Desde o princípio da década de oitenta, nenhum outro grupo de doenças, com excepção da SIDA e do cancro, terá sido objecto de tanta controvérsia e atenção por parte da população e dos media como as que são tratadas neste conteúdo. A razão parece óbvia. Pelo facto de atingirem algumas espécies animais e a humana e pela comprovação de que a encefalopatia espongiforme bovina, vulgo BSE (Bovine Spongiform Encephalopathy), é transmitida ao homem, elas "tocam" todos os estratos sócio-económicos em muitos aspectos que nos são caros, tais como o perigo de contágio, a possibilidade de hereditariedade e a certeza de morte por ausência de cura.
Daí, os sentimentos despertados nas populações, que podem oscilar entre a indiferença, o medo, mais ou menos contido, e o pavor, que originam, não raramente, o abandono de hábitos alimentares saudáveis ou típicos, a não autorização de certos actos médicos e, finalmente, dificuldades económicas para os sectores que vivem da criação e comercialização de animais que consumimos na nossa alimentação.
Por outro lado, trata-se de doenças que, pelo menos na vertente humana, são extremamente raras, e sobre as quais, embora já muito se saiba, certamente muito ainda virá a descobrir-se.
Este facto determina que, à luz dos conhecimentos actuais, por um lado, algumas decisões que dizem respeito ao consumo alimentar possam ter que ser deixadas ao livre arbítrio de cada um, salvaguardada que esteja a correcta e devida informação sobre o assunto, e que, por outro, seja extremamente difícil aconselhar uma política a longo ou, mesmo, a médio prazo. Na realidade, "o que é verdade hoje, pode não o ser amanhã".
Fonte: Direcção-Geral da Saúde