DEFINIÇÃO DE AFLATOXINA
As aflatoxinas são micotoxinas produzidas por certas espécies de Aspergillus, que se desenvolvem a níveis elevados de temperatura e humidade. As aflatoxinas são substâncias genotóxicas cancerígenas, nomeadamente a aflatoxina B1, e podem estar presentes numa grande variedade de alimentos.
TIPOS DE AFLATOXINAS
As aflatoxinas compreendem um conjunto de compostos de toxicidade e frequência variáveis nos alimentos. A aflatoxina B1 é, de longe, o composto mais tóxico. Por razões de segurança, é aconselhável fixar limites para o teor total de aflatoxinas (B1, B2, G1 e G2) e para o teor de aflatoxina B1 nos alimentos. A aflatoxina M1 é um produto metabólico da aflatoxina B1, estando presente no leite e nos produtos lácteos provenientes dos animais que tenham consumido alimentos contaminados. Apesar de a aflatoxina M1 ser considerada uma substância genotóxica cancerígena menos perigosa do que a aflatoxina B1, é necessário evitar a sua presença no leite e nos produtos lácteos destinados ao consumo humano e, nomeadamente, ao das crianças jovens.
LIMITES MÁXIMOS
Os teores máximos de certos contaminantes presentes nos géneros alimentícios são estabelecidos pelo Regulamento (UE) 2023/915 a fim de uniformizar os requisitos legais com os desenvolvimentos do Codex Alimentarius e as informações vindas a lume em estudos científicos.
EXPOSIÇÃO MÍNIMA
Segundo o Painel Científico dos Contaminantes da Cadeia Alimentar (painel Contam) da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) a exposição às aflatoxinas de todas as fontes deve ser tão baixa quanto razoavelmente possível, dado que as aflatoxinas são genotóxicas e cancerígenas.
ESTRATÉGIAS DE GESTÃO INOVADORAS
Existe uma grande gama de opções de gestão de aflatoxinas na literatura, dependendo do tipo ou do seu modo de aplicação. No entanto, é preciso ter em conta qual ou quais as legislações que regulam este tipo de controlo no país em questão.
BIOCONTROLO PRÉ-COLHEITA
- Estirpes de A. flavus não produtoras de aflatoxina podem ser aplicadas no solo de modo a promover competição com outras estirpes toxigénicas, funcionando como agentes de controlo biológico. A capacidade de competição do fungo depende de fatores tais como pH, tipo de solo e disponibilidade de água e nutrientes;
- A inoculação de estirpes antagonistas fluorescentes de Pseudomonas, Bacillus e Trichoderma spp. em amendoins resultou numa redução significativa da infeção da semente por A. flavus, antes da sua colheita;
- O extrato de Equisetum arvense, ou a mistura deste com Stevia rebaudian (1:1) mostrou ser eficaz contra o crescimento de A. flavus.
- No caso dos grãos, é possível diferenciar contaminação fungal, rejeitando amostras visivelmente diferentes das saudáveis;
- Estudos referem que a separação por densidade e flutuação pode potencialmente permitir a identificação e respetiva eliminação de amendoins contaminados por aflatoxinas em 95%. É também possível eliminar esta contaminação através de processos de marcação de cor.
- A contaminação por aflatoxina em noz-pecã e pistácio pode ser detetada por separação fluorescente;
- Utilização de técnicas de processamento de imagem em computador podem ser mais rápidas para medições eficazes em linha, nomeadamente através da deteção de influências no espetro de absorvância do material após crescimento do fungo;
- NIR, HSI, VIS/NIR e luz UV.
TRATAMENTOS COM RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA
- Radiação Gamma (γ), gerando fotões de alta-energia como cobalto-60 (60Co), capazes de destruir microorganismos patogénicos e de deterioração alimentar;
- Aplicação de ultravioleta (UV) ou luz pulsada (PL);
- Ondas na frequência radio (RF) ou microondas (MW);
- Fumigação com ozono (O3);
- Efeito de aditivos alimentares sintéticos e naturais como ácido citrico, hidrossulfito de sódio, hidroxitolueno butilado, entre outros;
- Imersão em ácidos orgânicos (ácido tartárico, ácido láctico, ácido succínico) no caso da soja;
- Solução de eletrólitos designada água ácida eletrolizada oxidante, provoca uma redução de 85% de aflatoxina B1 em amendoim após imersão;
- Isotiocianatos, óleos essenciais (Thymus vulgaris) e flavonas são outras alternativas de controlo de aflatoxinas por métodos químicos;
BIOCONTROLO PÓS-COLHEITA
- Bactérias de ácido láctico (LAB) tais como Lactobacillus, Bifidobacterium, Propionibacterium e Lactococcus;
- Outros microorganismos capazes de ligar e degradar aflatoxinas em alimentos e rações;
MATERIAIS DE EMBALAGEM E ACONDICIONAMENTO
- Armazenagem em caixas de metal ou cimento, cujos custos são demasiado elevados para quintas de pequena escala;
- Tecnologia PICS, isto é, sacos melhorados de armazenamento de colheitas criados pela Universidade de Purdue;
É muito importante ter conhecimento de novas estratégias de gestão de aflatoxinas pois estas permitem benefícios económicos e de segurança alimentar, consequentemente beneficiando a saúde pública.
REFERÊNCIAS
Kumar, Pradeep et al. “Aflatoxins: A Global Concern for Food Safety, Human Health and Their Management” Frontiers in microbiology vol. 7 2170. 17 Jan. 2017, doi:10.3389/fmicb.2016.02170
Udomkun, Patchimaporn, et al. "Innovative technologies to manage aflatoxins in foods and feeds and the profitability of application–A review." Food Control 76 (2017): 127-138.