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Intoxicação alimentar por tetrodotoxina

A tetrodotoxina é uma toxina não proteica, que se encontra especialmente em peixes da ordem dos tetrodontiformes, de água doce e salgada de várias zonas do mundo, entre os quais o peixe-globo, baiacu ou «puffer fish», o peixe-tambor, o peixe porco-espinho, o peixe-cântaro e outros. Existe também em algumas espécies de caranguejos, certos bivalves, estrelas-do-mar, no polvo de banda azul e em algumas salamandras e seus ovos.

 

Pensa-se que a tetrodotoxina é produzida por bactérias marinhas que colonizam o intestino e a pele dos animais marinhos, sendo a toxina armazenada em especial nas vísceras e na pele e em menor quantidade na carne.

 

O «fugo» é um petisco da culinária do Japão, preparado com o peixe-globo. Apesar de cozinheiros experientes prepararem pequenos filetes deste peixe, tentando não os contaminar com as vísceras ou a pele, o envenenamento por tetrodotoxina constitui cerca de 50% de todas as intoxicações mortais no Japão e resulta desta iguaria com o peixe mal preparado.

A acção da tetrodotoxina é um bloqueio selectivo de canais de sódio nas membranas, reduzindo as correntes deste ião nos nódulos de Ranvier dos axónios durante o potencial de acção, com lentificação ou bloqueio da condução do estímulo no nervo periférico.

 

As manifestações da intoxicação são semelhantes às da intoxicação paralítica por moluscos bivalves causada pela saxitoxina:

  • alguns minutos após a ingestão aparecem:
    • encortiçamento ou parestesias dos lábios, língua e extremidades;
    • sintomas gastrointestinais, como náuseas, vómitos e diarreia.
  • em seguida há parésia muscular progressiva:
    • da musculatura ocular extrínseca;
    • dos músculos faciais e mastigadores;
    • dos músculos das extremidades;
    • há conservações dos reflexos osteotendinosos e baixa velocidades de condução nervosa, que recupera frequentemente em 4 ou 5 dias.
  • na intoxicação grave aparecem:
    • parésia dos músculos bulbares, com disfonia, disfagia e dificuladade respiratória;
    • redução progressiva da consciência, eventualmente até ao coma;
    • morte de 50% por paralisia respiratória e hipotensão arterial grave, ou recuperação em 4 dias com apoio ventilatório.

 

 Fonte: Almeida, Luís Bigotte de, “O Sortilégio de Pandora – O sistema nervoso e os tóxicos”; Lisboa; Gradiva – Publicações, Lda; 2004

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