalho realizado no âmbito da ALEHOOP, a ANFACO concebeu e validou um novo processo que permite transformar esta biomassa em proteínas funcionais e fibras, adequadas para utilização em alimentos de aquacultura.
O processo inclui:
Estas técnicas foram otimizadas à escala laboratorial e, posteriormente, validadas à escala-piloto (Technology Readiness Levels 6).
Além disso, a ANFACO-CYTCMA realizou uma quantificação e caracterização completa da biomassa, incluindo análises nutricionais, microbiológicas e toxicológicas, e testou ainda pré-tratamentos de alta pressão e ultrassons. Os resultados da sua inclusão em alimentos para aquacultura, validados pela Universidade de Cádis, confirmam a utilidade destas proteínas na produção aquícola, demonstrando a sua segurança alimentar e a baixa pegada ambiental.
Este desenvolvimento não só contribui para a economia circular e para a redução do desperdício de recursos marinhos, como também melhora a saúde dos ecossistemas costeiros e abre novas oportunidades económicas para as comunidades piscatórias galegas.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte:iAlimentar
O cabaz alimentar de 63 produtos essenciais monitorizado semanalmente pela Deco PROteste custa esta semana 240,56 euros, menos 3,74 euros do que há três semanas, registando assim a terceira descida consecutiva.
Apesar desta evolução, há ainda sinais de pressão em alguns bens. O preço do iogurte líquido, da batata vermelha e do grão cozido aumentou 10% face à semana anterior. Além disso, desde o início da análise, em 2022, há 15 produtos cujo preço subiu mais de 50%.
Segundo os dados da associação de defesa do consumidor, a variação mais recente corresponde a uma diferença de -0,61 euros entre 27 de agosto e 3 de setembro (-0,25%). Já desde o início do ano, o cabaz encareceu 1,86% (+4,39 euros). Em comparação homóloga, entre setembro de 2024 e setembro de 2025, a diferença é de +15,45 euros (+6,86%). No acumulado desde janeiro de 2022, o aumento é de 52,86 euros, o que equivale a uma subida de 28,16%.
O cabaz inclui carne, peixe, congelados, frutas, legumes, laticínios e mercearia, entre os quais frango, peru, pescada, carapau, cebola, batata, cenoura, banana, maçã, laranja, arroz, esparguete, açúcar, leite, queijo, fiambre e manteiga.
A Deco PROteste tem vindo a divulgar esta análise desde fevereiro de 2022, no contexto da escalada da inflação, como ferramenta de acompanhamento da evolução dos preços dos bens essenciais.
Fonte: Hipersuper
Uma organização de produtores de frutos vermelhos associou-se à Federação Nacional dos Apicultores de Portugal no apoio aos apicultores afetados pelos incêndios que assolaram o centro e norte do país nas últimas semanas, através da entrega de alimento para quatro mil e quinhentas colmeias.
“Este donativo simboliza o compromisso da organização para com a agricultura nacional, e em especial com o setor apícola, que é um pilar basilar do ecossistema nacional”, referiu o CEO da organização. Joel Vasconcelos sublinhou que as abelhas “são essenciais para que Portugal tenha os melhores pequenos frutos da Europa”. “Salvá-las é uma obrigação de todos”, definiu.
Na sequência desta ação, a Organização de Produtores de Pequenos Frutos, sediada em São Teotónio, Odemira, apelou ao Governo que tome as medidas necessárias para que todo o país tenha iguais condições de desenvolvimento, reforçando a urgência de se avançar com os investimentos propostos para a atividade agrícola, nomeadamente o Projeto Água que Une.
“Esta vaga de incêndios pôs a nu, mais uma vez, as consequências de termos grande parte do país desertificado e sem atividade económica capaz de atrair pessoas”, afirmou Joel Vasconcelos alertando que “a agricultura é a principal atividade económica em algumas regiões do país, e a única que poderá contrariar esta realidade”.
“A verdadeira coesão territorial, que crie reais instrumentos ao desenvolvimento dos espaços rurais, é a única resposta estrutural para enfrentar esta catástrofe que tem assolado Portugal, ano após ano. Haja vontade e coragem para tomar medidas, avançar com investimentos e colocar todos os organismos do estado alinhados com esse desígnio nacional”, concluiu Joel Vasconcelos.
Fonte: HiperSuper
Análise revela apoio crescente à irradiação de alimentos
A aceitação da irradiação de alimentos parece estar a aumentar, de acordo com uma análise de pesquisas anteriores, num total de 27 artigos , cobrindo 24.474 pessoas em 15 países.
Os resultados mostraram um grande aumento na aceitação de alimentos irradiados, de 33% em 1992 para 67% em 2024. A recusa em comprar alimentos irradiados diminuiu de 19% para 16% no mesmo período. A familiaridade com a tecnologia permaneceu relativamente inalterada, em cerca de 50%.
A irradiação de alimentos usa radiação ionizante para matar bactérias, vírus e outros patógenos nos alimentos, ajudando a prolongar a vida útil. O processo não torna os alimentos radioativos.
De acordo com as conclusões, publicadas no Italian Journal of Food Safety, alguns consumidores acreditam que a irradiação é utilizada como uma solução para práticas de produção inadequadas, refletindo a desconfiança tanto na tecnologia como na indústria.
Aceitação versus desejo de compra
A incerteza sobre a segurança alimentar é um fator primordial na consideração das pessoas em consumir esses alimentos.
Na maioria dos artigos analisados, foram relatadas altas taxas de aceitação e consciencialização após a participação em um programa educativo ou a obtenção de informações positivas sobre alimentos irradiados.
A familiaridade com os rótulos dos alimentos irradiados ainda é baixa. Em média, apenas 34% de todos os indivíduos pesquisados relataram estar familiarizados com os rótulos nos estudos que relataram tais estatísticas.
Nos EUA, a aceitação e a familiaridade parecem ser maiores em comparação com outros países. Estudos realizados no México, Brasil e Chile relataram baixos índices de familiaridade. As economias desenvolvidas apresentaram índices de consciencialização e aceitação mais elevados em comparação com os países em desenvolvimento.
A Food and Drug Administration aprovou uma variedade de alimentos para irradiação nos Estados Unidos, como carne bovina e suína, frutas e vegetais frescos, aves, ovos com casca, bem como especiarias e temperos. Os alimentos e ingredientes autorizados para irradiação na Europa incluem frutas e vegetais, cereais, flocos de cereais e farinha de arroz, peixes, mariscos, pernas de rã e camembert de leite cru.
Embora alguns possam aceitar a venda de alimentos irradiados, eles não necessariamente os comprariam. Uma razão para isso é a disponibilidade de alternativas mais baratas.
“As descobertas ressaltam a necessidade de campanhas educativas direcionadas para abordar equívocos e aumentar a confiança do consumidor em alimentos irradiados, fornecendo informações valiosas para formuladores de políticas e partes interessadas que visam promover a irradiação de alimentos como uma tecnologia segura e viável. A confiança na ciência pode explicar a variação na aceitação e no consumo de alimentos irradiados”, afirmaram os cientistas.
Fonte: Food Safety News
Investigadores chineses desenvolveram uma técnica inovadora que permite criar plantas que brilham no escuro, sem recurso à engenharia genética.
Na Universidade Agrícola do Sul da China, em Guangzhou, investigadores descobriram uma forma criativa de transformar suculentas em pequenas fontes de luz natural. Em vez de alterarem o ADN das plantas, como em experiências anteriores, os cientistas injetaram nas folhas partículas especiais semelhantes às usadas em brinquedos que brilham no escuro. Estas partículas absorvem luz durante o dia e libertam-na depois, produzindo um brilho suave e contínuo que pode durar até duas horas.
O estudo, publicado na revista científica Matter, usou a suculenta Echeveria ‘Mebina’, uma planta comum em casas e jardins, conhecida pelas suas folhas carnudas. Segundo a equipa liderada por Xuejie Zhang, estas folhas densas são ideais para reter as partículas, garantindo um brilho uniforme. A tecnologia permite ainda criar diferentes cores de luz, como azul-esverdeado, vermelho ou branco.
Apesar do entusiasmo, o método ainda tem limitações: cada folha precisa de ser injetada individualmente. Os investigadores esperam, no futuro, usar partículas mais pequenas para tornar o processo mais simples e acessível.
Saiba mais aqui.
Fonte: CiB
Segundo a informação disponibilizada pelo executivo comunitário, o “acordo modernizado” com o México, que existe desde 2000, vai “eliminar os encargos aduaneiros restritivos restante às exportações agroalimentares” para o país que é “um dos mais antigos parceiros e o segundo maior parceiro comercial na América Latina”.
Neste acordo estão incluídos o queijo, as carnes de frango e porco, massa, maçãs, geleias e também o chocolate e o vinho.
“Remover estas tarifas, que de momento são de até 100% em certas exportações da UE, vai fazer com que os produtos da União Europeia sejam bastante mais competitivos no México”, acrescentou a Comissão Europeia, revelando que também vai fazer com que seja “mais rápido e mais barato” para os exportadores agroalimentares do bloco político-económico europeu vender no México.
Em simultâneo, o acordo tem em conta a “proteção de imitação de 568 produtos alimentares e bebidas europeias tradicionais e de alta qualidade”.
Leia o artigo completo aqui.
Fonte: Agroportal
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